sábado, 22 de setembro de 2007

1 A 12 DE SETEMBRO

01


Desejo o que desejas; meu amor.
Verter nosso prazer no mesmo jogo,
Que é feito sem vergonha e sem pudor,
Ardendo com certeza, insano fogo.

Do amor que a gente faz, encantador,
Na sanha de te ter, mas venha logo,
Não quero te perder, quero propor
Se necessário, falo mesmo em rogo

Que seja a companheira inseparável
Nas noites, madrugadas e manhãs,
Na fonte do desejo inesgotável,

Palavras e delícias, bons afãs
Suores, ferormônios, loucos cios,
De beijos e carinhos mais vadios...


02


Te estendo minhas mãos querida amiga
Na busca que é incessante pela sorte
Meu coração exposto em cada gesto
Sabendo; desse jeito, é bem mais forte

O canto em que louvamos o futuro.
Não deixe que este mundo nos afaste,
Uma amizade é porto bem seguro
E lume que protege contra o escuro.

Porém tanto desejo ter-te amiga
De noite, num vagar em nossa cama,
Meu peito no teu seio já se abriga

Incendeias com desejos minha chama,
Matando toda a dor, para que fossa?
Vem logo, companheira, a noite é nossa!



03

Tu sonhas com serpentes em flagelo,
Despurodamente em noite franca.
Entrando nas entranhas um rastelo
Que arando, descobrindo antiga tranca

Adentra pelas tocas, guizo e festa,
Recende à tentação e ao paraíso
Na insana tempestade em cada fresta,
Maçãs, doces romãs, toque preciso.

Bebendo deste vinho em belo cálice,
Tu não disfarças, gritas, alucinas...
Permite que a loucura então instale-se

E mordiscando os lábios tece a prece,
Primordial, genética: águas, minas,
E ao sacrifício; mansa, se oferece...

04

Procuro o teu olhar em toda parte
Nos céus e nas estrelas, noite e lua.
Meu Deus como eu queria enfim, achar-te,
Minha alma tão sozinha; continua...

A cada amanhecer procuro o olhar
Nos raios deste sol, mas nada vejo.
Onde talvez eu possa o encontrar,
Vai virando obsessão este desejo...

Um sentimento forte e tão singelo
Aos poucos me domina e não explico.
Apenas num momento quero vê-lo.
Pasmado sem sentidos, logo fico...

Depois de ter sofrido tanto assim,
Descubro o teu olhar... dentro de mim...

05


Mulher na plenitude que não teme
Amor santo e profano, sabe bem,
Que sabe ter nas mãos, decerto o leme
E mostra sem temores o que tem

De belo em ser amada e desejar
E que isso se completa por si só.
Quem tem medo de ter e de se dar,
Nas próprias pernas logo dá um nó.

Bendita diferença que nos faz
Ser homem e mulher, ou fêmea e macho;
Somente esta verdade é bem capaz
De incendiar o mundo em belo facho

De luz que nos dourando, santifica,
Do amor que sendo imenso, glorifica...

06


Ao tomar os teus braços minha amada
Convites de alegria e de bailado
Repleto de emoção, a noite inteira
Que faz da fantasia a companheira
Tantas vezes querida e desejada!
Nos risos e canções, no peito aberto
Nas manhas e manhãs, eu quero sempre,
Matando em mil oásis o deserto
Que fora a minha vida antes de ter
O gosto mavioso do prazer
Sorvido em tua boca, gota a gota.
Amor que é belo e raro, delicado
Em mil canções te clamo, apaixonado!






07

Desejo que devores meu prazer
Em mil carinhos loucos, sem juízo..
Vivendo em cada toque o paraíso
Preciso e necessito deste fogo
Que delirantemente me invadiu.
Venha logo, querida, no teu jogo
Jamais tenho a perder, ganhamos todos.
No gozo delicado e tão profuso
Bailado desejado e tão confuso
Nesta fusão de pernas e de coxas
Queimando, ardendo sempre em incontidos
Passos nesse balé que nos arvora,
Mas venha sem demora. Quero agora!

08

Menino que brincando em laranjais
Encontra no quintal, na vizinhança
Amor que imaginou não ter jamais
E sente audacioso; uma esperança

De ter amor primeiro, e quer demais
Menina que ao correr, cabelo em trança,
Parece que também se satisfaz
Ao ver neste menino, amor que alcança.

Plantada esta emoção, vai aumentando,
E o tempo nunca cala. Fortalece,
E o doce que da infância não se esquece

Nem mesmo se distante, aonde ou quando,
Germina novamente em primavera,
Valeu, querida amada, tanta espera...

09


Jamais eu negaria um sentimento
Que aflora e que se mostra por inteiro,
Desnudando minha alma num momento
Decerto o meu cantar é verdadeiro,

O toque de teu corpo, feiticeiro,
Promessas de calor em louco vento,
Marcando a minha pele com teu cheiro,
Não posso te esquecer, eu não agüento

Viver sem teu carinho, sem teu riso,
Saber da brônzea tez que assim me espera
É ver com toque certo e mais preciso

A vida renascer em cada verso,
Trazendo novamente a primavera,
Matando um sofrimento tão perverso...

10

Outono vem pintando em tantas cores
O céu do fim do dia, folhas, chão...
O vento me falando dos amores,
Entrego-me aos teus braços... sedução...

Eu quero te sentir nos tentadores
Desejos... cheiro... pele...mar, paixão.
Irei seguir teus passos onde fores
Imerso nos teus braços. Emoção!

Poder sentir bem perto o teu carinho
Tomando tuas mãos junto comigo.
O dia vai passando de mansinho

As folhas vão caindo com o vento,
Em ti encontro o cais, tão doce abrigo.
Teu gosto não me sai do pensamento...

11

Tomando todo o corpo de surpresa;
Suave maestria do desejo..
Na rendição completa já me vejo
Cativo deste altar, plena beleza.

Os lábios vão descendo a correnteza
Encontros tão fantásticos prevejo
Nas estratégias todas, nosso beijo
Começo, meio e fim; fonte e certeza

Deste inflamar insano que nos toma,
Fundindo mil vontades numa só.
Fazemos de dois um, incrível soma

Que multiplica em cem nosso prazer.
Atados por estreito e forte nó,
Numa explosão divina de viver...

12

Eu quero esse mergulho bem profundo
Nas águas deste sonho, sem temores.
Vivendo o sentimento, num segundo,
Teus olhos são dois belos refletores

Que lançam tuas luzes pelo mundo,
Só sigo estes teus rastros sedutores...
Da paz deste carinho já me inundo
Sorvendo teu amor sem ter amores...

Querida, não me deixe mais, te peço,
Tu és a glória infinda de viver.
Eu amo bem além e te confesso,

Não tenho mais vontade se fugir
Deitando do teu lado meus prazeres,
Amar-te sem limites.... Vim pedir...

13


Um velho repentista me dizia
Que a vida vai virando um triste aboio,
A gente feito gado segue o arroio
E desce procurando uma alegria.

O gosto desta sorte dando azia,
É feito muitas vezes só de joio,
A queda que se faz em pleno apoio,
É tudo o que demonstra a noite fria

Aonde os namorados bebem mágoa,
Nos mesmos desencontros desta vida,
Que tendo a qualidade feita em água,

Matando a sede quase nos afoga,
Assim, uma amizade traz saída,
Amor cura, envenena, feito droga...

14

Rasgando o coração, entregue às moscas,
Jogado na lixeira da esperança;
As luzes que sobraram sendo foscas,
Não podem permitir sequer a dança.

Palavras na verdade sendo toscas,
Escondem a falência sem festança
Do amor que nunca teve por fiança
Nem mesmo as mãos distantes onde enroscas

As falsas gargantilhas que me deste,
Correntes que rompi, faz tanto tempo.
Amar não é somente um simples teste

Nem jogo feito em frases sem sentido.
É mais do que brincar, um passatempo,
É necessário ter o couro bem curtido...

15


De uma amargura imensa, bem curtida,
A pele que desnudo frente a ti,
Imagem de minha alma já vencida,
Jogada num esgoto, onde perdi

A sorte de saber da dolorida
Estrada que por vezes não segui.
O bem que me negaste, a própria vida,
Encontro mais alhures do que aqui.

Porejo um sujo sangue quase anêmico,
Que sei nunca terá nem serventia.
Meu verso se faz tolo e verte em lama

Mostrando que este efeito, sendo cênico,
Qualquer significado não valia,
Apenas fogo fátuo, sem ter chama...


16

Mundo cruel, fizeste-me plebeu...
Quem dera se pudesse fosses minha...
A noite esconderia o triste breu,
A vida não seria mais sozinha...

Meu coração, outrora vil, ateu,
Encontraria luzes, velas, linha.
Seguiria caminho todo meu,
Distante da gaiola em que se aninha...

Ah! Como a solidão, medonha fera,
Esfrega suas garras no meu peito.
O mundo que sonhei se degenera.

Ao menos se pudesse ser alcaide,
Decerto, assim tivesse jeito
De poder vislumbrar bela Adelaide!


17

Amei tantas coisas na vida...
Perdi a maior parte.
Agora levo o peso
Da ausência,
Da dolorida ausência
Do já tive,
Do toquei, provei, comi
E me fartei.
Ausência da presença em tatuagem
Marcando simplesmente o que já fui,
Jogado agora no baú
Cerzido, travado, lacrado,
Atado nas lembranças...
Tão bem guardado que pesa,
Tesa e impede o prosseguir.

As chaves?
Segredo?

Leda esperança...

18


Ao mitigar o pranto e consolar
Uma alma sem destino, feita em dor,
A mão que chega mansa, a demonstrar
Toda a pureza imensa, vero amor,

Mostrando-se capaz de aliviar
E dar um novo alento ao sofredor,
Que sabe e necessita se irmanar,
Cuidando com carinho desta flor

Um raríssimo espécime que resta,
Justificando a glória de viver.
Na mansidão se sente tal poder.

Não faz nem rebuliço nem quer festa
Existe tão somente e nada cobra.
Demonstra-se mais firme se soçobra...

19



Alçando um vôo cego
Nego o chão que piso
E tento flutuar
Nas asas deste sonho.
Estupidamente
Lembro-me de Ícaro.
Fazer o quê?
Mais cedo ou mais tarde
Eu sabia que iria sentir
Na própria pele
Toda a solidez do solo...

20

Amar é dirimir qualquer tristeza
Em lago feito em água mansa, plácida,
Mormente sedutora a natureza,
Às vezes se demonstra dura e ácida.

A sorte se poreja em incerteza,
A mão que nos apóia, mesmo flácida
Precisa já saber que a correnteza
Nem sempre nos parece beneplácita

Eu nunca me afastei de ti, menina,
Tu sabes que eu te quero e te respeito,
Meu canto enamorado se declina

E sente-se mais calmo e satisfeito
Ouvindo a tua voz tão benfazeja,
E a paz feita em carinho, ele deseja...

21

Olhares perdidos,
Rumos diversos
Unidos por um sonho único:
Raridades
Que fazem
Das amizades
Unas, indivisíveis
E ao mesmo tempo,
Quase impossíveis.

Passos dispersos
Duoversos
Ou multiversos
Matando
Unosversos...

22

Enlace que me traz doçura na alma
Fomento de ternura em lucidez.
Dos calos da esperança, fina palma
Esmeraldino sonho em mesma tez.

As águas que se movem – plena calma,
Buscando na quietude, a placidez,
Locais ermos, distantes sem vivalma
Permitem me dizer do amor que fez

O sonho convertido em mansidão,
Uma alegria tal onde apazigua
Sem medo de palavra quando ambígua

Que possa nos trazer desilusão.
Assim uma atitude feita amor,
É como um novo dia, encantador...

23


Eu quero te sentir, tocar, saber;
Adentrar mil caminhos tuas sendas.
A mais bela menina; pude ver,
Entre todas gurias, tantas prendas...

No teu colo deitar, boca sorver
E te peço, meus rumos que desvendas
São todos os campos do prazer
Sem mentiras e farsas, não são lendas...

Receber teu carinho, sem enganos,
Na guaiaca levando o teu amor.
Não me importam nem frios minuanos

Se tenho teu calor já me aquecendo
Na distância, meu mundo a recompor,
No amargo esta saudade vou bebendo...

24

A sede de viver, querida amiga,
Permite em labirinto uma saída,
Deixando que esta estrada enfim prossiga,
Porém nos marca sempre pela vida.

Sobrevivi também à dura queda
Embora com fraturas, luxações.
Nem mesmo uma tristeza eterna veda
Os olhos de quem vive as ilusões

Como se fossem náufragos perdidos
Nos mares mais distantes, nos atóis.
Os sonhos tantas vezes são urdidos
Apenas como simples girassóis.

Bebendo, neste instante, num momento,
A vida como fosse um cata-vento.

25

Sentindo o teu olhar qual doce mel
Que mostra tal doçura que me encanta.
Levando o meu desejo para o céu
Forrando de alegria, a vida; tanta...

Viajo ao infinito, em teu corcel,
Neste galope lindo não se espanta.
Descendo uma cascata, denso véu,
Que em fascinante lua voa e canta.

Teu brilho é tão mais forte quanto o sol,
Num beijo assim suave se revela
A força deste olhar, lume e farol...

Não tema deste amor nenhum segredo,
Que o tempo mostrará como é singela
A música do amor. Não tenhas medo...

26

Querida, nestes raios os meus braços,
Buscando te afagar, tocar-te inteira...
O mar vai me levando, cruzo espaços
Até chegar aí... Livre, altaneira

Minha alma irá cercar-te de mormaços.
No brilho de uma vida verdadeira,
Cobrir-te de mil beijos, nos abraços
Fazer do nosso amor, sua bandeira.

Cantar me teus ouvidos belo cântico
Que faças me sentir, colado a ti.
Mesmo que nos afaste o grande Atlântico,

Eu sinto que te encontro e quero amar,
Além de todo espaço estou aí
Chegando nesta areia, aporto o mar...

27


Eu quero te sentir colada em mim,
Rasgando este universo que sonhamos.
Vivendo a fantasia sem ter fim
Da forma que queremos, planejamos...

Ouvir o teu sussurro... Quero sim,
Beijar a tua boca... Percebamos
O bom deste sonhar... De ser assim,
O muito que vivemos e cantamos...

Falar de um sentimento que é tão nobre
Que traz a mansidão; viva alegria.
Na noite enluarada que recobre

Os nossos corpos nus, nossa alma aberta
A todas as delícias sem ressalvas,
Gritando ao mundo inteiro nosso alerta

Que é feito uma aguardente, que inebria.
As almas que se tocam, limpas, alvas,
Voando em liberdade e fantasia...

28


Quisera Amor em lúcida batalha
Vencendo as tempestades e as procelas
Vivendo tão somente cores belas,
Não vendo nesta vida, o que retalha

E mostra com certeza cada falha
Em flores tão sutis, onde revelas
As cores da esperança, abrindo as velas
Partindo para o sonho, aonde espalha

Perfume que sabia de um canteiro
Em rosas e crisântemos; cuidado.
Amor ao se entregar em passo extenso,

Demonstra este poder, ser verdadeiro,
Mudando, com certeza, nosso Fado,
Invade um oceano calmo, imenso...

29

Quisera ver a face do canalha
Que guarda em podridão, falsa virtude,
Ao diversificar cada atitude
Esconde atrás da mão fria navalha.

Embora a minha vida seja falha,
- Rasguei o que sobrou de juventude,
Fiz muito aquém daquilo que já pude
E usei as minhas costas qual cangalha.

Verti alguns dos sonhos em perigo,
Cuspi no próprio prato que comi,
Mas não traí, decerto um grande amigo,

Nem mesmo do que fui eu me esqueci.
Agora este calhorda que se esconde,
Depressa, não perdeu nem rumo ou bonde...

30


Não sentirás o frio, com certeza.
Estarei ao teu lado te aquecendo.
Beijando tua boca e com destreza
Aos poucos mansamente percebendo

A doce perfeição desta beleza
Que em meus braços deita, revertendo
Aquela perspectiva de tristeza
Que em minha vida estava só crescendo...

Deitar o meu desejo em teu desejo,
Amar-te sem ter medo, inteiro... tanto...
Delícias de um banquete que prevejo

Nas noites friorentas; minuano?
Pode ficar tranqüila que eu espanto,
Envolto em nosso amor que é soberano...

31

O tempo passa
E mostra o quanto o nada
Serviu para cerzir
Nossa esperança
Atada e desatada
Em laço frouxo.

Sementes esquecidas
Não vingaram
Restaram abrolhos,
Óleos malditos,
Ditos esquecidos
Pelos cantos do quintal.

Agora, refazer a plantação
Demanda tempo.
Viver é contratempo
E amor? Um passatempo?




32

Vieste em calmaria e tempestade
De um jeito tão sutil, alucinante.
Bebendo desta fonte da verdade
Tornando nosso o canto deste instante.

No campo, no quintal ou na cidade,
O verbo conjugado delirante,
Em todos os momentos de saudade,
Amor que se fez belo, amigo, amante...

Depois de certo tempo, mais presente,
Às vezes com as garras afiadas,
Amar foi se tornando de repente

Urgente em nossas vidas, nosso canto.
As bocas se procuram, 'stão molhadas
Na busca mais concreta deste encanto...

33

Quando a morte vier subitamente
E cerrando meus olhos sonhadores,
Espero que tu saibas, novamente
Que em ti eu descobri as veras flores

Cevadas com carinho, simplesmente,
E nelas, as belezas e os pendores
Que quem ama, decerto sabe e sente.
Mas peço-te; me leve aonde fores,

E mesmo que outros braços te entrelacem
Não deixe apodrecer nosso jardim.
Pois que as flores não morram na coroa

Jogada sobre o túmulo. Que tracem
Ao menos um retrato do que em mim
Guardaste antes que a noite leve, à toa.

Para Rita de Cássia



34


As lágrimas que descem de teus olhos
Evaporando em nuvens, com certeza,
Aguando as flores, gramas, os abrolhos,
Descendo pelo rio em correnteza

Serão colhidas, rosas, nestes molhos
Nos vasos, salas, quartos, com beleza,
Abrindo e libertando dos ferrolhos
Encantando-nos, postas sobre a mesa.

Das lágrimas às rosas transmudadas,
A vida nos permite ter, de fato,
O sonho feito em gnomos, deuses, fadas,

Por isso não permita que o regato
Se seque, pois assim, nossa emoção
Jamais regalará um coração...

35

Amor de minha vida, Musa bela,
Que trouxe a mansidão tão necessária
A sorte que eu pensara temporária
Agora, eternidade de uma estrela

Que é Lua, em perfeição e se revela,
Mulher que um dia eu tive, imaginária
Apenas num momento, como a tela
Tecida na ilusão. Dor temerária

Tomara a minha vida antes de ti,
Agora que percebo, conheci
E não era somente um sonho bom,

Eu agradeço a Deus pelo presente
Que ao pecador insano ele consente,
Mostrando a maravilha em raro tom...

36

Que Deus não me permita a sensação
De ter seguido a vida em triste volta,
Sem ter sequer alguma atracação
Ao barco que se fez pura revolta.

A vida sem amor, sempre em senão,
Uma imaginação que não se solta,
A morte protegendo e dando escolta
No fundo traz sabor de salvação.

Que a vida inda sorria, pelo menos
Alguns segundos antes da partida.
Cansado de tragar tantos venenos,

Eu busco em ledo amor, uma saída,
Que enfim redima a vida que resiste,
Mesmo saudosa; absorta e sempre triste...

37

Acusar quem tanto amou, louco mistério,
Nada mais que matar, ser qualquer um.
Preparas meu caminho, deletério,
Avanço e sou vencido, isso é comum.

Amor que tanto eu quis, fugindo etéreo,
Descarta-me sem paz ou rumo algum.
A vida que exigira mais critério
Não me deixa mais nada, vou nenhum.

Certamente, pensaste ser imensa.
Quem mata, simplesmente nunca explica,
As dores que me causas, recompensa?

O medo dilacera e tudo pui,
O tapa que me dás, luva e pelica?
Só sei que meu castelo, cai e rui...

38

Venha aqui comigo, amor não temas,
Noite qual criança sem juízo
Te chama a conhecer de perto as gemas
Que são como portais do paraíso...

Amar demais concebe nossos lemas
E cada vez mais forte e mais conciso,
Subirmos nossos rios, piracemas,
Nos cios se tornando mais preciso...

Eu quero o teu sussurro em meu ouvido,
Falando o que bem sabes que desejo.
O fogo em que queimamos, não duvido

É tudo o que queremos. Eu me atiro
Em frente à tua boca e peço beijo,
Depois... Só quero ouvir o teu suspiro...

39

Eu quero te tocar, beijar inteira;
E desfrutar do gosto do prazer
Roçar tua nudez tão verdadeira
Sem medos, com vontade de te ter...

A boca mansamente, na roseira
Bem sabe dos espinhos. Mas quer crer
Que és minha nessa noite. A rosa cheira
Todo o perfume intenso do teu ser.

Inebriado sinto o teu perfume
E passo toda noite a vasculhar
Deixando já de lado o teu ciúme,

Roubando calmamente o teu desejo.
Sentindo toda a terra se encharcar
Desta umidade densa em nosso beijo..

40

Eu quero em teu desejo mergulhar
Sorvendo tua boca junto à minha.
O vento que te trouxe vai mostrar
A fome que me cerca e se avizinha...

Aos poucos, sentimento desnudar
E ter toda a certeza que se tinha
Da vontade enorme de te amar,
Sem medos nem segredos... À noitinha...

Beber de tua boca inebriante
Rasgar as nossas vestes ser teu homem.
E te trazer prazer forte e vibrante.

A resposta eu bem sei que continua
Na fome com que os corpos se consomem
Na sede de te ter, deitada e nua...

41

Nas lutas que travei, a vida afora,
Sozinho, mas tentando prosseguir,
A noite traz tempesta e se demora,
Não quero e nem consigo resistir.

O peito que lutara, agora chora,
Não resta quase nada a dividir,
Cantiga mortuária, triste aflora,
Apenas tão somente a me pedir

Que mesmo que estas guerras eu não vença,
- Solidão é o fruto da derrota-
Aguarde no final a recompensa

Nos braços de uma bela defensora,
Presença de esperança logo brota
Em Adail, estrela redentora...

42

Nosso amor entranhado de tal forma
Que nem sequer precisa de palavras...
O simples olhar basta e nos informa
Sabemos das colheitas e das lavras...

Encontro-te, respiro e já concebo
Vontades e desejo solto ao ar
Sorriso que ofereço e que recebo
Diz mais do que se fossemos falar...

Nós somos congruentes a tal ponto
Que nada nos separa nem mil milhas.
Amada, vem depressa que estou pronto
E quero te propor as maravilhas

Que somente este amor pode trazer,
Em ti, por ti...Contigo, vou viver...

43

Todos os meus prazeres traduzidos
Nos olhos e nos lábios desta amada.
Depois de tantos mares percorridos,
A noite se apazigua, alucinada...

Nos claustros que vivera, em solidão,
Amarga sensação de desventura.
Buscando uma energia de carvão,
Queimando meu amor em tanta agrura.

Depois deste silêncio fragoroso
Depois destas desditas sem final.
Depois deste viver tão tenebroso,
Depois desta saudade que é fatal.

Encontro nos teus lábios, meu sossego;
Deitando no teu colo, um aconchego...

44

Amor que me deu glória na verdade,
Espelha tanta luz, na calma brisa...
No peito me revela esta saudade,
As dores da existência ele exorcisa.

O templo da paixão, a claridade,
Nas mãos desta divina poetisa.
É lua que me cobre de vaidade,
É noite que, de bela, me hipnotiza...

Embalde procurei outra beleza,
A vida não me deixa outro sentido.
Na marca triunfal desta nobreza,

A mão que me acarinha forte e lisa;
Quem dera nunca mais haver perdido,
A lança da nobreza de Adalgisa...

45

Amiga; eu trago em mim como farnel,
As dores que acumulo pela vida.
O reino prometido lá do céu
Talvez seja a vingança, uma saída

A quem se permitiu sentir cruel
O vento que já trouxe a despedida,
Meu peito vagabundo segue ao léu
Distante do que fora. Interagida

Minha alma de tua alma tão bondosa,
Agradecendo sempre o teu apoio,
Menina delicada e maviosa.

O mar de uma esperança vira arroio
Mas segue até chegar aos olhos meus,
Vazios, sem destino, quase ateus...

46


Às vezes não entendo o bem do amor
Que tanto nos maltrata e nos redime,
Por mais que a solidão, no fundo, estime,
Sou quase um cão vadio, sem valor.

Que ainda crê na força e no calor
Que emana de uma esteira feita em vime,
Por mais que com a dor, no fundo rime,
Eu creio neste pulso salvador

Que é feito da magia de sonhar,
E mesmo imaginar que noutro espaço
Ainda possa haver estreito laço

Em forma de carinho. Mas negar
A busca de um afeto, uma clemência
Talvez seja omitir própria existência...

47

Desculpe se pareço sensual,
Amiga, na verdade eu nada sinto,
Senão uma certeza aonde minto,
E faço por fazer meu ritual

De simplesmente andar noutro bornal,
Aconchegado ao corpo onde pressinto
Calor que se quiser, virando absinto
Trará um longo porre genial.

Porém como um falsário que se entrega
Aos mares de um corsário sem pudores,
No fundo minha amiga, as minhas dores

Caminham sem destino em rota cega.
A par do que não sou eu reconheço
Que a falta de visão gera o tropeço.

48


A dor como constante companheira
Talvez tenha um disfarce até bem feito,
Trazendo o meu sorriso insatisfeito
Mostrando uma carcaça qual bandeira.

O podre de minha alma varejeira
Podendo te assustar, vai contrafeito
Vestindo de um perfume, trama em leito
Aquilo que perdeu a vida inteira.

Não veja minha amada, o meu sorriso,
É quase desdentado e não tem brilho.
O passo no percurso falsifico,

E tendo bem distante o paraíso,
Invento a cada verso um novo trilho,
E finjo de esperanças ser bem rico...

49


Meu verso derradeiro, na verdade,
Espera um pouco mais para nascer
E sei que ele dirá de uma amizade,
Razão fundamental para o prazer.

Não deve demorar, a vida é curta,
Ainda mais querida pra quem sabe
Que o tempo de viver cedo se furta
Nos braços da doença onde já cabe

As pernas que decerto perderei,
Os olhos que se vão, bem lentamente.
Mas disso tudo amiga eu guardarei,
Resquícios do que tive, veramente.

Amigos que encontrei pelo caminho,
Embora, com certeza, eu vá sozinho...

50

O medo que eu tivera de poder
Dizer sem ser ridículo, as palavras
Que trazem subtendidas o prazer
Que é feito um labutar em ricas lavras,

Perdeu-se quando fiz um personagem
Que tinha uma esperança que não creio,
Falando de um amor, leda miragem,
De uma beleza exposta em carne e seio.

Agora, envelhecido, mas não vil,
Eu tenho inda um restinho de ilusão
Embora mitigada pelo frio,

De ter, quem sabe, amor calmo e gentil,
Que traga finalmente a floração
Neste jardim que morre tão vazio...

51

Qual pútrido canino que rasteja
Atrás de sua dona, rua abaixo.
Às vezes meu amor, eu também acho
Que é desta forma imunda que deseja

Lambendo a bota suja, mas sobeja
Eu vago sem destino, então me agacho
Em busca do que resta, mesmo um facho
Da lua aonde finges sertaneja.

Um verme talvez fosse mais presente,
Ao menos poderia ser malvisto.
Não sabes na verdade, nem se existo,

Apenas me quiseste na corrente,
Porém mesmo este cão quer na verdade,
Um resto de comida: a liberdade...

52

Deitada sob a lua, nua em pelo,
Coberta pelos raios desta lua,
Ao vê-la não resisto ao teu apelo
E a saga de querer-te continua...

Te beijo, delicado e desejoso,
Meus lábios percorrendo teus caminhos
Até te conhecer, voluptuoso
Sorvendo cada toque, mil carinhos...

Na areia, sob a lua, sob o sol,
Coberta por meu corpo, alas abertas,
Eu sou teu mensageiro, o teu lençol

E trago mil prazeres, não se espante.
As nossas peles nuas, descobertas,
Entornam-se em delírios, neste instante...

53

Guria; tanto quero o teu querer
Estar entre teus braços: ser feliz!
Tomando todo o corpo em tal prazer
Da vida que sonhei e sempre quis.

Tu és deveras guapa, minha sina...
Carrego nosso amor dentro do peito
Tua presença sempre me ilumina
Deixando o meu cantar mais satisfeito.

Meu coração em festa te esperando
Nos altos das montanhas, peito aberto.
Tu sabes quanto estou me enamorando
Da flor que já nasceu em meu deserto.

Aguardo este teu canto, amor pampeiro
Que invade o coração deste mineiro...

54

Me recordo, criança temerária;
Acácias no jardim da minha casa...
A dor dessa saudade; vem, arrasa
Quem fora, um dia, vida libertária.

A saudade voando, procelária,
Me traz a sensação cruel da brasa;
O trem da juventude, já s’atrasa,
Deixando tão somente essa cor vária.

Nas flores tão singelas dessa acácia,
Seus cachos amarelos, na fáscia
Dos sentimentos, cortam, fundo talho...

Quem soube de meus dias, já se vai.
A tarde d’existência, triste, cai...
Sobrando do meu mundo, um só retalho...

(Saudades das acácias que perdi,
Quando era tão feliz, por ser criança,
As acácias não saem da lembrança;
São marcas desse tempo que vivi!)

55

Mergulho no teu corpo e sou sincero,
Não temo uma incerteza, nenhum mal.
Amor que não machuca? Não o quero,
Entranho no teu pélago abissal.

Escracho os meus sentidos; vivo e, fero,
Das cordilheiras faço o meu bornal,
Patamares longínquos onde espero
O precipício insano, desigual.

Não teimo, pouco temo e assim me crio,
Frutas maduras, gozos e pomares,
Na cama onde desfruto tetas, cio,

Talheres que permitem bons jantares.
Morena. Vem, aqueça que está frio,
Esparramando estrelas e luares...

56


O mundo me detesta, disso eu sei.
Não tenho nem promessas nem esperas...
O rastro das tristezas que causei,
Me levam aos caminhos das quimeras...

Nos prados das saudades fui o rei.
Vencido por batalhas, priscas eras.
Desgraças que, por certo, te causei,
As dores atacando, duras feras.

Agora me perdoes se és capaz.
O mundo não deseja tal falácia...
Eu quero teu amor, preciso paz.

A vida se demora mas, audaz,
Sabendo-me mortal, eu sou tenaz,
Amor é imortal, por ti Acácia

57


Cansei da contramão, quero ir em frente,
Não vou mais babar ovo da donzela
Que mostra com sorriso garra e dente
E finge que não falo assim, para ela.

Balango muito beiço, de repente,
Mas nada de fazer uma esparrela,
Esperneando muito, não se sente,
Porém eu vou vazar, senão pau mela

E fico sem ninguém, sozinho, à míngua,
Secando minha boca, queimo a língua
E nada de fazer o que Deus manda,

A maionese estraga se desanda
A calça vai furada nos fundilhos
E a moça fecha as pernas, trava os trilhos...




58


Meu coração nos guizos da alegria

Se esbalda em tanto amor que te queria,

E mostras com sorriso toda a festa



que gesta um coração apaixonado,

num êxtase tão puro e delicado,

Entrando sutilmente pela fresta



Aberta por Cupido no meu peito.

Assim eu passo a vida, satisfeito,

Por ter o teu amor aqui comigo.



Não temo mais o frio desta noite

Nem sei de uma tristeza, vil açoite

Que corta e nos infesta e traz perigo...



Amor reinando sempre em nosso caso,

Impede que ressurja num ocaso

A dor que fora minha companheira.



Cupido com seu arco em boa mira

Me vendo tão sozinho cedo atira

A seta mais veloz e tão certeira...



Entraste pela fenda, de mansinho,

Com beijos tão gostosos, com carinho

Aos poucos me entornaste amor demais...



E vejo como é bom tal sentimento,

Não quero te deixar um só momento,

Não deixe de me amar,amor, jamais...

59


A força deste beijo não sacia
A quem louco desejo explode em fogo,
Por mais que tanto amor eu sei que havia
Preciso muito além que um simples jogo.

Eu quero uma paixão cega e vadia,
Que venha derramar-se em desafogo,
No gozo abençoando o dia a dia,
Sem roupas e juízo. Venha logo

Que a chama não se aplaca só com sarro,
No banco da pracinha, mato ou carro,
Eu quero intensidade sem frescura,

Não traga mais um álibi, querida,
Que a noite tem que ser bem resolvida,
Senão o amor padece na secura...





60

Quando te vi, bem menina,
Nunca eu poderia crer
Destino me desatina,
Sem ter nem vez nem por que,

Ao aprontar me destina
À sina do bem querer.
Na doce luz que fascina,
Teus olhos, puro prazer.

Menina-moça tão bela,
Do embrião virou sereia,
Agora arrasa, incendeia,

No meu céu rainha/estrela.
Nas cordas do violão
Acordou meu coração...

61

Serenidade aplaca esta fadiga
Dos olhos tão cansados da mesmice.
De tudo o que em outra hora amor me disse
Apenas amizade se bendiga

Nos ventos que mostraram tão antiga
Vontade de saber qualquer tolice
Aguardo uma resposta que previsse
A sorte sem temor que desabriga.

Recebo os teus afetos, ombros, lábios,
E sinto que esqueci; dos alfarrábios,
Verdades que já foram mais exatas.

Querida, dos teus ombros quero a boca,
Da boca vou querendo seio e toca,
Quero adentrar, amiga, doces matas...

62


Mergulho no oceano dos encantos,
Palácios e princesas, sei de cor.
Não temo nem as urzes, desencantos,
A vida me guardou seu bem maior!

Alvores e manhãs magas belezas,
Meu reino entre diversos, maravilha...
Searas de ternura e de riquezas,
Nos perfumes e cores, flores, tília...

Escuto estas cantigas nos umbrais,
A vida, com certeza, vale a pena.
A noite me promete festivais,

Prateando com a lua, toda a cena.
Deslindam-se loucuras imortais.
Na beleza tão pura de Açucena!

63

Amigo bem mais fácil que tu pensas
Criar da podridão a flor perfeita,
Precisa-se; entretanto, ser aceita
Nas faces deformadas, recompensas.

A morte agradecida se às expensas
De todo misticismo sendo feita
Na cama que criares, já se deita
A lama das injúrias, das ofensas.

Assim são feitos todos os heróis,
Brilhando sobre nós como mil sóis,
Os homens mais perfeitos destes mundos,

Moisés, Jacó, Davi, são exemplares,
Capazes de traições em lupanares,
Consagrados, porém; no fundo, imundos...


64


Preciso destilar a tua imagem,
Purificar a vida que deixamos
Distante do que fomos e pensamos
Apenas como fátua, uma miragem.

Limpando da memória, esta visagem,
Aparando, bem fundo, os podres ramos
Cortando as amarguras que enfrentamos,
Fazendo, na verdade, uma montagem

Para que possa, amada, ter mais forte
Tua lembrança viva em perfeição.
O perdão absoluto pós a morte

Não deixa que eu polua com detalhes
O amor que, na verdade, uma ilusão
Resiste aos cortes fundos, aos entalhes...

65

Sejamos mais burgueses, minha amiga;
Vistamos nossa roupa de domingo
Lancemos nossa sorte em cada bingo,
Que um dia, com certeza ela respinga.

Que a vida sem mudança já prossiga
Goteira se fazendo pingo a pingo,
Se não vier a sorte então me vingo
E bebo no boteco, loura e pinga.

Bater cartão de ponto na chegada,
Fechando o relatório, fim de mês,
Salário vai minguando, mas que nada,

Razão deve ser dada pro freguês.
Depois, apago a luz, e vêm as crises,
A lipo, o silicone até varizes...





66


Minha açucena, bela, porém álgica...
Nasceste em jardim fúnebre, nostálgico
A vida me ensinou, defesa antálgica,
Um coração tão frio fosse plástico...

Minha açucena, flor de minha vida...
Quem nasce em tal jardim, recende a dor...
De todas cercanias, esquecida,
A beleza sutil, mágica flor...

Açucena, serena companheira...
Não me deixes sozinho, eu tanto peço...
És brilho de esperança verdadeira...

És o que me restou desse universo!
Resplendes toda a luz, minha existência!
Açucena, não vás... Peço clemência!

67

Distante de teus braços... Onde estás?
Rastreio por teus passos, nada vejo.
Perdendo o meu juízo perco a paz,
A dor de tua ausência, eu antevejo...

Somente o vento frio, a chuva traz;
Recordo da delícia de teu beijo
Será que depois disso sou capaz?
Viver sempre ao teu lado... Meu desejo...

E sinto o teu perfume, tua mão...
Tocando minha pele, abro um sorriso...
Teu beijo sensual... A tentação...

E deito nos teus braços, me enovelo.
Em tua pele nua me matizo...
Seguro, no galope, o teu cabelo...

68

Umidades trocadas, pele e sexo,
Enlaço-te em loucura, sem dar tréguas,
E o tempo vai passando sem ter nexo,
Viajo junto a ti bilhões de léguas...

Suave cheiro emanas, ferormônio,
E atiça-me com fúria desejosa,
A cama se transforma em pandemônio
E num momento insano, a gente goza.

E assim, noites afora, paraísos,
Serpentes e maçãs, mil tentações.
Os teus cabelos negros, belos, lisos,
Meus pelos encharcados, furacões.

Fornalha de um verão mais tropical
Em labaredas, sonho sensual...

69

O toque da paixão e do desejo
Boca e coração se misturando.
Na cama e sutileza deste beijo,
Um fogo angelical nos dominando...

Cada vez que mais te sinto, o bem prevejo
E quero que tu saibas me enlevando
Ao céu que se ilumina em azulejo,
Te quero desde já, sentir tocando

O céu de minha boca com a língua
O céu do meu amor com mansa fala,
Amor assim gostoso nunca míngua,

Vigora e revigora a cada canto,
Do quarto, porta aberta seio e sala,
Vibrando desejoso em teu encanto...

70

Mulher dos meus delírios e defeitos,
Espero teu carinho e tua glória.
Não sigo por caminhos mais perfeitos,
A dor que me consome, na memória.

O verde de teus olhos, mansos leitos,
As matas que carregam minha história.
Persigo, nas vontades, tantos pleitos.
A luta que travamos, peremptória...

Amada que não queixa nem ciúme,
Amada que feliz, permite sonho....
Não posso ter de ti qualquer queixume;

Encontro-te nos olhos desta fada
Futuro; nos teus braços, mais risonho.
És próspera mulher, meus sonhos, ADA!

71

Brindemos, companheiros mais diletos
Ao nosso amigo/irmão que hoje completa
Mais um ano de vida. A nossa meta
Permite que sigamos rumos retos

Em busca dos prazeres prediletos
Que a vida nos mostrou. A sorte injeta
Em nossa caminhada, somos seta
Lançadas pelos braços mais corretos

De um Deus que demonstrando o seu carinho
Deixou pra nos livrar de pedra/espinho
Um anjo que em perfeita sincronia

Transforma uma tristeza em alegria,
Mostrando-se mais forte e solidário.
Ao anjo, pois, feliz aniversário!

72

Amor é como nódoa que não sai
Por mais que a gente tenta, nos entranha,
Se eu bobear, fincou pé, nunca vai
Embora e deixa a vida entregue à sanha

Que assanha enquanto o nervo se contrai,
Cupim que ao derrubar uma montanha,
Se a gente num momento se distrai
A queda que se faz fica tamanha

Assim nada sustenta, e ruí depressa,
Azeda o dia a dia, traz jiló,
Depois não adianta nem compressa

A chaga se aprofunda numa escara,
Amor é sem limite e não tem dó,
Escarra enquanto lambe a minha cara...

73


Beijando mansamente tua boca,
Mordendo devagar a tua orelha,
Roçando tua nuca em noite louca,
Acesa esta vontade... na centelha

Que abrasa neste incêndio dos sentidos,
Numa ardorosa cena em nossa cama,
À toda flamejantes as libidos
Os braços enveredam cada trama.

Desvendo teus segredos, te desnudo,
E tomo o teu prazer como destino.
Voluptuosamente; quero tudo,
Desde o princípio ao fim em desatino...

E penetrar com calma e com vontade
A porta que sonhei: felicidade!

74

Colando grau na base da porrada,
Beirando os precipícios no caminho,
Vagando vagabundo pela estrada,
Piquei a mula logo bem cedinho

E varejei a sorte na beirada
Do podre lamaçal de ser sozinho.
A liberdade é sempre ensangüentada,
Rasgada pelas garras de um ancinho

Aberta a cova rasa onde a semente
Depois de bem aguada, brota e segue
Crescendo, frutifica em esperança.

Mas aprendi no alpendre da saudade,
Que ao lado de quem temos amizade,
A vida bem mais fácil, cedo avança...

75

Querida; o nosso amor, puro naufrágio
Que em água nos lavou, abençoando.
Um bote da esperança saltando ágil,
Refaz em vento forte alvoroçando,

Por mais que consideres ser bem frágil,
Viver tem seu porque, por isso quando
A vida te cobrar em dor seu ágio,
Repare que isto vai, logo passando

As mágoas noutras águas vão pro mar
Distante destas lágrimas que caem,
Por mais que as ilusões decerto traem

Valeu a pena apenas por sonhar,
Um aguaceiro imenso limpa o couro,
E cobre amor, banhando o gozo em ouro...

76

Tocaia que se faz: ponta/peixeira
Na beira de uma estrada sem destino.
Assim, por vezes paga-se a besteira
Que traz amor malandro em desafino.

Clarão de espada, sina traiçoeira
Guardada numa esquina, desatino.
Não posso permitir que a pasmaceira
Destrua cada sonho de um menino

Que foi e não será jamais, quem dera,
A vida não renova a primavera
Apenas temporã, outra florada,

Criado em lamaçal, pântano, mangue,
Conheço o gosto em sal, suor em sangue
Mas cismo em percorrer a mesma estrada...



77


Cuspindo a labareda, fogo intenso.
Paixão desarvorando faz a festa,
Vereda percorrida, sol imenso,
Gestando a vida nova na floresta

Do peito que se embarga, quente e denso,
Num ar que sem limites tudo empesta,
O passo caminheiro, segue tenso,
Sabendo do que o tem e do que resta.

A morte chegará mais cedo ou tarde,
Porém a prata cai em lua cheia,
Na labareda fátua que incendeia

Deixando o peito amante em puro alarde,
Nas asas afiadas da incerteza,
Amor sem ter aviso e nem defesa.

78

O dia prometido, na manhã
Que traz em sangramento, o novo dia,
Deixando uma palavra solta e vã
Causando em nosso amor, hemorragia.

A sorte se fazendo bem malsã
Transporta a tempestade em agonia,
Quem dera se a esperança guardiã
Mostrasse sua face em harmonia.

Ao ver o teu sorriso desdenhoso,
Eu lembro-me do beijo feito em gozo,
Agora desfilando em outra tez

Pressinto que não tenho quase nada,
Quem dera ressurgisse na alvorada
O amor que bem distante, a gente fez...

79

Ao me perder em vagos pensamentos,
Bem longe do que um dia fora festa,
Tomado por estranhos sentimentos,
Do que já fui, querida, nada resta.

Os olhos se queimando, os meus rebentos
Que a vida já abortou – pois nada presta-
Procuro tão somente por ungüentos
Que possam amainar esta tempesta.

Acelerando o sonho, viro a curva
E aguardo a redenção que feita em chuva
Trará para a lavoura a floração.

Nos braços de uma nova companheira,
Que possa ser, quem sabe, a derradeira,
Espalhando esmeraldas no sertão...

80


Quando te vi depois de uma balada,
Tão bêbada de sol e de esperança.
Chegando desigual trouxe alvorada
Em réstias e luzeiros, que festança!

Um resto com a face deformada
Encontra seu espelho. A vida avança
No rosto da mulher desfigurada
Moldada dos pavores na lembrança.

Querendo descansar e tão somente
Fazer do quase nada algo que preste,
Assim eu te encontrei, podre semente

Que tem no meu amor, fértil terreno,
Da merda que nós somos, que se infeste
Amor dos excluídos, forte e pleno.

81

Bagunça o meu coreto esta vadia
Que quando beija, cospe e vai sorrindo,
Se eu peço que me esquente, ela me esfria
Se eu quebro a minha cara; diz: - Que lindo!

Um espinho cravado na garganta,
Um tapa que estalou na minha face,
A sorte quando chega, a vada espanta,
E vive se escondendo num disfarce

De meiga donzelinha, moça pura.
Quem vê a sua cara de menina,
Não imagina a sina que tortura,
Que lambe, faz amor, e me domina.

No sim e não disfarço a dura luta,
Rainha da sandice, deusa e puta...

82


A vida toma assento, qual poeira
Que após um forte vento, sossegou.
Saudade que já fora matadeira
Aos poucos, devagar já se amainou.

Quem sabe valorar a companheira
Entende muito bem o que passou.
A pedra no caminho, uma besteira,
A fonte da esperança balançou.

O quase que termina dói demais,
E o sol vira mormaço e queima lento,
Ardendo e maltratando quem sonhava

Poder amar além e muito mais.
A rosa renasceu do sofrimento,
Fertilizando o solo outrora lava...

83

Em frangalhos fiquei na tua ausência
Repasto para a dor e o sofrimento,
Cheguei à beira, mesmo da demência,
Um velho lobo uivando o seu lamento,

Pedindo pelo menos a clemência,
A solidão tomando o seu assento,
Fazendo no meu peito diligência,
Roubando minha paz em fogo lento.

Mas quando eu recebi a tua carta
Falando em puro amor e confiança,
A dor que me tomara se descarta

A vida passa a ter um novo alento
E agora já refeita esta esperança
Eu quero o teu amor, cada momento...

84

Desnudo tua pele com meu beijo,
Bebendo teu suor num mar de amor.
A cada vez que lembro te desejo
Saudades do teu toque sedutor...

Olhando para a praia sempre vejo
Teu corpo tão sublime e tentador,
Teus olhos me queimando num lampejo
O gosto da paixão, revelador...

Afago tuas costas, desço as mãos..
E sinto o arrepio percorrendo
Procuro te encontrar descubro os vãos

E bebo no teu beijo esta doçura...
A lua com seus braços envolvendo;
Na sensação divina... da ternura...

85

Amada, vou tocar os teus cabelos
E manso sussurrar em teus ouvidos.
Teus braços e meus braços nos novelos,
Na saga o sol assanha meus sentidos...

Mirando nos teus olhos posso vê-los
Tão belos sensuais enlanguescidos
Quero saber dos lábios e bebê-los
Inebriado em goles repetidos

Do corpo e da ternura que me trazes
Nas danças embaladas por amor
A vida se refaz em tantas fases

E vejo-te comigo em todas elas.
Em cada novo beijo redentor,
Meu barco no teu mar, abertas velas...

86

Não leve estes problemas tão a sério.
Deixe a vida correr qual fosse um rio,
Confie totalmente em teu critério
Que tudo, no final, vai mais macio.

Por mais que tudo tenha o seu mistério,
A solução, querida, eu mesmo crio.
Se no final me aguarda o cemitério,
Não sou eu quem acende este pavio.

Não perca nunca a crença. Uma esperança
Ajuda quando a barra anda pesada.
Às vezes ao dançar conforme a dança,

O barco vai seguindo a correnteza
Mas se preciso dê uma guinada
Porém segure a onda, com firmeza...

87


Montado em meu cavalo ganho o campo,
Minha estrela da sorte é pirilampo
Esperança distante pede lupa
A lua vai montada na garupa

Protegendo da dor do desamparo
Amor é gosto raro também caro
Na boca da morena mais distante.
Vivendo nesse amor tão inconstante

Voltando para a casa, vou sozinho,
Somente desta lua vem carinho,
Mesmo assim, com brilho meio fosco
Coração vai disparado, segue tosco

No lusco-fusco perco minha sorte.
Talvez se vier bate mais forte
O cheiro de jasmim e de açucena
Da pele delicada da morena!



01


Feliz aniversário, caro amigo,
É tudo o que desejo e estou feliz
Por ter em teu abraço o que mais quis,
Decerto traduzindo um manso abrigo.

Não vejo mais as curvas, nem perigo,
Agora; da tristeza, cicatriz,
Quem teve a vida sempre por um triz
Caminha lado a lado e vai contigo.

Receba com carinho, o meu presente,
Embora tu mereças muito mais.
Tenha a certeza disso, companheiro.

A paz que do teu lado, a gente sente;
Uma alegria imensa já nos traz,
E tudo o que te digo é verdadeiro...

02


Eu verso sobre sonhos que detive
Honestas caminhadas da ilusão,
Portando em cada verso uma emoção
Amor feito amizade sobrevive.

E tantas vezes; cego, eu não retive
Sequer o que devia, e fui em vão,
Vagando no deserto quase em não
Na sensação perfeita de um declive.

Se, às vezes eu falseio e assim tropeço,
Na quase queda eu sinto que talvez
Devesse ter mais forte, o sentimento,

Que vira a nossa vida já do avesso,
Porém acalma toda insensatez,
O teu carinho, amiga, é meu sustento...



03


Felicidade intensa, doce amor
Melífera emoção em verso e riso,
Promessa de sabermos paraíso
No canto mais gostoso de compor.

A liberdade, quero, ao te propor
Um passo que jamais seja indeciso,
Num ato sem temores, mais conciso,
Tenacidade em passos, com vigor.

Assim, profícua sorte nos trará
A guia feita em bela concordância
Ao conceder a paz, felicidade.

Amor que encontro em ti libertará
Deixando para trás toda ganância
Em si denota a sacra eternidade...

04

Aconchegadamente nos teus braços,
Felicidade à mostra num sorriso.
Seguindo eternamente nossos passos
Invadem alegria sem aviso.

Passeiam pelos campos dos abraços,
Chegando ao grande Vale Paraíso,
Deitando no teu colo, meus cansaços,
Incrível: eu teu corpo em me matizo.

Ipês e quaresmeiras, matas, relvas,
Veredas, alamedas, bulevar..
Espaços, astronaves, serras, selvas...

Viajo no teu corpo e vou contigo,
Aonde o pensamento nos levar,
Nosso refúgio amado, amante, amigo...




05

Tu já sabes que te disse
Tantas vezes: quero sim.
Queria que tu me visses;
Seja a flor do meu jardim...

A saudade é matadeira
E maltrata sem parar,
Moça bonita e faceira,
Eu quero te namorar.

Esse amor bateu na porta,
Eu depressa fui abrir,
A distância não importa
Meu coração bate aí.

O teu olhar me ilumina
O teu sorriso me acena,
Venha ser minha menina
Corre prá cá, vem morena...

06


Perfaz, Amor, caminhos intrigantes,
Deixando a Sorte, assim quase que ao léu.
Moldando uma esperança em belo véu,
Seus passos são robustos e gigantes.

Embora tantas vezes mostrando, antes,
Os erros que o transformam, vil, cruel,
Amor é feito um barco de papel
Vencendo tempestades em rompantes.

Alvíssaras; proclama o deus Amor
A todos os que dele, seguidores.
Pertuitos e caminhos, percorridos

Nas sendas onde um simples trovador
Em versos deposita suas flores,
Louvando os tempos belos, sonhos idos...

07

Amor é soberana fantasia
Que molda a vida em doces emoções,
Refém das alegrias, das paixões,
Amor tão cedo enleva cada dia

No manto divinal da poesia,
Pressente novos rumos, direções
E sabe contornar os furacões,
Além do imenso mar, amor se guia

Por astros e fantásticas vertentes,
Supera as cordilheiras, vence os medos.
Quisera Amor além dos infinitos

Deixar enamorados mais contentes,
Ao delegar a todos os segredos
Que moldam pleno Amor, em vários ritos...

08


De todas as maneiras hei de amar,
Em gozo, fogo fátuo, loucamente,
Aos poucos bem mansinho devorar
Juntar teu corpo ao meu tão vorazmente.

Fazendo-te feliz, ao me dourar
Do sol em que irradias, mais ardente,
Na tesa sensação de te adentrar
Na fúria que se molda amor urgente.

Teus seios, pernas, boca, corpo imerso
Em louca fantasia, uma fornalha,
Cabendo dentro em ti meu universo

Que explode em alegria e gozo intenso,
Amor que não permite qualquer falha,
E nunca se perdeu, jamais disperso...

09

Asas abertas sonhos delirantes
De vôos mais felizes pelo espaço.
No toque e no carinho dos amantes
A vida nos conforta passo a passo.

Saber de uma alegria e ver bem antes
A dor que nos maltrata, cerra o traço,
O dom que nos cativa, triunfantes
Caminhos que se abriram num abraço

Das asas que conhecem liberdade
Nos olhos sempre puros, e por isso
Mais aptos a saber da claridade

Que uma esperança mostra; tão intensa,
Com a felicidade, o compromisso,
Desta alegria nossa, que é imensa...

10

Pior que a solidão do sempre tive
É a negra calmaria que se faz
Da tempestade morta em dura paz,
Do amor que tanto quis e não retive.

A sensação dorida de onde estive
Deixada qual saudade, e que desfaz
O quanto que perdi, não satisfaz,
Lateja o já morreu que em vago vive.

Penumbra me acompanha, passo a passo,
Fantasmas que percebo: eternidade,
Feridas redivivas, morte a prazo.

Um grito de agonia corre o espaço
E a dura sensação que sempre invade
Da noite que se foi em puro ocaso...



11


Só sei que te procuro a cada instante
Entorno meu desejo no teu quarto,
Num sentimento lúdico e vibrante
Trazendo a sensação; divino parto.

A luz que nos rodeia é deslumbrante
De ti, minha querida, não me aparto
E vivo por saber estar adiante
De tudo o que sonhei. Eu já não parto

Em busca de outros sonhos; és meu céu
Em plêiades (teus rastros) te procuro
A via láctea estende um branco véu

Por onde passarás, estrela guia.
O fruto do desejo está maduro,
Vem logo antes que rompa o novo dia!

12



Num lírico desejo que se explana
Em ventos tão suaves, primavera.
Amor que quanto amor em amor gera,
Força primordial e soberana.

Nos polens e nos grãos vida cigana
Se dando num acaso, sem espera,
Carinhos tão gentis da dura fera,
Que ronronando, ao longe nos engana,

No sumo de uma fruta, no perfume
Das rosas e jasmins, ou no entoar
Do canto de mil grilos, feito em grito

Da vida a perfeição em raro lume,
Chegando em explosão ou devagar,
Recende a belos gozos, infinito...



13

Amor pra ser demais precisa ceva,
A cada novo dia, bem regado.
Meu pensamento a ti, o vento leva
Transborda em meu viver enamorado.

Sem ti, o meu caminho em pura treva,
Eu quero ser pra sempre bem amado,
Em teu carinho, a vida já me enleva
Levando pouco a pouco pro teu lado.

Cultivo o sentimento mais querido
Que pude conhecer, amada minha.
Meu peito em teu amor vai aquecido,

No beijo salutar que nós trocamos.
Amor quando em amor logo se aninha
Mostrando há quanto tempo nos amamos..

14

Ao sentir a presença deste olhar
Tão meigo e carinhoso sobre mim
Sinto toda a delícia de te amar.
É bom demais viver e estar assim

Refém desta alegria a me tocar.
Depois de tanto tempo sei, enfim
Que a sorte benfazeja a se mostrar
Depois de tão distante disse sim.

Amar é se encontrar em plena festa
Embora muitas vezes, a saudade
Um gosto de amargura, leve; empresta.

O teu sorriso acalma e me motiva
À luta que é difícil, na verdade.
Mantendo uma esperança sempre viva!






15

Querida, tantas vezes fui sozinho
Meu canto parecia tumular.
Depois de tanto tempo caminhar
Por entre pedras, urzes, duro espinho,

Ao ter a plenitude de um carinho
De quem desejo tanto, fui achar
O rumo que eu cansei de procurar,
Deitando do teu lado, de mansinho

E na cumplicidade deste amor,
Que mostra sem censuras ou pudor
Uma realidade nua e crua,

De termos mil vontades e desejos,
Que mesmo em sonhos, doces nossos beijos
Na fantasia intensa, amor flutua...


16

Nessa noite eu quero que o luar
Invada esta janela do meu quarto,
Aos raios desejosos me entregar
Até dormir, cansado, morto... Farto...

Da teia dos teus braços sou refém
E não desejo nunca uma saída.
Tu és toda a certeza deste bem
Que é parte crucial de minha vida.

As emoções misturam-se, prazeres,
Entorpecido sigo noite afora,
Roçando nossos lábios, mil quereres,
Sabendo quanto é triste o ir-se embora.

Eu quero a solução mais ardorosa,
Na noite que vivemos; maviosa....


17

Amar e ser amado. Perfeição
Que encontro em cada verso que me fazes,
A vida como a lua, tem as fases
Diversas onde mostra que afeição

É feita em verdadeira sedução.
Carinho e tanto amor, querida, trazes,
Desejos e vontades tão vorazes
Que formam nosso canto em devoção.

O tempo não me importa, quando ou onde,
Apenas sei um sonho já se esconde
Nos olhos da morena mais fogosa.

Vivendo o nosso amor, tanta beleza,
Eu sinto nos teus braços, fortaleza,
Tornando a vida, enfim, maravilhosa...


18

Encosto-me de noite nos teus braços
E faço do carinho, rede e manto.
Enleios divinais em puro encanto,
Moldando em nossa cama, nossos laços,

Desculpe se eu me perco em erros crassos,
Porém eu te desejo tanto, tanto...
Escute esta agonia feita em canto,
Não quero mais vagar com ermos passos

Por mundos tão vazios, sem ninguém,
És minha glória e nela sobrevivo.
Pressinto a solidão que, mansa vem,

E chega destruindo a nossa vida.
Às vezes sou cruel, intempestivo,
Mas eu te amo demais, minha querida...







19


Se eu fosse timoneiro em teu amor
Trazia o teu sorriso para mim,
Saberia ser bom navegador
Beijaria esta boca carmesim
Deitado em teu carinho a noite inteira
Fazendo da alegria uma bandeira.

Sonhando nesse amor ser um pirata
Tomando já de assalto o coração
Na força do desejo que arrebata,
Entregue aos desvarios da paixão...
Por sete mares, rumo ao mundo inteiro
Contigo do meu lado, um timoneiro...


20


As emoções florescem no meu peito
E fazem de teus olhos, farol, guia
Em cada beijo teu, santa euforia,
Deixando o meu caminho satisfeito.

Outrora em dura vida, contrafeito,
Refém do sofrimento e da agonia,
Somente o vento triste que eu ouvia,
Servindo de mortalha no meu leito...

Agora que conheço o teu carinho,
Suaves lábios teus, meu porto e cais,
Não sigo mais vazio e nem sozinho,

Pois sei que tenho amor que satisfaz,
Chegando devagar, bem de mansinho,
Fazendo eu te adorar, amar demais...







21

A tarde vem caindo... O medo chega...
Distante de quem amo me pergunto,
Se encontro do outro lado a mesma entrega.
Se ela também quisesse sonhar junto

Comigo! Certamente mais feliz;
Poderia viver intensamente
O gosto deste amor... A tarde diz
Que o frio chegará e novamente

Sozinho, tão vazio de esperanças
Apenas restará meu triste verso.
Quem dera se pudesse nas andanças
Levar-te com carinho aos universos

Que preparei somente pra te dar..
Nos meus braços... Somente este luar...



22


Esperança. Palavra que me guia
Por entre as curvas tortas do caminho.
Bem sei que tantas vezes a alegria
Não passa de um momento. Mas, sozinho

Não vejo solução. Tanto eu queria
Poder saber do amor que, de mansinho
Viesse transformar, feito em carinho,
O mundo que bem sei, já se perdia

Em meio a tempestades, vago e só.
Vieste e ressurgi do negro pó,
Qual fênix em divina redenção.

De uma esperança audaz, fizeste vida,
Direcionando estrada que, perdida,
Seguia rumo à dor da solidão...



23

Eu quero me perder nos teus caminhos
Nos beijos mais sedentos converter
O mundo que sonhei em teu prazer,
Selando em tua pele mil carinhos,

Bebendo no teu corpo verdes vinhos
Em arrepios tantos perceber
Sussurros, nesta noite que vou ter
Contigo nos lençóis, sedas e linhos...

Lanhadas, minhas costas. Bocas, seios...
Deixar em desalinho os teus cabelos...
Descubro tuas minas, rios, veios

E deito do teu lado esta loucura
As pernas num balé nossos novelos,
Depois deitar em ti amor, ternura..


24


Mulher maravilhosa; uma criança
Que o tempo esculturou em obra prima.
O vento tão gostoso da lembrança
Trazendo no teu peito tanta estima.

Na mão direita a rosa da esperança
No coração, amor fazendo rima.
Amor que já domina e não se cansa
De lhe trazer calor em qualquer clima.

No riso delicado, na loucura,
Os olhos radiantes do desejo.
Uma alma tão sutil, ardente e pura.

Nos sonhos um abraço da alegria,
Na boca ansiedade, quer o beijo
Nos lábios da ansiada fantasia...




25

Quis Amor que um remanso procurasse
Nas montanhas, nos mares, prados, rios
Que a sorte em desatino, os desafios
Mais duros e ferozes encontrasse.

Amor contém segredo e noutra face
Trazendo em si caminho em que o desvio
Em outro sentimento já disfarce
E mostre ao mesmo tempo, calor/frio.

Permite-se, portanto ao deus Amor,
Arqueiro que insensato atira setas
E espalha o sofrimento e a alegria;

O mundo inteiro estando a seu dispor
Mesmo em tristeza e dor explana as metas.
Sinceras emoções; Amor dizia...


26


Nas sendas mais longínquas e distantes
Amor percorre em sonho e não se cansa,
Uma alegria imensa já se alcança,
Trazendo uma emoção mesmo que instantes.

Amor perfila os cantos nas estantes
Que adornam belas almas de esperança.
Mitiga o sofrimento e faz criança
Àqueles que em luzeiros deslumbrantes

Adornam cada passo pelas sendas
Dourando com Amor as belas trilhas,
Levando o pensamento à calmaria.

Amor protagoniza santas lendas,
E molda em tantos olhos maravilhas,
É mote principal das poesias...

34

Flor bonita do desejo
Meu coração te procura
Vontade de dar um beijo
Com carinho e com ternura

Nessa boca que me guia
Nesses olhos divinais,
Correndo prá ti, guria
Encontrar a minha paz

Já perdida há tanto tempo
Tantos dias de tristeza,
Passando por contratempo
Querendo amor de princesa

Que tua alegria venha
Tanto amor no peito acenda,
Me queimar ser tua lenha,
Venha ser a minha prenda!

35

A rosa em seus perfumes sabe bem
Que espinhos fazem parte de seu ser
Assim como o ciúme, também tem
Pode de seduzir e enlouquecer.

Saudades tantas vezes quando vem,
Mistura o sofrimento com prazer.
Sem teu amor, querida, eu sou ninguém,
Ajuda-me a sorrir, sonhar, viver...

Não deixe-se levar por este medo,
Entendo, mas não posso permitir
Que a vida nos transforme desde cedo

E venha causar dor em quem desejo.
No vento que te roça, vem sentir
A mansidão em fúria deste beijo...

36


Encontro no teu corpo as maravilhas
Que tanto procurei, a vida inteira,
Sedentas sensações em loucas trilhas,
Divina e sensual, qual feiticeira,

Num sonho em que vivemos, nossas ilhas
Distantes entre luas e palmeiras,
Navegamos loucuras, tantas milhas,
Em tramas delicadas, sorrateiras...

Quando insinuas nua e sedutora,
Percebo o teu perfume em mago cio,
Mulher que desejei; encantadora,

Desfilando delírios no meu quarto,
Fantasia que em sonhos me sacio
Até que vá dormir exausto e farto...

37

Amor em beneplácito, sereno,
Adentra os mais longínquos e ermos cantos,
Trazendo no seu bojo tais encantos,
Tornando este caminho mais ameno.

Amor se verdadeiro, sendo pleno
Aplaca; num momento, duros prantos,
Cobrindo os namorados com seus mantos,
À sorte faz certeiro em bel aceno.

Amor é soberano sentimento
Tecido nos teares do infinito,
Pois toma a tempestade em placidez.

Amar é ser liberto em um momento,
Sabendo eternizar-se em cada rito,
Mantendo a vida em louca lucidez...

38


O amor em sedução, delicioso,
Agouro de bonança e de alegria,
Promessa de ternura, imenso gozo,
Na redentora paz, doce magia.

Teu corpo amorenado e tão formoso,
É tudo o que ao meu Deus; tanto eu pedia.
Olhar que sei feliz, voluptuoso;
Prenúncios de delícias, fantasia..

Vivendo a flórea senda deste amor,
Eu sinto que o deserto, frutifica,
Presença divinal, deveras rica,

Amante intempestiva em teu fulgor
Eu quero mergulhar sem sequer tréguas,
Vagando por teu corpo, milhas, léguas...

39


Não falo quase nada, apenas sinto;
Na embriaguez suave deste canto,
Que é mais do que sonhara, tanto encanto
Total sensualidade de um absinto

Que bebo em tua boca. Amor, me tinto
Do gosto delicado que amo tanto;
Distante e tão presente. Não me espanto
Ao renascer assim vulcão extinto

Da sede e da volúpia de te ter
Colada com meu corpo; mãos e pele.
Vivendo a fantasia de um prazer

Dessa imensa euforia que respira
Cada poro. No fogo que compele
Nesta ânsia tão voraz, acende a pira...

40

Querida; amor jamais nos manda aviso.
Vem simplesmente e toma o pensamento.
Depois de certo tempo, num sorriso,
Mal notamos, invade um sentimento

Que toma nossa vida. Um impreciso
Toque divinal feito num momento
Que vem nos demonstrar que o paraíso
Existe realmente, sem invento.

Vontade de tocar a boca, os lábios,
Sentir o teu respiro junto ao meu.
Sucumbem ao amor, mesmo os mais sábios

Não sabem e nem podem resistir
Ao te encontrar, meu mundo se perdeu
Dentro do teu. Ninguém vai me impedir!


I



A dor brota do amor, desce a corrente
Do rio que se entrega à luz nascente
E traz misericórdia ao coração
Que ao sol resplandecendo iluminado,
Poreja na sanguínea sensação
De ter vivido em volta do passado.

A sorte deste amor, quando se acena
No lume da esperança, uma falena,
Alvoroçando em si, uma alvorada,
Que quer e assim deseja muito mais,
Em fonte tão sublime e delicada,
Com toda a transparência dos cristais..

II

Amor bateu na porta, de mansinho
Em forma de palavras e de sonhos...
Depois, sentindo a força do carinho
Nos trouxe novos dias, tão risonhos...

Eu quero em nosso amor, puro encantado,
Trilhar cada momento, passo a passo,
Agora que por ti sou bem amado,
O mundo vai se abrindo, ganho espaço

E sinto a maciez de tua boca,
Beijando calmamente meu desejo.
A vida que antes triste, surge louca
Sofreguidão intensa a cada beijo...

Tu és a namorada que sonhei,
Viver só ao teu lado, a nova lei...


III

As noites tão serenas de luar,
Crisálidas do dia a emoldurar
Beleza que se mostra rara e plena,
As noites que passamos, todas calmas,
Na placidez que encanta enquanto acena,
Dourando em sol imenso nossas almas.

As rosas dos jardins de nossos sonhos,
Espinhos decepados, pois medonhos,
Prazeres estampados no perfume
Que toma este rosal em plenitude,
Deixando a dor amarga de um ciúme,
Guardada eternamente em ataúde.


IV

Um gaitêro apaxonado
Pru móde virá simente
Cumo o rio na nascente,
Cum o gimido chorado
Vai viveno das parmada
Qui a vida dá sem tê pena,
Atrais da muié amada,
A mão da sorte que acena,
Mostra a cangáia da vida
Que tômbem adivertida,
Traiz a pranta da sôdade
Da missão a sê cumprida,
Aboiando a mocidade,
Já bem distante perdida,
Mais sabêno da amizade
Pulo Deus bem escurpida.

Sô cantadô di viola,
Dançano o cateretê
Coração puis na sacola,
Prá móde nóis aprendê
As lição qui a vida traiz,
Da vida vivida im paiz
Que de há munto satisfaiz
O caboclo que consiga,
Tê na vida, a boa amiga,
Cumpanhêra de jornada,
Qui junto co a passarada
Faiz o dia sê bendito.
Nas grilage da esperança,
Nas artura lá do cé,
É percizo tanta fé,
I tombêm uma aliança
Feita em mucha concordânça
Móde a vida resorvê.
Ansim andano cocê
É qui pude apercebê
Tanta aligria na vida...

V

Amor é feito em paz, amada minha,
Decerto assim promete ser gostoso,
Ciúmes, na verdade sempre tinha
Quem não sabe da vida em pleno gozo.

Mas logo a madrugada ardente vinha,
Trazendo amanhecer bem mais formoso,
E o sonho que essa mão jamais detinha,
Talvez não se fizesse tão fogoso.

Porém amor se feito em fátuo fogo
Às vezes incendeia a casa inteira,
Querida, eu tenho o gosto deste jogo

Marcando o paladar de quem recebe
Carícia contumaz e feiticeira,
Seguindo em calmaria, a bela sebe...

VI


Fundindo nossos corpos nessa trama
Da chama que nos chama para a cama,
Fervendo este desejo tão intenso,
De termos nossas pernas, entrelaces...
Em ti querida; saiba, tanto penso,
Me recompenso imerso sem disfarces...

Em frenesi, cativo deste sonho,
Olho do furacão aonde eu ponho
Todo o meu desejo e a vontade
De ter tua nudez bem junto a mim,
Volúpias a nos trazer felicidade,
Vibrando de prazer, até o fim...

Ateias fogo nesse meu lençol
Teus braços, calorosos como o sol
Que queima a noite inteira, flamejante
Mergulho nos teus vales e montanhas,
Desejo teu amor, amigo, amante,
Concebo meu desejo em tuas sanhas...

VII

Abençoadas mãos de rosicler
Na poesia imensa em que a mulher
Que, mãe, amante, deusa ou namorada,
Promessa de frescor e claridade,
Na redenção de um sonho, luz dourada,
Marcando com seus beijos, saciedade.

Dedico-te meu verso, amada minha,
De tantas criaturas, a rainha,
Enaltecida em minhas serenatas,
Mas peço piedade, por favor,
As lágrimas descendo em mil cascatas,
Na solidão cruel de um desamor...

VIII


A noite inteira; estou ao teu dispor,
Inesquecíveis sonhos realizados,
Vagando por divinos, belos prados,
Enlouquecidos, plenos. Tanto amor...

Eu tenho tanta coisa a te propor,
Iremos em conjunto, pareados,
Na busca por carinhos, nossos fados,
Até que em bel prazer, venha o torpor.

Lençóis, puro cetim, colcha em retalhos,
Nada nos importa senão saber
De toda uma alegria a desfrutar

E conhecer, decerto os teus atalhos,
Rumando sempre célere ao prazer
Que apenas no teu corpo, irei achar...

IX




Envolto nos seus braços, meu amor,
Querendo renascer em esplendor
Depois de tanto tempo, sem vontade,
Persigo em teu carinho um ideal
Que seja até por pena ou caridade,
Mas venha como estrela matinal

Nascendo em novo brilho, na alvorada,
Na voz de uma mulher enamorada,
Tomando já de assalto o coração,
Ao menos, se eu pudesse ver nascendo,
A força indescritível da paixão,
Mesmo que enquanto venha, eu vá morrendo...

X



Os pássaros cantores na manhã
Trazendo em cada canto um doce afã
Fomentos de prazeres e de amores,
A vida se moldando mais dileta,
Em meio a tais jardins, divinas flores,
No sonho de um repente se completa.

Poeta, Deus pintou raro matiz,
Mostrando que é possível ser feliz
No amor desde que traga uma esperança
Alvíssaras da glória melindrosa
O raio da ilusão, decerto alcança
A sorte de viver, maravilhosa...

XI


Abraçado contigo minha amada,
Passando pelos astros por estrelas.
Caminho sem temer as tempestades
Vivendo sem nenhum medo maior.

Decoro meus desejos nos teus olhos,
Luzeiros deslumbrantes, vida e sorte.
Douradas essas sendas que percorro,
Adentro os bons portais do meu desejo.

Querida não se esqueça um só segundo
De todo grande amor que nos nasceu.
Desvendo teus mistérios, pouco a pouco.

E vibro por poder ser teu amante
Nos olhos da esperança pude ver
O brilho dos teus olhos refletidos...

XII

Querida, na verdade quem me dera
O amor ao devolver a primavera
Também fosse comigo alvorecendo,
Guiado pelas mãos de uma emoção
Eternizando um vento que envolvendo
Tocasse bem mais fundo o coração.

Assim numa alvorada amor se tece,
E a juventude, deixa de ser prece,
A mocidade volta, de repente,
É como se o meu tempo, enfim parasse,
E o mundo que eu sonhara, mais contente,
Também como a manhã, me iluminasse...

XIII


A noite sendo lírica, afinal,
Denota em seu altar o magistral
Momento em que o amor aconteceu,
Em festas constelares, belo céu,
Em lumes mata a treva e cala o breu,
Balões navegam soltos, vão ao léu.

Crepúsculo se doura em rara flor,
Ao ser tocada a vida pelo amor,
Desabrochando todo o meu jardim.
Perfumes se misturam, inebriam,
O mundo vai se abrindo dentro em mim,
E as cores deslumbrantes me saciam...

XIV


Amor: total insânia que dardeja
Além do que minha alma, mansa, beija,
Resplandecendo em versos, alvorada.
Na pele tão macia, tez morena,
Por Deus em toda glória esculturada,
Caminho de esplendor, tão cedo acena.

Na manhã que se fez em liberdade,
Deixando para a noite uma saudade,
Refestelada em luz, claro frescor,
Declina sobre a areia, um raro sol,
Louvando com fulgores, deus amor,
Fazendo o coração ser girassol...

XV


Deságuo nos teus cios, meus desejos
De toda a plenitude feita em gozo,
Dos deuses que nós fomos, mar formoso
Intenso em loucos, doces, raros beijos.

Os dias que se passam, mais sobejos,
Sabor que encontro em ti, sempre gostoso,
Teu toque tão gentil e carinhoso,
Distante de temores, duros pejos.

Vencendo a solidão, triste marasmo,
Desfruto a maravilha de um orgasmo
Em senda assim florida e majestosa.

Delícias de saber, mulher divina,
Que a noite em fantasia te domina,
E em cada beijo meu, a deusa goza...

XVI

A voz que em belo canto se insinua
Louvando em alma plena a bela lua,
Soluça quando sente o raro trilho,
Aonde a madrugada irá buscar,
Num último lampejo, um calmo brilho
Na espera deste sol que irá raiar.

Assim amor se faz qual fosse um hino,
Perfeita maravilha em desatino,
Num mundo em claridade, mais bonito,
O sol emite em raios, força tanta,
Que neles vai soltando imenso grito,
No amor que amanhecendo já me encanta...

XVII

Meus dedos são tão rudes, companheiro,
Meu verso sem riqueza, bandoleiro
Que corre nos sertões ao deus dará,
Bucólica paisagem, duro agreste,
Um deus que com certeza me trará
Amor simples, leal; cabra da peste.

Não sei falar bonito, nem preciso,
Apenas traço em sonho este infinito
Moldado no luar, no sol a pino,
Na casa de sapê, a claridade,
No peito do caboclo, uma amizade,
Meu canto feito em sangue nordestino.

XVIII

Poder saber que existe tanto amor
No coração sereno e tão bonito
É crer que para o mundo há solução,
Na voz que corre solta no infinito.

O peito bate forte e sonhador,
Na força tão eterna deste grito
Percorrendo todo espaço, com ardor,
Promessa de chegar num novo rito

O dia em que alegria vencerá
As dores tão profusas que nos tomam.
No olhar que com tal força brilhará,

Espero te encontrar, tanta alegria...
Amores que pra sempre já se somam,
Tornando realidade, a fantasia...

XIX


Uma amizade feita na garupa
Dos sonhos que irmanaram nossa vida,
Presença solidária e tão querida
Jamais permitirá que qualquer culpa

Desfira um duro golpe neste laço,
Que é feito de sanfona e de viola,
Amigo, venha logo, em teu abraço,
A dor que eu pressentia, se consola.

Não deixe se amainar tal sentimento,
Que assim traduzo em força, em amizade,
Nem deixe que se afaste o pensamento,
Perdido qual refém de uma saudade.

A vida mesmo em garras, em fereza,
Permite na amizade uma firmeza...

XX




Amor que em plenilúnio ganha o céu
Vestido de cometas e de estrelas,
A sensação de em mãos, poder retê-las,
Aos poucos invadindo um bel dossel

Cortinas se entreabrindo descem véu
E como se pudesse percebê-las,
Amor se permitindo recebê-las
Desfila um sentimento em doce mel.

A lua escancarada na varanda,
Demonstra em claridade, amor perfeito,
Divina se entregando ao raro encanto,

Sorrindo ao deus Amor, tudo comanda,
E ao ver assim o mundo satisfeito,
Um deus supremo abriu seu alvo manto...

XXI


A chuva que, caindo esfria tudo,
Alaga de saudade o coração.
Distante de teus olhos, fico mudo.
Tomado pela dor da solidão...

Porém uma esperança vem, contudo,
Em forma de desejo e de ilusão...
Que sabe se contigo, amor eu mudo
E as enxurradas sejam de verão...

Poder tocar depois da tempestade
Teu corpo, uma bonança sem receios...
Nos devaneios; vôos de verdade

Chegando no teu quarto de mansinho,
Deitar minha cabeça nos teus seios,
Aquecendo esta tarde com carinho...

XXII

Amor que é manso guia em tempestades,
Avança e não permite sobressalto,
Voando, o pensamento vai ao alto
E mostra bem distantes veleidades,

Amor cruzando os campos e cidades,
Não deixa em seu caminho um só ressalto,
Tomando o nosso peito, vem de assalto
E doura com ternuras e verdades,

Fazendo estas estradas gloriosas,
Florindo cada passo que se dá,
Na busca de um eterno sentimento.

Amor ao espalhar divinas rosas,
Percebendo que a paz florescerá
Invade, apascentando um vil tormento...


XXIII

Amor, uma divina providência
Em puros sentimentos verdadeiros,
Guiado por carinhos/timoneiros,
É feito dia a dia em convivência.

Amor jamais permite a penitência,
Trazendo no seu bojo doces cheiros,
Divinos, sensuais e feiticeiros,
Mostrando em perfeição total clemência.

Amor que em canto louva a bela fonte,
Imersa entre estes prados, esperanças.
Um oceano feito em água doce,

Abrindo de repente, no horizonte
Um sol que molda os brilhos onde alcanças
Além do que pensamos que amor fosse...

XXIV


Nas andanças diversas desta vida,
Perdendo alguma vez outra ganhando,
Do amor que soberano desfrutando,
Encontro a sorte imensa, que esculpida

No corpo magistral da bela diva
Que em meio a meus castelos, imagino,
Aquele velho sonho de menino
Agora com presença mais cativa

No peito de um modesto trovador,
Aguando com carinhos o jardim
Que teima em resistir dentro de mim,
Trazendo para sempre a bela flor

Que mostra com detalhe a fortaleza
Do amor que emoldurou em ti, princesa...

XXV


Não ver temeridade neste encontro
Que faz de nossa vida uma alegria,
Cantar o tempo inteiro, ao teu dispor,
Um coração tão pleno de carinho,
Vivendo nos teus braços, sonhador.
Nesta emoção que sinto todo dia.

Meus olhos te buscando sonho e glória,
Eu tanto te desejo, minha amada...
Então venha comigo aonde eu for.
No canto mais difuso, em liberdade,
Fazendo da ternura o nosso ninho,
Criticar-nos quem pode? Sim, quem há de?
Vibrando nosso canto em esplendor!

XXVI


Colher-te, bela rosa do jardim
Que cultivei em plena mansidão.
Regado por amor que não tem fim,
Adubo tão gostoso da paixão...

Perfume desta rosa sinto assim,
Carinho com total sofreguidão
Desejo nesta rosa carmesim,
Abrir e te beijar, cada botão...

No deleite de ter-te aqui comigo,
E perfumadamente me entregar
Aos teus encantos. Já nem ligo,

Desfolho cada pétala da flor,
Deitada no jardim, nua ao luar
Entregue totalmente, ao bom do amor...

XXVII


Amigo, nesta imensa mataria
O sol raiando forte traz o dia
E mostra no mormaço tal calor
Que o galo sertanejo comemora,
A vida em magistral raro fulgor
E canta de manhã, já sem demora.

Eu simplesmente, um pobre trovador,
Apenas repentista e cantador,
Ao perceber belezas em seus versos,
Nas rimas que riqueza tanto encerra
Queria caminhar rumos diversos,
Cantando qual galinho lá da serra...

XXVIII

Amor que não precisa nem de juras
Pois é já de per si um juramento
Lavrado com sorrisos e ternuras
Sem dar satisfação ao sofrimento.

As almas que se tocam, voam puras
Em torno desta luz do sentimento,
Matando o que houvera em amarguras
Libertas, soltas, voam com o vento.

Num enlevo fantástico e tão terno
Os gestos de carinho são constantes.
O bom de ser assim, pra sempre, eterno

É ter a liberdade de cantar
Saber que sempre irão tão radiantes
As asas que aprenderam a voar..

XXIX


Eu não te amo qual pérola, esmeralda,
Tampouco por ser fogo, ardente chama,
Se às vezes a leda alma te reclama,
O sonho de te ter não se desfralda,

Aguardo-te somente em cada curva,
Não vejo uma esperança como guia,
Ascendo num momento à fantasia
E a vista vai quedando, quase turva.

Não te amo por saber de tua história,
Nem mesmo por seguir um doce instinto,
Se camaleônico, eu me tinto

Persisto neste amor, mesmo que a glória
De amar-te seja só por ter amor
Ao belo amor que amor já vem propor...

XXX


Amigo; na verdade uma verdade
Já morre na inverdade de assim ser.
À parte do que sei se a dor não arde,
Não vale a pena, mesmo assim sofrer.

O caos em que semeia iniqüidade
É feito do talvez ou sem querer,
O passo sem compasso na amizade
Condena o que não temos a perder.

E sigo num vazio feito em vão,
Na busca do quem dera, mas morreu,
Aos poucos vai se abrindo imenso chão

E o que eu pensara ter; jamais foi meu.
Ausência do não houve em desencanto,
Apronta e desnorteia qualquer canto...


XXXI


Imperceptivelmente chegarei
E tocarei teu corpo, mansamente...
De tudo que na vida procurei;
Teu toque devagar, mais envolvente;

O melhor com certeza, que encontrei
Ao som deste teu canto, de repente
Fazendo deste amor a minha lei,
Amor que é redenção e faz contente.

Ao sentires um sopro da manhã
Entrando no teu quarto; um arrepio
Percorrerá teu corpo, amada minha.

A vida que parece ser tão vã
O dia que surgiu; antes vazio,
Trouxe-me e nunca mais serás sozinha...


XXXII

Vencer as artimanhas, nas encostas,
Saber da faca oculta em cada mão,
E mesmo que ferido, com perdão
Expor a cicatriz em suas costas.

Se nisso, amigo vão suas apostas
Eu creio que encontrei a solução
Da dor sem ter limites, vivo não,
Recebo com o vento tais respostas.

Amar é ser sublime; nunca nego,
É quase ser perfeito, qual um anjo
Que faz de cada sonho o seu arranjo

No sonho de esperança que carrego,
Portando no seu bojo a liberdade
Expressa neste canto de amizade...


XXXIII



Eu vejo a tua sombra na janela
Aberta da ilusão em filigrana,
Precedem minha dor cotidiana
Limpando uma poeira na flanela

Do tempo que se mostra e me revela.
Ao mesmo tempo, sonsa, ela me engana,
E neste paladar a vida atrela
O resto que não foi, dor soberana...

Dançando mil imagens: sombras, luzes,
Recebo o teu olhar qual foice e faca.
Dizer o quanto eu te amo não aplaca,

Apenas ameniza as duras cruzes
Que do outro lado vejo em lusco fusco,
O amor que da janela, quieto, busco...


XXXIV

Sobejas esperanças; traça amor
Carícias deste vento em nossa pele,
Prazer ao qual amor, cedo compele,
Em cada poro invade um bem maior,

Do qual, no qual me sinto um sonhador,
Sem medo de sofrer, que o tempo sele
O sentimento imenso e não congele
Tomando a vida em mágico calor.

Levando para ti perfume e cheiro,
Do amor que sendo raro e verdadeiro
Por si e tão somente em si, vigora.

Na brisa que, suave, acaricia,
O toque soberano da alegria,
Que eu quero que tu sintas desde agora...


XXXV


Quem dera se poeta, um dia eu fosse
Poder cantar a lua do sertão,
Na maravilha rara que amor trouxe,
Emoldurando em sonho, uma paixão,
Falar de uma alegria que se esboce
Vibrando bem mais forte o coração

Quem dera se pudesse em poesia,
Falar desta morena sertaneja
Que trama no seu rosto a fantasia,
À qual meu canto enfim, tanto deseja,
Da terra quase seca, uma magia,
Mostrada em tal beleza que sobeja.

Num canto tão airoso e mais gentil
Riquezas destes solos, do Brasil..

XXXVI


Eu quero o teu querer e não dispenso
Sequer um só minuto, não disfarço
E passo a minha vida em cada passo
Na busca do querer onde compenso

O tempo em que eu andara só e tenso,
Disperso, sem ter rumo, e do cansaço
De uma procura insana o laço traço
Com ânsia de te amar, amor imenso.

Abarco mil palavras, e componho
Com elas a verdade deste sonho,
Que traga tão somente uma alegria,

De ser o que bem quis quanto eu queria
Agindo sem temores cada dia,
Num mundo que divino, é tão risonho...


XXXVII


Jamais eu negaria um sentimento
Que é feito dia a dia em esperança,
Bem sei, foi pesadelo, a noite avança
E nela não te esqueço um só momento.

Ouvindo o desabafo qual lamento,
Não tenho nem resquícios na lembrança
De ter negado amor que sempre alcança
Poder de dominar meu pensamento.

Vencer quaisquer tempestas, eu prometo,
Estando junto a ti, morena bela,
Imensidão decerto se revela

Em cada novo dia que passamos,
Se algum erro, querida, enfim cometo,
Não vou negar jamais, o quanto amamos...


XXXVIII



Poeta, por favor, feche os ouvidos,
Meu canto de lamento, um desafio,
Ferindo e penetrando os seus sentidos,
Dará u’a sensação de mar bravio.
Os versos em que amores destruídos
São gritos que se perdem num vazio...

Meu canto qual aboio, eu te garanto,
Contendo assim total rusticidade,
Misturas de gemidos com um pranto
Pedindo paciência e caridade,
Talvez ao te causar qualquer espanto
Açoite em que rebenta a tempestade,

Não trazem nem riqueza nem beleza,
São feitos de um amor em pobre mesa...


XXXIX

Enleio feito em versos, amor trama,
Das sutilezas molda uma esperança
De ter ao descrever divina dança
A sorte que emoldura a quem tanto ama.

Amor quando refaz em cada rama
Um arvoredo enorme, sempre alcança
Aos céus aonde um gesto de fiança
Demonstra quanto amor, Amor reclama.

Vinhedos de raríssima beleza
Se, cuidados com zelo e com ternura,
Nas mãos de um lavrador, total carinho,

Darão, isto eu garanto, com certeza,
Colheita em perfeição promete pura
A produção de um belo e doce vinho...

XL

Poder sentir inteiro o teu perfume,
Em cada novo dia, me entregar,
Bem mais da forme de costume,
Teu corpo no meu corpo naufragar...

Subindo estas montanhas, vales, cume...
Naturalmente inteira, te tocar.
Cravando em teu cerne, todo o lume
Que um dia das estrelas quis roubar.

As duras madrugadas que, tão frias,
Maltratam quem dormia assim mais só,
Fazendo deste sonho as fantasias

De uma dia ser feliz, não sofrer mais.
Renasço nos teus braços deste pó,
Solidão que não quero ter jamais...

XLI


Quisera ser ignaro sertanejo
Que canta em improviso à bela lua,
Moldando em raros sonhos o desejo
De ter tua beleza, clara e nua,
Mostrando toda a sorte que enfim vejo
E que em doce ternura, já flutua.

Ao ver uma cabocla em dança e festa
Morena Vênus bela, esculturada
Um canto, o coração, solene gesta
E tem uma esperança demonstrada
De ter perfeitamente o que me resta
Sabendo depois disto: não há nada.

Quem dera ser um simples trovador
Louvando em rimas pobres, rico amor..


XLII

. Um canto que se faz apaixonado,
Sem medos ou rancores, só por ser,
Vivendo em fantasia o bem querer,
Andando, o tempo inteiro, lado a lado.

Depois de termos feito do passado,
Um velho que andrajoso a perecer
Vagara sem destino por prazer,
Querendo o que jamais lhe fora dado,

Percebo a juventude de nós dois,
Inteira primavera em bela flor,
Recebo o doce vento, que é veloz,

Na busca do durante e do depois,
Na eternidade plena deste amor,
Nascido em força intensa e vivo em nós...

XLIII


Debaixo dos lençóis, me declaraste
Amor que sem limites, nos tomou.
E quando suavemente, me tocaste
A vida em alegria se inundou.

Do teu amor, bem sei que não falaste,
O teu carinho imenso já falou,
Estrelas, nesta cama transbordaste,
O meu caminho todo, iluminou...

A linha que escreveste com teus lábios,
Jamais vai se apagar dentro de mim...
Desejos se procuram, são bem sábios..

Palavras... Não precisas nem dizer,
Pois tudo o que sonhei, trouxeste sim,
No idioma universal, tanto prazer...

XLIV


No vício de delícias insensatas,
Cios maravilhosos, bem vividos.
Nos ócios desfrutados com prazer.
O viço deste amor em mil sentidos.
Te quero, não duvide, vem pra cá.
Sofreguidão, desejos e vontade
Se tocam se entornando, quero ter
Sincera sensação de eternidade
Nas labaredas todas; nossas danças.
As ancas, lanças, bocas são fornalhas;
E a vida vai passando deste jeito,
Deitando nosso amor; mares e praias
Numa alegria imensa de viver.
No gosto deste amor tão satisfeito,
Uma oração ao templo do prazer...


XLVI



Poeta, companheiro em teu tinteiro
Expressas maravilhas em soneto.
Porém outra beleza eu te prometo
Se queres ter um sonho verdadeiro

Que é feito deste amor tão corriqueiro,
Nos braços de um delírio que cometo,
Ao mundo mais divino eu me arremeto,
E mostro um horizonte por inteiro

Deitando em bela lua, seus detalhes,
Garanto que o buril em tais entalhes
Trará alexandrinos; mais perfeitos.

Licores que se bebem no sertão,
Do amor que feito em lua, na amplidão,
Nas mãos de um trovador, os versos feitos...

XLVII

Amigo em sertaneja e rara fonte,
Embriaguez de sonhos, água fresca,
Por mais que tenha a vida romanesca,
Jamais verás belíssimo horizonte

Na argêntea maravilha, nívea lua,
Que inteira se mostrando em pleno céu,
Caminha mansamente e continua
Nos sonhos de um caboclo em seu corcel.

Amigo, em sua glória a dama imensa,
Deitando na cacimba um raio belo,
Terás ao vê-la, inteira, a recompensa
De um pobre lavrador com seu rastelo

Que longe de um castelo imaginário
Estende-se ao luar, seu relicário...


XLVIII


A noite já se avança, o frio vem
E traz esta vontade de te ver.
Distante dos teus olhos, sem ninguém,
Espero o teu carinho em meu querer.

Nossos desejos morrem sem prazer
Saudade vem tomando todo o bem
Preciso mais depressa te rever
Como é difícil a noite sem alguém.

Eu quero, estes desejos, partilhar
Contigo, minha amada, meu abrigo...
É duro tanto tempo a te esperar,

Por isso, volte logo para mim...
Pois todo o bem da vida está contigo,
Espero que a saudade chegue ao fim...

XLIX

Não temo tempestades ao teu lado,
Carinho e proteção. Desejo intenso..
Deitando meu cansaço e abraçado
Em teu corpo, querida; sempre penso

No tempo que passei desconsolado
Na busca de um carinho tão imenso
Às portas da tristeza e bem cansado
Achei que viveria sempre tenso

Na angústia dolorida do vazio.
A vida se passava sem surpresas,
Vivendo por viver no eterno frio.

Mas quando te senti; amada minha,
A sorte revelando outras certezas
Meu peito no teu colo, amor, aninha...

L

Aos poucos se soltando nos meus braços,
Deitada em minha cama, sem receios...
Abrindo lentamente teus espaços
Extravasando todos meus anseios...

A vida já nos trouxe em fortes laços
E deu-nos, à vontade, muitos meios;
Amor vem penetrando cortes,aços,
Descanso meu carinho nos teus seios..

Tu és encanto e paz, razão de vida,
Bailando no teu corpo meus desejos...
Sentindo-te feliz, tão atrevida,

A chama que surgiu se fez vulcão
Tomando nosso céu em relampejos
Incêndio mavioso da paixão...

LI



O velho canarinho que tentava
Cantar o seu lamento sertanejo,
Depois de certo tempo reparava
Quanto era ultrapassado cada arpejo

Que o pobre sem saber que só piava,
Servia de piada sem ter pejo.
O nobre rouxinol quando cantava
Negava ou falseava o seu desejo.

Qual fora um repentista caipira,
Também imaginei que a bela lua
Gostasse do cantar em serenata.

Que ledo engano; a Terra sempre gira
E a vida que pra frente continua,
Expulsa o canarinho para a mata...

LII


Viajo para dentro de teu ser
Em alas benfazejas e tão belas,
Bafeja o vento imenso de um prazer
Abrindo o pensamento em alvas velas.

No amor que já proclamas e revelas,
O gosto de sonhar e o bem querer,
Motivo principal para viver
Alçando o pensamento por estrelas.

Tu és imagem santa e comovida,
Razão de meu cantar e minhas rimas.
Louvando o nosso amor, tuas estimas,

Desejo imensamente que decidas
O rumo que decerto irei tomar,
Morrer ou ressurgir, cada luar...

LIII


Amor é feito em sonho e quer partilha,
Da qual ao receber um forte enlace,
Em solidez jamais quer que se esgarce
A força que o tomando, maravilha.

Arando um bom jardim, roseira e tília
Amor não permitindo um só disfarce
Mostrando em alegria, a sua face,
Navega uma emoção, distantes milhas.

A par do sentimento que não cala,
Desnuda uma esperança em bela flor,
Na senda que se mostra pura e terna,

Adentra o pátio, a casa, quarto e sala,
E trama a boa sorte a se propor
Àquela que se faz amada, eterna...


LIV

Um pobre cantador sertão afora,
Viola é derradeira camarada,
A noite que adormece enluarada
Deitada na varanda; clama agora

Estrela matutina que decora
O céu maravilhoso da alvorada,
Em serenata, sonha quase nada
Apenas ilusão, tudo devora.

E canta em sinfonia com mil grilos
Aguarda que a janela seja aberta.
O sol já quer surgir, rua deserta,

A solidão promete seus asilos
Depois de tão sinceros madrigais...
A lua voltará? Tarde demais...


LV

Nas meadas da sorte, um violeiro,
Ameaça cantar a solidão,
Da qual conhece a cara e sabe o cheiro,
Vazando os olhos traz escuridão.

Os ermos de minha alma, são constantes.
As armas esquecidas na algibeira,
Daquilo que sonhei há tempos, antes
De saber a dor cega sem fronteira,

Do não que sempre ouvi, mas não quis bem.
Agora que perdi rumo e saída,
Mortalha do que fui queimando vem,
Ninguém sabe da cor da despedida.

Apenas amizade, se vier,
E o resto? Como Deus, meu bem quiser...


LVI


Aranhas e moleques, bocas, becos.
O gado vai passando na porteira
Eterna sensação do que se queira
E muitas vezes morre em repetecos.

Depois no bate papo traz botecos
Numa impressão de eterna domingueira
Na casa que se fez sótão soleira,
A juventude segue sem ter ecos.

Amizade moldada na cachaça,
Nas velhas discussões, sentido algum,
O rumo tantas vezes foi nenhum,

Conversa que afiada, é só chalaça.
O tempo ruminando feito boi,
E tudo o que eu sonhei, depressa foi...

LVII


Amor, doce florada da esperança
Aguado pelas lágrimas e risos.
Cevado por carinhos mais precisos,
Por sendas belas, ricas, amor trança.

E quando vai granando logo alcança
Os frutos que se mostram sem avisos,
Embora tantas vezes imprecisos,
No novo semear, toda a fiança.

Barco à deriva, riscos e tempestas,
Amor ao soçobrar, quando resiste,
Demonstra a solidez tão desejada.

Por mais que o casco tenha duras frestas,
Amor se verdadeiro, tanto insiste
Que brota mesmo em terra mal arada...

LVIII


Ouvindo matinais galos, pardais,
O gosto da saudade? Broa e milho
Assado no fogão do quero mais,
A rota da esperança pega o trilho

E vaza em meio à dor, canaviais.
Eu velho quando outrora fora filho,
Cantava uma ilusão por estribilho
Bebia da vontade sem jamais.

De tudo o que sobrou, amiga velha.
Apenas tua senda que emparelha
E segue sem ter curvas, linha reta.

A broa que mamãe fazia festa
Não mais saboreando, não me resta,
Sabor da tarde morre e se incompleta...

LIX

Amor que remedia também cura
E marca em cicatriz deixando leve
Aquele a quem amar tanto se atreve
No enleio feito em paz, viva ternura.

Amor que uma alma livra enquanto apura
E mostra-se divino até se breve,
Derrete o sofrimento feito em neve
Apascentando o céu, reflete alvura.

Amor sem ter enfado, em Fados muda
Capaz de renascer a cada dia.
Refestelando a vida em pura glória

Ao pobre solitário tanto ajuda
Que aos poucos, dominando contagia
E louva a Sorte plena na vitória...

LX

Contorno com meus lábios teu perfil,
E deito-te em meu colo mansamente.
Meu mundo... O coração quando se abriu;
Entraste devagar. Mas, de repente

Senti que não teria escapatória;
Tua presença amiga e tão constante
Vem mudando o rumo de uma história
De forma tão sutil quanto elegante...

Beijar as tuas mãos, dedos e palma,
Morder-te levemente, o indicador.
Mostrando este carinho que me acalma;
Sussurro em teu ouvido; canto amor...

Sinto, neste arrepio em tua pele,
Desejo... Embora o negue e não revele...

LXI

Fardunços e jagunços de tocaia,
No quebra-pau rendendo algum trocado,
O corte do facão quando amolado,
Não deixa e nem permite que se saia.

A vida sem juízo que se traia
Sem ter nenhuma pena do coitado,
No pulso da esperança se cortado,
Me trouxe de lambuja rabo e saia.

Um companheiro morto, uma bobagem
Falada como fosse uma vantagem,
A dor que o tempo molda já me invade

E diz que não devia ser assim,
O mundo desabando dentro em mim,
Pagando o preço caro da amizade...

LXII


Navalha e canivete na cintura
Bornal trazendo um resto de esperança,
A faca penetrando esta amargura
À margem do riacho da lembrança.

Tomando no boteco se depura
A dor de ser refém desde criança
De um medo que ancestral vira amargura,
E sempre que ele pensa vem e alcança.

Nas manhas do moleque já crescido,
Manhãs adormecidas na saudade,
Restou talvez, quem sabe, uma amizade,

Do tempo que se fora, transcorrido
Nas léguas dos caminhos não trilhados,
Dos sonhos que mal teve, abandonados...

LXIII

Quem dera se tivesse inda o deleite
Que tive há tanto tempo em belo dia.
A sombra da esperança; fugidia,
Esgueira-se legando como enfeite

O manto da tristeza em que se deite
Amor que fora pleno de alegria,
Agora se liberta em alforria,
Sem sorte ou novidade que se espreite.

As urzes de um amor abandonado,
Roçando o meu caminho de viés,
Amor que se fez luto em triste Fado,

Tortura quem sonhara com a glória,
Apenas as correntes nos meus pés
Resquícios que carrego desta história...

LXIV


Às vezes a cangalha tanto pesa
Que o corpo macilento não agüenta;
A marcha quase pára e vai tão lenta
Que a perna machucada, fica tesa.

Assim amor me fez qual fosse presa,
Da fúria do querer que, violenta,
Viola os meus sentidos, me atormenta,
Não deixa mais restar sequer defesa.

Mas gosto do chicote, deste açoite
Que estala em minhas costas, corta fundo.
Carrego se preciso ao fim do mundo,

E corro, sem destino, dia e noite.
Amor já preparou doce tocaia
No vento que levanta a tua saia...

LXV


Querendo te tocar a cada instante
Sonhando com teus beijos, não resisto,
O mundo se transforma delirante;
É bom saber que em ti, enfim existo.

Queimar-me no teu corpo, flamejante,
Vivendo, meu amor; somente disto,
Desta esperança, assim tão transbordante
De ter amor sincero, eu não desisto!

Tu és minha alegria, sonho e valsa,
Na dança que nos torna mais felizes;
A lua nos teus olhos se realça

Brilhando bem mais forte... Quase um sol...
Arranco do meu peito as cicatrizes,
Te busco, sou eterno girassol!


LXVI


Beijar a tua boca docemente,
Deitando-te em meu colo, com carinho,
Beber da vida a glória feita em vinho,
No porto, ancoradouro em que se sente

A vida bem melhor e totalmente
Entregue à boa sorte no caminho,
Vencendo os empecilhos, de mansinho,
Poder estar contigo e ser contente.

Não temo as tempestades, pois bonança
Encontro nos teus braços, minha amada,
Em ondas que se entregam à alva areia.

Nos passos deste amor, toda a fiança
Com uma ternura imensa sempre é dada,
Numa ilusão divina, devaneia...

LXVII

Sentindo o teu perfume, minha amada,
A noite vem trazendo o teu desejo
Contido na tua alma desnudada
Tanto prazer-paixão; assim, prevejo.

Buscando meu caminho no teu porto
Deitando nos teus braços meu cansaço,
Depois de tanto amor, já quase morto,
Sentir esta delícia em teu regaço...

Alucinadamente nos amamos,
O gosto do prazer nos alucina.
Que bom que nos sabemos, encontramos
Na busca da alegria, a nossa mina

Repleta dos tesouros mais profanos
No céu destes desejos soberanos...

LXVIII

Quem teve outrora um sonho assim diverso
Daquele em que se perde, todo dia,
Fazendo do meu canto, a fantasia
Recebo com carinho cada verso,

E verso sobre o tema, vou disperso,
Alimentando aos poucos primazia
De ter nos braços teus; o que eu queria,
Deixando já de lado o que é perverso.

Na dádiva divina que diviso
No corpo desejado, sem fronteiras,
Tendo em felicidade, tantas graças

Louvando a maravilha em paraíso,
Espero que no fundo inda me queiras
Mesmo que tantas vezes já disfarças...


LXIX


Este amor sincero que dedico,
Que não cobra, não pede apenas vive
No sorriso feliz de quem recebe.
Amor que não concebo nem explico
E que jamais precisa tradução.
É vento que mal toca e se percebe
E faz bater mais forte o coração.


I

Ao te encontrar, amor; eu descobri
Que a vida pode ter felicidade.
Não sabes mas bem antes, tudo aqui
Trazia um triste gosto de saudade

De um tempo que passou, mal percebi,
Deixando em seu lugar, ansiedade.
Agora que encontrei amor em ti
Eu volto a ser feliz, isso é verdade...

Estrela que vagava sem ter rumo,
Cometa sem paragem nem remanso;
Mas desde que em teus lábios me perfumo

Abri meu coração e esqueço o medo,
Os píncaros da sorte, amor alcanço
Do cofre do esplendor deste o segredo...

II

Somente ao teu amor, amiga; aspiro
E faço de meu verso um instrumento
Que seja num papel, mesmo em papiro,
Invada um coração queimando lento.
O sonho, na verdade que eu prefiro,
Jamais abandonou meu pensamento.

Repete sempre a mesma ladainha,
Unítona esperança que me toma,
De ter a tua boca junto à minha,
Na multiplicação que é feita em soma
De corpos que a saudade já avizinha
No fogo que nos queima quando assoma.

Querida, no teu corpo a divindade
Sublime a traduzir felicidade...


III

Invado as tuas ilhas do desejo,
Penetro em cada ponto, me sacio.
À noite no delírio de um festejo,
Não desperdiço, amor, nem mais um cio.

Deitando em tua nudez, eu sempre vejo,
Calor que já mitiga todo o frio,
Prazer que pela pele, sim, poreja;
Amando sem parar, horas a fio...

Matar a nossa sede, sem limites,
Num mundo de alegria, formidável...
Das grutas conhecer estalagmites.

Depois de navegar tantos caminhos,
Vibrar nosso desejo insaciável,
Adormecer um mundo de carinhos...

IV

Alvíssaras ao louco trovador
Que canta e que decanta sem descanso
Em versos de amizade mostra amor
Que em sonhos delicados eu alcanço
Um coração só mostra seu valor
Quando nos traz a paz feita em remanso.

Outrora em serenata ou madrigais,
Os bardos imploravam com destreza
Louvando uma amizade feita em cais,
Rompendo a madrugada na incerteza
Do amor que talvez fosse nunca mais,
Porém em canto livre tal pureza

Que mesmo que distando tantas léguas
Às guerras e desgraças trama tréguas..

V


Não quero ter meus versos recitados
Nem mesmo nos saraus, academias,
Os olhos de repente enodoados
De um cego que em amor tem alegrias
Permitam tão somente as sinas, fados
Que o coração que eu clamo singre os dias

Deitando sob a lua em alva areia
Receba com carinho este repente
Que cantando em louvor à lua cheia
Transborda em emoção, e simplesmente
Transfunda tanto amor pra sua veia
E mostre tudo aquilo, o que mais sente,

Um reles repentista apaixonado,
Num céu em pirilampos estrelado...

VI

Amigo, não permita que teu verso
Se perca sem sentido, pois somente
Um canto que se mostre mais perverso
Atando em frios braços a corrente,
Deixando um horizonte tão disperso,
Ferindo o coração de toda gente...

A fonte da alegria deve ter
As cores da ilusão da poesia,
Atado nestes sonhos, meu prazer
Enxágua minhas dores, na alegria
As águas frescas quero, então beber,
Nos versos que trouxeres fantasia...

Amigo a vida vale sempre a pena
Quando um sorriso em paz, decerto acena..

VII

Estás aqui no peito bem guardada,
Aninho meu amor sempre a teu lado,
As mãos que sempre acenam são de fada,
Meu coração por ti, apaixonado...

Estrela languescente cravejada
De puro diamante, és o meu fado.
Te canto na manhã ensolarada,
Teu brilho que é por Deus direcionado

Atinge o coração desse mineiro,
Entranhado na dor da solidão.
Com olhos e perícia, garimpeiro

Que encontra esta pepita bela e rara.
Meu verso transbordando em emoção,
Catar teu nome, amada nunca pára...


VIII

Nas mãos que arando a terra com rudeza,
Transmitem os carinhos mais divinos,
Amor bate no peito com certeza,
Não precisou jamais de alexandrinos,
Pois nele próprio, amor, eis a beleza,
Que é nata e existe em todos os meninos

Amar é dom decerto natural,
O resto não tem mesmo uma valia,
Amar e ser feliz; tem todo aval
De um Deus que fez com toda maestria
A natureza intensa e sensual
Mostrando todo amor à poesia

Vinho celestial amor revela
No corpo da mulher, morena bela...

IX

Quem dera se eu pudesse ser poeta
Cantar amor sincero e verdadeiro,
Tocando o coração em linha reta,
Nas mãos a pena imersa no tinteiro,
Traçando a fantasia como meta
E ser, além de tudo, mais inteiro.

Deixando o coração numa avenida
Unindo o meu sertão à capital,
A sorte de encontrar desprevenida
Morena mais sestrosa e sensual,
Mulher que Deus deixou em minha vida,
Levando todo amor num embornal.

Quem dera ser, talvez um trovador,
Cantando emocionado o nosso amor...

X

O meu amor imenso busca o mar
De amor que encontrará somente em ti,
Procuro em tuas braças navegar,
Nos teus braços amor eu me perdi.

Qual rio que procura desaguar,
Sorrio tão feliz se estás aqui,
Vazante deste amor a te buscar
Por teu amor semente que escolhi

Semeando em palavras e desejos,
Aguando com carinho tão dileto.
A cada novo tempo mil festejos

E o gosto deste mel que sempre vem,
Amar é se sentir bem mais completo
A outra metade inteira de um alguém...

XI

Te conhecer inteira, simplesmente,
Poder sentir perfume inebriante
Que logo vai tomando totalmente,
Adentra a minha vida a cada instante.

Sentir o gosto doce desta boca,
Que roça minha boca em nosso beijo,
Trazendo esta vontade quase louca
De entregar-me a todo o teu desejo.

Olhar tua beleza que é tão rara,
E ver tua nudez, perto de mim...
Ouvindo a tua voz, o mundo pára

Somente para ouvir o teu cantar...
Sentido em cada toque teu, enfim,
O meu amor imenso transbordar...

XII

A solidão que sinto nos teus versos
Em busca deste amor que tu sonhaste,
Soltando teu lamento aos universos,
Amada é por que nunca reparaste

Em quem entre momentos tão diversos
Um pensamento só não dedicaste
E em meio a tantos sonhos tão dispersos
Sempre esteve aqui mas não notaste...

Te quero em cada sonho, a cada dia,
Em minhas emoções, falo teu nome
Buscando te encontrar, pura alegria,

Mas nada percebendo, nada diz;
E toda esta tristeza me consome..
Comigo tu serias bem feliz...



XIII


Em tais primores, sigo em novo Fado,
Alçando em fantasia uma esperança,
No corpo da mulher, extasiado,
A noite em calmaria, logo avança,
Quem teve seu destino alvoroçado
Pelo corte profundo desta lança

Pressente que terá um novo aspecto
A vida que no amor, fronte levanta,
No sonho mais divino me completo,
A dor se amaldiçoa, enfim se espanta,
E sinto-me, deveras mais repleto,
Nesta emoção que eu quero, rara e santa

De poder conceber mesmo ilusão,
Frondosos arvoredos da paixão...

XIV

Mosaico de emoções em corpo lasso
De tantas tempestades, neste instante
Buscando bem mais firme cada passo,
Seguindo mesmo assim, prossegue avante
Procuro disfarçar enquanto eu traço
Numa esperança um sonho radiante.

Assomando terrível ,dura fera
Enquanto a mansidão já se perdia,
A solidão algoz, que eu não quisera
Raiando, o caminhar não permitia,
Nas garras tão cruéis desta pantera
Jamais imaginei um novo dia.

Porém; por amizade, abençoado,
Renasço bem mais forte, do passado...

XV

Tu chamas meu versejo de ignorante,
Sou mesmo um repentista sertanejo
Que canta amor que sente a cada instante,
Em verso bem mais simples sem ter pejo,
Nascido nesta encosta verdejante,
Nas águas da esperança bebo um beijo

E deito sob os braços desta lua,
Vestido em prateada sedução,
Da bela campesina, doce e nua,
Sem mágoa a corroer meu coração.
A noite em ato explícito flutua
Amor com uma espécie de oração.

As dores abandonam pensamento,
E sinto-me qual deus, por um momento...

XVI

Querer poder estar contigo amor,
Tocar os teus cabelos tão macios,
Deitar-me do teu lado, ao teu dispor,
Fazendo deste outono, outros estios.

Abraçar-te querida, com ardor,
Deixando bem distantes estes frios
Que teimam maltratar um sonhador,
Tornando estes meus olhos tão vazios.

Eu amo-te demais, nunca duvide
Do sentimento imenso que dedico,
Do raio deste sol que já me incide,

Das mãos tão delicadas, do sorriso...
Amada, do teu lado sempre fico,
Certeza de que achei o paraíso..

XVII


Espero o teu amor eternamente,
Tu sabes que em teus rastros me encontrei.
Amor que sendo intenso me domina,
Nos olhos da menina mais bonita,
Menina dos meus olhos se encantou.
Amenas as lembranças deste beijo
Que nunca nem ao menos recebi.
Agora que tu vens a festa é tanta
Que encanta o coração que se acelera,
Outono refazendo a primavera
Na espera do que entanto não floriu
Jardim iluminado ganha a flor
Eternamente viva em meu amor...


XVIII

O braço da amizade que me enleia
Enquanto a dor da vida faz sangria
Nem mesmo a tempestade inda receia
Aquele que se fez pura alegria
De ter a vida plena em alva areia
O mar que há tanto tempo inda bramia.

O coração decerto assim sossega
Tomado por destino bem mais certo,
A vida que seguira quase cega
Em trágico caminho, um vão deserto,
Agora nos teus braços já navega
Em horizonte plano, belo, aberto...

O dia a dia passa sem alarme,
Achando quem o medo, enfim, desarme...

XIX

O traço mais marcante da amizade
É ser perene e firme como a rocha,
Na flor que matinal, já desabrocha
Perfeita sensação de liberdade,
Amigos tão leais, belo desejo,
Trazendo a boa sorte que prevejo,
Distante dos fantasmas, dos perigos...

XX

Quem segue este caminho tão deserto
Brandindo em solidão, quase transido,
Na busca de alegria em peito aberto,
Ao mesmo tempo inerte e condoído
Em cada novo dia sempre alerto,
Que o passo que foi dado, sem sentido.

Um sonho que se mostra bem mais justo
Premissa, com certeza, de guinada,
Trazendo um tempo bom- garanto- augusto
Mudando sempre o rumo desta estrada.
Não quero na tristeza estar combusto,
Por isso é que perfaço a caminhada

Nos laços da amizade, sem receio,
Que o vento da esperança trouxe, veio...

XXI

Entrego-me aos desejos e me guias.
Eu sinto em tua entrega a sensação
Da doce sedução em fantasias
Nas rotas mais profundas da paixão...

Ouvindo em tua voz as melodias
Que trazem ao meu mundo a tentação
De ter-te aqui comigo e nesses dias
Viver em plena terra uma amplidão...

Sentindo tua mão me percorrendo,
Alvíssaras da sorte. Uma delícia
Que em ti, amada; sempre irei vivendo.

E deito meu delírio em febre, em chama.
Sorris tão docemente e com malícia;
De novo, o teu desejo já me chama...

XXII
Às vezes por caminho imaginário
Envolto no poder da sedução
Amor vai me tornando um visionário
Refém de uma divina sensação
Prazer que desde quando embrionário
Mostrara ser completa solução

Embora tanta vez, sei que não deva
Ao perceber os raios tão sutis
Permito- me seguir em sua leva,
Volvendo a ter os sonhos juvenis
Apascentando o peito feito em treva,
Sabendo ter amor, sou mais feliz...

Imagens maviosas dos risonhos
Momentos que eu vivi, eternos sonhos...

XXIII



Por vezes minha estrada vai perdida
Deixando a sensação de um labirinto,
Vagando sem ter rumo em minha vida,
A morte dolorosa eu já pressinto,
Porém numa amizade, esta saída,
Nos olhos da esperança então me tinto.

Distantes os caminhos que deixaram
São ermos, na verdade, disto eu sei,
As dores e tristezas demarcaram
Estrada que conheço e que passei,
Andanças bem diversas demonstraram
Que o amor em amizade, é sacra lei.

Que em calmaria traz a feroz turba,
Refém da solidão, tudo conturba...

XXIV

Amor; ao perceber duros revezes
Encontra na amizade uma firme haste
Por isso é que querida, tantas vezes,
Em outros braços, cedo me encontraste,
Na mão que feita em cardo já me leses
Em outras mãos recebo num contraste

Carinhos dedicados, nova empresa
Que mostra, num momento o paraíso,
Minha alma ao se encontra quase indefesa
Cedendo à sedução de um bom sorriso,
Afoga noutros colos, a tristeza,
Em toque tão suave e mais preciso...

Amor, se nos teus braços me repele,
Eu lembro-te, preciso mesmo dele...

XXV

Olhar que reconheço em multidões
Aplausos emotivos; mais fecundo
O sentimento enorme das paixões,
Que ganham num momento todo o mundo,
Envoltas nestas tramas, seduções
Perfazem alegria em mar profundo.

Meu coração servindo de morada,
Sentindo este bafejo a palpitar,
Portando a noite imensa que, encantada,
Já traz a fantasia a se aflorar,
A quem outrora a vida trouxe o nada,
Amor em plenitude, devagar

Estremecendo em paz, calando o pranto
Abrandando o meu peito, um puro encanto...

XXVI

Meu amor, eu não me canso
De cantar meu bem querer ,
Todo sonho quando alcanço
Dá vontade de viver.

Moça bonita faceira,
Por favor, vamos pra casa,
Vem arder nessa fogueira
Nosso amor é toda brasa.

Quem não gosta de carinho,
Quem não gosta de um afeto,
Vai ficar assim sozinho,
Não vai ser nunca completo.

Eu te quero minha amada,
Eu te quero, meu amor
Toda noite e madrugada
Me aquecer no teu calor.

Amor sempre traz a chama,
Pega fogo sim senhor,
Venha aqui pra minha cama,
Vou te mostrar o extintor...

XXVII


Ouvir do coração canções em ecos,
Deixando bem distante qualquer susto,
Não ter a sensação de ser dos pecos,
Viver uma emoção a todo custo,
Os dias que se foram, tristes, secos,
Refazem plenitude em cada arbusto.

Com mãos de mestre, amor já nos renova,
E deixa para trás a dor e o medo,
Tomando uma ilusão, coloca à prova
Receios de vivermos no degredo,
Porém ao ver o céu em lua nova
Descubro em renascer, o seu segredo.

Às vezes em seus braços eu me iludo,
Mas em novo mergulho eu vou com tudo...


XXVIII



Afirmo-te, em firmeza, peremptório
Que a vida sem amor é como acinte,
Amar é ter na vida um oratório
E ser de Deus, fiel e bom ouvinte,
E comprazer no mesmo refeitório
Com deuses, claro céu que assim se pinte

Das cores divinais de uma festança
Em luzes amarelas e vermelhas,
Sabendo desfrutar desta esperança
Que mostra no caminho, tais centelhas,
Louvando a plenitude em que se avança
Arqueando em sorriso, as sobrancelhas;

Amar é na verdade embasbacar-se,
Levando a vida inteira sem disfarce...

XXIX

A terra sertaneja tão bravia,
Demonstra inospitez da natureza;
Porém o puro amor que eu bem queria,
Contendo a perfeição feita em beleza,
Numa lua caipira traduzia
Amor imenso, pleno de grandeza.

Quem dera se esculpisse com buril
As formas da morena que eu deixei,
Nas matas nordestinas, amor viu
O quanto na verdade eu tanto amei,
Semi-aridez no solo duro e vil,
Um coração divino eu encontrei.

As lágrimas caindo qual cascata,
Saudosas dos carinhos da mulata...

XXX

Ao tanger belas cordas de uma lira,
Em sons maravilhosos, pois amenos,
Ao lapidar um sonho, já delira,
Com dias delicados e serenos.
Os olhos desta lua; nunca tira,
Dulcíssimos, sonoros, raros trenos...

Encontra em manso amor, a liberdade
De estar além do céu, saber do mar,
Rompendo uma alvorada na ansiedade
De ter e ser o sonho que buscar
Na ebúrnea madrugada, a claridade,
Às trevas dentro da alma, iluminar

No céu, mulher qual deusa, raios plenos,
Brilhando no infinito, a bela Vênus...


XXXI

Meus versos vão buscando novas rimas,
Que façam deste amor, puro tesouro,
Poetas, bardos, vates, ricas primas
Que valem na verdade quase um ouro,
Mudando a poesia em vários climas,
A traduzir boiada em louco estouro.

Assim, ao reclamar simplicidade,
O verso se embrenhando no sertão,
Aguarda paciente a caridade
De quem escute o canto de um cancão
Tristonho ao reclamar rusticidade
Já sabe a dor do amor, se vem em vão...

Poeta nas palavras teus cristais.
Amor é puro e simples, nada mais...


XXXII

Amor não tem limites nem idade,
Dádiva garantida de um bom Deus
Que deu como presente aos filhos Seus
De ser feliz, a possibilidade

Atando fogo às trevas, lume em breus,
Legando assim à vida, a qualidade
De poder ter amor com liberdade,
Até pros filhos pródigos, ateus.

E neste sentimento eu fantasio
Um mundo onde viver toda a alegria
Não seja tão somente um sonho, apenas.

Navego mansamente mar e rio,
Entrego-me ao enlevo em poesia
E fotografo enfim, divinas cenas...

XXXIII

Sonhar com teus castelos, u'a rainha...
Guardada por mistérios e segredos.
A noite que virá, se tua e minha,
Depende do que dizem nossos medos..

A vida que se mostra e se avizinha
Deixando para trás temores ledos,
Tu sabes do desejo que se alinha
E tecem tão amados, bons enredos..

Nas redes e nas tramas bocas, nexos...
Poder estar inteiro sem demoras,
Os passos preferidos tão conexos,

Nos levarão sem dúvida ao nirvana,
Vontade nos invade, nela afloras,
Rainha dos desejos, soberana...


XXXIV

Amada, faz um ano... Lembro bem,
Que a gente começou a namorar.
Durante tanto tempo sem ninguém
Sozinho, sem ninguém para encontrar!

Alguns dias depois, quase brigamos,
Ciúmes de quem fora teu amor.
Por mares tão difíceis navegamos,
Em busca deste cais encantador

Um ano de namoro e muita história,
Felizes, somos dois apaixonados.
Amar é se render a toda glória

É prova de que existe um Deus no Céu,
Muito obrigado e que sejam nossos fados,
Eterna seja assim, lua de mel!

XXXV

Poder saber de todos os caminhos
Que levam para a fonte do desejo.
Cumprindo meu destino em belos ninhos,
Na umidade sedenta de teu beijo.

Na festa de luxúrias, tantos vinhos,
Bacantes tempestades, eu prevejo.
Nesta lubricidade, mil carinhos
Em formas variadas relampejo.

Nos rumos, rotas, grutas, minas boas.
Afogo-me nos lagos da paixão.
Comigo, asas abertas, também voas

Na múltipla e uníssona explosão
Que faz de nossos corpos; alagados,
Depois desta viagem, tão suados...

XXXVI

Ascendo ao céu em líricos momentos
Atando uma esperança feita em asa,
Voando para além, seguindo os ventos,
Acima do infinito, casa em casa,

O sonho feito em luz tanto me apraza,
Os dias sempre passam sem tormentos,
Quem dera se pudessem, mansos lentos,
Não mitigar jamais amor que abrasa.

A sensação de amar e ser amado,
Atinge na verdade, a perfeição.
Amor que retratando um ser alado

Em setas atingindo o coração,
Um anjo, um deus, quem sabe um astronauta,
Que ferindo já salva uma alma incauta...


XXXVII

Beijar teus seios doces delicados,
Roçando o meu desejo... pele nua.
Verter-te este prazer extasiado,
Vivendo tal loucura; alma flutua...

Nesta suavidade, toda tua,
Amor se fez caminho, vida e fado.
A noite em mil vertentes continua,
Tanto assim como havias esperado.

Só quero ser feliz, mulher amada,
Meu sonho é ter teu corpo junto ao meu,
Vencendo toda a noite, a madrugada...

Na insensatez profusa e merecida
De quem ao se encontrar já se perdeu
Neste amor que bem vale toda a vida


XXXVIII

Não tendo escola, amor, que ensine amar
Apenas é deixar que tudo venha,
Tomando nossa vida devagar,
Amor não tem sinais, nem mesmo senha

É fogo que em si mesmo faz queimar
É dele o bom calor, pavio e lenha,
É nele que se ensina a desfrutar
A sorte mais intensa que detenha.

Embora seja qual um passageiro
Que siga seus destinos por si só,
Nascendo e renascendo feito o pó

Alquímico prazer, um feiticeiro,
Amor não tem juízo ou paradeiro,
Nem mesmo de si mesmo amor tem dó...

XXXIX

Amiga, não percebes quanto quero
Poder te dar a mão e dividirmos,
Bem antes que a tortura e o desespero
Nos tome, e não deixe prosseguirmos

O caminho que escolhemos nesta vida,
Em busca do farol/felicidade.
Por isso eu te proponho, enfim, querida
Que o laço que nos une, essa amizade

Nos sirva de um apoio bem mais forte
Para que nós possamos prosseguir,
Por mais que já desande nossa sorte,
Em busca de um futuro, de um porvir

Que seja mais feliz e sem segredos,
Deixemos para trás os nossos medos...

XL

Quisera ter poder de invadir praia
Mudando os ventos torno-me o primeiro
A poder descobrir, sob esta saia
O rumo que persigo, por inteiro,
Não deixe que o pudor, querida, traia
Supremo paladar alvissareiro.

A mão tão delicada, pois suprema,
Distante do rancor, amenizando,
Não vendo no prazer qualquer problema
Apenas, tão somente se entregando,
Achando natural a piracema,
Ao gozo compelida, sem ter quando.

Percalços do caminho, já supera,
Da Musa, amor intenso em primavera....

XLI

Amor que quando entoa faz delgada
A sorte de quem segue a louca estrada,
Egresso da floresta solidão,
Avizinhando a sorte trama a lavra
Arada pelas sendas da paixão,
Cultivo em que compõe cada palavra.

Ao colono se dá com avidez,
Às vezes com total insensatez,
Empresa que se mostra por vez grata,
Ora terrível, dura tempestade,
E nos opostos cura enquanto mata,
Profusamente mostra insaciedade...

XLII

Saber de teus segredos, ser um deles,
E nisso ter prazeres infindáveis,
Amor quando demais jamais é reles,
Os gozos deste amor, intermináveis.
Nas frases e desejos que reveles,
As fontes; sei que são inesgotáveis.

Surpresas preparadas, corpos, risos,
Delícias delicadas cristalinas,
A sorte nos acena em tantos guizos
Palavras que proferes e alucinas,
É tudo o que mais quero e mais preciso
Beber do nosso amor em doces minas.

Assim, ao teu abraço me entregando,
Eu sinto eternidade aproximando...

LXIII

Nossa amizade é feita da alegria
De sermos tão somente o que nós somos,
E nisso se demonstra com magia
Permite que esta história em tantos tomos
Seja contada à luz de cada dia,
Embora diferentes, mesmos gomos,

Frutificando em versos e carinhos,
Todo o poder que vem desta amizade,
Forrando com ternura nossos ninhos,
Vibrando a nos trazer felicidade,
Florindo em nossos campos, alvos linhos
Que em puro alinho moldam a verdade.

Amiga uma ternura insaciável,
Que é feita em amizade insuperável..

XLIV
Aos poucos cego amor vai me tomando
Minha alma neste instante tão inquieta
De luzes e de trevas se banhando,
Respalda toda a dor deste planeta
Por rumos mais diversos me guiando,
A sorte em pleno azar, logo arquiteta.

Do templo em calmaria se fez lava,
Meu dia a dia torna-se medroso,
Aonde louco amor se emaranhava,
Os frutos das tristezas e do gozo,
Por vezes alma insana inda lutava
Temendo por futuro tenebroso.

Porém amor ditoso em tal batalha,
Avança e em duro corte me retalha...

XLV


Alçando em minha vida tal jornada
Que possa permitir mais fabulosa,
A sorte que pensara desolada,
Ao mesmo tempo emerge gloriosa,
Decerto se fará maravilhosa,
Ao recolher do amor, divina rosa,

Distante dos espinhos, na verdade,
Pois nela tenho sempre reparado
A vida em que brotou felicidade,
Deixando o medo enfim abandonado,
Futuro se moldando em liberdade,
As dores esquecidas no passado.

Amor que meus sentidos já tomara,
Da paz feita esperança me cercara...

LXVI

A mágoa em soberana e triste idéia
Compele tanta vez ao sofrimento.
Quem pensa ser amor a panacéia
Engana-se decerto, e num momento
Em diferente senda, uma platéia
Transmuda a mágoa em dor, vivo lamento.

Porém já contraposta, uma amizade,
Trazendo para os rios ricas fozes,
Permite alçar a plena liberdade
Realça na alegria nossas vozes,
Portando no seu bojo a claridade
Matando os sofrimentos mais atrozes.

Do acérrimo lamento faz o riso,
Propõe um passo certo, enfim, preciso...


XLVII


Sentir o teu perfume desejado
Beber desenfreado todo o mel,
Vivendo nosso amor, apaixonado,
Roubando a bela lua lá do céu..

Sou teu e o que me importa todo o resto?
Empresto o meu prazer ao teu prazer.
Vibrar nossa alegria em cada gesto,
Nas brenhas de teu corpo me perder...

No paraíso imenso prometido,
Rondar cada pedaço desta fonte
Do toque mais fogoso e desmedido,
Abrindo em nossa cama este horizonte

De pétalas e flores olorosas,
Deitando sobre ti, milhões de rosas...

LXVIII

Pudera segredar-te num momento
As ânsias tresloucadas da paixão,
Que formam da alegria, o seu fomento,
Às custas de nossa imaginação.
Refém de toda a força deste alento,
Perfumes tão suaves na amplidão.

Doçura que da boca, méis emana,
Abençoadamente abrindo a fresta
De toda esta ilusão que, soberana,
Depois da noite imensa é o que me resta,
Vagando sem destino, amor se explana
E marca o meu destino em riso e festa.

Teu nome, uma crisálida em bonança
Promete a paz suprema da esperança...

XLIX


Amor é melindroso, mas ternura
E faz-se em fantasia, tão galante,
Na dor que ele irradia, uma ventura,
Eternidade viva em um instante.
Quem sabe ser amor feito candura
Não teme a luz do dia, deslumbrante.

Um turbilhão mutável, eis amor.
Tratante conselheiro coração
Perfaz em seu caminho, o sedutor,
Sem ter sequer nem rumo ou direção.
Algoz que nos sacia, tentador,
A ventania em plena mansidão...

Assim, aventureiro, em mar revolto,
O sentimento audaz querida, eu solto...



I



Vou fazer uma viagem
Dentro do meu pensamento,
Encontrando essa visagem
Que me acalma o sentimento

Se o amor é só bobagem
O que eu faço do lamento
De quem pensou ser miragem
E se perde em sofrimento.

Amor de cartas marcadas,
É mentira ou ilusão,
As sortes sendo lançadas

Encharcando o coração,
Sonho de conto de fadas,
Meu amor, pura paixão...

II

Ao mar se entrega areia displicente,
E em cada onda se deixa penetrar,
Assim como este mar, também a gente
Em toda sedução bem devagar

Aos poucos me deixando mais contente,
Depois de tanto ser, tanto me dar,
Um cristalino gozo que se sente,
Na areia em ondas sempre a se esbaldar.

Promessas e perdões, risos e festas,
Em profusão delírios e vontades.
No sentimento enorme em que tu gestas

Uma esperança audaz e maviosa,
Distante das procelas e saudades,
Cultivo em nosso amor: olores, rosas...


III


Contigo caminhando a noite inteira
Bebendo desta fonte prazerosa,
Sentindo teu perfume, companheira
Recendes num momento a doce rosa.

A boca que percorre mais ligeira
Encontra a bela senda fabulosa,
Paixão que nos tomando, verdadeira
É feita da alegria e dela goza

Momentos que eu bem sei inesquecíveis,
Ardentes emoções, sensações plenas
Meu corpo no teu corpo pede abrigo.

Loucuras que fazemos, mais incríveis
Embora tantas vezes tão amenas,
Num sonho em que deliro, estar contigo...


IV


Uma amizade suprema
Que se faz com puro amor,
É pepita, pura gema,
Que sabe de seu valor,

Pois amiga, nunca tema
Sequer tristezas ou dor,
A alegria de um poema
Feito por um trovador

Já se expressa num sorriso,
Emoldura a minha face,
Descortina o paraíso

Vislumbrado sem disfarce,
É laço firme e conciso,
Não permite que se esgarce...

V

Deitada na minha cama,
Em tremendo reboliço
Acendendo logo a chama
Meu amor florindo em viço,

Recomeça logo a trama,
Que é feita em louco feitiço,
Moreninha, amor te chama,
Vem comigo que eu te atiço.

E te atirando pro leito,
Em cetins, nosso dossel,
Meu amor tão satisfeito

É caminho para o céu,
Mas venha de qualquer jeito
Desde que entorne teu mel...


VI

Amor não tem juízo nem idade,
É fogo que nos deixa mais contentes,
Distante de outros dias penitentes,
Promete para nós felicidade.

Embora muita vez a ansiedade
Em laços mais cruéis, tomando as gentes,
Fomenta os sentimentos mais descrentes,
Matando de velhice a mocidade..

Amar é conhecer o paraíso
Em senda delicada e tão florida,
Louvando a fantasia num sorriso,

Deixando ao coração a lua nova,
Refeita da minguante e dura vida,
Amor em puro amor, já se renova...


VII



As luzes na cidade vão sumindo,
Deixando simples rastros na calçada
Um dia prometido, outrora lindo,
Refaz um novo brilho em alvorada.

Teu nome, o coração vai repetindo,
Estribilho somente sem mais nada,
O dia que em teus olhos vem surgindo
Na luz de um belo sol, fonte adorada

De toda a plenitude de um calor
Que possa renascer em meu desejo,
Viver a magnitude deste amor

Que sopra um doce vento benfazejo.
Felicidade em sonho encantador,
Precisa, na verdade de traquejo...

VIII


Caindo sobre os sonhos, pesadelos...
Nos seios desta amada que não ama...
Meus mundos não permitem revivê-los
Nas lavas dos vulcões percorro chama.

Nos brotos das abóboras, seus grelos,
Quem dera reviver amor sem lama.
Envolto nos meus sonhos qual novelos
Que trazem meus destinos. Velha trama...

Adormeci nos braços desta lua...
Balançando, deitei na mansa rede.
Mulher que nunca veio, estava nua...

Nos desertos, meu corpo mata a sede.
A boca que silvava, continua.
Um grande amor que nunca tive, atua...

IX

Quem dera se pudesse, um jardineiro,
Cuidar da bela flor que em ti já vejo.
O dia passaria por inteiro,
Neste jardim florido em meu festejo.

O mundo enfim seria um verdadeiro
Sonho em realidade que antevejo
De todos meus desejos, o primeiro
Podendo te regar com doce beijo.

Querendo renascer nesta paixão,
Cuidando com carinho desta flor
De raridade imensa, uma emoção

Tocando o jardineiro extasiado
Vibrando nos canteiros nosso amor,
Que é sempre, noite e dia bem regado...


X


No fogo que me queima
Prazer em tez morena,
Amor que tanto teima,
Decerto o gozo acena.

Eu quero o paladar
Da boca feita em mel,
Entrando devagar,
Adentro inteiro o céu.

Na toca melindrosa,
As águas/cachoeira,
Beleza cor de rosa,
Eu quero sempre inteira,

Menina em teu amor,
Colhendo cada flor...

XI

Ao fazeres tanta festa
Coração pegando fogo
A noite foi tão gostosa,
Jogamos o mesmo jogo

Que traz gozo como prêmio,
Alegria com prazer,
Tanto amor já festejando
No teu corpo me perder,

E perdendo vou me achando
Num braseiro que não cansa,
Meu amor estou te amando,
Lambuzado a noite avança

Em teu corpo divinal,
Adentrando a noite inteira,
Penetrando o matagal
Hasteando uma bandeira

Incendeio em louca chama,
Boto fogo todo dia,
A fornalha em nossa cama,
Em delícias já se ardia...

XII


Em fogo
Gostoso
Um gozo
No jogo
Denota
Festança
Remota
Esperança
Que trago
No peito,
Afago,
Com jeito
Carinho
Teu ninho...


XIII

Nas praias, nos desertos, solidão...
Nesse medo de amar que me maltrata.
O sol que me incendeia, meu verão,
A doce solidão desta cascata...

Esse mundo não cabe coração,
Na noite que enluara, densa mata,
Nas horas mais difíceis , teu perdão.
Amor que traduziste cor de prata....

Mas a vida se refaz em cada cena,
A porta, paraíso não se engana.
A pele que me encanta tão morena,

É luta em que terei, por certo gana,
Na boca que me morde, tão pequena,
A sílfide sem par, bela Adriana!


XIV

Todos os meus prazeres traduzidos
Nos olhos e nos lábios desta amada.
Depois de tantos mares percorridos,
A noite se apazigua, alucinada...

Nos claustros que vivera, em solidão,
Amarga sensação de desventura.
Buscando uma energia de carvão,
Queimando meu amor em tanta agrura.

Depois deste silêncio fragoroso
Depois destas desditas sem final.
Depois deste viver tão tenebroso,
Depois desta saudade que é fatal.

Encontro nos teus lábios, meu sossego;
Deitando no teu colo, um aconchego...

XV


Uma amizade imensa e verdadeira
É feita a cada dia, não tem planos,
Recebe a ventania corriqueira
E cessa a dor matando os desenganos.

Na labareda imensa, uma fogueira,
Já sabe dos prazeres soberanos,
Uma amizade assim, alvissareira,
Sentimentos divinos entre humanos...

Distante da tristeza, em belas plagas,
Cicatrizando as fundas, duras chagas
Apoio necessário na passada

Amiga, eu te agradeço todo dia,
Pois sinto no teu passo esta harmonia
Que traz uma esperança demarcada.

XVI


Preso, contido em tais cruéis mistérios,
Não me permito as urzes nem espinhos...
Nas marcas de teus passos nos caminhos,
Por certo derrubaste meu império!

Não posso permitir tal adultério,
As bocas que beijaste, teus carinhos.
Do grande amor que tive, cemitério;
Os pássaros procuram novos ninhos!

Não quero mais saber de tuas culpas.
A noite não permite mais desculpas.
Te quis, jamais oculto essa verdade.

Os trapos que deixaste já rasguei;
Em tudo transtornaste minha lei.
De ti não restará nem a saudade...

XVII


Nosso amor assim paradisíaco,
Não descansa nem pode descansar...
As noites a rolar, afrodisíaco,
Afrodite não cansa de dançar...

Amor espúrio, sexo e caneladas!
As luas sem pecados, voyeuristas;
Não deixam de luzir as madrugadas,
Aplaudem, invejosas, dois artistas!

Nas orgias satúrnicas, bacantes...
A noite velha atriz, nos dá cometas...
As bocas se percorrem, delirantes.

Misturam tantos dedos, pernas, tetas...
Nosso amor, nas ternuras e delícias...
Nos desejos atrozes de carícias!

XVIII

Pergunto pela amiga que partiu
Deixando este rosal em puro espinho.
A chuva vai caindo de mansinho,
O coração dispara em dor sutil,

Ausência de quem quero e não se viu
Nem rastro que me leve ao manso ninho,
Fiquei aqui tristonho e tão sozinho,
A rosa da esperança não se abriu.

Vivendo sem saber da claridade
Que trama em minha vida, uma ventura.
A noite sem te ter, amiga, escura,

Eu quero desfrutar dessa amizade,
Qual fosse um cantador trovadoresco
Pintando com teu nome um belo afresco...

XIX


À barca, pois gentil esta maré
Que venha em esperança com amor,
A sorte com certeza vem com fé
Vencendo uma tristeza ou dissabor.

Amada em teu carinho, um cafuné
Preciso e com detalhe encantador
O nosso amor decerto já deu pé
Transmite uma alegria em puro ardor.

As asas dos meus sonhos decolando,
Beijando o pensamento, vão distante.
Amor jamais permite ser farsante

Aquele que em certezas, sabe quando
A vida prometida chegará,
E o sol de nossos sonhos brilhará...

XX

Uma alma solitária vai perdida
Não tendo nesta vida qualquer norte,
Crucificada em dores; contraída

Entregue, na verdade à própria sorte.
Não vendo nem a porta nem saída,
Aporta num momento e busca a morte.

Uma alma solitária, ninguém vê
Visão de uma tristeza que sem fim
Não deixa nem permite sem por que,
Que o mundo desabando leve assim

O resto de esperança que inda existe,
Matando devagar uma ilusão,
Um coração atroz, morrendo triste,
Qual presa para a fera solidão...

XXI

Quem pensa que da sorte mais perfeita,
Recebe com fulgor a claridade,
Em cama feita em louros sempre deita

Ao perceber do céu imensidade,
Ao ver a vida assim tão satisfeita
Conhece toda a força da amizade

Que é pura inspiração em verso solto,
Tramando uma emoção que, sem igual,
Apascentando um mar antes revolto,
Perfaz uma alegria em festival.

Ao garantir potência na passada,
Permite que vislumbre no futuro
A vida por um sol iluminada,
Num mundo que jamais será escuro...

XXII


As dores que insensatas já perduram
Crivadas pelos olhos feitos ódios,
São frutos que em tristezas se maturam
Distantes da alegria dada em pódios...

Nos óleos em que curas se perfilam,
O gesto do perdão vai se alongando
Venenos com certeza não destilam
Aqueles que recebem amor, quando

A dor ao invadir a casa aberta,
Recebendo no amor, contrapartida,
Deixando a solidão, erma e deserta,
Vagando ao derredor, não vê saída.

Por isso é que a tristeza vaga avulsa,
Ao receber do amor firme repulsa...

XXIII

Castelos construídos de um desdém,
Vazia madrugada, noite fria.
Vagando solitário, sem ninguém,
Minha alma vai morrendo, assim, vazia.

Quem teve nesta vida um doce bem,
E um dia se banhou em alegria,
Percebe como é triste ser alguém
Que morre, pouco a pouco, todo dia...

Perguntas: -Por que choras meu amigo?
As horas vão passando cruelmente,
Somente no meu peito, uma tristeza

E um sonho em que buscando um novo abrigo
Perdido em solidão, vou tolamente
Beber da seca fonte da incerteza...

XXIV


Amigo é verdadeira esta emoção,
Pois nasce com tal força em sentimento
Que traz uma alegria em floração
Num canto que se vai esparso ao vento.

Sabendo desfrutar cada momento,
Encontro na amizade a solução
De toda tempestade, do tormento
Que toca, nos ferindo o coração.

Embora sejam duros os meus versos,
Encontro na amizade, esta harmonia
Que trama nos sentidos mais diversos

Louvando a própria vida em sintonia.
Distante de outros tempos tão perversos,
Promessa de carinho e de alegria...


XXV

No teu aniversário meu amigo,
Eu quero agradecer cada palavra
Que trazes como um doce e forte abrigo,
No peito uma esperança em que se lavra

A sorte benfazeja que virá
Após a tempestade, dura e fria.
O sol que novamente brilhará,
Mostrando para nós toda a magia

Que trazes no teu peito, camarada,
Presente divinal em anjo feito.
Prenúncio de alegria nesta estrada,
De amores, amizades, belo leito.

Feliz aniversário, companheiro,
Amigo fidedigno, verdadeiro...

XXVI


Saudades de outros tempos, outras eras,
Aonde uma esperança tão querida,
Ganhava com certeza altas esferas,
Em redenção perfeita, plena vida.

A noite depois disso, dolorida,
Secando num deserto, as primaveras,
Uma alegria aos poucos esquecida,
Em dores e tristezas tão severas.

Olhar perdido eu sigo sendo vago,
Buscando o teu olhar, longe de mim,
Apenas solidão faz seu afago

Mordaz em ironia, trama o fim.
Quem dera a placidez de um manso lago,
Ou mesmo a morte venha logo, enfim...


XXVII



Uma esperança imensa, mas esguia
Vagando em noite fria, no luar,
Encontra tão somente a fantasia,
E perde-se morrendo devagar.

Além de todo o sonho que eu dizia,
Percebo que a vontade de chorar
Matou em um segundo a poesia,
Erguendo uma tristeza como altar.

Quem dera se pudesse ter alguém,
Que fosse na verdade um lenitivo,
Se tristemente sigo sem ninguém,

Apenas na esperança sobrevivo
De ter um dia, amor que sei tão bem,
Transforma o coração, pobre cativo...


XXVIII


Além deste desejo, compartilho
Amor tão delicado e sonhador,
Não vejo neste mundo um empecilho
Que possa já conter o nosso amor.

És Afrodite e Amor, dileto filho,
Que em setas, anjo bom e tentador;
Ao ver o quanto em ti me maravilho,
Me fez de teu olhar adorador.

Nos sonhos mais gentis, estás presente,
Não deixo de pensar um só minuto,
Minha alma ao te rever, cedo pressente

O quanto és importante para mim,
Que seja assim bendito esse bom fruto
Que é feito da alegria imensa. Enfim...


XXIX

Caminho pelas ruas lado a lado
Com bela estrela viva e deslumbrante,
Fazendo de meu canto enamorado
O rumo que procuro a cada instante.

Depois de padecer, muito cansado
Do tanto que sofri, estar diante
Do bem por tanto tempo procurado,
A vida se ilumina, radiante.

Na tua companhia não me canso
E avanço a noite inteira, dança e festa,
Vagando qual cometa as pernas tranço

Inebriado em olhos tão bonitos.
Amar-te em mil delírios, o que resta
Senão felicidade em doces ritos...



XXX


Peço a Deus a caridade
De trazer uma esperança
Que me salve de verdade,
Acolhendo esta lembrança

No valor desta amizade
Eu encontro a temperança
Vou buscando a claridade,
No meu peito de criança

Que não sabe nem metade
Mas se veste de pujança
Procurando a liberdade,

Que tão cedo não se alcança
Pelo campo ou na cidade,
Formatando uma aliança...


XXXI

Quem me dera um violeiro
Pra cantar amor perfeito,
Ser eterno companheiro,
E viver tão satisfeito

Tendo amor; pra que dinheiro?
Vou levando deste jeito,
Com um amor verdadeiro,
Sem achar nenhum defeito.

Caminhando, de repente,
Encontrando a solução
Que se dá pra toda gente,

Nas cordas de um violão
Tanto amor que se pressente
Nos braços de uma paixão!


XXXII
Cantando nosso amor em poesia,
Sem medo da distância nem do tempo.
Fazendo deste sonho, alegoria,
A vida não se faz em contratempo.

Eu quero ter teus sonhos verdadeiros,
O gosto delicado de teu toque,
Nos passos que vibramos, companheiros,
Amor que já se entrega sem estoque.

Fulgura nosso céu em lua cheia,
Nos rastros luminosos, te procuro,
A noite do teu lado se incendeia,
O coração clareia, mato escuro...

No mundo um bem maior já não existe,
O coração mineiro: jamais triste...


XXXIII

A saudade é dolorida,
No meu peito deu um nó,
Depois desta despedida,
Coração andando só,

Na longa estrada da vida,
Vou comendo tanto pó,
Morena na despedida,
Foi-se embora sem ter dó.

A saudade traz apuro,
Maltratando, não descansa,
Meu amor pra sempre eu juro,

Nunca tirei da lembrança
Nosso amor, que foi tão puro,
Mas morreu cedo, criança...


XXXIV



Um povo que cativo, escravizado
Trazendo no costado, cicatrizes,
Ao sol de um novo mundo, maltratado,
Em cantos amargosos, infelizes.

O corpo pelo açoite deformado,
A vida permitindo tais deslizes
Na sombra tão medonha do passado,
As liberdades? Foram quais atrizes

Que em cenas degradantes demonstraram
Os cortes e as vergastas, podridão.
Assim em dura senda, escravidão,

No quadro da lembrança emolduraram
Vergonha que inda corta, e vil lateja
Sob as bênçãos sagradas de uma Igreja.


XXXV

Na plantação de um roçado
Cultivei meu bem querer,
Coração apaixonado
Sabe da vida, o prazer.

Coração pesa de um lado,
Tanto amor pode conter,
No meu passo bem marcado,
Alegrando o meu viver

Sei da vida em cada passo,
Alegria que me dá,
Procurando eu já te enlaço


Vou te amando desde já
Felicidade no abraço
Encontrei decerto cá...


XXXVI


Beijar-te mansamente e viajar
Por todos os recônditos, sem tréguas...
Teu corpo com meus lábios, decorar...
Meu pensamento voa, muitas léguas...

Sentir este desejo se aflorando
Em cada poro; imerso em tua pele,
As emoções levitam, flutuando...
Imenso sentimento nos compele

A sermos mais felizes, lado a lado,
A termos nossos sonhos reunidos
Num beijo tão voraz e delicado,
Já nos tomando todos os sentidos...

Falar de nosso amor... Felicidade...
Nos censurar querida, ninguém há de...


XXXVII

Imperceptivelmente chegarei
E tocarei teu corpo, mansamente...
De tudo que na vida procurei;
Teu toque devagar, mais envolvente;

O melhor com certeza, que encontrei
Ao som deste teu canto, de repente
Fazendo deste amor a minha lei,
Amor que é redenção e faz contente.

Ao sentires um sopro da manhã
Entrando no teu quarto; um arrepio
Percorrerá teu corpo, amada minha.

A vida que parece ser tão vã
O dia que surgiu; antes vazio,
Trouxe-me e nunca mais serás sozinha...


XXXVIII

Beirando com certeza a perfeição
Amor é feito em laço mais estreito.
Toando no meu peito esta paixão
Mostrando um sentimento onde deleito

Os sonhos benfazejos de emoção,
Espero por teus braços ser aceito,
Pois neles encontrando a sedução
Eu tenho o meu prazer já satisfeito.

Embora contratempos são constantes
Em todo grande amor, é natural,
Sorriso mavioso e sensual

Em corpo e tez decerto deslumbrantes,
Eu quero o nosso amor sensacional
Em noites e desejos mais vibrantes...


XXXIX

A plenitude feita em cada vôo
Em devaneios, sonhos, esperança.
O mundo em maravilha sobrevôo
Nas asas tão sublimes da lembrança.
Um canto de alegria quando ecôo
Depressa o sentimento vem, alcança.

Criança que se mostra intransigente,
Em tantas peraltices, faz a festa,
Amor vai inundando a toda gente,
E dele- Amor, amor na certa gesta
Tornando-me verdugo e penitente,
A sorte de te amar, decerto atesta

A glória em perfeição, versos e risos,
Em passos mais profícuos e concisos...

XL


Meu peito quase um bárbaro imperfeito
Sem ter as filigranas portentosas,
De imenso matagal em chuvas feito,
Nas lágrimas e espinhos, velhas rosas
Aradas com a dor de qualquer jeito
Em tardes bolorentas, caprichosas...

Eu trago dentro em mim toda a tristeza
Que é natural daquele que cresceu
Sabendo que enfrentar a natureza
É ter da noite treva em total breu.
Assim, marchando sempre com rudeza
Palavra feito faca, este sou eu!

Nos olhos da morena, amor socorre,
Que o sangue da esperança ainda escorre..


XLI


Encontro tal fartura em nosso amor
Que nada me calou nem calará,
O passo que se deu, encantador,
Em cada novo verso tomará
Deixando um rastro belo e sedutor
Na chama de teus olhos brilhará.

No passo em que perfaço o bom caminho,
Andanças divinais eu imagino,
Um pássaro liberto busca o ninho,
Soltando em alegria o doce trino,
Amar é com certeza ter do vinho
Que faz inebriante o meu destino.

No amor sabedoria salomônica,
Na busca de uma vida pura, harmônica.
XLIII..


Meu companheiro; peço-te piedade
Não me obrigue a falar, mas dou razão
De tudo o que aprendi nem a metade
Vai ter a serventia ou precisão.
Mentira misturada com verdade,
Causando no meu peito comoção.

A gente desconhece quem abriga,
Na casa, na choupana ou na tapera,
Ardendo no meu corpo feito urtiga,
Mordendo e maltratando feito fera.
Pra essa mulher maldita eu trago a figa,
Que a peste na desgraça degenera.

Bem que tu me avisaste meu amigo,
Eu mereço, bem sei, este castigo...

XLIV

Distante das quimeras, velhos amos,
Em anuência mostram novos fados,
Assim quando da vida desfrutamos
Buscando em velha senda outros prados,
Na solidão perversa nós achamos
Os dias belicosos já passados.

Embora a fortaleza desmorone,
Deixando sempre à mostra, na verdade,
Fragilidade torna-me um insone
Quem nunca divisou felicidade,
A dor de uma esperança ao telefone
Desliga. Foi engano. Falsidade...

Quem sabe se encontrando a ti, amiga,
A liberdade plena, enfim, consiga...

XLV

Não quero rebuscar palavreado
Nem mesmo misturar alho e bugalho,
Amor é bicho esperto e disgramado,
Conhece do meu peito cada atalho,
Se um passo, na verdade, for mal dado,
Lá vem o bicho solto a dar trabalho.

Dinheiro; eu nunca tive nem juntei,
Tampouco quis fortuna, nem tesouro,
Amar; esteja certa, é minha lei,
Mesmo que arranque a pele e todo o couro,
Nos braços da mulher eu me entreguei,
No corpo da danada encontrei ouro.

Ali plantei semente e te garanto
Frutificou a vida em puro encanto..

XLVI

Querida amiga, quero teu perfume...
Não me escondas mais luzes sem promessa.
A vida me traduz tanto queixume....
Ser feliz é preciso e tenho pressa.

Estar ao fim dos dias neste cume,
Cordilheira do amor! Se tudo estressa,
Me acalmo nos teus beijos, de costume...
Nas dores e feridas, és compressa!

Nos nobres sentimentos, tua glória.
Nos belos pensamentos, meu futuro...
Nos mais tristes momentos, a vitória!

Das flores e dos frutos és corbelha,
Mas quando estou sozinho, o mundo escuro...
Encontro a claridade: nobre Adélia!


XLVII

Prossigo passo a passo do teu lado,
Vertente maviosa prometida.
Meu verso te buscando, enamorado,
Razão de ser feliz, louvar a vida.
Em harmonia sigo extasiado,
A sensação de sorte bem cumprida.

A salvaguarda feita em aliança,
Premissas de divina proteção,
Nos olhos que verdeja em esperança
A cada novo dia uma lição
Que traz eternidade enquanto avança,
Do sentimento imerso na Razão.

Sou teu, tão simplesmente e nada mais,
Tu és ancoradouro em manso cais...

XLVII

Visitando os cadáveres que trago
Percebo que não foram de verdade
São marcas das mentiras sem afago
Do canto que remota a mocidade.

Amor que se promete sem estrago
Avança sem saber felicidade
O mar que me trouxer tranqüilidade
Morrendo nem salgado nem amargo.

Espero nova sina em menos sal
Salvando meus recados na lixeira
O canto que te trouxe em festival

Aprendo esta lição que é verdadeira:
Adeus não se declara no final,
Constrói-se, na verdade, a vida inteira

XLVIII

Adentro nos teus mares, meus navios,
Vagando pelas costas, praias, portos.
Meus olhos te procuram, vão absortos;
Cumprindo suas sinas mais vadios.

Unindo nossos corpos, firmes fios,
Acertam meus caminhos, antes tortos.
Dos sonhos que eu julgara, há muito mortos,
Renasço em noites quentes, nos estios...

Da essência magistral deste desejo
Que forma em duas vidas, diamante.
A pele se salgando em cada beijo,

Tomando novo rumo em um instante,
Amor nos ilumina, um relampejo
Numa explosão divina e deslumbrante...

XLIX

Na areia em sol que ardente nos tomava,
Imagens radiantes eu prevejo,
Sereia imaginária me aguardava,

Com olhos de vontades e desejo.
Ao mesmo tempo o sol queimando em lava,
Tocava a minha pele, insano beijo.

Miragens ou delírios? Não importa,
Apenas encontrei tuas pegadas,
Rumando para a casa, aberta a porta,
Encontro teus sinais nas almofadas,

Invadem nosso quarto, ganham cama,
E tal felicidade continua
Ao ver bela sereia que me chama,
Deitada maviosa, bela e nua...

L


Quando, ao dobrar dos sinos, percebi
Que quem durante tempos fora minha,
Eu nunca mais veria;então senti
O medo e desamparo da avezinha

Engaiolada: nunca mais saí...
A solidão, da morte má vizinha,
Depois de tantos anos, ei-la aqui.
Minha alma vai morrendo, pobrezinha...

Amores e saudades, com certeza,
Irmanados; devoram totalmente...
Deixando tão somente uma tristeza

Mas tenho por ventura uma esperança
Que em mim já coexiste, pois latente,
Com doce amor guardado na lembrança...


LI

Meu coração trazendo como guia
A lua sertaneja, em rica prata,
Mergulho divinal na fantasia
Deitando cada raio em densa mata,
Parece que o bom Deus ali dizia
De todo este prazer que me arrebata.

Meus passos se mostrando alvissareiros,
Trazendo em cada senda tal pujança,
Que mesmo que pareçam corriqueiros,
Jamais esquecerei. Bela lembrança
De sonhos realizados, altaneiros,
Natureza desnuda em minha andança.

Um passional delírio em ansiedade,
Pintado pelo Deus por amizade...

LII

Emudecendo a voz do coração
Depois que tu partiste e me deixaste,
A vida maltratando grita o não
Uma esperança é quase uma fina haste
Que enverga-se ao poder de um furacão,
Sofrendo em violência tal desgaste,

Há tanto tempo a voz emudecera,
E o peito em agonia, tão cansado,
Matando em tanto frio, a primavera,
Apenas solidão foi meu legado.
O medo de seguir, terrível fera,
Atando a minha vida no passado.

Porém ao perceber uma amizade
Recuperei a paz, eis a verdade...

LIII

Não me deixas sentir sequer o medo...
Não tenho tempestades, nem as temo...
Amar parece ser o teu segredo.
Nos mares que navego, és o meu remo...

Por vezes, se freqüento meu degredo,
A morte tão silente nunca eufemo,
Aguardo minha dores, simples, ledo...
A teu lado sequer, nunca mais tremo...

Perfume e singeleza, tens da rosa,
Caminhas flutuando pelo céu...
Amada, teu caminho descortina,

Nas mãos desta mulher voluptuosa,
Delícias e luxúrias, carrossel...
És todo o meu amor: Ó minha Adina!


LIV

Poder te dar um beijo, prenda amada,
Sedento, carinhoso e lambuzado
Sentindo na manhã toda orvalhada
O bom da vida estando do teu lado.

O frio que chegou da madrugada,
O gosto de teu beijo serenado,
A manta que nos cobre temperada
Pelo calor benquisto e desejado.

A vida que lá fora recomeça,
Aqui, em nosso canto, continua.
Que o mundo em seus tormentos não impeça

Que o dia recomece uma rotina.
Esqueça que lá fora existe a rua,
Se achegue. Venha aqui, minha menina..


LV

Teu corpo emoldurado nos meus sonhos,
Não deixa que eu permita pesadelos,
Teus olhos maviosos e risonhos,
Beleza sensual de teus cabelos...


Uma lembrança dorme no meu peito
De um tempo mais feliz que não voltou,
Perfume que me toca, do seu jeito,
Na ansiedade imensa que restou;

Saudade já me chama pela fresta
Entreaberta da porta do meu quarto,
A noite solitária é o que me resta,
Meu mundo desolado; não reparto...

Ao ver-te caminhando mal percebo,
O sopro da esperança que recebo..

LVI


Do olhar em fogo
O jogo feito jogral
Que em festa sem fastio,
Faz do cio, festival.
Águas calmas do rio
Descendo por corredeiras,
Esperanças de um estio,
Mãos carinhosas tão somente
Traçando em bela fronte
A fonte, uma nascente
Que se permite à vida...

LVII

As mágoas fossem águas deste rio
Que desce em cachoeiras e cascatas,
Vencendo a tempestade quer estio
E goza em profusão adentra as matas.
A natureza mostra insano cio
Em luas seminuas plenas pratas.

Abençoados sonhos de um jardim
Em meio a belas rosas cultivado,
O quanto que já fui voltando assim,
Ao perceber amor bem demarcado
Fazendo no meu peito tal festim
Que eu penso que jamais fui magoado.

Morena, com certeza os belos seios
Redimem a tristeza e meus receios...

LVIII

Quem dera se eu pudesse na viola
Traduzir em meu canto o sentimento,
Numa alegria imensa que consola,
Tocado pela lua e pelo vento
Minha alma num momento já decola
E voa em liberdade, o pensamento.

Quem dera se eu pudesse traduzir
Em poucas redondilhas a beleza
Que eu vejo neste céu claro a luzir
Cobrindo como um manto a natureza
Em cores e matizes a cerzir
Força descomunal, mas indefesa...

Quem dera se eu pudesse, na verdade
Dizer que a salvação vem da amizade...



LIX


Por mais que tantas vezes fui tentado
A ter outro caminho, um novo norte,
Meu canto que se fez amargurado
Clamando e desejando a própria morte
Sentindo t’a presença aqui do lado
Cicatrizou em paz, profano corte.

Poeira no meu peito toma assento,
A sorte de viver bem resolvida,
O fogo da paixão queimando lento,
A vida em boas mãos já conduzida,
A dor que se fizera em sofrimento,
Pela força do amor foi repelida.

E agora caminhando, vou ereto,
Nas dádivas do amor, eu me completo...

LX

Retorno pros teus braços, minha amada,
Somente não pergunte o que passei,
A vida em teus abraços, bem marcada
Por esperança imensa, eu encontrei.
Decerto em nossa sorte abençoada,
Castelos de ilusão, eu já criei.

Abrindo o peito ao canto extasiado
Da passarada solta no sertão,
Andando assim de banda, vou ao lado
Do sonho em que marquei meu coração,
Por deuses sonhadores demarcado,
Gotas maravilhosas da emoção.

Não vejo mais a vida sem saber
Da boca que me beija, com prazer...

LXI

Desejo-te demais, deusa e mulher
Com doce paladar de fruta fresca
Do jeito e da maneira que quiser
De forma delicada e gigantesca,
A vida se mostrando pro que der,
Total simplicidade ou nababesca.

Tu és minha menina, rumo e rota,
Rainha dos meus sonhos, prisioneira
Do amor que ultrapassando qualquer cota,
Trazendo a sorte grande e verdadeira.

Segredos desvendados todo dia,
Felicidade é feita de carinho,
Sorrisos deslumbrantes na alegria
Que chega e que nos toma de mansinho..

LXII

Amor primordialmente ronda o mundo
Unicamente feito em rico Fado,
Tomando-nos de assalto, num segundo,
Já torna o meu caminho transtornado,
Das chamas deste amor, quando me inundo,
Refaço as esperanças do passado.

Por vezes sentimento tão doído
Embora quase sempre deslumbrante,
Em passo mais veloz e decidido,
Permite que sigamos, mesmo avante.
Louvando com mil louros o vencido
Ao derrotado faz que se agigante,

Tremendo em nossas veias, nossos pulsos,
Amor é feito em trágicos impulsos...

LXIII

Qual fera que transtorna impunemente,
Ferindo em dente e garra o caminhante,
Na dor que com prazer tanto se sente,
No lume que escurece triunfante,
Mortalha em que se apraz, tomando a gente,
Do medo e fantasia, um seu amante.

Num fogo que decerto não sacia
Perpetuamente a dor dos ancestrais
Moldando em ilusões, falsa alegria,
Em danças e promessas sensuais.
Amor com sofrimento consorcia,
Porém quero bebê-lo e sempre mais.

Inebriadamente, amor consome
Em fúria delicada, sede e fome...

LXIV

Visão do amor em plena liberdade
Vagando sem destino por aí,
Distante das loucuras da saudade,
É tudo o que sonhei e que pedi
Magia feita em lume, claridade,
Encontro, sem ter dúvidas, em ti.

Jamais se permitindo ser calado,
Voando sem ter asas, ganha espaço,
Ganhando cercanias, senda prado,
Querida, amor pegado, assim à laço.
Deixando o coração apaixonado,
Em busca de carinho, quer abraço

E toda a sensação de ser feliz,
Nos passos deste amor que eu sempre quis...


LXV

Eu tenho tua força aqui comigo,
E nisso eu acredito com vigor,
Nas horas mais difíceis teu abrigo
Sinônimo absoluto para amor.
Não temo qualquer golpe de uma sorte
Teu braço do meu lado, sempre forte.

Amiga, tenho fé numa vitória
Que sei, mais cedo ou tarde sorrirá,
Assim como esta luz em nossa glória
Eternamente, enfim, já brilhará.
No canto resoluto que tramamos,
Amiga só Deus sabe, nos amamos...

LXVI

Amiga, tantas vezes o meu verso
Que é feito qual repente sertanejo,
Saindo do meu peito vai disperso
Sozinho, demonstrando o que eu trovejo.
Vagando sem ter eco no universo
Distante do que eu canto, sem desejo...

Amar a própria vida sem temor
De um dia ter partida como guia
Coração repentista e trovador,
Ao verso delicado já dizia
Da doce sensação de ter amor,
Meu mote preferido em poesia.

Nascendo, devagar, com emoção,
Banhado pela cor do coração...

LXVII

Paixão alucinante me domina,
Sem medo de viver felicidade.
A boca tão sedenta da menina,
Vibrando na total saciedade...

Adentro meu desejo em tua mina,
Buscando teu carinho, quem há de
Ajudar na procura, minha sina,
Sabendo que de tudo, uma verdade

Maior que todo canto que fizer,
Maior que todo sonho que chegar
No corpo desejado da mulher

Que tanto procurei e não achava;
Agora em ti consigo deslumbrar
Beleza de vulcão, calor e lava...


LXVIII


Deitada num dossel, és virginal,
A deusa dos amores te deu luz!
Montado em meu corcel, no longo astral,
Caminho transtornado. Me seduz

O lume que emanaste neste umbral
Do castelo dos sonhos. Andaluz
Cavalo a me levar, na sideral
Trilha, o teu brilho sempre me conduz!

A vida, sem demora me deu vez,
O campo das estrelas no infinito...
A morte de meu mundo se desfez,

O tempo sem querer me deu seu rito.
Emocionado solto um berro, um grito,
Envolto em tal pureza, minha Agnes...

Espero o teu amor a cada dia,
Com gosto de carinho, pão e mel,
Dançando par em par com a alegria
Flutuo em cada passo, ganho o céu...

No teu beijo, perfeita sintonia
Nos traz proximidade. Carrossel
De desejos divinos, fantasia
Voando em cada noite, num corcel...

Sonhando com teus olhos sedutores,
No bem que reconheço, vem inteiro,
Meus versos exaltando estes amores

Traduzem meu querer por ti, menina,
O amor com seus desejos tão certeiros,
Com setas, me atingindo, me domina...

LXIX

Amor que santifica e faz eterno
A quem em suas garras se entregar,
Aquece com carinho em longo inverno,
Trazendo para nós a luz solar,

Sem ter o teu amor eu me consterno
E passo pela vida a divagar,
Um sentimento doce e sempre terno,
Moldando uma alegria devagar...

Amar demais é ter a juventude
Em toda mansidão em fino trato,
Amor é da alegria um bom retrato,

Além de ser feliz, tanto e amiúde,
Quem ama em fantasia permanece
E tece em sintonia bela prece...

LXX

Não quero mais dentro alma esta tristeza
Que dobra como um sino em duros dias,
Algozes tempestades, ventanias,
Rondando a minha casa em incerteza.

Não quero mais ouvir a triste reza
Daquelas carpideiras, agonias,
As noites solitárias são tão frias,
Distantes de um sentido de beleza.

Não quero mais a chuva no telhado
Nem mesmo a cantinela em ladainha.
Alvíssaras ao meu sonho enamorado,

Que me impregnando traz tanta ternura,
Deixando para trás uma amargura,
Numa emoção sublime que é só minha...


LXXI

Mesmo que uma alegria seja breve,
Louvando a vida em cor maravilhosa,
Palavra tão amiga e mais mimosa,
Não deixa mais que caía em fria neve

O tempo transformado bem mais leve,
Fomenta uma alegria graciosa,
Deixando a vida amarga e tormentosa
Distante do momento em que se deve

Saber da glória imensa de se ter,
Uma amizade plena de prazer,
Calando em nosso peito amargas dores,

Amiga não consigo te esquecer,
Contigo é bem mais fácil meu viver,
Pois sabes cultivar jardins e flores.

LXXII

Mergulho no teu corpo em tal deleite
Trazendo para mim tua ardentia,
O fogo em tua pele me irradia,
Convite para amor que logo deite

Na cama em que o prazer se mostra enfeite
De corpos que se querem, fantasia,
Distante do que fora nostalgia,
Tomando da alegria um puro leite.

Amada, como é bom estar ao lado
De quem nunca cansei de imaginar
Desnuda, num encontro onde suado

Pretendo sem juízo, mergulhar.
Vencendo a resistência, num segundo,
Adentro os teus segredos, e vou fundo...

LXXIII

Imagem de beleza feminina
Deitada em minha cama, até que enfim,
Tão cedo uma ilusão já descortina,
Envolta em lençóis puro cetim,

Às vésperas da dor que me arruína,
Brandura de emoção trazendo assim,
O gosto de ventura vive em mim,
E encontro em tua boca, seda fina.

A flor dos meus desejos sem abrolhos,
Iluminando a vida em claros olhos,
Vencendo a tempestade traz em si,

Amor que imaginei outrora em alma
Que pura, satisfaze e já me acalma,
O sonho mais gostoso que eu vivi...

LXXVI

Distante da amargura e sem lamento,
Apenas alegria traz a voz,
Atando uma esperança em fortes nós,
Abrindo o peito aguarda o manso vento,

Que volta de repente ao pensamento,
E mata a solidão cruel, atroz,
Sabendo deste amor que vem após
Os dias tão vazios, sofrimento...

A chama deste amor jamais se apaga,
Curando esta ferida, dura chaga,
Soltando uma emoção em alto grito,

Vencendo a sensação de uma aspereza,
Alçando num momento um infinito,
Envolta em fantasias com destreza...

LXXVII



Um sonho vem pousando devagar
E deita sobre um corpo que em ternura
Permite uma alegria imensa e pura,
Emoldurado em forma de um altar.

Minha alma solitária a soluçar
Pedindo que esta imagem de candura
Acabe bem depressa com tortura
Que fez o pensamento delirar.

Acaso, meu amor, inda resiste
À dor da solidão que me apavora,
Não deixe que eu persista assim tão triste

Vem logo, eu necessito amor agora,
Eu quero o teu carinho sonho meu,
Que a sorte em tua ausência se perdeu...


LXXVIII

Nos braços tão serenos deste amor,
Serei o que pensares e quiseres,
Mulher a mais bendita entre mulheres,
Recende à maravilha feita em flor,

O teu sorriso brando, sedutor,
Mostrando na verdade o que mais queres,
Do jeito e da maneira que vieres
Terás o meu carinho. Um sonhador

Que vai a noite inteira de mansinho,
Buscando por teu colo um doce ninho,
Calando tanto beijo em tua boca,

Na fantasia imensa, quase louca,
De ter os teus segredos desvendados,
Em olhos com certeza, apaixonados...

LXXIX

Minha alma em solidão, triste chorou,
Buscando a quem amei perdidamente,
Lamento de minha alma, vem urgente
Clamar por quem depressa me deixou.

O tempo sem te ter, duro passou
Agora a noite cai suavemente,
Nos braços do quem sabe, vou contente,
Trazendo o doce gozo que sonhou

Um coração vadio e vagabundo,
Vagando em vento incerto pelo mundo
Até chegar às sendas da ilusão.

Agora em novo amor, minha alma acalma,
Sabendo desfrutar com toda calma
As novas diretrizes da paixão...

LXXX

Bendito seja o sonho que sonhou
Alguém enamorado em poesia,
Vibrando neste embalo, a fantasia,
O canto da esperança desfrutou.

Vencendo a triste noite que passou,
Refém de uma tristeza, da agonia,
Percebe a claridade em novo dia,
E em pura sedução já se entregou.

Benditos os amantes mais audazes,
Que mostram-se em verdade mais capazes
De terem esperanças inerentes,

E acima da ilusão, louca mulher,
Terá toda alegria que quiser,
Em doces emoções, dias contentes...

LXXXI

Caminhando sem cansaço
Pelo sertão das Gerais,
Procurando um forte abraço
Da amizade feita em cais.

Esperança eu logo traço,
Pois sei que isto é bom demais,
Estreitando cada laço,
Sem eu me esquecer jamais

De uma amiga que carrego,
Dentro do peito em abrigo,
Sem seu brilho fico cego,

Sem a sorte que persigo,
À amizade eu já me entrego,
Deixe-me ser teu amigo.

LXXXII

Amiga quero o beijo mais gostoso
Da boca tão divina que promete
A sensação perfeita feito um gozo
Que à eternidade logo me arremete.

Sabendo deste sonho caprichoso
De ter amor ao qual vida acomete
Fazendo este carinho tão dengoso,
Que venha e que decerto amor injete.

Não quero ser somente amada amiga,
Aquele que redime tuas dores,
Permita-me colher em teus amores,

A sorte que se tem e que me abriga,
Vem logo e vê se pára de frescura,
Que eu quero o teu amor, doce ternura.

LXXXIII

Avança a noite imensa lua cheia,
Em sonhos e promessas, já divisa
A vida que se mostra e não avisa
De toda esta fogueira que incendeia.

Amar é se entregar em alva areia
Ao sol que desejoso assim matiza,
Dourando uma esperança estigmatiza
E entorna amor, transfunde em cada veia.

Dançarmos ao luar, a noite inteira,
Num baile debutantes da alegria,
A flecha de Cupido tão certeira,

Tocando em nossa pele, traz magia,
A fantasia intensa e costumeira,
É tudo o que meu bem tanto queria...


LXXXIV

A noite vem chegando de mansinho
Tomando já de assalto o coração,
Andei por tanto tempo sem ter rumo,
Agora encontro a senda da paixão,

Vivendo sem sequer saber de um beijo
Que fora prometido e nunca dado,
Seqüestro uma ilusão e morra além
De todo o desespero do passado...

O rio que transcorre em cachoeira
Encontra no oceano imensa foz,
Não vejo mais ninguém que um dia possa
Calar toda a potência desta voz

Que sai dentro do peito em verso livre,
Liberto das algemas da tristeza,
Meu canto sem limites sempre foi
A forma em que moldei minha defesa

Contra as agruras todas desta vida,
Contra as cruéis senzalas de emoções,
Assim não temo as rinhas de um deboche
Que não conhece a força das paixões...

LXXXV

Um cantador que em versos faz repentes,
Parece que não pode se eximir
De ter a sensação de ser feliz,
E nada neste mundo a impedir

Meu passo na procura da alegria
Que é feita sem disfarces nem cansaço,
Louvando o deus amor, quero que saibas
Que estou contigo, amada passo a passo,

Não temo nem sequer a tempestade
Nem mesmo as duras críticas, ingratas,
Adentro sem temor o que vier,
Penetro por distantes velhas matas,

Cantando em verso alegre, sem mistérios,
Sou mesmo repentista e trovador
Que em serenatas vibra de emoção
Ao poder desfilar o nosso amor.


Bebendo desta fonte inesgotável,
Da qual Camões um dia já bebeu,
Meu verso sem juízo não permite
Tristezas de – quem sabe – se perdeu...


LXXXVI


Perdi, querida a minha paciência
Com todos os arautos infelizes
Que tentam destruir um sonho breve
De ter na vida dias mais felizes.

Não temo mais o riso de deboche
Que se estampou na face de um ignaro
Que pensa que mostrando o peito em rocha
O torna mais sublime ou mesmo raro.

Amor é fantasia que é benquista
Embora para muitos nada diga,
Sorriso displicente em poesia,
Na mão desta mulher amada amiga.

Eu canto e não me canso, isto compete
A quem senão querida a nós dois mesmos?
Eu vivo o que bem quero, o sonho é meu,
Mesmo que juntos vamos ermos, esmos

Quem não quiser não ouça o manso canto
Que brota do meu peito em penuginha
De uma ave que nascendo sertaneja
Jamais quis que cantasse assim sozinha.

Portanto, minha amada, vamos nessa
Que o sol já se promete bem mais forte,
Amor secando as lágrimas de um pranto,
Não teme estupidez que traga o corte...


LXXXVII


Encantos de cascatas, chafarizes,
Nas praças que ficaram no passado,
Andando num domingo do teu lado
Num tempo em que nós éramos felizes.

De amores, dois meninos aprendizes,
Da vida com certeza,apaixonado,
Seguia o meu destino, o nosso Fado,
A vida não traria cicatrizes.

O rio, o mar, a foz o tempo passa,
A solidão passou, restou o peito
Que tem o doce alento de saber

Se a vida num momento se esfumaça,
Se o tempo vai levando do seu jeito,
Ainda encontro em ti, tanto prazer...


I

Eu quero e te desejo sempre nua
Deitada em minha cama, sem pudor,
A noite tão gostosa continua,
Em louca sensação, em tanto ardor..

Janela escancarada, adentra a lua
E banha o belo corpo sedutor,
E assim a nossa sanha continua
Num misto de desejo e puro amor.

Lasciva, enlanguescente maravilha
Se mostra com vontades e desejos
Do corpo da morena sei a trilha

E cubro-te com fogo, língua e beijos
Acendes a fogueira que não cessa,
E tramas mil delírios. Vamos nessa!

II

Alçando imensidão eu te proponho
Vivermos nosso amor sem ter limites,
Além do que pudesse ser um sonho,
No qual espero sempre que acredites.

Amar e ter assim santa ternura
deixando uma tristeza já de lado,
Um sonho mavioso se procura
Num coração que vai apaixonado.

Não temo mais as dores que virão
Nem mesmo a tempestade que não veio.
Batendo bem mais forte o coração,
Esqueço qualquer tipo de receio

E busco em cada gesto, uma alegria
Do amor que a gente canta em sintonia.


III

..
Eufórica emoção amor nos traz
Em toda maravilha que se busca,
Na sorte que se enlaça, sou capaz
De ver a claridade onde se ofusca

Pois tenho cá comigo uma certeza
De ter amor imenso dentro em mim,
Lutando contra a dura correnteza,
Refaço em esperança o meu jardim..

A noite vai passando em carrossel,
Girando sem parar, amor que imanta,
Encontro mil estrelas, ganho o céu
Na força deste amor que é tanta, tanta...

Num passo decidido vou em frente,
Sabendo o quanto amor se faz urgente...

IV


Vale por ser tão raro e bem gostoso,
Amor que se propaga todo dia,
Um canto desejado e tão formoso
Tramando toda a paz que se imagina,
Nos olhos e na boca da menina...

Menina que sonhei por tanto tempo,
Ninando, me acalanta em poesia,
Protege contra todo contratempo,
Traz força pra vencer qualquer batalha,
Qual fogo que no vento já se espalha...

V

E penso logo
Que a vida traz
Em duro jogo
Azar demais

Sou quase um zero,
Deixado à esquerda,
Já não mais quero
A vida em perda,

Somente amor
Irá trazer
Novo fulgor
Num bem querer...

VI


Amar é conduzir uma alma leve
Em um momento manso e soberano,
Sentindo uma emoção que já se atreve
Matando a sensação de desengano.

Eu quero estar contigo o tempo inteiro,
Fazendo da esperança quase um hino,
Amor que a gente sente é verdadeiro,
Eu creio na verdade ser destino.

Espero que tu venhas, não demore,
Aguardo-te querida, em cada noite,
Que a sorte de te ter já revigore
E cale para sempre a dor, açoite.

Amor que nos tomando faz a festa,
Felicidade imensa, o que nos resta...

VII

Eu quero penetrar bem de mansinho
E por em tua xana com cuidado,
Amor que a gente faz sempre safado,
É pleno de tesão e de carinho.

Depois ao penetrar o teu cuzinho,
Qual fosse um lobo em cio, esfomeado,
Prometo que eu vou por devagarinho,
Mas quero já sentir teu rebolado.

Assim trepando à noite sem descanso,
Juntinhos explodimos num orgasmo,
É bom quando o prazer contigo alcanço,

Vontade de gritar dizer: eu te amo!
Querida o nosso amor não tem marasmo,
De novo eu quero mais, toda hora eu chamo!


VIII


Perdidos, bem distantes da verdade,
Pastores vão levando ao desamor,
Ovelhas vêm no escuro, a claridade
Longínqua fomentada no terror.

Amar é conhecer a liberdade
Saber que temos Bom o Grão Senhor,
No Reino onde perdão com amizade,
Permite a plenitude e o esplendor.

Hipocrisia varre o pastoreio
Levando tanta ovelha à perdição.
Cajado que é forjado no receio,

Mentindo e ocultando das ovelhas
A mágica sincera do perdão,
Pastores escondendo estas centelhas...

IX


Teus passos em meus passos refletidos
Espaços que vagamos, lua e estrela,
Os dias com certeza são cumpridos
Nos braços da ilusão sincera e bela.

Em tempos diferentes conduzidos
Por mão tão carinhosa que revela,
Os medos que carregas; repartidos,
Não podem figurar em nossa tela.

As urzes, reconheço, são constantes
No peito de quem ama, isto é concreto,
Quem dera se meu passo fosse reto,

Talvez não sofreria; porém, antes
Mesmo de receber o teu carinho,
Às vezes cismo à toa em pedra e espinho...

X

Em meio a tempestades, fúrias, ventos,
Rajadas e trovões raios, coriscos,
Tornados, furacões nos sentimentos,
Que aos poucos vão ficando mais ariscos.

Os dias se transformam em tormentos,
E passo simplesmente a correr riscos,
Não restam mais pomares nem hibiscos
De tudo o que plantei? Só sofrimentos.

Num torvelinho a vida se arrastando
Amor em solidão se transformando,
Jogado nos penedos da saudade.

Quem dera se esta chuva não caísse,
E o amor nunca deixasse nem partisse,
Conheceria enfim, felicidade...


XI


Amor que nos moldura em cena rara,
Nas telas soberanas molda a vida.
Decerto esta ilusão já nos ampara
E mostra a nossa sorte distraída.

Refém desta emoção, jamais amara,
No doce de teus lábios escondida
A luz que eu tanto tempo imaginara
Na sensação de paz tão bem sentida.

Tu és, nunca neguei meu manso porto,
Um lago em placidez inesgotável.
Amor em nosso caso, inseparável,

Distante de outro canto, quase torto,
A face mais serena deste amor,
É feita em lume intenso e sedutor...

XII


Durante tanto tempo a vida em treva,
Na frialdade imensa de um granito,
O passo que tentara já se entreva
E teima em não cumprir nem sina ou rito.

A sorte no meu peito faz a ceva
E mostra em teu olhar, meu infinito,
Amor que prometeste tão bonito,
À doce fantasia sempre leva...

Quem veio de outros dias mais atrozes,
Esquece dos seus medos tão ferozes,
Embarca os sonhos em luxúria e cio.

Entregue às sem limites sensações
De corpos em ferozes convulsões,
No paraíso em terra que desfio...


XIII


A minha alma fechada quer respiro,
O meu berço quebrado diz de farsas
Nos mundos que não vi, resta um papiro,
Charnecas tristes charcos, meus comparsas;

Na sombra que ilumina vou, atiro...
Não me digas licença nem disfarças,
O canto que vasculho, vou, me estiro,
Voando repetis as mansas garças...

A minha alma transmuda-se em concreto,
Inaudita e feroz, nunca se cala...
Amor que me legaste, vai discreto,

O medo caminhando pela sala...
Perdoes por não ter nem mais afeto,
O gosto que me deixas, pus e bala...

XIV

Adentro delicado em teus caminhos,
Extasiado encontro maravilhas,
Sorvendo desta fonte em mil carinhos,
Percebo a maciez em belas ilhas...

Arranco quando houver alguns espinhos,
E perco-me em delírio nessas trilhas,
Um pássaro buscando por seus ninhos,
Ao ver-te em plena festa já me pilhas

Com néctar e manás deliciado,
Matando minha sede em bela fonte,
Sentindo este querer revigorado

Na fome de te ter sem mais segredos,
Em convulsão derramas no horizonte
Enchentes lambuzando nossos dedos...

XV


A noite sempre trouxe uma verdade
Em meio a multidões tão delirantes.
Nas danças, nos salões mais deslumbrantes,
O sonho transformado em realidade!

A lua simboliza liberdade,
Explode em tantos brilhos radiantes
Nos faz sentirmos deuses por instantes.
Transporta do infinito a claridade!

Pois quando estou amando é como a lua
Minha alma dançarina já flutua
Nos salões e nos bailes dos meus sonhos...

Meus olhos são dois lumes, são faróis,
No peito a violência de mil sóis.
Meus dias vão passando mais risonhos!

XVI

Amiga o teu cantar me faz liberto
De todas as algemas do passado,
Um passo que já foi um tanto incerto
Encontra-se em teus passos aprumado.

Aguando em tempestade este deserto
Formando cachoeira encontro o Fado,
Deixando o coração pra sempre aberto,
Num sonho tão feliz, imaginado.

Agora realidade se faz nobre
E deixa a fantasia por um triz.
Mal chega a tarde, a luz que assim me cobre,

Permite uma esperança em cada verso,
Amiga, na verdade eu sou feliz,
Buscando o paraíso no universo...

XVII


Na boca mais voraz que tanto busca
Prazeres infinitos e sedentos,
A luminosidade nos ofusca,
Tomando sem limite os pensamentos.

Afago tua pele, e beijo manso,
Descubro tuas minas e segredos,
Adentro sem juízo o teu remanso,
E alcanço a plenitude, boca e dedos.

Recebo teu carinho sensual,
E vibro em mil prazeres, transtornado.
Amor que a gente faz, já sem igual,
Tem o poder e a força de um tornado.

Numa avalanche em gozos e luxúria,
Prazer tempestuoso, fogo e fúria...


XVIII


Sentindo em minha boca o beijo em mel
Da doce criatura que constante,
Trazendo um belo amor, percorre o céu,
Rara fragilidade de um instante.

Montado na esperança, o meu corcel,
Avanço e busco em porto tão distante,
Invadindo o seu quarto, o seu dossel,
Vislumbro a paisagem deslumbrante

Inesquecível sonho tão real,
Do amor que se pleno e afinal
Tomando já de assalto o coração

Espelha em fantasias mais sutis
O gosto de poder ser tão feliz
Ao abarcar comigo esta paixão...


XIX

Minha alma escravizada perde a cor.
O brilho que trazia não reluz!
Nos seus palácios sobrevive a dor,
Pesada, arrasta pelas ruas, cruz...

Lavas, derrete. Não detém amor
Às armas da saudade, velho obus...
Revivendo ascos que me dão torpor,
Minha alma sangra e se escondeu da luz

Tive saída? Solidão me nega...
Já me calei diante disso tudo...
Quem fora amor, a realidade esfrega.

Minha alma serva ja não mais encanta
Palavras calo, ficarei mais mudo..
Essa dor entalada na garganta!

XX

Qual fosse uma criança que procura
Alento em uma praia, branca areia,
Encontro finalmente esta brandura
Nos braços delicados da sereia

Que torna-se refúgio predileto
A quem vagava triste sem ter rumo.
Se agora em teu carinho eu me completo,
Na vida, novamente, enfim me aprumo.

Nas conchas que encontrei na preamar
Ouvi todo o marulho refletido,
Nos olhos da sereia pude achar
Amor que imaginara já perdido.

Percebo: sou feliz e não sabia,
E roubo destas conchas, poesia...


XXI

Nesta escuridão plena, um resto perambula...
Meu caminho está cego e nunca encontro luz,
Espelho de minha alma em trevas se reluz,
Quem dera se soubesse a cura. Cadê bula?

Me resta esta penumbra, minha alma deambula
Por mares de tristeza. Efeito que produz
O canto da saudade... enorme, minha cruz,
Afortunadamente, espero que me engula

E não deixe nem sequer os ossos pro banquete
Da saudade chacal. Peito é uma maquete
Do mausoléu que espera a minha alma caquética!

Invoco a tempestade, um lamento terrível
Ecoa em pleno vento, o som dorido, incrível,
De minha decomposta alma fria, anorética!


XXII

Amor, redemoinho que me toma,
Ao envolver-me mostra o seu poder.
Numa emoção divina, mais que soma,
Amor multiplicando o meu prazer

Nas mãos tão delicadas e macias,
Promessas de emoção e liberdade,
Imersas em nós dois as alegrias
Acenam com total felicidade.

Pegadas que deixamos por aí,
Ao caminharmos juntos, lado a lado,
Amor tão benfazejo; encontro em ti
Por isto este meu canto apaixonado.

Amor tanto redime quanto cura,
Na placidez me encharca de ternura...

XXIII

Sou quase o que não fora se tivesse
Sido em algum momento do passado
O amor eu idolatro em breve prece
Voando em sentimento sempre alado.

Ao bem de uma razão já se obedece
Um sonho que jamais foi maculado
Por isso em cada verso que enternece
Refaço meu destino mal traçado.

Amor emoldurado em rica tela,
Jamais querida; pode-se esquecer.
Pois nele a fantasia se revela

Envolta na alegria de viver,
Fazer do coração sacra capela
Louvando em plenitude o bem querer...

XXIV

Vindo de terras nobres e gentis,
Dona dos meus momentos de ilusão.
No tempo em que julgava-me feliz,
Castelo dos desejos: coração!

Meus sonhos, meus anseios mais sutis
Traziam bem distantes a canção,
Minha felicidade por um triz...
Na praia, nestas ondas, no verão!
(Sobre tão bela praia, esta visão)

E eu gritarei teu nome, pelos mares,
Luz mais clara, nobreza feito nome.
Nos campos verdejantes, nos luares,

Nas ondas , nos remansos desta areia...

Uma visagem mágica consome:
Aline, doce, nobre, uma sereia!

XXV

Eu bem sei que jamais tu mentirias,
Verdade é aliada e companheira...
O medo destas noites, longas, frias,
Por certo perseguiu-te a vida inteira...

Nas mãos tão carinhosas, ventanias,
Orgulho te servindo de bandeira...
Na chama das mentiras não te ardias,
Na vida, sempre foste verdadeira!

Não há um ser humano que cobice,
Nem queres os engodos da riqueza.
Sem reino tu és mais que uma princesa,

És dona da verdade, cara Alice.
Embora tantas dores isto traga.
Um Deus tão benfazejo já te afaga!

XXVI

Permita que eu veleje em pensamento
Atrás de um sonho feito em breve espuma
Distantes das repulsas, do tormento,
Amor sem ter destino já se esfuma.

Não quero pressionar de forma alguma,
Mas necessito, ao menos, manso vento,
Do qual, no qual, querida, eu já me alento
E sinto o coração em leve pluma

Guardando eternamente a fria chaga
Teria em sentimento fina adaga
A penetrar constantes ilusões...

Não quero mais saber de despedida,
Preciso te falar de minha vida,
Envolta em tempestade e turbilhões..

XXVII
Verdades não se devem omitir,
Redimem e nos tornam bem mais fortes,
Amiga, pois jamais irei pedir
Que mude por momentos os teus nortes.

Por mais que dolorosa, uma verdade,
Deixa cicatrizar nossas feridas,
Quem sabe como é bom ter lealdade,
Encontra dos problemas, a saída.

Não deixe-se levar em ventanias,
Pois elas passarão, tenha a certeza,
O sol que brilhará em outros dias
Refaz-se novamente e traz beleza

A todos os que sabem deste dom,
De ver realidade com seu tom...


XXVIII



Meu álibi, disseste é incabível!
Não tenho mais desculpas a forjar...
Olhaste um coração tão impassível,
As pedras sutilmente, vão rolar!

O resto que sobrou, indefectível,
Não passa de penugem sobre o mar...
Meu álibi, pensei fosse infalível,
Agora que percebo, perco o par...

Ávido dessa vida que vivi,
Não devia vestir tal sutileza...
Por favor, não me julgues de per si...

Mentiras fazem parte deste jogo!
Cobri com mil desculpas, na defesa,
Te peço envergonhado, ouça meu rogo!

XXIX


Trinca ferro cantando no quintal,
A minha mãe chamando pro almoço,
Água boa, trazida desse poço,
O sol quarando roupas no varal...

A chuva desabando em temporal
A saudade fazendo um alvoroço;
Coração mergulhando no tal fosso
Dos castelos sonhados, bem e mal!

Como pude perder minha inocência,
Minhas tardes, envoltas nos problemas,
Pai pedirei, então, Vossa clemência!

Pois voltar, se pudesse, a ser criança,
Seria libertar-me das algemas,
Presas em tais fantasmas da lembrança...


XXX

“A vida só se dá pra quem se deu”,
Já dizia um poeta magistral,
Que em versos sempre foi fenomenal
Dourando uma esperança, mata o breu.

Coitado de quem ama e se perdeu,
Na busca de uma estrada desigual,
Porém amor transmite-se ancestral
E tem numa amizade o apogeu.

Não tema, minha amada, a dor se esconde
Somente em desamor, não em amor.
Um sonho que se faz encantador

Não deixa que esperança perca o bonde
E pinta em fantasia e claridade,
No enlace de um amor se é de verdade...


XXXI

Nas mãos tão delicadas novo brilho,
Nos olhos esperança destacada.
Desejo teu amor como estribilho,
As noites que passamos, na calçada.

Surgiste do infinito, já me pilho
Em loucas fantasias sobre o nada.
Por certo, tantas vezes eu me humilho,
Na incerteza cruel, desesperada!

Em vias de loucura, cara amiga,
As tuas mãos são bênçãos divinais.
Ajudas a aplacar a dor antiga,

Daqueles que precisam deste cais.
Alexandra ,também da humanidade,
Faço parte, eu te peço caridade!


XXXII

Saber-te companheira em cada passo
Que tramo na procura deste sonho,
Vagando pelo céu ganhando espaço,
Promessa de um momento mais risonho.

Amada amiga, a vida se bendiz
Nos braços carinhosos que ofereces,
E digo, novamente, eu sou feliz,
Pois tenho a sensação de altar e preces

No cais, no ancoradouro soberano
Que encontro, meu amor, em teus carinhos.
Assim um sentimento bom, temprano,
Virá direcionar os meus caminhos

E os passos eu darei com tal firmeza
Inundando a ventura com beleza...

XXXIII


Teu corpo delicado e tão lascivo
Deitando esta paixão mais violenta.
Num átimo explodindo já rebenta
E mostra este desejo imperativo

De ter tua nudez, ser compulsivo,
Enlanguescente vem e me apascenta
A noite ao derredor passando lenta,
Em tua pele amor em fogo, eu crivo.

Nas atrações insanas, louco gozo,
Derramo no teu corpo, em afluentes,
Os néctares profanos da luxúria.

O tempo do teu lado, precioso,
Total penetração em lagos quentes,
Volvendo num momento, a plena fúria...


XXXIV

Juventude perpétua sem queixumes,
Promessas de viver felicidade...
Amar sem sofrimentos, sem ciúmes,
Guardar, bem escondida a vil saudade.

Princesa que me encharca de perfumes
Não quero retornar à realidade!
Na terra dos prazeres, bons costumes,
A fantasia vive na verdade!

Qual Água que em pureza não se iguala,
Perfume de lavanda solto ao ar.
A vida com doçura, calma, inala,

Meus reinos pelo amor de ser teu rei!
Amar é pouco, quero te adorar!
Alessandra, princesa que sonhei!


XXXV

Querida como é bom ter teu alento
Em tantas tempestades, porto amigo.
Os rios se tomando em tal tormento
Por vezes em cascatas, desabrigo.

Meu canto mais suave sempre tento
Mas tantas vezes, brusco, não consigo.
Mesmo tropegamente, se prossigo,
Não posso mais calar meu sentimento.

Numa amargura, às vezes eu me embrenho,
E fecho, em versos duros, o meu cenho.
A culpa é dessa sensibilidade

Inerente mortalha de quem sonha.
Tua presença sempre tão risonha,
Refaz em amizade, a claridade...


XXXVI


Unidos sob uma égide comum,
Andamos companheira, pela vida,
Distantes emoções pedindo um zoom,
Preparam para a dor, melhor saída.

Não tenho na verdade medo algum,
Porém não quero ter a despedida,
Sozinho; com certeza, eu sou nenhum,
Jamais permitirei tua partida

Pois és querida amiga, tão dileta,
A base em que caminho noite e dia,
Contigo toda a sorte sorriria

Tua palavra amiga me completa.
Andanças pareadas; perfazemos,
No barco desta vida, unimos remos...


XXXVII


Amiga refazendo em cada verso
Aquilo que sonhei, em luz serena,
Carinho, eu nunca soube que envenena,
Muito ao contrário, salva este universo.

Não deixe que algum sonho mais perverso
Transmude uma palavra mais amena,
A sorte em tua vida, sempre plena,
Jamais permitirá sonho diverso

Daquele que decerto foi o guia
Que leva ao teu olhar a mansidão,
Prefácio de uma vida em emoção,

Que nos redima e trague a cada dia,
O verso mais perfeito, o do perdão,
Que emana de um amor, e o irradia...


XXXVIII

Não volto para Minas meu amor
Pois Minas já faz tempo não há mais,
Depois que abandonei minhas Gerais
Distante em cada passo a te propor

Meu verso vai mudando já de cor
E vira capixaba; bão dimais.
Se o canto na verdade satisfaz
É feito com carinho e com ardor.

Batendo em tua porta o tempo inteiro,
Gastei, nunca neguei, todo um tinteiro
Mas nada de respostas tu me deste,

Meu coração virou cabra da peste
E quer a morenice com destreza,
Na sanha de viver em fortaleza...


XXXIX

Amor que deu cupim, o quê que eu faço?
Não vou dedetizar senão eu danço.
Apego-me e depressa perco o traço
E a noite sem ninguém, sozinho avanço

A casa carcomida não resiste,
Assim como este amor morre calado,
Se eu fico, na verdade vivo triste
Se eu saio, solitário estou ferrado.

E agora o que fazer, me diz José?
Do amor encupinzado que encontrei
Se fosse inda formiga lava-pé


Garanto, era mais fácil resolver,
Melhor mandar querida, o pau comer,
Ao menos de um prazer eu falarei...

XL


Quem dera se eu pudesse te dizer

De toda uma delícia que é sonhar,

Além de toda forma de prazer

É mais, cada vez mais; solto, voar...



As rédeas não me prendem. Finjo ter

As asas que permitam o céu, ar.

Na verdade mal consigo me conter

Numa explosão que trama sem cortar.



Bom dia minha cara companheira;

Amiga que aprendi a ter comigo,

E quero sempre assim, tão verdadeira.



Sabendo que te quero, solto a voz,

Gritando e te pedindo sempre abrigo,

Nos versos e carinhos; laços, nós...

XLI

Lagrimas com palavras mais distantes,
Ultimas meus sorrisos, não t'os dou!
As marcas que já trazes nas estantes,
São cantos e recantos, velho grou...

Não posso nem desfio o que fui antes,
Importa-me talvez fingir teu gol!
Respeitos e malícias mais farsantes,
Nada do que disseste me fartou...

A dor em litros, leve-as, pois contigo,
Regozijo-me, obeso sofrimento!
Os cânticos proclamo, num castigo

Que me trazem cinismo e poesia.
É bom sentir, nas lágrimas, lamento...
Na dolorosa noite, uma alegria..

XLII


Amar:belo concerto em duas vozes,
Que fazem da harmonia doce encanto,
Na mesma melodia este bel canto
Apascentando dores mais atrozes,

Deixando mais distantes seus algozes
Amores encetando um sonho santo
Distante do talvez e do entretanto,
Encontram-se comuns, as mesmas fozes.

Amar é ter certezas e verdades
E ter nas incertezas, mansidão.
Sonhar etereamente veleidades

Pegar o sentimento com a mão
Saber que a cada dia bem regado,
Amor será bendito, eternizado.


XLIII


Te imagino no brilho da manhã...
Aurora boreal, um rico encanto...
És fonte de ilusão, num louco afã,
Amanhecer sonoro, lindo canto...

A vida sem te ter, é pobre e vã;
É rio que derrama um mar de pranto.
A vida não será triste e malsã,
O mundo não trará somente espanto.

És sábia, disso sei e te venero,
As mãos derramam tapas de pelica.
Amor que desconheces quando fero,

Na dor que silencia, não desfralda,
Por certo tantos erros nada explica,
Perdoe meus enganos, sábia Alda!

XLIV

Uma brilhante estrela sobre o mar...
Distante, num saveiro peço cais...
Num ritual insano, te adorar,
Embalde! Me disseste: nunca mais!

A vida que perdi, quero encontrar,
Mas como, se em tristezas, tudo jaz...
Estrela brilha mais do que o luar,
Procuro teu caminho, sou audaz.

Mas a noite responde: estás insano!
Nas Plêiades perdida nunca volta...
Meu peito, magoado, se revolta.

O mundo gigantesco num ciclone,
Meu barco naufragando, meu engano...
Distantes dos teus braços, Alcione!


XLV


Não posso resistir ao teu desejo,
Na força que se emana, poderosa.
Nas tempestades, és um relampejo.
Perfume que tu tens, recende rosa.

A noite dos teus passos, sempre vejo
Na força que te faz tão orgulhosa!
Contigo não resisto nem pelejo.
És sábia mas, no fundo, carinhosa!

Meus versos procurando teu carinho,
Em busca destas luzes envolventes.
Te ter é conhecer a fina sorte.

Não posso mais me ver, nem vou sozinho...
Conselhos que me dás, tão competentes,
Tu és, Alcina, bela estrela forte!

XLVI

Os nossos corpos juntos... Que loucura!
A terra com certeza vai tremer,
Envolta em alegria e com prazer,
Querida, nosso amor ninguém segura.

É feito de um desejo que matura
Deixando uma delícia a se saber
Gostosa de provar e de comer,
Em ritmo alucinante de aventura.

Vem logo, moreninha que eu te espero
Eu quero teu cheirinho tão faceiro,
Teu corpo alucinante, assim, trigueiro

Já sabe, meu amor quanto eu te quero.
Não deixe pra depois, o amor da gente,
Que causa, em plena seca, tanta enchente...


XLVII

Eu venho, amigo, parabenizar
Quem faz de nossa vida um manso rio
Que desce calmamente para o mar.
O sonho mais profícuo, cedo eu crio,

E nele prosseguindo sem parar
Um mundo em perfeição que eu fantasio,
Encontra em suas mãos um bom lugar
Aonde não resiste mais o frio,

Emanas em teus olhos tal calor
Capaz de apascentar quem te conhece,
Reconhecendo, assim, o teu valor,

Eu agradeço a ti, em reza e prece,
Feliz aniversário, companheiro,
Espero estar contigo o ano inteiro.

XLVIII


A manhã me trazendo seus albores
E seus raios solares... sensação
Da abelha fecundando belas flores,
Na eterna primavera... coração!

A manhã, companheira dos amores,
Refaz a nossa vida, é solução
Para os noturnos medos, seus horrores,
Abrindo a porta, fecha a solidão!

Há tanta coisa mais interessante
Que acompanha os solares raios, vida...
As libélulas, pássaros, as cores...

Nossa vida passando em um instante...
A tristeza anestésica, esquecida...
A manhã vem trazendo seus albores...

XLIX

Um verso quando feito em alegria
Parece que já nasce benfazejo,
Mostrando num segundo o seu desejo
De se espalhar em plena fantasia.

Deixando mais distante uma agonia,
Procura na verdade um novo ensejo
De ter aquilo tudo o que prevejo,
Trazendo um bom sorriso dia a dia...

Não deixe, por favor, que um verso venha
Em outra magnitude, com desdém,
Que o amor seja a palavra, a bela senha

Que possa deflagrar esta mudança,
Dourando nosso sonho sempre vem,
Aguando com carinho uma esperança.

L

Encontrei em teus braços tanta paz,
Amor e imensidade, sonho e riso.
Decerto desvendei um paraíso
Que sempre com carinho satisfaz,

A noite em mil estrelas sempre traz
Imagem delicada de um sorriso,
Em atos e palavras, mais conciso
Afirmo quanto amar nos faz capaz

De termos mais libertos nossos sonhos,
Voarmos amplidões em alas soltas.
Amor que tem arcanjos em escoltas

Permite que sejamos mais risonhos,
Usufruindo sempre da alegria
Sob as bênçãos divinas da poesia.

LI


Ninguém irá calar a bela voz
Que tantas vezes foi meu lenitivo.
No sonho e na esperança sempre vivo
Eternamente aqui dentro de nós.

Sabemos : todo rio morre em foz,
Porém o seu cantar tão belo e altivo,
Dele jamais me esqueço e nem me privo.
Mesmo que toda perda seja atroz

Algumas são decerto mais doídas.
Ao embalar em canto tantas vidas,
Encanto que espalhava, o bom tenor,

Deixando-nos sentir tanta beleza
Porém jamais se cala, com certeza
Quem em vida se fez encantador...

LII


Desculpe se te ofendo, minha musa;
Por vezes me esqueci do teu ciúme.
Não fiques assim tonta, tão confusa;
Não posso mais viver sem teu perfume.

A noite se demonstra cega, obtusa
Se não estás. Me perco num queixume,
Se foges de meus braços. Ó cafusa ,
Meus olhos necessitam do teu lume!

Tens no sangue, beleza duma Iara,
De princesa africana esta linhagem.
Rainha dos desejos, da coragem,

A vida te ilumina, jóia rara!
Amar e desejar-te: doce sina!
E m’honras com teus beijos, Albertina!

LIII



Amar-te é minha sina, jamais nego
O fato de ser teu, nem negaria.
Sem teu olhar caminho quase cego,
Eu perco-me sozinho em agonia.

Por mares mais serenos eu navego,
Tu és o ancoradouro que eu queria,
Por isso em teu amor, tanto eu me apego,
Em tua perfeição, a poesia.

Não quero me perder mais deste norte
Que é sempre benfazejo e me traz paz.
Permita que meu barco então se aporte

No teu corpo divino, magistral,
Assim querida amada, eu sou capaz
De achar felicidade natural...

LIV
Entregue a belos sonhos sou feliz,
Caminho por distâncias tão extensas,
Cavalgo o meu corcel. Tanto te quis
Quem sabe assim mereça as recompensas.

De ter esta alegria que se diz
Nos olhos e na boca; noites tensas
Sonhando com amor, a cicatriz
Marcada, bem maior do que tu pensas..

Eu sei que esta demora é aflitiva,
Em cada novo dia, mais aumenta,
Vontade de saber da luz altiva

Que mostra qual caminho vou seguir.
Amada, esta paixão tão violenta,
Pronta no meu peito a explodir...


LV

De amores nada sei, querida amada,
Apenas eu percebo os seus sinais,
Vagando em solidão na madrugada
Só sei da solidão, terrível cais.

Minha alma em tua alma emoldurada
Aguarda teu carinho e pede mais.
Na boca que te espera, bela fada,
Vontades e desejos. São demais.

Crisálida esperança toma o peito,
Transforma todo sonho em realidade.
Eu quero o teu amor de qualquer jeito

Do beijo que me deste, uma saudade,
Tomando o coração traz paraíso
No toque mais suave e mais preciso..

LVI

Ó prenda, nas coxilhas te buscando;
Seguindo o cantar do minuano,
No mate, meu amor se temperando.
Espero te encontrar, mas desengano

Te leva pros arroios mais distantes.
Tomar as tuas mãos, guapa guria,
Vibrar os nossos sonhos delirantes,
Nestas belas estâncias da alegria...

Te guardo na guaiaca-coração,
Não sabes quanto quero-te morena.
Envolto nestas tramas da paixão,
Na sensação divina, amada e plena

De ter teus braços sempre do meu lado,
Mineiro-jardineiro apaixonado...

LVII

Os dias em cristais passam gelados,
Apenas em tristezas vou carpindo
Deixando meus desejos resguardados
A solidão, deveras, me vestindo.

Quem dera se pudessem ir alados
Os sonhos que acabaram me ferindo,
Em lúdicas paisagens, prateados
Momentos que se foram, descobrindo

Em garras mais venais, um coração
Envolto em trevas, dura realidade.
Na busca redentora do perdão

Olhares; vão perdidos no infinito,
O tempo vai passando, estou aflito,
Não restou nem sequer uma amizade...

LVIII


Noite de plenilúnio no sertão!
A lua se fazendo namorada,
Dispara um sertanejo coração.
Em busca da mulher, presença amada!

Por vezes imagino teu perdão,
Por outras vou olhar, não vejo nada!
O mundo se derrama na amplidão,
As mãos mais solitárias sem espada

Que proteja nos ermos do caminho.
Não deixe-me ficar sem o teu brilho,
És lua que ilumina alva e tão mansa

Não posso mais viver aqui sozinho,
Iluminas meu rumo onde vou, trilho.
Nesta brancura que Alba sempre alcança!


LX


Amiga; ao percorrermos o caminho
Cercado por divinas, belas rosas,
As dores vão morrendo, silenciosas,
Feridas tão somente por carinho.

Bebendo da alegria, o doce vinho,
As mãos vão se mostrando carinhosas,
Decerto sempre assim, cariciosas
Permitem que sonhamos com um ninho

Aonde não teremos mais outonos,
Eterna primavera chegará
Portando em belas flores, claridade.

Distante dos terríveis abandonos,
O sol em nossa vida brilhará
Esculturado ao brilho da amizade...

LXI


Noite chegando, cais distante e triste...
Mar se quebra, falésias, nas areias...
Um brilho neste céu, longe, resiste.
As mãos tão calejadas criam teias.

Esperando por luz que não existe.
Mares distantes, tristes, incendeias
Na força que carregas. Vais, insiste
No mundo que suportam minhas veias.

Noite distante, nuvens levam ventos.
Os medos, as angústias nesse cais...
O mundo não permite sofrimentos,

A noite renasceu, não morre mais...
A vida se ressurge, vai temprana,
Na força que se emana em ti, Alanna!

LII

Ao meio dia, o sol deveras quente
Adentrando a janela queima lento.
Imagem deste amor quando ao relento
Sangrava em minha vida tolamente.

Lutando pra viver vou novamente,
Poeira no meu peito toma assento,
Porém ainda sinto o forte vento
Que um dia me deixou quase demente.

Os olhos da morena, sensuais,
Renascem neste horário, em duro sol.
Um dia, esquecerei, e assim não mais

O brilho de uma estrela fulgurante
Que serve para todos de farol,
Retornará, decerto, deslumbrante...

LIII


Neste álamo que beira meu caminho,
Meus olhos contemplando teu futuro.
O mundo que parece mais escuro
Em voltas se transforma, bem mansinho.

Nos troncos destas árvores meu ninho,
Pousando tanto tempo sobre o muro.
Amor que me prometes, de tão puro,
Embora sempre deixe mais sozinho...

Em tais vegetações busco meu mundo.
Inundo meus amores de tais flores.
Espero teu amor mais um segundo.

E vejo como és bela e inconstante.
Não deixas que me encontre nos amores
Que fazem com que queira-te, uma amante.


LIV


Princesa sertaneja, meu desejo,
Estar entre teus braços sedutores.
À noite de trazer num manso beijo,
As luzes que iluminam meus amores!

A fonte do desejo, sem ter pejo;
Envolta nos carinhos destas flores,
Trazendo pr’este peito sertanejo
A certeza e beleza destas cores.

Altiva e tão serena, meu amor.
Os versos que eu te faço, num momento,
São formas mais constantes do penhor

Que trago no meu peito. Não duvide!
Rainha não permite sofrimento,
Princesa com certeza és, Alaíde!

LV


Por tantas vezes sinto que entristece
Um peito em que sozinho já se humilha
Buscando noutro peito nova trilha,
Que ao se perder de fato assim padece.

Pudesse ouvir talvez última prece,
Quem sabe então teria a maravilha
De ter como esperança o não ser ilha
Viver a vida em paz. Não apetece...

Eu sei quanto tu sofres, minha amiga,
Estou sempre ao teu lado, não esqueça,
Se a mão desta tristeza desabriga

Eu te ofereço o braço em todo apoio.
Assim, talvez, quem sabe não padeça
Aquela que conhece o trigo e o joio.

LVII

Refém da compulsão que diz amor,
Em versos e palavras, pensamentos
Embora tantas vezes os lamentos
Precedam solução em rara flor.

Aflora em minha pele os sentimentos
Que me fazem ser simples trovador
Na busca do ideal, um sonhador,
Que teima em ter teus beijos como ungüento.

No imenso regozijo de ser teu,
Meu sonho se cumprindo docemente,
Quem teve a fantasia e a perdeu

Não sabe como é bom ser eloqüente
Ao defender com força uma alegria,
Mesmo que seja só em poesia...

LVIII

A sorte de um amor quando encontraste
Jogaste na janela em dissabor,
Receba então espinho e mate a flor,
Deixando tão somente uma fria haste.

Segredos que em verdade murmuraste,
Falando assim tão mal de um pobre amor
Não deixam quase nada a te propor
Senão tentar conter este desgaste.

Meu verso ultrapassado vai teimoso,
Que faço se não posso mais conter,
Em liberdade solta a sua voz

E volta novamente caprichoso
Na busca insaciável por prazer,
Tendo em mulher amada a bela foz...

LIX


Ao ver-me derrotado e sempre triste,
Ardendo na terrível solidão,
Olhando tão somente para o chão
Pensando que alegria não existe.

Tua palavra amiga tanto insiste
E mostra de repente, a solução,
Deixando para trás caminho vão
Mostrando o renascer que inda resiste

No peito de quem sabe, um sonhador,
Com toda a mansidão e liberdade
De poder ter enfim, felicidade,

Nos braços mais airosos de um amor
Que é feito e modelado em amizade,
Que aos poucos demonstrando o seu valor...

LX


Tu és amada amiga, em versos tantos,
Rainha destes sonhos e desejos.
Tomado por teus olhos, tais encantos,
Quem dera se tocasse com meus beijos.

Os dias mais felizes e sobejos,
Deitando em nossa cama, mesmos mantos
O céu em plenitude de azulejos
A chama se espalhando, fogos santos...

Assim em noite imensa, imerso em ti,
Encontrarás respostas, minha amada.
Além do que sonhei e já vivi,

Eu necessito sempre do carinho
Que rola em nossa cama, madrugada,
Forrando com prazer gostoso ninho...


LXI


A vida tantas vezes faz chorar,
Nenhum prazer decerto me ofertando,
Apenas devagar, ir desabando
O sonho que não pude realizar.

Quem dera se eu pudesse me encantar
Com aves que revoam, belo bando,
Apenas vou assim, imaginando
Deitando meu olhar por sobre o mar

Que morre e que renasce em branca areia,
Talvez querendo dar-me uma lição
Mostrando que esperança resta ainda

Nos olhar tão sedutor da lua cheia,
Espero que isto toque o coração
E a vida inda ressurja rara e linda...


LXII

Amor, apaixonante teu carisma...
Beleza, representas Afrodite...
Teus olhos repercutem todo o prisma,
Quem foi teu criador? Peço palpite...

Nas noites te procuro, velho cisma,
Tanta candura assim, nunca se admite...
Amar-te é conhecer cada sofisma,
Procuro-te, rainha Nefertiti,

Akhenaton, procuro tal beleza,
Encontro a solidão como promessa...
Não posso te negar a realeza...

A vida nunca teve tanta pressa...
No fundo cultivando tal tristeza,
A morte me servindo de compressa..

LXIII



A saudade me tomando
O tempo quase não passa,
Aos poucos me matando,
Nem sorriso mais disfarça

Eu procuro e não sei quando,
Esperança se esvoaça
Meu castelo desabando
Se perdendo na fumaça.

Velhos sonhos que se foram,
Meus sorrisos de ironia
Tão somente me decoram

Que me dera se eu pudesse
Ter de novo a fantasia,
De um amor que não se esquece...


LXIV

O meu verso de amizade
Agradece todo dia
Pelo amor à liberdade,
Solto a minha fantasia

E buscando na verdade,
Tanto bem que enfim queria,
Vislumbrando a lealdade
Que permite esta alegria,

Vou alçando um canto breve,
E louvando cara amiga,
Coração batendo leve,
Reforçando sempre a viga

Que nos deixa em base forte,
Enfrentar a tempestade,
Agradeço enfim a sorte
De ter a tua amizade!

LXV

Tristeza que inundou a vastidão
De um mar em sofrimento, vendaval.
Realça a cada dia o grande mal
Que amor deixou legado ao coração.

Um pobre coração que em ilusão
Achara ser possível, afinal,
Guardar uma alegria sem igual
E morre em triste seca, aborta o grão.

Quem dera se eu pudesse refazer
Caminhos tão terríveis que passei,
Talvez inda restasse alguma cura,

Porém a vida avança sem prazer,
Nem mesmo uma alegria, disso eu sei,
Restando em minha boca, esta amargura...


LXVI

Perguntas, mas por que; se és minha amada?
Decerto eu sempre tive esta esperança
Do sonho mavioso da criança
Que dorme do teu lado, em madrugada.

Minha alma de tua alma enamorada,
Só guarda maravilhas na lembrança,
Sorrisos e desejos de bonança,
A cada nova noite em mãos de fada.

Amor tão delicado de viver,
Delícias prometidas sem por que,
Decerto desfrutadas com prazer.

Futuro benfazejo então se vê
Nos olhos deste amor, meu bem querer,
Sempre serás amada, cara Aimê!


LXVII

É necessário, saiba muito amor,
Para vencer o medo e todo o tédio,
A vida nos concede este remédio
Que aplaca o sofrimento, e traz calor.

Apascentando a fúria acalma a dor,
Permita então que amor te faça assédio
E adentre o coração e jamais vede-o
Calando a doce voz, matando a flor.

Amar sem ter medidas, simplesmente,
A quem te gosta ou não, traz lenitivo
Secando as mágoas tantas; água o chão

E muda a nossa vida totalmente,
Deixando o coração bem mais altivo.
O segredo do amor? Pleno perdão...


LXVIII

Eu quero o braço forte da amizade
Guiando meu caminho, passo a passo,
Quem tem sonho de paz e liberdade,
Alcança com certeza um belo espaço

Se tem a companhia deste braço
Que mostra a plenitude em claridade,
Ao estreitar, amiga, cada laço,
Percebo ter vencido a tempestade

Das dores, solidão e desespero
De quem andando só não vê sequer
A luz que o túnel traz, mesmo distante.

Na força da amizade eu me tempero,
E vejo que terei o que eu quiser
Mesmo que seja só por um instante...

LXIX


Não quero mais incerta claridade
Que tantas vezes queima, outras se esvai,
O sol feito em mormaço nesta tarde,
Promete a tempestade que não cai.

Deixando bem distante a mocidade,
Palavra sem cuidado já me trai,
O sonho de viver, casar, ser pai
Morrendo devagar, mata a vontade.

De um dia ser feliz, mas não me cabe
Sequer sonhar demais, vago sozinho.
Quem teve uma ilusão, seca o caminho,

Espera simplesmente que se acabe,
Na dura tempestade prometida,
O que restou, amiga, em minha vida...

LXX


Quem dera tua força, na batalha.
O brio de teus olhos, ó princesa.
A morte sem sentido nunca atalha
Os motes que cantaste, sem tristeza!

És livre e esse teu vôo nunca falha,
Dispara teus desejos, realeza...
Não há dor nem quimera, tens navalha
Pronta p’ra cortar essa incerteza.

Quem vive neste mundo e nunca vê
O brilho da rainha dos meus dias.
Não sabe nem conhece fantasias.

No fundo reconhece bem por que
Independência crias, nas coxias
Do teatro desta vida... Forte Aidê!

LXXI

Caminho pela vida, simplesmente,
Na semi-morta luz de uma esperança
Aguardo em fantasia a nova dança
Que um dia prometida, qual demente

Escapa entre meus dedos, novamente.
Guardando o que já fui, leda lembrança
Quem dera se eu pudesse ser criança
Recuperar a vida totalmente.

Porém um tédio imenso, uma tristeza
Deitando em minha cama, põe a mesa
Deixando uma vontade de morrer.

Quem teve uma alegria, pelo menos,
Recorda de outros dias mais amenos,
Numa ânsia de sonhar e de viver...

LXXII

A solidão, quimera mais atroz,
Havia me legado ao sofrimento.
A boca da saudade, mais feroz,
Mordia cruelmente; esquecimento!

Distante de meu peito, ouço a voz,
Sincera e tão venal do meu tormento.
Sou rio que não sinto minha foz,
Destino me deixou, solto no vento....

Embora mais sincero que já fui,
O medo na verdade, contradiz.
Minha alma sofredora, vai perdida..

O tempo da existência nunca flui,
Sou pássaro ferido, qual perdiz...
Só me encontro feliz, se estás, Aída...

LXXIII

Ao vento se entregando uma saudade,
É parte do que fui sem recompensa.
Vagando em noite fria, a dor compensa
O tempo em que vivi felicidade.

Quem se pudesse em liberdade
Alçar um pensamento que convença
O coração insano da força imensa
Que uma esperança traz na realidade...

Amiga, me perdoe o verso triste,
Eu necessito sempre do teu colo,
A planta vai secando em duro solo.

Apenas a amizade inda resiste
E nela eu me apegando posso crer
Que um dia inda haverá o amanhecer.

LXXIV




Em esplendor supremo, o bem de amar,
Não pode se calar, isto eu garanto.
O manto que nos cobre vem brilhar
Moldando devagar, calando o pranto.

A sede de poder estar contigo
Em todos os momentos desta vida,
Buscando no teu corpo, um porto, abrigo,
Deixando a solidão já de partida.

Vencendo as tempestades que virão,
Decerto de verão, pois passageiras,
Ao sol que nos banhando em emoção,
Denota as sensações mais verdadeiras

Eu quero, amor, por isso, te dizer,
De toda esta alegria em bel prazer...

LXXVI

Ah! Quem me dera fosses meu amor!
Como a vida seria mais completa.
A poesia, amiga predileta,
Companheira, por onde quer que eu for;

Teria enfim, parceira mais dileta.
E nunca mais seria um sofredor,
Quem sempre teve espinhos nunca flor,
No sonho audaz, tentando ser poeta...

Se fosses meu amor, que bela a vida!
Andar buscando glória, sorridente.
Não conceber sequer a despedida...

Sentir o teu perfume que, envolvente,
Penetra nas narinas. Na sofrida
Luta por viver; sentir-me gente!

LXXVII

Amizade verdadeira
Uma jóia muito rara,
Acendendo uma fogueira
Cuja chama nos ampara.

O meu verso sertanejo
Vem depressa agradecer
Aproveitando este ensejo
Vem falar do meu prazer

De ter a tua amizade
Meu dileto camarada,
Te louvando, na verdade,
Em cada palavra rimada,
Pois bem sei da claridade
De teu braço irradiada,
E nessa oportunidade,
Vem em forma de toada,
O poder desta amizade
Que não tem carta marcada.
Com certeza, realidade,
Por Deus ela foi criada...


LXXVIII

Turvada pela dor, água da fonte
Que fora transparente e mais serena,
Parece, de repente, que envenena
E mata, não permite um horizonte...

Um coração sofrendo tal desmonte,
De dor e solidão, a vida plena,
Confunde fonte sempre mais amena,
As águas tão barrentas descem monte.

Celestes tempestades ,tanto raio,
Turvando meu amor como se vê;
Em busca deste sol, por vezes saio,

E sempre o que recebo é vil martírio.
Procuro solução, em vão, cadê?
Apenas essa fonte em meu delírio!


LXXIX


Meu amigo não se esqueça
Da alegria de viver,
Ao coração obedeça
Ele é fonte de prazer.

Nossa vida é bem sagrado,
Encharcado de magia,
Coração apaixonado,
Rindo, sofre todo dia.

Meu amigo uma tristeza
Dívidas não vai pagar,
Veja o mundo. Que beleza,
Nas estrelas, sol e mar.

Porém se a noite vem fria
Em vadia solidão,
Vista logo a fantasia,
E se encharque de ilusão....

LXXX

Coveira dessas minhas ilusões,
Uma atroz serviçal das negras trevas...
Dilapida sem medo os corações,
Onde fora verão, sem perdão, nevas...

Fizeste minhas deusas, simples servas...
Trazes torpes problemas... Soluções
Ocultas; velha chaga, podridões!
Cadáveres de amores, sempre cevas...

A sórdida lembrança que deixaste
Reproduz fielmente meu tormento...
Nas pútridas manhãs que me beijaste,

As horas se verteram em lamento...
Não te quero mais, suma! És podre traste.
Deixe-me então em paz, por um momento....


LXXXI


Relembro o nosso amor em doce encanto,
Com toda uma pureza em mãos serenas,
Palavras delicadas, mais amenas,
Uma ilusão servindo como manto.

Eu te amo, tão somente e tanto, tanto...
Em ti jamais vivi as duras penas
De amores que já foram, mas apenas
Deixaram algum resquício feito em pranto.

Revejo o nosso amor e nisto creio
Ter sido o momento mais feliz.
Aberto o peito, a vida alçando vôo

Liberta sem temores, sem receio.
Contigo, com certeza o que eu mais quis,
Portanto em nosso amor, ainda ecôo...


LXXXII

O mundo prometido esvai-se vão,
Tirando esta saudade sobra o nada.
Vagando pelas ruas, madrugada,
Exponho em cada esquina o coração.

Ao longe, bem distante, uma canção.
No bar casais em riso e gargalhada,
Uma esperança morre destroçada,
Jogada sem pudores, vai ao chão...

Lembrar de nosso amor... Uma vaidade
Somente e nada mais, tudo morreu...
Voltando tão depressa à realidade

Encontro este vazio que sou eu,
Apenas a sarjeta, meu destino,
Aguarda em boca aberta, último trino...

LXXXIII


Minha carcaça resta sobre ti;
Maravilhosamente desnudada.
Adormeces, tão bela e descuidada.
Recordando, nest’ hora, o que vivi,

Os prazeres, as dores, que senti,
Desespero ao chegar triste alvorada...
Quem dera não passasse a madrugada!
Teu corpo, livro aberto, que já li...

Belo templo, rosário e monumento.
Deus permita ficar mais um momento;
Mas a manhã chegando irá varrer...

Por que, meu Deus, responda! Eu te suplico...
Por que ter que partir... Aqui eu fico
Agonizando a sorte do morrer!


LXXXIV


Tento fugir, fingir quem nada temo;
Noites e manhãs, luzes mais sombrias...
Repare bem, verás quanto vadias
As nossas travessias sem um remo...

Em todos madrigais, louco, blasfemo,
Procuro versejar tais melodias,
Mas nada restará, nem os meus dias...
A vida verterá demônios, demos...

Queria sossegar os meus tormentos,
Queria conseguir meus pensamentos,
Reinando, soberanos...Fantasia...

A vida preparou sua armadilha,
Tantas vezes a noite vem, me pilha;
Abraçando, abnegado, essa agonia...


LXXXV


Dorida madrugada em solidão,
Acendo o meu cigarro, tiro um trago.
A tua ausência causa tal estrago
Descompassando logo o coração.

Ascendo ao infinito em emoção
O vento frio beija-me em afago
Quem dera a placidez de um manso lago,
Mas tão somente escuto o mesmo não.

Aguardo mais um tempo e nada vem,
Somente uma saudade inesgotável.
Procuro, vago à toa. Mas ninguém...

Na janela entreaberta do meu peito
A madrugada passa, interminável,
Nem mesmo a tua sombra sobre o leito...


LXXXVI


Por mares tão distantes velejei
Em meio a tempestades e procelas,
Por sobre as ondas, bebo desta espuma,
Não temo e não temia eterna chaga.
Jamais desistirei desta empreitada.
Por mais que a vida trame dissabores,
Por mais que a noite caia sobre mim.
Corsário sem destino ou paradeiro
Enfrentarei quaisquer mares em fúria.

Coriscos e trovões riscam o céu,
Mas tenho o coração em pára-raios.
Das chuvas e granizos, vou liberto
Pois trago esta esperança que não cessa,
Nem mesmo cede aos medos e trapaças
Da sorte que, inimiga não se cansa
De em desamores tantos, em tocaia,
Com artimanhas, cedo preparar
A queda que jamais permitirei.
Pois tenho amor maior que não se cala...


LXXXVII


Quero que tu saiba minha amiga,
O quanto te desejo a cada instante,
A madrugada fria nos abriga,
Deitando no teu colo, amigo, amante...

Eu quero assim te ter, volúpia intensa,
Desnuda em minha cama, companheira,
Meu corpo te pretende recompensa,
De quanto já sofri a vida inteira.

Usufruir da boca mais carnuda,
Morena tão querida para mim,
Um olhar de carinho te desnuda,
E beijo cada lábio carmesim

Rolando em nossa cama, chama acesa,
Ser o teu caçador e tua presa...


LXXXIX

Chegara há pouco naquela cidadezinha perdida nas matas das Gerais.
Médico recém formado, dono dos invejáveis vinte e cinco anos de idade; época da vida em que se é rei e não se percebe.
Fora contratado para trabalhar no Programa de Saúde da Família, trabalharia na zona rural, num pequeno distrito longínquo da sede do município.
Nos primeiros dias, a notícia de que havia um jovem doutor se espalhou pela cidade, alvoroçando o coração da moças casadoiras e namoradeiras do lugar.
Extasiado com tanto assédio, começou a ter o prazer de ser bajulado e cortejado por todos na pequena cidade.
Feio não era, até pelo contrário, mas era tímido. Muito tímido por sinal.
E isso o impedira de ter tido as experiências com o sexo oposto comuns à sua idade e a "posição social" que atingira, de repente.
Família pobre, estudando com todas as dificuldades que são lugares comuns nesse país das injustiças, conseguira se formar com muito sacrifício de todos, inclusive dele.
No Rio de Janeiro, enquanto seus colegas saíam à noite, nas baladas cariocas, ele ficava em casa estudando ou dando plantões e mais plantões para ajudar a pagar a faculdade.
Mulheres? Não as teve, exceto uma ou outra namorada que, ao perceberem que o namoro se resumiria a um cinema no final da tarde ou um refrigerante na porta da faculdade, rapidamente iam "cantar em outra freguesia".
Uma das coisas que o médico do Programa de Saúde da Família tem que fazer são as visitas domiciliares.
Normalmente, na zona rural, a realidade é muito diversa da que estão acostumados os urbanos doutores.
A simplicidade e a pobreza são lugar comum; mas a recepção com um cafezinho ou com a fruta da época são freqüentes. Café com guarapa, como é conhecido o caldo de cana nesses grotões.
Um bolo de fubá aparece, não se sabe como e é degustado com prazer verdadeiro e risonho.
Naquela região não era diferente, o que passou a dar ao nosso doutorzinho, uma nova dimensão de felicidade.
Numa das casas, morava uma senhora viúva com seus quatro filhos, dois meninos e duas meninas.
Maria Inês e Maria da Glória, duas meninas típicas da roça.
A mais velha, Maria Inês, com seus dezoito anos era mais tímida, escondida sobre uma mão que ocultava os dentes precocementes estragados e o sorriso doce da ingenuidade.
Mas quem chamava a atenção era Glorinha, menina ainda com seus catorze anos mal completados.
A primeira vez que a vira, reparara que ela não o olhava, sempre olhando para baixo.
A roupa de chita rasgada, mal ocultava os seios recém nascidos e rijos, seios que chamaram a sua atenção...
Os pés descalços, cheios de bichos de pé, diagnosticados como tungíase pelo doutor, os cabelos sujos e desalinhados contrastavam com os seios, belos seios emergindo por entre os rasgões do vestido.
Terminada a visita, o doutor retornou ao seu trabalho e à sua casa.
Nem mais se recordava da menina nem dos seios quando, um mês depois, foi comunicado de que iria retornar àquela casa.
Tudo como antes, tudo, as mesmas deficiências de vitaminas, a mesma miséria, a mesma ausência de tudo, o mesmo chão de terra batida, com os mesmos colchões e os mesmos cães dividindo o espaço com os habitantes da casa.
A única diferença que repara foi na mochila escolar esfarrapada que, a menina, enrubescida, usava por sobre o ombro direito...
Mal sabia ele que esse era o único enfeite que ela dispunha...

XC

Encantos de cascatas, chafarizes,
Nas praças que ficaram no passado,
Andando num domingo do teu lado
Num tempo em que nós éramos felizes.

De amores, dois meninos aprendizes,
Da vida com certeza,apaixonado,
Seguia o meu destino, o nosso Fado,
A vida não traria cicatrizes.

O rio, o mar, a foz o tempo passa,
A solidão passou, restou o peito
Que tem o doce alento de saber

Se a vida num momento se esfumaça,
Se o tempo vai levando do seu jeito,
Ainda encontro em ti, tanto prazer...


I


Meus sonhos que nasceram da ilusão
De um dia poder ter felicidade,
Refém da fantasia e da emoção
Caminho sempre em busca da amizade

Em atos e palavra a tentação
De ter amor em franca liberdade,
Voando com ternura e com paixão,
Alçando uma esperança na verdade.

Meu sentimento é fruto de um desejo
Antigo companheiro em doce infância
De ter assim somente um simples beijo

De quem amei outrora e não mais vi,
Amor fazendo assim, a sua estância
Dourando o sonho imenso que vivi...


II

A fonte inesgotável que sacia
Desejos e vontades mais ardentes,
Tomando nosso amor em noite e dia
Em lábios mais vorazes e tão quentes.

Recebo teu amor com alegria
Nos fogos delicados e prementes,
Em chama tão possante, em tal magia
Que morde e quando assopra crava os dentes.

Lambendo desta fonte com desejos,
Encontro delicadas maravilhas
Rondando ferozmente com meus beijos

Adentro por divinas, belas trilhas,
E mato a minha sede num segundo
No fogo em profusão, vulcão profundo.


III..

Vagando em noite imensa corpo leve
Através da janela que entreabriste
Quem fora por momentos já tão triste
Percebe a sensação que enfim se atreve

De ter o teu desejo, mesmo breve
Trazendo uma ilusão na qual insiste
Com coração na boca e o peito em riste
Matando com verão a fria neve.

Eu quero estar contigo solto ao vento,
Distante dos temores destrutivos,
Meus olhos em teus olhos redivivos

Audazes em feliz pressentimento.
Amores que embrenhamos, sempre vivos,
Tocando com carinho, o sentimento...


IV

Não vejo por que ser alvissareiro
Um dia que se mostra tão nublado
Fazendo o coração, pobre canteiro
Em lágrima infeliz somente aguado,

O corte da ilusão, duro e grosseiro,
Um lobo que me espreita esfomeado,
Um resto que caminha o dia inteiro
Na busca do que fora no passado.

Insisto, sem por que, mas não desisto,
Quem sabe inda terei pleno deleite
De ter um bem sereno que me aceite.

No verde da esperança inda me visto
E faço da ilusão em fonte bela
O brilho que me guia de uma estrela...


V


Entrego-me a pensar no nosso caso
Do amor que procurei e que em ti vejo,
Meu mundo vai chegando ao triste ocaso,
Apenas o final, o que prevejo...

Soltando o coração quase ao acaso,
O tempo é contra mim... Mas o desejo
Gritando que contigo até me caso...
Seria para mim, maior festejo...

A lua que te traz bela menina,
Ao mesmo tempo diz, passou teu tempo...
Vontade de ter ver, logo domina,

Outono recomeça... Ah! Quem me dera,
A vida não tivesse contratempo,
Teria assim, eterna primavera...

VI


Mãos dadas caminhamos pela vida
Formando uma corrente interminável,
Na sensação divina, pois querida
De um mundo bem melhor e mais amável.

Fraternidade sempre em voz unida,
Trazendo bem perto o inalcançável,
Nesta alegria, nossa, dividida,
Num sorriso em glória, demonstrável.

Semearemos juntos os amores
Que fazem do universo o nosso lar,
Não digo que sejamos sonhadores

Nem falo que esta festa é impossível.
Um sonho repetido a se sonhar
Tornando uma ilusão mais acessível...


VII


Fazer de nosso próximo um irmão
Que saiba do valor da própria vida
Assim espalharemos a canção
Na velha novidade, que esquecida,

É, na verdade a única expressão
Que traz com força plena uma saída:
No seio da amizade e do perdão...
A nossa sorte enfim bem resolvida.

Redesenhando o mundo, traz a glória,
E uma esperança enorme para nós.
Mudar, quem dera, o rumo desta história

Atando par em par, com fortes nós,
Arranca uma injustiça da memória,
Matando o desamor, cruel algoz...

VIII



Há muito meu destino demarcado
Somente pelas dores e promessas,
Vivendo de alegrias do passado,
Não ouço e nem espero mais conversas,

A juventude, amiga; um doce prado,
Em sonhos e delícias tão diversas,
Agora no meu peito amargurado,
Recordações sutis e assim dispersas

Demonstram que talvez eu tenha tido
Momento de real felicidade,
Refém do que já tive vou perdido,

Tentando reverter em claridade
O brilho que se perde em triste olvido
A sombra que alimenta, na verdade...


IX

Desilusão moldada em tal receio
De ter amor completo e sem desmonte,
Na doce fantasia, tanto enleio
Distante, bem distante do horizonte

No qual amor pensara ser um veio
Descendo em alegria belo monte,
Apenas solidão, tristeza, veio
Secando em nascedouro, pobre fonte.

De tudo o que sonhara, coincidência,
Perdido sem caminhos, ganho o mundo,
A vida se tornando uma inclemência

O corte mais profano e bem profundo,
Fazendo do viver tal penitência
Matando as ilusões em um segundo...



X

Banquete da alegria em mar sereno,
Promessa bem sutil quase em desarme,
No sonho em que preciso concentrar-me
Um dia com certeza mais ameno.

Sabendo reviver amor mais pleno,
Na sorte de poder banquetear-me,
Não posso prescindir de tal alarme
Do mundo em que sonhei, sem ter veneno

A sorte- ser feliz- já não retarda
Encontro o fantasia em dia augusto
De um passo mais audaz e mais robusto

Mostrando na certeza, ser capaz
De ter uma manhã ensolarada
Num mundo mais perfeito em plena paz...

XI

A solidão devora enquanto espanta
Não deixa mais resquícios, me incendeia,
A força de sonhar, outrora tanta
Morreu ao penetrar em fria areia.

Somente a dor da vida se agiganta
E traz a sensação de estranha teia
Que invade a noite imensa e desencanta
Portando uma estranheza invade a veia

E trama uma tristeza em letargia,
Que nada neste mundo vão sossega,
No mar da solidão em dura entrega

Distante do raiar de um belo dia,
Nem mesmo uma ilusão em poesia
Permite claridade em noite cega...

XII

Enquanto uma ilusão resplandecia
Tornando o pensamento maltratado,
O resto que me coube em fantasia
Demonstra insensatez do meu passado.

Quem teve o seu altar numa alegria
Percebe seu caminho desviado
Na sombra do que fora, já trazia
Felicidade morta. Em duro brado

A voz tão solitária não alcança
Deixando quase inóspito em aspecto
Numa tristeza enorme corte e lança

Rolando em minha cama, mais inquieto,
Sozinho sem ninguém, desesperança
Última companheira em mesmo teto...

XIII

Eu falo deste amor com claridade
Um gosto desejoso me tomando,
Tocando tua pele, ansiedade,
Espero o teu amor, imenso e brando...

Adoro o teu perfume bela flor,
Misturo nossos corpos nos meus sonhos.
O frio se rendendo ao teu calor...
Tramando mil prazeres mais risonhos

Eu Tenho essa alegria de te ter
Amada, a cada dia, mais constante.
Mergulho sem ter medo no prazer
Bebendo desta fonte a cada instante.


E sinto que serei só teu também,
Mulher, que é fantasia e doce bem...

XIV



Contigo debruçando em lua bela,
Nos raios de luar já nos banhando
Seguindo o teu desejo, guia/estrela;
Sentindo esta vontade anunciando

O fogo da paixão que se revela
Despindo, bem sabendo aonde e quando
Puder ter a loucura que se atrela
Em nossas noites tesas, nos guiando...

A boca te sugando se completa
Nos lábios mais audazes e gostosos,
Tua nudez se mostra mais dileta

Rainha dos desejos prazerosos,
E a natureza em festa se repleta
Em convulsões, delírios, nossos gozos...


XV


Seguindo mansamente esta jornada
Que às vezes nos parece tenebrosa,
Depois das curvas todas desta estrada
Avisto uma manhã mais luminosa

Percalços encontrei, mas quase nada
Da vida que se fora desastrosa
Impede que eu prossiga na alvorada
Na busca de outra vida radiosa.

Meu canto bem distante da ansiedade
Depois de tanto tempo mais calado,
Em lume divinal a sorte alcança.


Atrás do que pudera claridade,
Deixando sepultado o meu passado,
Prepara tão somente uma esperança...

XVI


A força desse amor que sei divino,
Insuperável canto da amizade.
Torna-me, de repente num menino,
Querendo assim, de todos, irmandade.

Trilhando no caminho da verdade
Que é feito sem temor e desatino,
Mudando toda história e meu destino,
Saber, permite solidariedade...

Vencendo mil temores, cardos, urzes...
Espinhos, pedregulhos, desamores.
Não permitindo mais terríveis cruzes,

Abrindo uma vereda em temperança.
Pintando nosso céu de mansas cores,
Já verdejando os olhos da esperança...


XVII

Amor é bicho cheiroso
Perfumado de lavanda,
Tão matreiro e tão dengoso
Por qualquer coisa desanda

Vai ficando melindroso
Me deixando na varanda,
No seu modo caprichoso
Coração pesa de banda

E faz sempre uma arrelia
Estrupício verdadeiro,
Desancando a poesia,

Vai mudando logo o cheiro
O que cheirava fedia,
Do mel sobrou só vespeiro...


XVIII



Amor que nos invade
Sem medos ou receios,
Fogueira que nos arde,
Não conhecendo freios,

Amar jamais é tarde
Reconhecer os veios
Que sem fazer alarde
Prometem devaneios...

Eu quero ser teu par
Na andança mais comprida,
Que é feita sem parar

Em toda imensa vida,
Deitando em nosso lar
A lua comovida...

XIX



E vamos de mãos dadas ao futuro
Que a curva da esperança preparou,
Se o tempo que vivemos, tão escuro,
Por certo depois disso, o céu brilhou...

O chão que percorremos, ledo e duro,
Mostrando uma tristeza que restou,
Amiga estando juntos, salto o muro,
E encontro o que amizade preparou.

A festa maviosa noutras sendas,
Com gozo e com total felicidade,
Fazendo das angústias meras lendas,

De um tempo que jamais retornará,
Contigo, amada amiga, brilhará
A força tão gentil de uma amizade...

XX

Procuro tua imagem, teu retrato
E não encontro nada; estou vazio.
A solidão se mostra um duro fato
Distante do que quero e fantasio.

Na placidez tão calma de um regato,
Uma cascata enorme, em desafio
E o sonho em que eu vivia, eu já desato,
E apenas na esperança inda me fio...

Buscando-te querida, nas estrelas,
Nas ruas e nos bares, céu e mar.
Meu barco solitário abrindo as velas,

Naufraga em desespero, sem saber
Aonde poderia enfim buscar
Quem dentro de mim soube se esconder...


XXI

Sentindo o teu desejo em meu pescoço
Em forma de mil beijos tão molhados,
Trazendo aos meus ouvidos alvoroço.
Teus seios pequeninos, perfumados...

E sigo com meus lábios a viagem
Que chega ao teu umbigo e quer bem mais,
Encontro de soslaio qual miragem
O porto onde a vontade faz seu cais.

Avanço sem temer nenhum castigo,
E percebendo os pelos, tua pele...
Penetro no teu céu, procuro abrigo,
Fazendo que a beleza se revele

E vamos de mãos dadas olhos soltos,
Vibrando em nossos mares tão revoltos...


XXII



Nosso amor vou desfrutar
Em lençol de seda e ninho
Vou chegando devagar
Te beijando de mansinho,

Um beijinho em tua nuca,
A lambida no pescoço,
Você diz: Fico maluca,
Mas amor, é um colosso!

Sem ter medo vou audaz,
Em teus cabelos, meneios
Minha boca mais voraz
Vai pousando nos teus seios.

Meu amor não tem pecados,
E não suporta uma intriga
Tantos beijos serão dados
Com cosquinha na barriga,

Depois disto amor, querida
Pode falar que eu não ligo,
A minha língua atrevida
Vai chegando em teu umbigo.


No teu pé tão delicado,
Mil carinhos; vou fazer,
Nosso amor, sabe o recado
Tanta coisa por dizer.

Nossas noites são eternas
E gostosas como o quê
Vou beijando as suas pernas
Paraíso então se vê

Os caminhos que percorro,
Vão ficando mais vermelhos,
Meu amor pede socorro,
Ao chegar aos teus joelhos.

A paixão tem muitas flores,
Vermelhas brancas e roxas,
Mas eu sei dos seus pendores
Quando chego em tuas coxas.

Amar é seguir decerto
Toda a beleza das trilhas,
O caminho estando aberto
Quando alcanço estas virilhas...

O resto bem que eu queria
Nestes versos declamar
Mas a censura esvazia
Já não deixa eu mais falar.

O que importa, minha amada,
Nos versinhos que eu te fiz,
É saber que nesta estrada
Eu te faço mais feliz!!!!

XXIII

A saudade é penuginha
Que arranhando o coração
Na verdade já se aninha
Nos tomando de emoção
Vai voando uma avezinha
Feita de libertação
Da tristeza que foi minha
Agora é recordação...


XXIV


Repentista de primeira
Seu Catulo Cearense
Tendo a lua companheira
No cantar que me convence
Disse amada feiticeira
Tanto amor que a gente pense
Carregando alvissareira
A lua bela em sertão,
Nos mostrou quanta beleza
Sertanejo coração
Encontrei na natureza
Amizade e compaixão
Num repente trovejante
Aprendi uma lição
No luar tão deslumbrante
A divina inspiração
Que se mostra num instante
Iluminando meu chão,
Feito de terra batida,
De poeira pó e estrada,
Resgatando a nossa vida
Prometendo uma alvorada
Em cor diversa e sortida
Mas pra sempre iluminada...

XXV

Na fartura do não tenho
Na esperança do vou ter,
Coração vazio embrenho
E me perco sem prazer,
Solidão fechando o cenho,
Traz vontade de sofrer
Do passando aonde eu venho
Esqueci meu bem querer
Nas esquinas do caminho,
Numa estrada sem final,
Da gaiola um passarinho
Vai voando em dor fatal
Procurando por seu ninho,
Não percebe nem sinal
Mas não quero estar sozinho,
Venha ser meu bem, meu mal,
Com teus beijos e carinho
Teu sorriso sensual,
Meu amor devagarinho
Vai vagando pelo astral,
Dominando vagarinho,
Prometendo num sinal
Meu coração pobrezinho
Será feliz, afinal...

XXVI

A saudade é matadeira
Não me deixa quase nada,
Nesta lua derradeira
No clarão de uma alvorada

A saudade sempre cheira
Uma rosa perfumada
Que sem rumo ou estribeira
Por espinhos decorada.

Saudade é doce castigo
É vontade de saber
O que se foi eu persigo
Na meiguice do sofrer

No passado o meu abrigo
Desabrigo passo a ver
Com ferrão feroz amigo,
Amargo mel pra beber...


XXVII



Sou mineiro das montanhas
Das terras das alterosas
Encontrei as minhas sanhas
Entre espinhos, belas rosas,
Nas manhãs dores tamanhas
Embora em tardes formosas
Esperanças em barganhas,
Amizades caprichosas,

Cantador que sabe ao certo
Caminhar em passo lento
Desaguando num deserto,
Professando um sofrimento,
Coração se achando aberto
Ilumina num momento.
Meu viver já foi desperto
Pela paz perfeito ungüento

Que se mostra na verdade
Poeira tomando assento,
Envolvido em liberdade
Sem ter medo e sem lamento
No poder de uma amizade,
Viva em nosso sentimento
Encontrei felicidade,
Esqueci todo o tormento.

Quando o tempo é calmaria,
Quando a noite é mais criança
Vou vivendo uma alegria
Que se mostra em cada andança
Viva a nossa fantasia
De ser eterna criança
Que no peito já trazia
Amizade em esperança...

XXVIII


Reflexos de teus olhos
Em brilho sem igual,
Amores quando em molhos
Num lance sensual

Realce sedutor
Em verso mais audaz,
Vivendo em teu calor
Prazer que satisfaz

No riso mais preciso,
Na boca mais gostosa
Adentro o paraíso
Em noite mais fogosa,

Amor sem ter juízo,
Sem espinhos, a rosa...

XXIX

Como o rio pra nascente
Meu amor sabe o caminho
Ao granar esta semente
Já não vou seguir sozinho,

Todo amor que a gente sente
Se irmanando com carinho
Traz o coração contente
Ilumina o nosso ninho.

Tanta coisa por dizer
Tanta coisa pra falar
Meu amor, o teu prazer

É gostoso de encontrar,
Tanto amor quero viver,
Pois eu vivo só pra amar...


XXX

Meu coração não se cansa
De buscar amor sincero,
Vive um sonho de esperança
Na mulher que tanto eu quero...


XXXI

Desejo-te bom dia,
Seu moço meu patrão,
Começo a cantoria
Pedindo o teu perdão
Se um dia em arrelia
Te fiz ingratidão,
Amor é fantasia
Decerto um ganha pão
De quem não saberia
Sequer uma emoção
Morrendo todo dia
Nascendo inspiração
Vibrando de alegria
Rastejo sobre o chão,
Porém eu não sabia
De fato da lição
Que a vida em poesia
Demonstra em precisão
Fazer o que queria
Um louco coração.

A sorte em amizade
É feita sem disfarces
Mostrando a realidade
Não escondendo as faces
Que trazem liberdade
Sem medos, sem embaces,
Meu verso na verdade
Pedindo desenlaces
Na solidariedade
Caminho em que me traces
Distantes da saudade,
Curando dos esgarces
Sem ter insanidades,
Só peço que me abraces
E vamos companheiro
Vagando o mundo inteiro
Sem medos ou temores
Riscando estas estradas
Nos rastros desta lua
Que em noites bem raiadas,
Eterna, continua...


XXXII

Querida, eu te dedico
Os versos que imagino
Tornaste bem mais rico
Meu sonho de menino.
Assim logo eu te explico,
No bem que me ilumino
Sonho, eu personifico
E nele vaticino

O que me trouxe aqui,
Em tarde maviosa,
Saber que encontro em ti,
Perfume em bela rosa,
A sorte que eu vivi,
Decerto caprichosa

Receba este presente
Que trago em emoção
O mundo que pressente
Amiga a solução,
É luz tão envolvente
Invade o coração.

Quando aniversaria
Pessoa tão bacana,
A luz que se irradia
Deveras soberana
Transporta em poesia
O brilho que se emana
De quem amor dizia
E que jamais se engana..

XXXIV


Beijando em tresloucada ventania
Que aporta em nosso corpo, apronta a sorte
Divina sensação de fantasia
Que mostra num segundo belo aporte

De sonho que se molda na magia
Fazendo para o céu belo transporte
No canto em que emanaste poesia
Tu deste para o sonho tal suporte

Que assim, proficuamente sigo em ti,
Profusas sensações de amor insano,
No toque sacrossanto, mas profano,

Vivenciando o mundo que pedi
A Deus em prece, reza, em oração
Altar maravilhoso da paixão...


XXXIII

Amar sem ter medidas,
Medida necessária
Traz fogo em nossas vidas,
Em luz que temerária

Curando estas feridas,
De forma santa e vária,
Audaciosas idas
Da sorte procelária

Que um dia se perdendo
Teu corpo ela aportou,
E nele enfim desvendo

O bem que segredou
O mundo que a contento,
Depressa iluminou...


XXXV


Eu quero poder ter tua amizade
Detendo nos meus dedos rica sorte,
Que é feita nos teares onde aporte
O sol em soberana claridade.

Saber usufruir da liberdade
De ter felicidade como norte,
Distante de seus braços, na verdade,
Não vejo cicatriz para este corte

As horas se passando, tristes; velhas,
Não soam como paz, somente frias...
Na santa fantasia em que espelhas

Belezas que eu julgara já distantes,
Amiga, resumindo o que dizias,
Embainhei meus medos mais constantes...


XXXVI

A festa prometida
Na noite que virá
Mudando a nossa vida
Na certa brilhará

Em taças de cristal
Um brinde nos alcança
No toque sensual
Delícias e festança

Enlevos e meneios
Cabelos como crinas,
Amando sem receios
Adentro campos, minas

E sinto o teu perfume
Em fogo, gosto e lume...

XXXVII


Eu já fiz minha varanda
Olhando pra lua cheia
Meu amor, louca ciranda.
Que decerto me incendeia

Coração quando desanda
Morre na praia, na areia,
Mas, pesado, anda de banda,
Isso é culpa da sereia

Que na varanda surgiu,
Como a lua iluminando,
Roseiral então se abriu,
Tanto amor chegando em bando

Já não sei o que fazer
Da sereia tão bonita
Que matando de prazer,
Todo amor já ressuscita...

XXXVIII

Sussurro em teus ouvidos
Palavras desejosas,
Entrego-me aos sentidos
Espinhos, doces rosas,

Meus olhos combalidos
Na busca por formosas
Vontades e gemidos
Em noites prazerosas.

Sem rumo e sem juízo
Teu corpo ancoradouro,
Viver o paraíso

Saber deste tesouro
No toque mais preciso
Teu corpo, um sumidouro...

XXXIX

Encontro no teu corpo
O doce feito em mel,
Fazendo dele um porto
Perfeito, rasgo o céu,

Vibrando quase morto
Montado em meu corcel
Num mundo mais absorto
Voando em carrossel

Delícias desta boca
Desejos estampados,
Paixão que já se aloca

Tocando rumos, lados
Aprumo meus desejos
Inundo-te em mil beijos...


XL


Qual fosse um astronauta
Que invadindo esta lua,
Achando em sua pauta
A força que flutua

Na refeição mais lauta
Princesa bela e nua
Que bela, andando incauta
Vagando pela rua

Espelha uma estrela
Roubada num momento
Meu pensamento atrela

E segue em calmo vento
Até poder revê-la
Em louco pensamento....


XLI


Valor de uma amizade
Há tempos descobri,
Saber felicidade
Que encontro só em ti,

Um sonho de verdade
Que um dia eu já vivi,
Na solidariedade
Que tenho, amiga, aqui

Permite que este passo
Que eu der seja mais forte,
Rondando o livre espaço

Mudando a sina, o norte,
Vencendo até cansaço
Curando cada corte...


XLII

Amiga, um sonho bom
Que a vida traz pra gente
Cantado em mesmo tom,
Fazendo-nos contente

Amar não é um dom,
Nem mesmo se pressente,
Ouvindo o mesmo som,
Uníssono se sente

Aquele que percebe
A luz de uma amizade
Percorre senda e sebe

Na busca da verdade,
A vida se concebe
Então, em claridade...


XLIII


Querendo o teu destino
Atado em minhas mãos
Os dias, sol a pino,
Sem ti, são todos vãos.

A sorte em minha vida,
Está nos olhos teus,
Sem brilho, pois, querida
Morrendo em duros breus

Famintos desta boca
Sedento de teus olhos,
Esperança treslouca
Afoga-se em abrolhos.

Por isso é te peço,
Vem logo! Eu não mereço?


XLIV


Paixão que nos tomando nunca cessa
Eterno vendaval em doce senda.
Amar não é segredo nem promessa
Tampouco uma vontade feita em lenda,

Amar é sensação que sem conversa,
Avassalando sempre nos desvenda,
Unindo num mosaico, não dispersa,
Depois de certo tempo em mesma tenda

Os corpos que se buscam imantados,
Profundos sentimentos domadores,
Em fantasias olhos que se tocam,

E se perdendo estão bem mais atados,
No espaço se encontrando sonhadores,
No peito dos que amam já se alocam...


XLV

Um cavaleiro alado
De estradas vai repleto,
De um sonho enamorado
Nos sonhos me completo

Sabendo que meu fado
É ter estrela guia
Decerto sempre ao lado
Em vida e fantasia,

A dona do castelo
Talvez não percebesse
Que o sonho que revelo,
Em formato de prece

Levasse meu corcel
A procurar seu mel...




XLVI


Minha noite emoldura teu rosto
Em fantástica luz, rara tela,
Meu cantar se mostrando disposto
A louvar este amor se revela

Bem distante de todo desgosto
Qual corcel que voando sem sela
Deixa um sonho feliz mais exposto
De poder perseguir luz tão bela

Encontrar entre estrelas aquela
Onde a vida se apega e se atrela
Tão igual e também seu oposto.

No teu sol, com certeza eu me tosto
És meu barco, encontrei leme e vela
Primavera matando um agosto.


XLVII


Não duvides, querida deste amor
Que cala dentro em mim, quase não fala...
Bastando-se somente. Sem temor
Da noite que vier. Somente amá-la...

Não cabe mais resposta nem pergunta,
Minha alma sem a tua não resiste.
A vida a cada dia nos ajunta,
E solitariamente morre triste.

Encontras as pegadas dentro em mim,
Não sei por que tu queres procurar,
Se tudo o que tivemos mostra enfim
Que os passos que vivemos, ao luar,

Eternamente livres, deixam rastros,
Apenas nos espaços, morrem astros...


XLVIII


Alegria perene eu percebo
Nestes versos que fazes, querida
Tanto amor de teus braços recebo
Bênçãos raras que encontro na vida.

Descrevendo meu sonho de paz,
Cavaleiro montado em corcel
Que esperança feliz já me traz
Navegando liberto em teu céu.

Naus, jangadas, saveiros e barcos,
Oceanos longínquos passei.
Estrelares desejos em arcos
Que nos sonhos, amor eu trarei

Os meus olhos de ti tão sedentos,
Expressando reais pensamentos...


XLIX


Eu te quero calor,meu abrigo
Esperança divina de paz,
Coração caminhando contigo
Alegria, na vida, ele traz.

Todo o sonho que um dia, persigo,
Encontrei onde amor satisfaz
Na verdade em amor tão amigo
Liberdade se mostra capaz.

Tenho em ti a magia de ser
Algo além do que sempre pensei.
Minha glória é poder te saber

Nas andanças que um dia encontrei
Venha logo que o tempo esfumaça
E a vontade já não se disfarça...


L

Cantar minha alegria de existir
De ser, estar, pensar, viver... enfim...
O tempo de existência que há de vir,
Mostrando todo amor que habita em mim.

O som da melodia do porvir
Dos dias que passei, trazendo assim
O gosto do lutar e redimir,
Os erros que cometo e digo sim

Ao teu carinho imenso musa amada,
Que sabe como é bom a dor do amor.
Dançar junto aos meus braços, encantada

Fazendo em cada verso uma esperança
De vida em sintonia, que é louvor
Ao amor gigantesco,essa aliança.


LI


Em todos os desertos que já tive,
Sonhei com este oásis, tua boca,
Um resto de esperança que inda vive
A vida sem te ter é muito pouca

Floresces no meu peito em raridade,
Morena sedutora lá do sul,
Meu céu vai encontrando a claridade
Tão distante do mar, perto do azul.

Teus lábios com doçura em pleno mel
Procuram por meus lábios, num desejo,
O sol já descortina tira o véu
Das nuvens neste claro e manso beijo.

Nascendo na beleza desta flor,
Reinando para sempre o nosso amor...




LII


Vestindo tua pele com meu beijo
Encontro tal magia que enlouquece
No templo mais gostoso do desejo
A cada novo dia, a mesma prece

Que molda em amor e fantasia
Um mar de imensidão em ondas fortes,
Encontro tudo aquilo que eu queria,
Nos lábios tão sedentos onde aportes

Com fogo e com paixão em noite intensa,
Vontades e delírios se misturam,
Ser teu e estar contigo, amor compensa,
Em todas as delícias que já curam

Os medos e os temores mais cruéis
Distantes dos teus gozos, raros méis...


LIII

Amar é ser insano
E nisso boto fé,
Um gozo soberano
Depois de um cafuné
Querida, eu não me engano
Amar sempre dá pé,

Bailando sem cansaço
No corpo mais gostoso,
Saber que cada abraço
Num toque fabuloso
Estreita mais o laço
Em promessas de gozo.

Vem logo e assim decida,
O bem em nossa vida...

LIV


Nestes vales prolíferos plantei
Sementes que brotaram em mil flores.
As vertentes auríferas que sei
Nos seios rebentaram os amores.

Anseios desejosos; te cantei,
Carregue meus caminhos onde fores,
Nos campos olorosos semeei
Não negue nossos ninhos, tantas cores...

Na chama que, te ardendo, me consome,
Trama nos envolvendo a cada dia,
No banquete carnal matando a fome,

Vibrando nossos corpos, convulsão...
Fomentam os momentos de alegria,
Causando em nossos portos, explosão...


LV

Amor só santifica
Não é pecado amar,
Uma alma nobre e rica
Percebe que pecar
É coisa que se explica
Somente em desamar.

Pecado, na verdade
É ter uma alma em vão,
Sem amor, amizade,
E ser somente o não.
Quem teme a claridade,
Encontra escuridão.

Se é pecado ser terno,
Meu Deus vive no inferno.


LVI


Amor que nos transforma
Cativo e soberano
Tomando a nossa forma
Já não admite engano.
Amar é sacra norma,
Um gesto mais humano,

Encantos e magias
Amor sempre nos traz
Envolto em fantasias
Querendo sempre mais,
São tantas alegrias
Que amor se faz capaz.

Eu quero ser teu fado,
Teu homem bem amado...


LVII


Querida, eu necessito que tu venhas
Sanar com teu carinho imensa dor,
Que a sorte deposita em duras brenhas
Deixando-me somente, um sonhador

Que em busca do calor encontra as lenhas
Dispersas e distantes de onde for.
Procuro nas pegadas, tuas senhas,
Que podem num segundo, recompor

Caminho em que busquei felicidade,
Porém ao perceber a tempestade
Em um momento quase se perdeu.

Pois saiba que contigo irei desperto
Sem medo de tristezas ou deserto,
Oásis de alegria. O canto teu...


LVIII

Embora destruído tantas vezes,
Sem ter na vida apoio, sem ter hastes,
Cansado de enfrentar vários reveses
No peito o sofrimento em vis desgastes,

Não posso defender antigas teses
Nem mesmo usufruir o que legastes
Distante de teus olhos, vou há meses
Na busca do que em sonhos me deixastes.

Procuro, na verdade por defesas,
Que possam permitir passo preciso,
Amor não se concebe e longe dele,

Tentei deixar as costas quase ilesas,
Somente na amizade, e em seu sorriso,
À verdadeira paz, amor compele...


LIX


Quisera te tocar, ó prenda minha,
Levar-te pelos campos... vem comigo,
Meu peito nos teus braços já se aninha,
Sabendo da doçura deste abrigo.

Vibrando junto a ti as maravilhas,
Dos montes, cachoeiras e cascatas,
Roubar-te destes pampas, das coxilhas,
Trazer-te para Minas, belas matas...

Levar-te num galope, ao paraíso,
Espera tão feliz, prenda adorada,
Tomando desta forma o teu juízo,
Cantar-te numa noite enluarada...

Não deixo o minuano te tocar,
Tu terás meus abraços a esquentar...


LX

Vem logo meu amor, bem safadinha
Que eu quero desfrutar todo o prazer
Que vem da tua boca e da xaninha,
Jamais me cansarei de te dizer:

Te quero nesta noite, assim, putinha,
Deixando na verdade acontecer
Inundação em fogo na grutinha
Cheirosa e molhadinha a me aquecer.

Teus seios, tuas coxas bem abertas,
Em mel, sou teu, é meu, os nossos gozos,
Recomeçamos logo tu despertas

E novamente sinto que tu queres,
A santa que em pecado mais gostosos,
Bendita maravilha entre as mulheres..

LXI


A tua silhueta maviosa
Desfila no meu quarto, toda nua...
A pele que recende olor de rosa
Convida e nossa festa continua.

Bem sei o quanto sentes vaidosa
Se em teu prazer minha alma assim flutua,
Na pele acetinada e tão sedosa
Brilhando sob a luz da plena lua

Uma argentina imagem me conquista
Mostrada na nudez tão desejada.
Não há ninguém no mundo que resista

Na sede do querer, logo deliro,
Bebendo de teu corpo, minha amada,
Aos teus seios e braços eu me atiro...

LXII


Querida, é muito bom contar contigo
Por isto eu te agradeço e não me canso.
Dizer que do teu lado eu sempre alcanço
Felicidade plena que persigo,

É quase, na verdade redundância,
Pois tu tens o poder que me apascenta
Em toda turbulência. A elegância
De quem em braço firme já sustenta

Uma amizade feita lealmente.
Em teu aniversário, cara amiga,
Meu coração batendo mais contente
Permite que a ternura em que se abriga

Traga uma soberana sensação
De paz, tanta alegria, amor, perdão...

LXIII

Bagunça o meu coreto e faz a festa
Não deixa mais sobrar nenhum detalhe,
Na boca que procura cada entalhe,
Promessa de invasão em doce fresta.

De todo o meu juízo nada resta
Senão esta vontade que se espalhe
O corte tão gostoso que avacalhe
O siso que não cabe nem se empresta.

No sal, suor, sangria desatada
Fornalha inesquecível, gozo franco.
Contigo o fogo pleno não estanco.

Sozinho na verdade não sou nada.
Apenas reviver o que senti,
Deitando o meu prazer bem junto a ti...


LXIV

Eu quero o teu amor junto comigo,
Passeio o meu sonhar pelas estrelas,
Viver sem teu carinho eu não consigo,
As noites que tivemos... Esquecê-las?

Tu és a minha chama e meu abrigo,
As horas que vivemos são tão belas.
Meu coração ao teu ,depressa eu ligo,
Meu barco em teu amor ganhando velas...

Querida não me esqueço de dizer
Desse sonho encantado que nos une,
Que é feito de alegria e de prazer,

É vida a cada dia renovada,
O desejo voraz que nos reúne,
Já nos traz essa noite enluarada...

LXV


Amor que em sofrimento fez-se pedra,
Espinho lacerante do caminho,
Em dor tão gigantesca que já medra
Naquele que julgara ser sozinho...

Na aridez desértica dos sonhos,
Inútil tentativa: ser feliz.
Os dias se passaram mais medonhos
Escarnecido peito em cicatriz...

Ao ver-te, enfim, comigo bem amada,
Percebo que valeu toda esta luta.
Surgiste salvadora deste nada;
É voz alentadora que se escuta...

As marcas te enaltecem, cantam bardos:
Plantas dos pés feridas pelos cardos.


LXVI


Eu quero o teu grelinho em minha boca,
Durinho, bem safado e sempre teso,
Tocando com meus dedos tua loca,
Ser tua presa, estar mais indefeso,

Sentindo na umidade da xaninha
Um rio de prazeres me tomando,
Lambendo até deixar bem molhadinha
Depois com fogo ardente ir penetrando

Em todos os caminhos, frente, atrás,
Até poder gozar junto contigo,
Querendo novamente, e sempre mais,
Um mundo que deslumbro e que persigo

Encontro em tuas sendas, com tesão,
Fogueira incendiando, um furacão..


LXVII


Caminhamos pela vida,
Lado a lado na alegria
De te ter tão bem querida,
Amizade em sintonia,
Vou vivendo na verdade,
Na certeza da amizade...

Minha amiga, companheira,
Como é bom poder saber,
Que durante a vida inteira,
Esperava por você
Você trouxe a claridade,
No carinho da amizade...

O meu canto já se espalha,
Como o perfume da flor,
Toda a dor ele atrapalha,
Pois é cheinho de amor,
Nesse canto a santidade,
No valor de uma amizade..


LXVIII

Amigo tantas vezes procurei
Em meio a tempestades violentas,
As mãos que com as quais tanto apascentas,
No rumo mais sensato que encontrei.

Amigo, como é bom poder dizer
De quanto necessito do teu braço,
Seguindo a vida inteira, passo a passo,
Começo outro futuro perceber

Distante do que fora a minha vida,
Em solidão terrível, sem ninguém,
Agora que percebo o raro bem

Encontro na verdade uma saída
Envolta em total luz e claridade,
Na força mais sublime da amizade...


LXIX


Apenas este gosto meio amargo
Que trago no meu peito, quase triste.
Na voz que vacilante, sempre embargo,
Lembrança da mulher que inda resiste

As névoas e as brumas da saudade,
Embotam a visão, penso que caio,
Mas logo vem à tona uma verdade
E da realidade, eu já me traio

E volto a te abraçar, neste momento,
Com as ânsias de um amor mal resolvido.
Queria te exilar do pensamento,
Encarcerar-te sempre num olvido...

Mas como, se de noite inda reclamo,
E digo aqui, sozinho: Eu inda te amo!

LXX


Eu quero te sentir, dedos e boca
As línguas percorrendo por inteiro,
Até sentir a força intensa e louca
Do orgasmo em que derramas, verdadeiro,

Um poço de desejo inesgotável,
Sentindo o teu prazer e me inundando
No fogo que se mostra insaciável,
Voracidade intensa se mostrando

Desnuda em bela gruta, bem safada,
Orgásticos bacantes não se negam,
A noite em nossa cama, extasiada,

Em loucos desvarios que se entregam
Nudez que em santidade mais profana,
Hedônica loucura que se irmana...


LXXI


Menina vem comigo e então me nina
Que a noite pode ter fantasmas mil.
De todo o desespero que se viu
A noite em pesadelo não termina.

Tua presença calma, feminina
Acalma este velho permitiu
Que a vida não mais fosse dura e vil,
Mudando em calmaria a minha sina.

Vencendo meus temores que de antanho
Fizeram de meu peito um alvo fácil
Contigo, na verdade eu sempre ganho,

Sorriso de menina em corpo grácil
Com toda essa alegria que se emana
Da boca mais gostosa e mais sacana...


LXXII

Logrando ser feliz, intensamente
Vestimos fantasias e desejos,
O corpo se desnuda e assim pressente
A maravilha insana feita em beijos.

Não posso mais conter o desvario
Que toma o pensamento e traz loucuras
-Teu corpo que exalando um doce cio-
Em toque tão suave me procuras

Qual gata ronronando no tapete,
Desnuda em garras, risos e promessas,
Com jeito de quem quer e assim repete,
Deixando já de lado, não conversas

E vamos noite afora, fogo adentro,
De todas as maneiras eu te adentro...

LXXIII


LXXIV


Amada, não percebes meu desejo...
Eu quero o teu carinho aqui comigo,
Roçar a tua boca com meu beijo,
Ser muito mais que simples, bom amigo...

Teu corpo do meu lado é o que eu almejo
Ávido de viver ao teu abrigo.
Em todos os lugares eu te vejo,
Procuro te tocar... mas não consigo...

Quem dera se me desses atenção,
Virias como quero em tua chama
Arder intensamente em sedução.

Tu és minha vontade sem juízo...
Vem logo que meu corpo já te chama,
Pra, juntos, encontrarmos paraíso...

LXXV

Rolamos na noite
Lençóis de cetim
A boca um açoite
Prazeres sem fim.
Os lábios audazes
A língua feroz,
Desejos que trazes,
Invadindo a foz
De um rio tão quente,
Vertentes e margens,
Amor que se sente,
Delícias, viagens,
Orgasmo e navalha,
Cortante gemido,
Calor agasalha,
Um mar invadido.
Em tendas profanas,
As águas rebentam,
Manhãs sobre humanas,
Poeiras se assentam
Vibrando em conjuntos,
Os corpos que falam
Estremecendo juntos.
Nos gozos que entalham
Em pele e sorriso,
Sem termos deslizes,
Nesse paraíso
Nós somos felizes...

LXXVI

Amigo
Verso
Sonhos
Em comum,
Do clean,
Do calmo
Riso
Em mesmo
Zoom.

Eu quase
Não sou
Apenas tento,
E neste intento
Levo ao vento
Uma esperança
Moleca,
Sem juízo,
Vício ou medo.
Apenas o segredo
Que não conto.
Apenas a verdade
Que te escondo
Não mais que um só momento.
Lento e cáustico.

Mas tenho
A segurança
Necessária
De ter
Uma aliança
Que me ampare.
No braço
Tão amigo
Que ofereces.
Benesses
Da amizade
Usufruídas
São lumes
Que perfumam
Nossas vidas...

LXXVII

Amigo
Verso
Sonhos
Em comum,
Do clean,
Do calmo
Riso
Em mesmo
Zoom.

Eu quase
Não sou
Apenas tento,
E neste intento
Levo ao vento
Uma esperança
Moleca,
Sem juízo,
Vício ou medo.
Apenas o segredo
Que não conto.
Apenas a verdade
Que te escondo
Não mais que um só momento.
Lento e cáustico.

Mas tenho
A segurança
Necessária
De ter
Uma aliança
Que me ampare.
No braço
Tão amigo
Que ofereces.
Benesses
Da amizade
Usufruídas
São lumes
Que perfumam
Nossas vidas...

LXXVIII


Perfume de teus lábios junto aos meus
Caminhos que em loucura percorremos,
Meu corpo como um barco sob os remos
Da tua pele nua, olhos ateus

Que vagam e desnudam, tiram véus,
Vislumbram a delícia de te ter,
Desejo interminável no prazer
Que em boca, língua dedos, ganham céus...

Depois ao perceber teu gozo intenso,
Poder usufruir desta delícia
Que é feita em maciez, doce carícia,

Deixando pouco a pouco o corpo tenso,
Até que na explosão, um belo espasmo,
Divino turbilhão em cada orgasmo...


LXXIX


Amiga eu compartilho desta estrada
Que leva ao infinito num segundo,
Deixando que a manhã prenunciada
Invada e ressuscite um triste mundo

Perdido no caminho sem ter nada,
No qual em fantasias eu me inundo,
O peito que sofrera, vão, imundo,
Percebe no teu canto uma alvorada.

Sentir tua presença aqui comigo,
É ter um doce alento em minha vida,
E poder ser além de teu amigo

Um companheiro em rumos tão iguais,
Adoça, apascentando assim querida,
Florindo a nossa senda, o mesmo cais..

LXXX


Amiga, tantas vezes o passado
Rondando a nossa cama, o nosso leito
Fazendo da tristeza um velho pleito
Deixando pouco a pouco, transtornado

A quem viveu um sonho iluminado
Que morre a cada dia insatisfeito,
Amar será talvez, algum direito
Que foi há muito tempo descartado?

Eu quero que tu saibas, cara amiga,
Que a vida nos maltrata e nos destrói
O mundo em solidão tanto corrói

Deixando o quase nada por herança,
Só creio na esperança que me abriga,
Na força que nos une, esta aliança...


LXXXI

Desejos incontidos
Na noite que virá,
Tomando os meus sentidos,
Luar que brilhará,

Sussurros e gemidos,
A vida sorrirá
Os medos esquecidos,
Desde que venhas já.

Amada, eu bebo o mel
Da tua boca insana,
Voarmos livre céu,

Sem rumo nem destino,
Tua alma soberana,
Meus sonhos de menino...

LXXXII


Falando deste amor
Que é fogo em pura chama,
Sem medo e sem pudor
Ardendo em nossa cama,

Carinho redentor
De quem cedo reclama
Um mundo encantador,
Que é feito pra quem ama...

Não vejo outra saída
Eu quero estar contigo,
Amor da minha vida,

Um sonho que persigo
Minha alma vai perdida,
Sem ter o teu abrigo...


LXXXIII


Numa uniformidade que, bendita,
Torna-nos prisioneiros e libertos,
Os passos que já foram mais incertos
Reféns de uma comum e bela dita,

Lapidam a raríssima pepita
Deixando bem distantes os desertos,
Mostrando que em caminhos tão abertos
Uma alma que em outra alma já acredita

Percorre um infinito em mesmo passo,
Os rastros sendo os mesmos nos permitem
Falarmos de união, um comum traço

Que faz-nos diferentes, mas iguais,
Sem fronteiras, divisas que limitem
Em eclipses divinos e totais...


LXXXIV

Colando a minha pele em tua tez,
Sentindo o teu perfume junto a mim,
A brisa antecipando insensatez
Que faz do nosso amor tão bom assim...

Ao ver a maravilha da nudez
Exposta em minha cama sinto, enfim,
Delícia desse amor que a gente fez,
Na noite que quem dera não ter fim...

Passeio por teu corpo,perco o rumo,
Desnudo-me entregando a uma alegria
Bebendo do desejo todo o sumo,

Viajo nas estrelas... fantasia,
Deitando meu amor, já me consumo
E quero estar assim por todo o dia..


LXXXV


Tento fugir, fingir quem nada temo;
Noites e manhãs, luzes mais sombrias...
Repare bem, verás quanto vadias
As nossas travessias sem um remo...

Em todos madrigais, louco, blasfemo,
Procuro versejar tais melodias,
Mas nada restará, nem os meus dias...
A vida verterá demônios, demos...

Queria sossegar os meus tormentos,
Queria conseguir meus pensamentos,
Reinando, soberanos...Fantasia...

A vida preparou sua armadilha,
Tantas vezes a noite vem, me pilha;
Abraçando, abnegado, essa agonia...


LXXXVI


Perdendo todo o rumo no teu mar,
Mergulho no furor em convulsão;
No labirinto sempre a aprofundar
Na busca de teu corpo... Sedução!

Exploro pouco a pouco, devagar,
Até chegar ao fim da expedição
Pronto p’ro tesouro eu ir buscar
Nas ilhas, penetrando em teu vulcão...

Amor enlanguescido deita a chama
E queima neste mar tão ansioso.
Vivendo o que teu corpo já reclama

Sabores e delitos que cometo,
Num cálice, teu vinho mais gostoso,
Orgástica emoção que enfim, prometo.


LXXXVII


Recebo a doce rosa em mil carinhos,
e bebo o seu perfume inebriante,
deixando já de fora os seus espinhos
eu vago no rosal a todo instante.

Procuro desvendar loucos caminhos
em noite tão gostosa e fascinante
destilo no teu corpo, raros vinhos
e quero que tu venhas delirante.

Mergulho meu prazer em tuas sendas
cheirosas, delicadas, sem juízo.
Invado teus segredos, ritos lendas,

sentindo o teu prazer, mel escorrendo
nos lábios e nos dedos, mais preciso
de todo o teu perfume, vou bebendo.


LXXXVIII

amor perfeito, sonho imaculado
de um tempo mais feliz que, eu sei, virá,
e ao mundo mais perfeito guiará
contigo, meu amor, aqui do lado,

vivendo com certeza desde já
o quanto que eu teria desejado
meu canto em tal beleza extasiado
buscando esta ventura que sei há

em tua morenice tão brejeira,
uma escultura feita em silhueta,
tomar-te em minhas mãos a noite inteira,

num ato de ternura e de prazer,
ficar comigo, amada, me prometa;
querida, eu não consigo te esquecer...


LXXXIX


Qual fosse um colibri que beija a flor
com todo o seu carinho em tarde bela,
amor que a gente sente se revela
decerto em cada sonho, encantador,

amada, sempre estou ao teu dispor
e seguindo o teu rastro adoro vê-la
desnuda sob o sol abrasador
qual fosse maravilha em rica tela.

Pousando devagar encontro em ti
a sensação perfeita que buscava
de mel que me invadindo em fogo e lava,

distante dos problemas que vivi
eu quero desfrutar a vida inteira
da flor que em mil desejos, amor cheira...


XC

conduzido, querida, por teus braços
deitando no teu colo um acalento,
sentindo a mansidão de um doce vento
que deixa em nossos corpos riscos, traços.

Ao estreitar assim profundos laços,
não deixo de cantar um só momento,
amor vai me tomando o pensamento
comanda, sem ter pejo os nossos passos.

Sou teu e nada mais me importará
senão seguir teus rastros pela vida.
Eu sinto que talvez encontre já

a sorte que pensara estar perdida,
no amor que a gente sente brilhará
a estrela reluzente, enlanguescida...


XCI


O fio da esperança
atando nossos sonhos,
compondo em nova dança
momentos mais risonhos,

na fresta que se abriu
num coração sincero,
o toque mais sutil
querida, eu tanto quero,

vencer a madrugada,
deitada sob a lua,
beleza extasiada,
de uma princesa nua

que quer além do mar,
ao prazer se entregar.


XCII

Adoro amar você
a cada novo dia,
no amor que a gente crê
delícias em folia,

sem medo e sem por que,
esbaldando alegria,
quem sabe logo vê
amor que bem queria

no corpo da morena
bonita e caprichosa,
uma bela açucena

perfumando qual rosa,
a sorte que me acena,
mulher maravilhosa..



XCIII


Amor nos fragiliza enobrecendo,
Fazendo de nós mesmos mais audazes.
Querida, no teu corpo percorrendo
Encontro tempestades, luas, pazes...
Assim em pleno amor sigo vivendo,
Além do que meus sonhos são capazes...

Tu és a cristalina água do rio
Que bebo, onde me banho com prazer,
Tu és todo o calor que seca a frio,
Caminho divinal onde vou ter
A força que me traz valor e brio,
O sonho mais gostoso de viver...

Contigo sou feliz, nunca o neguei,
Viver assim foi tudo o que sonhei...

I


Almíscar: meus desejos, teu perfume;
Penetrando as narinas, me conquista.
E não há, na verdade, quem resista,
Nem quero e nem concebo mais queixume...

A vida sem teus olhos, não tem lume,
Meu caminho se perde. Não desista:
Grito contido, perco-te de vista.
Mas teu olor suave, qual costume,

Denuncia teus passos, minha amada...
Não perderei jamais a tua estrada,
Nem quero mais sentir outro desejo.

Teu perfume causando, nesse ensejo,
A doçura suave de teu beijo,
Presença do Senhor, glorificada...

II


Procuro a alma das árvores, floresta;
Encontro tão somente esse lamento.
Quisera perceber um só momento,
Do duvidoso tempo que me resta...

Sentidos tão banais, a vida atesta
Que nunca mais terei um só tormento,
Nas falsas esperanças em que tento,
Viver das alegrias, finjo festa...

Nas almas dessas matas, sou machado;
Podando o que puder ter encontrado.
Na seiva que seringo, sangra a vida.

Viver? Quem dera! Sigo sem sentido,
Meu mundo vai girando, estou perdido,
Minha alma qual das árvores, ferida...




III

Minha alma vai ebúrnea e vai proscrita.
Virginal esperança lamuria...
Entre estreitas cimalhas, vai restrita,
O cansaço do sonho me exauria

Sonhadora- em abóbadas se atrita...
Quem, entre tantas festas, luxuria;
Presa, atada, morrendo assim, constrita...
Lutando, em desespero já se hauria...

O céu que te atraia, cores plenas,
Parece-te impossível, tão distante...
Pois como o alumbramento p’ras falenas,

Da luz inebriante, sua amante,
Minha alma se escraviza, tantas penas...
Aprisionada, morre a cada instante...

IV


Desejos me tomando em noite clara
Deitado em minha cama, vejo a estrela
Que em sonhos farejando, se revela
Além do que eu sozinho imaginara.

A vida que em outrora fora amara
Agora se tornando bem mais bela,
Somente por poder sentir e tê-la
Roçando a minha pele, já dispara

O peito em mil vontades, seduzido,
Num átimo em divino frenesi,
Percebo que sonhando chego a ti

Nos braços de um desejo, conduzido
Beijando tua boca em noite imensa,
Sentindo do prazer, a recompensa...





V




Perdido nos teus olhos; me encontrei,
Lançando-me em teus braços, fui só teu.
Se num momento assim, quem se perdeu
Percebe que também eu mergulhei.

Ardentes sensações, eu naveguei
Até chegar ao fundo do meu eu
Que nos teus olhos belos, concebeu
O quando e o quanto tempo sempre amei

Sem ter sequer reservas nem receios,
Nos olhos que faróis são claros guias,
Sentindo em minhas mãos os belos seios

Dos olhos cada brilho, novo rumo.
Profundas emoções em ventanias
Aumentam meu desejo, louco insumo.

VI


Não quero mais ouvir triste lamento
Apenas escutar a mansa voz
Que tantas vezes trança em fortes nós
Felicidade imensa em um momento.

Amar é converter o pensamento
Que temos, minha amada, dentro em nós
Em rio que caminha para a foz
Num passo mais seguro, mesmo lento.

Amor é luz intensa e não se apaga
Nem mesmo a tempestade, imensa vaga,
Consegue soçobrar amor bendito

Que tendo a resistência de um granito,
Até u’a dura fera, amor afaga,
Nas bênçãos que o transformam, infinito..


VII


Da noite que chegando devagar,
Pretendo tão somente uma ternura
Que venha mansamente demonstrar
A divindade imensa, bela e pura

Que enlaça cada passo a se mostrar
Bem longe dos verdugos que em tortura
Invadem com terrível amargura
O sonho em que cismei de te adorar...

Teus seios, tua pele, a tua boca.
Martírios e desejos misturados,
A noite vai rolando, audaz e louca

Atando nossos corpos num segundo,
E assim, em mil prazeres decorados,
Vagamos o universo em mar profundo...

VIII

Amor que quando toca a coisa amada
De tanto que permite se encantar
Além de todo o bem a desejar
Mergulha sobre a senda desejada

E mostra uma alegria transformada
Em sonho divinal a se alcançar.
Vagando em liberdade quer luar,
Derrama-se por sobre cada estrada

Que leva em direção à triste aldeia
Deixada por acaso no seu rumo,
E eu, pobre camponês já me incendeio

Ouvindo este cantar, busco a sereia,
E dela procurado gosto e sumo,
Distante de uma praia, devaneio...





IX


No claustro em que me encontro
Procuro de repente descobrir
Aquele que se foi e não voltou,
Retrato na parede, simplesmente.
Relembro do que fui, mas sem espelhos
Apenas uma imagem que se embaça
No tempo que ao passar, destrói memória;
Longínqua sensação: felicidade.
Guardada em naftalina na gaveta,
Talvez seja, quem sabe, uma miragem...

X


Amor feito um moinho
Em duros dissabores,
Distante de um carinho
Abortando estas flores

Refaz-se em duro espinho.
Meus dias sonhadores,
Não vendo outro caminho,
Fugindo, desertores,
Deixando-me sozinho.

Quem poderá trazer
De novo o meu prazer?
A solidão desola,

Ausência de nós dois
Se nada me consola,
O que terei depois?

XI

No azul do imenso mar
Os olhos da morena
Que eu aprendi a amar
Em noite tão serena

Deitados ao luar
A sorte que se acena
Beleza assim, sem par,
Depressa toma a cena

E mostra quase um sonho
Moldado em riso e canto,
Além do que suponho,

Vencido pelo encanto
Um mundo mais risonho
No amor que eu quero tanto...

XII

Meu peito sossegado
Depois da tempestade
Encontra adocicado
Um gosto de saudade

Daquilo que em verdade,
Pensei fosse meu fado
Tanta felicidade
Com gosto de pecado.

Amor que não se olvida
Em gestos inocentes,
Trazendo para a vida

Palavras envolventes
Decerto uma saída
Em sonhos reluzentes...

XIII

Querida em tua boca,
Ousei um doce beijo.
Uma visão tão louca
Que plena de desejo

Mostrou em lua clara
Caminho desejado,
Ternura que me ampara
No céu bem desenhado

Com brilhos estrelares
Risonhas esperanças
Nas catedrais, altares
Eternas alianças

Além do que eu dizia,
Divina fantasia...




XIV


Jamais será tão tarde
Pra quem tem a razão
Em sonho sem alarde
Completa sensação

De um bem que queimando, arde
Mas mostra a solução
Do dia que não tarde
Moldando uma emoção

Na mão cariciosa
No peito juvenil,
Ao florescer a rosa,

Perfuma o meu canteiro,
A amizade gentil
Um sonho alvissareiro.

XVI


Promessas que fizemos
Em tempos mais distantes
Atando nossos remos
Em mares deslumbrantes

Aos poucos conhecemos
Amores triunfantes
Agora já sabemos,
O que tivemos antes

De termos conhecido
Os termos de um amor
Que é grácil; porém trágico,

Tão frágil vai perdido
Em brilho encantador,
Um sonho atroz e mágico...

XVII


Uma esperança acende
A luz do meu destino,
Um canto que desvende
A sina de um menino

Premissas de um duende
Futuro cristalino,
Vontade que me atende
Com gosto feminino

Da boca mais profana
Gostosa e desejada
Mulher tão soberana

Sem ser carta marcada,
Amor que tanto ufana
Em sorte anunciada...

XVIII


Não tenho mais sossego
Nem uma paz sequer
A vida que carrego
Do jeito que vier

Andando feito cego,
Procuro quem me quer,
No mar que assim navego,
Nos braços da mulher

Amiga e companheira
Dileta em perfeição
Que venha mais inteira

Mostrando que o perdão
É coisa corriqueira
Nos rumos da paixão...

XIX

A pálida manhã em frio e medo,
Alvoroçando um sonho quase vão,
Quem dera discernisse este segredo
Que ronda e quase toca o coração.

O dia se nublando desde cedo,
Talvez inda retrate a solidão,
Meu pensamento foge, quieto e ledo,
Reflete simplesmente cada não

Que a vida em avidez já desmedida
Num bulício insensato me deixou.
A luz que nunca mais alumiou

Há tempos se mostrando enfim perdida
Parece prometer a claridade,
Nos braços de – quem sabe – uma amizade...

XX

Invernosa, minha alma adormecida...
Os sonhos cristalinos : aflições!
Infernos que renascem, minha vida...
Tantas vezes luares e sertões,

Agora simplesmente vai perdida,
Longe das auroras e verões.
Derretem-se geleiras nesta brida.
Sina, caldeirão pleno de ilusões!

Canário que cantou nesta gaiola,
O coração não sabe dos amores...
Amor nunca se aprende nesta escola...

Minha alma adormecida, noite fria...
Minha Nossa Senhora, minhas dores,
Na triste madrugada, uma agonia...

XXI

Não fuja deste amor; é soberano.

Permita te tocar, beijar-te a pele...

Seguindo nossa vida sem engano,

Que o amor quando se chega, nos revele


No toque sensual em teus cabelos,

No beijo tresloucado e mais sedento.

Nas pernas, seios, coxas e nos pelos

Um arrepio imenso, qual o vento...


No teu sorriso doce, teus ouvidos...

Na mão que te procura, a blusa aberta.

Nas tesas sensações, nossas libidos,

Prazer já vem tomando, esteja certa...


Sentindo o teu perfume... Que saudade...

Amar até a plena saciedade...

XXII


Debutante perdida no passado.
A vida transformou essa menina.
O sonho que vivia, abandonado...
O tempo já dobrou a velha esquina!

Vestidos, valsas, danças... O lado
Cruel da vida, cedo descortina.
Primeiro amor, primeiro beijo dado.
A vida veloz, rápida, rapina;

Não deixa tempo para um sonho tolo...
A festa, a dança, noites belas, bolo...
Nada mais restará, pois nada atina.

Os tempos mudam, tudo se transforma...
Nos shoppings, patins, games se conforma.
Acaso mudou a alma feminina?

XXIII


Meu fado não afogo nem reflito
Mas penso que não peso se não vou.
No labirinto extinto solto o grito.
A rosa do que fui despetalou.

O medo de não ter meu infinito
Expresso nas verdades que não dou.
O mundo que vivemos é sempre hirto.
Nas pontes que passaste naufragou...

A cal que sendo cáustica claudica
No laço que me enlaço te enlacei.
A corda que não medes não se explica

Jazeste nas quimeras que me deste.
O mundo que desejo não tem rei.
Alastras como fosses uma peste...

XXIV

Descansar em teu colo, minha amada,
Depois desta batalha; dia-a-dia,
Amiga, companheira e camarada,
Tu és meu par perfeito na alegria,

Na dor e na tristeza. Abençoada
A mão que me conforta em poesia.
Prossigo me encantando, na jornada
Que traz felicidade e harmonia...

Meus olhos tão cansados de um vazio,
Na busca por mim mesmo, autofagias..
Na mansidão serena, como um rio

Deságuo nos teus braços, és me mar,
É sol que me aquecendo em noites frias,
Permite que eu conheça o vero amar...

XXV


Espero te encontrar em belo dia
Tramado pela sorte em nossas vidas,
Um brilho de esperança se irradia
Deixando minhas dores esquecidas.
O dia deste encontro chegará
Bem mais cedo que nós imaginamos,
O rio com certeza vai ao mar;
Amor tem seus mistérios soberanos
E vamos desfrutar desta alegria
Que vale toda a fome de viver.
Assim querida, mais dia menos dia,
O sol virá brilhar, quero você!

XXVI

Amarrei a minha rede
Na varanda da esperança
Já matei a minha sede
Na ribeira da saudade,
Coração batendo alcança
O luar em um momento,
Quando canto uma amizade
Vou soltando o pensamento
Na procura pela sorte
Que me faça mais feliz,
Coração batendo forte,
Esperança por um triz
No amor de uma morena
Que foi tua, agora é minha,
Outra noite que se acena,
Com prazer que se avizinha,
Coração, uma avezinha
Que encontrou decerto o ninho
Na morena feiticeira
Encontrei o meu caminho.
Meu amigo, minha amiga,
Pra falar bem a verdade,
Vou cantando esta cantiga
Feita de amor e amizade,
Esperando que consiga,
Um novo amor de verdade...

XXVII



Encontro-te querida em sonho leve,
Suavemente vejo o teu sorriso
Que estampa num momento mais conciso
O mundo em que delícia já se atreve

Escorregando os olhos vejo breve
Seminudez que invade um paraíso,
Na transparência, olhar em regozijo
Desejo de que a vida sempre enleve

Os momentos mais belos, sensuais,
Trazendo para a vida esta viagem
Que é feita sem limite em doce aragem,

Vontade de querer e sempre mais,
Recebo o teu sorriso, como um beijo
Sinônimo que encontro pra desejo...

XXVIII


Dançando com teu canto sou feliz,
Amando assim, deveras, ganho a vida,
De tudo o que de bom penso que fiz,
Eu devo tanta coisa a ti, querida...

Vivendo uma alegria por um triz,
Acho do labirinto, uma saída,
Não resta mais nenhuma cicatriz,
Tristeza já se foi em despedida.

Encontro em tuas mãos, o meu amparo,
Meus passos nos teus passos, elisão,
O nosso amor, tu sabes é tão raro,

As tuas mãos macias e serenas,
Tocando minha pele e coração,
Prá sorte no futuro já me acenas...

XXIX


Adoças minha boca com teu mel,
Vivendo em cada instante uma alegria
Voando pelos ares, ganho o céu,
Fazendo da esperança, montaria,

Deitando nosso amor belo dossel,
Encontro toda a sorte que eu queria,
A lua vai girando em carrossel,
Tramando a cada volta, a fantasia

Que esparramando estrelas sobre o chão,
Aonde salpiquei meu pensamento
Recebo em cada beijo a perfeição

De quem sabe fazer alguém feliz.
E o dia transbordando em sentimento,
Em versos e prazeres, tudo diz...


XXX


Adoro desnudar-te por inteiro,
Tua alma, pensamento corpo e sexo,
Amor demais querida, perde o nexo
E mostra-se sutil e verdadeiro

Nos atos deste amor, um feiticeiro
Tão simples sendo embora mais complexo,
Não temos a vontade como anexo
Pois vamos sem limites, gosto e cheiro,

Sabores tropicais, aluviões,
Vertentes que se entornam belas fozes
Desejos tão sublimes e ferozes

Retratam as fogueiras das paixões
Que são, tenha a certeza, inaplacáveis,
Em noites que em amor, insuperáveis...

XXXI



Olhando para o céu, enamorado,
Vislumbro nas estrelas teu enlevo,
E sigo a cada dia deslumbrado
Sabendo que feliz, contigo, devo...

Sorriso de menina, mulher bela,
Esculturada em mármor de Carrara,
Pintada em genial e rara tela
Uma perla marinha, jóia rara.

Teu rosto de beleza intensa, grácil,
As mãos alabastrinas seda pura,
Sereia que me encanta, linda, frágil,
Endeuso teu olhar, tua figura

E saio a procurar-te, nos astrais,
Teus rastros que vasculho, siderais...

XXXII


Prazer que eu tanto sinto quando vejo
A tua silhueta tão delgada,
A vida se mostrando iluminada
Além de todo o sonho que prevejo

A noite delicada traz um beijo
Em raios de luar, a madrugada
Promete uma esperança abençoada
Em um momento breve, um relampejo.

Sentindo o teu perfume que se exala,
Invade o pensamento, o tempo cala
E a vida se percebe em alegria.

Não deixo de sonhar nem de querer
Ao receber lampejos do prazer,
A vida se derrama em poesia...

XXXIII

Amor que sei flameja no teu peito,
Deveras me alucina e me domina,
Depois de tanto tempo insatisfeito,
A vida, novamente me ilumina.

Amar passou a ser um meu direito,
Ao ver tua beleza de menina
Que nina toda noite no meu peito,
E logo, num carinho desatina

Quem fora sempre só, calado e mudo,
Agora já percebe tal beleza.

Querida o mar é grande e não me iludo

Não foi feito p'rum barco sonhador.
Mas sei de tudo resta esta certeza
Duma alegria imensa em nosso amor.

XXXIV



Encontro nos teus braços tanto apoio,
Amada, eu não consigo perceber
A vida sem poder seguir o arroio
Que em gigantesco mar vai se verter,

Momentos de paixão, raios ardentes
Desejos incontidos: ser feliz
Os olhos que te buscam vão urgentes
Procuram pelos teus, e pedem bis.

Amar não é somente uma miragem
Percebo esta verdade a cada dia,
Fazendo no teu corpo uma viagem
Iluminado ao sol da poesia

Que invade o meu viver em laço forte,
No amor que se transforma no meu norte

XXXV


Vento frio rondando a minha casa.
Num assobio chama por teu nome
A vida sem teus braços não se embasa
E em fria solidão já se consome.
Quem dera se estivesses do meu lado,
O vento não viria, envergonhado...

Mas, de repente, sinto um bom calor
Tomando todo o sonho, em alegria.
Percebo na presença, o teu amor,
Que veio visitar-me. Fantasia.
Isso me faz feliz, ó minha amada,
Estás na minha pele, tatuada...

XXXVI


Na dança prometida,
Amor que em ti persigo,
Por toda a minha vida
Certeza de um abrigo
Neste louco bailado
A noite se ilumina
Um canto extasiado,
Que nunca mais termina
Do amor que consagrado,
É ouro em rica mina,
Vivendo do teu lado
Cumprindo a minha sina
Felicidade existe
Em cada novo dia,
No sonho em que persiste
Um mundo em alegria.
Eu quero estar contigo
O tempo que puder
Sabendo o meu abrigo,
Se encontra em ti, mulher...

XXXVII


Esperança flor tão rara,
Me alimenta e me mantém,
O meu passo se antepara
Esperando por meu bem
Que virá trazendo a vida,
Volta logo amor, querida...

O meu verso te procura
Noite e dia sem parar,
Esperança é minha cura
Traz o brilho do luar
Ilumina toda a rua,
Onde minha alma flutua.

Esperança de te ter,
Companheira do meu sonho;
Só contigo o meu prazer
De um futuro mais risonho,
Canto amor, em nossa dança
Brilha um raio de esperança...


XXXIX

Arregaçando as mangas pra batalha
Que sabemos feroz em mansidão,
Na mão que te estendendo já agasalha
A força bem mais forte da união.

Um canto mais sublime que se espalha
Tramando para o mundo, a solução,
Não deixo que isso seja fogo em palha,
Partimos para a luta com paixão.

Um sonho que se faz mais necessário,
Um hino, como um brado se revela,
Que jamais se permita ser sectário.

Um pensamento duro e temerário
Destruindo esta fruta doce e bela,
Do amor tão profundo e solidário...


I

Saudades da menina tão bonita
Que sabe conquistar como ninguém,
Depressa o coração logo se agita
Enquanto em fantasia, o amor vem.

Iluminando a vida outrora aflita
Um mundo mavioso eu sei que tem
Na luz que tão intensa- uma pepita-
Dourando a minha vida em tanto bem...

Quem dera se pudesse estar agora,
Ao lado da menina/fantasia,
Vagando o pensamento, mundo afora.

Raiando a madrugada em poesia,
Seria tão feliz. Como seria!
Porém uma ilusão, somente aflora...

II

Não tenha tanto medo de viver,
O amor é como jóia a ser cuidada.
Nos dando uma esperança do querer
Já faz surgir raiada esta alvorada
Amar nunca é demais e não temer
Faz parte desta longa caminhada.

Os olhos que tu queres já são teus,
Os lábios que sonhaste querem beijos.
Não pense que ouvirás um triste adeus
São meus os teus anseios e desejos.
Tu sabes que teus sonhos são os meus,
Viver entre teus braços, relampejos

Do amor que sempre foi estrela guia
De todo este meu canto em poesia...

III



Acendo o meu cigarro e penso em ti,
Nas espirais dos sonhos sempre estás.
Esfumaçam as dores que senti
Adentra a minha casa, chama em paz.

Os versos mais bonitos que eu já li,
Uma canção que o vento, hoje, me traz.
Vontade de te ter comigo, aqui,
Deixando uma tristeza para trás...

O dia que renasce em teu olhar
Estrela, peço a luz pra mais um dia,
É muito bom poder, a ti, amar

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Amar-te, com certeza, o que eu queria,
Saber que tu és minha... amor... enfim...


IV



Eu quero este lugar imaginário
Onde eu possa te amar o tempo inteiro,
Sem ter que olhar relógio ou calendário,
Amar desde janeiro até janeiro.

Não ter que bater ponto nem horário
Apenas ser feliz e verdadeiro.
Não ter mais paciente nem fichário
Amor gostoso useiro e mais vezeiro

Que nunca mais se canse de querer
Toda querência bela que se tem,
No cálice profano do prazer

Embebedar-me até não poder mais,
Do mundo? Não me importa mais ninguém,
Até que enfim poder amar em paz!

V

Um dia, bem mais cedo que se pensa,
Ainda nos seus tempos de menina,
Buscando noutra vida a recompensa
Na luz que mal se vê logo alucina,

A sorte se mostrando mais pretensa
Que em festas e desejos já domina
Quem pede, mas não ganha e se compensa
Nas pernas e na boca descortina.

Vestida da nudez que em cena atrai,
Nos bares e botecos, noite e dia,
A vida benfazeja não distrai

E traz o seu sorriso meretriz,
Barata carne em ser mercadoria,
Ao menos por instantes foi feliz...


VI

Sorriso que em teus lábios já floria
Trazendo para a vida a claridade.
Tomando meu desejo em harmonia,
Além de toda a paz, serenidade...

Nas águas da divina fantasia
Bebendo todo amor, imensidade,
Qual sol em que esta terra se irradia
Sorriso que traduz felicidade..

Permites os meus sonhos cristalinos
Nos lábios que desejo, desatinos...
Em tantas vibrações, vou me encantando.

Em toda a maravilha estou envolto,
Voando pelos astros, corpo solto,
Com toda uma alegria, ir te beijando...

VII



Esqueça teu passado, imploro-te querida...
Bem sei que foste brilho em meio a noite escura,
Bem sei que já tiveste o beijo da ternura,
Porém se estás sozinha, a dor da despedida,

A morte de quem foi razão de tua vida
Não pode ser assim uma eterna amargura.
Eu sei, sou imperfeito. Espero ser a cura
Poder cicatrizar essa enorme ferida.

Quando falas de amor nos nossos, bons, momentos;
Recebo desta noite os mansos, doces, ventos...
Eu sou o teu futuro, e nele vou morar.

Eu quero teu amor, esteja disso certa,
Eu quero em nossa casa a porta sempre aberta...
Se queres ser feliz, deixe de comparar...


VIII


Eu vibro neste amor em sentimento intenso
Num labirinto exposto a sorte de te achar
Recebo em horizonte o sonho em que compenso
As dores que senti por tanto te esperar.

E a cada novo dia, em que, querida eu penso
No amor que tanto tenho; entregue ao te adorar,
O dia vai mais manso, e nisto recompenso
O tempo que passei distante de teu mar...

Agora que percebo um horizonte pleno
Na doce sensação de estar sempre contigo,
Amor que vem chegando, em passo mais ameno

Transborda no desejo imenso de poder
Chegar devagarinho, e ter aqui comigo
Decerto uma alegria em nosso bem querer...

IX

Amar é transbordar felicidade

Não é ser singular, é ser plural.

É conhecer a vida de verdade,

Vagar, com pés no chão, por todo astral.



Amar é conceber a liberdade

E sempre querer bem, negar o mal,

Potência que se faz força e vontade,

Sem artifícios ser mais natural...



Eu quero todo encanto deste amor,

Que é por apenas ser e nada mais.

Um paraíso em canto, salvador.



No versejar alegre e tão festivo,

Trazemos nosso amor, que é feito em paz,

Do qual e pelo qual, respiro e vivo!

X



Quem dera se viesses prenda bela,
Galopo em pensamento e chego a ti.
Montando em meu cavalo, arreio e sela,
Buscando esta esperança que perdi...

Beleza que em teus olhos se revela,
Em um segundo, enfim, estou aí,
Estrela que me guia o sonho atrela
Guria, és a mais guapa que já vi.

Mateando co'a amargura da saudade,
Nas coxilhas procuro esta alegria,
Ninguém sabe dizer; amor quem há de

Informar ao mineiro sonhador
Somente o minuano é quem me guia
Aos braços desta prenda, meu amor...

XI


Amar não é loucura ou fantasia
É verbo que se faz felicidade.
É canto que nos toma em alegria
É sonho que nos guia à liberdade.
É vida que se entorna em poesia,
É rumo que nos leva à mocidade.

Loucura é desamor, tanta tristeza,
É verso em que se dá desilusão,
É rio que se perde em correnteza
É chuva que não veio no sertão,
É lágrima sentida em impureza
É tosca e tão cruel ingratidão.

Amor nos alimenta e agiganta,
É força que nos salva e nos encanta...

XII

A vida se transforma em duras lutas,
As luas e desejos se despojam.
Amores e cansaços desalojam
As noites que se foram, frias, brutas...

Nos medos minha angústia, não refutas;
Pois sabes que torturas não se forjam,
Nas dores que, no peito, sempre alojam.
Distâncias e saudades são astutas...

É minha culpa, tento ser sincero,
Unicamente minha! Mas desejo
Que neste nosso amor, que é manso e fero,

A vida não se torne uma mortalha,
A noite que vivemos, nosso beijo,
Na garra que demonstras cara Amália!

XIII

Felicidade existe
No amor que fora triste
A vida agora insiste
E traz novo sorriso,
Brilhando em noite imensa
Trazendo em recompensa
Em clara luz intensa,
Visões do paraíso.

Tu és meu passarinho
Que busco, vagarinho
Adentrando no ninho,
Em canto acolhedor,
Um coração festivo,
Que neste amor revivo
Em ar contemplativo
Refém de tanto ardor.

Vagando pelas ruas
Estrelas, plenas luas,
Imagens, belas, nuas
Que guardo com afeto.
Teu beijo em que me entrego
Prazeres que carrego,
No mar onde navego
Meu sonho predileto...

XIV


Tu és minha esperança de alegria,
Meu verso desejado e preferido,
Vivendo um mundo cheio de alegria,
Sonhando um universo mais querido,
Conheço do teu lado esta verdade,
Pintada em pleno amor, sinceridade...

Vieste perfumar o meu canteiro
Com flores delicadas e singelas,
Busquei-te meu amor, o tempo inteiro,
Nesta beleza imensa que revelas...
Amor que tenho em ti, com claridade,
Nos permite viver, feliz cidade...

XVI


Amada, como espero esse momento
com tal felicidade no meu peito.
Entrego todo amor e sentimento
pois sei que ser feliz é meu direito.

Não quero mais do fel, tormento
nem quero mais seguir insatisfeito.
Teu nome vem chegando pelo vento,
tocando o coração. Amor,aceito

o teu carinho, sempre redentor,
é lume que me guia pela vida.
Destrói o que se fora triste dor;

refaz minha esperança dia a dia,
por isso é contigo amor, querida,
pretendo me entregar à fantasia.


XVII


As dores que me tocam, seculares;
Por vezes me maltratam e desprezam
Nas costas, toneladas que já pesam
Depreciando sempre meus altares.

Às vezes esquecido em ledos bares,
Botecos da saudade onde não rezam
Aqueles companheiros que me prezam,
Bem poucos, pois se tanto, restam pares.

Malgrado em cada riso eu reconheço
O gargalhar insano e quase louco,
Promessa de outro porre e de um tropeço.

Em párias madrugadas, a verdade
Do que restou assim, deveras pouco,
Apenas nas carcaças, a amizade...



XVIII

Amada amiga amante, rosa rara,
Aguardo o teu carinho em ansiedade
Nesta emoção que espero, bela e cara,
Poder usufruir felicidade

Ao lado de quem sempre me antepara
Com braços e sorrisos de verdade,
Adoça a minha vida tão amara
Mostrando este prazer da liberdade...

Beijando tua pele, cara amiga,
Tornando cada olhar mais prazeroso,
Que a sorte ao nosso lado assim prossiga

Trazendo uma alegria que é sem fim.
No gesto mais amigo e carinhoso,
Onda do amor que veio para mim..


XIX

Quando Deus fez a Terra, Seu encanto,
Com tantas belas cores enfeitou.
Na voz da natureza pôs o canto.
No meio das estrelas repousou.

Enfeites polvilhou cada recanto;
E belezas sem par imaginou.
Na noite das crianças, acalanto,
São provas que o Divino Pai amou!

Aos homens trouxe a luz d’uma mulher,
Amada companheira de beleza
Ímpar, pois é rainha onde estiver.

O fogo vai queimando numa pira,
A noite se passando sem tristeza.
À minha vida, ornando, deu Alzira!

XX


O sol que tanto queima quanto afaga
E trama, em seu calor, um novo dia.
Ressurge calmamente em toda plaga
Renasce flamejante fantasia...

Nos prismas destes raios multicores
Em líricos poemas te desejo,
Dizendo destas cores dos amores
Que nascem nos carinhos deste beijo.

As sombras que na noite são terríveis,
Perseguem coração nem bem amamos
Causando tantas dores mais temíveis,
Nos desatinam sempre que sonhamos,

Durante o dia quente, dão frescor,
Uma alvorada calma em nosso amor!

XXI

Amando desde cedo
Cedendo ao doce amor
Amar, saber segredo,
Segredo a se compor

No verso, nosso enredo,
Enredo-me em calor,
Calando todo o medo
Moldura a se propor

Em raio fulgurante
Diante do que sou,
Um sonho deslumbrante

Avante sempre vou
Contigo neste instante
Amor nos abrigou...

XXII

Alva, vinhas; veloz alvorecer...
Beijo embarco na bela doce boca...
Trago o tato, temi tirar a touca
Adoço o sonho, quem me dera ser!

Não sei se sabes sinto não saber,
Aporto portos pútridos. Espoca
O meu medo, penedo a percorrer.
Meu trabalho foi falho, fel desloca!

O rombo dos arroubos foi rebento.
O traço dos meus passos foi errado.
Varais, vestidos, vértices do vento...

O que não sei serei ou desfaço...
O canto que cantei nunca encantado.
O resto que traguei, um simples traço!

XXIII

Balançando a roseira
Te nino a noite inteira
Afasto uma besteira
E te deixo feliz,
Afogado em carinho
Olho devagarinho
E chegando mansinho,
Bebo pedindo bis.

Sabendo dos enredos
Percebo teus segredos
Aplacando meus medos
Cantando o nosso amor
Em verso doce e macio
Contigo me fantasio
Tua nudez, espio
Corpinho encantador

Pecado que cometa
Perfeita silhueta
De curvas, mais repleta
Moça bonita traz
Beleza que me encanta
Minha alma sempre canta
Vontade que agiganta:
Poder amar em paz...


XXIV


Não vou tomar jamais este Pondera
Que agora me trouxeste, não mereço.
Amor que tanto eu quis e, quem me dera,
Não fosse tabelado em caro preço.

Amada eu já cansei, mas não pondera
Parece que esperando o meu tropeço
Tu venhas abortar a primavera,
Virando a minha sina já do avesso.

Não quero aqui ficar tão boquiaberto
Na espera desta morte que não vem,
Preciso descobrir se sou alguém

Ou morro sem oásis no deserto.
Perdi, faz tanto tempo, bonde e trem,
É bem melhor que eu fique, então, esperto..


XXV


A boca foi sedenta, o corpo quente,
Os dedos penetraram, com potência
Deixando quase ao largo uma clemência
Que chegou numa noite, de repente.

Marés que nunca foram, vou descrente
Do canto que erigiste uma inocência
Beirando insensatez, total demência,
No fundo alegoria se pressente.

A loca que se toca em louca boca,
Mordisco com vontade e assim se enfoca
A pescaria feita com sarcasmo.

Encontro de prazer em pororoca
Matando uma minhoca com marasmo,
Afogando em garoa, sem orgasmo...

XXVI

Loucos sonhos, delírios insensatos...
Milhares de fantasmas rutilando.
Rituais ancestrais, irei voando
Por espaços, meus laços, meus retratos...

Atípicos pendões surgem inatos,
Dos céus descendo os anjos, flutuando...
As mãos vazias, gôndolas girando.
Irresponsáveis aves sobre pratos,

Escapo deste céu, não temerei.
O cetro me negando, mata o rei
Nas minhas terras, cega confusão.

As vagas tempestades, as sereias,
Nas mãos que me torturas, me incendeias...
Gira mundo, alucina, perco o chão...

XXVII


Amigo e camarada
Andando nesta estrada
Raiando uma alvorada
Em sol que sei intenso,
Percebo quanto é bom,
Andarmos mesmo tom,
Dos pássaros o som
No qual eu me convenço

Que a sorte não se engana.
Horóscopo e cigana
Verdade que se ufana
No dia que chegou.
Teu braço, belo apoio,
Descendo pelo arroio
Calando um triste aboio
Um dia em paz raiou.

Percalços no caminho,
Em pedras, urze, espinho
Andar devagarinho
Traz a superação.
Vencendo a tempestade
A força da amizade
Permeia em claridade
A dura escuridão...


XXVIII

Caminho no compasso
Amor ganhando espaço
No verso que te faço
Rodopiando lento,
Teu mel, viva ternura
Desejo que me cura,
Da vida que se apura
Em cada sentimento.

Bebendo tua boca
Vontade quase louca,
Qualquer palavra é pouca
Para isto traduzir,
Vencendo o duro frio,
Amor em rodopio
Promessa de um estio,
Mostrando o que há de vir

No dia mais airoso
De amor feito gostoso
Um canto mais charmoso
Inundando o regato,
Eu quero ter, querida,
Por toda a minha vida,
A sorte decidida,
Amor que é bom de fato...

XXIX

Um passo mais amigo
Permite um doce abrigo
Num mundo que persigo
Sem medo e sem cansaço;
Vestindo uma esperança
Na roupa da lembrança
Do tempo em que criança
Dei meu primeiro passo.

A mão que conduzia,
Aos poucos me perdia,
A vida com magia
Nos tornou mais distantes,
Porém eu percebi
Que todo o bem que em ti
Reluz e mostro aqui
Em versos claudicantes

Minha amiga primeira
Quem dera a vida inteira
Tivesse a companheira
Que gestando emoção
Se fazendo mais forte,
Mostrando um vero norte
Sanando cada corte
Em luz e devoção

Se tantas vezes tive
Lugares onde estive
Manhã já se revive
No verso que dedico,
Palavras, sentimentos,
Os bons e maus momentos,
Apoio nos tormentos,
Amor que sei tão rico

Nas mãos desta mulher
Eu aprendi que a vida,
Do jeito que vier,
Encontra uma saída...


XXX


No sonho que revelo
Amor que com desvelo
É barco em que me atrelo
Na busca deste encanto
Que cobre a fantasia
Mostrando esta magia
Do amor que se queria,
A vida em mesmo manto.

Colhendo cada fruta
Do amor que se desfruta
Na dor de uma labuta
A glória que se emana,
Viver sempre contigo
O canto em que persigo
Certeza de um abrigo
Em lua soberana...

XXXI


Plantei o meu canteiro
Num dia alvissareiro
Repleto de janeiro
Aguardo em esperança
Quem sabe primavera,
Depois de tanta espera
Amor que fora fera
Já segue de mudança

Em rota tão mundana
Estrela soberana
Da natureza humana
Perfeita sintonia
Abraço-te querida,
E vejo esta saída
Na mão tão decidida
Que plena de alegria

Mostrando a claridade
Nos braços da amizade
Salvar humanidade
Somente assim, alcanço.
Espero que isto venha,
Pois amizade é senha
Do amor em calma lenha,
De um mundo novo e manso...


XXXII


Amor que a gente faz
Trazendo tanta paz
Mansinho e tão audaz
É festa garantida,
A noite se promete
Em lua e confete
Ao sonho me arremete
E muda a nossa vida.

Num turbilhão divino,
Um rosto cristalino,
No qual já me alucino
E ronda a noite inteira
Deitando em minha cama,
Fogueira que me chama
Chamado desta chama
Que emana da fogueira

Vem logo que incendeia
A noite nos ateia
Paixão em lua cheia
Quem pode segurar?
A sanha adivinhada
Assanha a madrugada,
Depois é tudo ou nada,
Não dá pra disfarçar...


XXXIII


Uma amizade é feita
Em pedra preciosa
Na sorte em que se deita
Divina e tão formosa
Permite em cada sonho,
Um dia mais risonho...

Amiga venha logo
Não percamos o jogo,
Tristezas não afogo
Pois tenho uma amizade
Que é feita em forte laço
Ganhando o céu, espaço
No amparo de teu braço
Encontro a liberdade.

Quem fora tão somente
Das dores a semente
Percebe, de repente
O dia que virá
Com todo o teu sorriso,
Um mundo onde é preciso
Saber que o paraíso
Decerto chegará...


XXXIV


Amor que a gente tece
Em formato de prece
Jamais ele padece
Aplaca uma tristeza
No canto delicia
A vida que surgia
Imersa em alegria
Raiando uma beleza

Encontro em minha lida
A sorte nesta vida
Desta paixão sentida
Um dia a recompor
Caminho que perdera
Galgando a primavera
Aplaco a dura fera
Que arranha nosso amor.

Vivendo sem amarra
Com força e total garra
Prazer então se agarra
Com todo o bem desejo,
Eu quero, minha amada
Amar na madrugada
Com a alma que enlevada
Procura dar um beijo

No coração tão belo
No amor que te revelo,
Sonho/corcel selo
E vou ao paraíso.
Galope a beira mar,
Cantando sem parar
Delícia de te amar,
Sem medo e sem juízo...

XXXV


No teu aniversário
Um sonho imaginário
De amor tão voluntário
Que espalhas pela terra,
A gente tão feliz
Deseja o bem que quis
Que a sorte traga bis
No bem que nela encerra.

Vencendo as tempestades,
Nos laços de amizades
Que tramam claridades
No peito encontro abrigo,
Na noite em que tu vens
Trazendo tantos bens
Eu digo parabéns
Pois sei quanto és amigo.

Não deixe que isto acabe
O amor que a gente sabe
No coração não cabe,
Tamanha imensidão,
Por isso companheiro,
Desejo verdadeiro
De um ano alvissareiro
E paz no coração....


XXXVI


Desejos espalhados
Vão soltos em pleno ar,
Trazidos pelos fados,
Fazendo salpicar

Amor em vários lados
Anseio te encontrar
Dias iluminados,
Amor, raio solar

Que toca e que transforma
Refaz uma esperança
Mudando cada forma

Reforma uma aliança
Deixando como norma
A sorte que se alcança...


XXXVI


Amiga, uma emoção
Se mostra a solução
Do amor que no perdão
Encontra um braço forte,
Vivendo a fantasia
De toda esta magia,
Além do que eu queria,
Mudando o nosso norte.

Amiga eu me permito
Mudando um velho rito,
Num mundo mais bonito
Acenar com a sorte
De ter tua amizade
Que é feita em liberdade
E traz felicidade,
Matando a triste morte.

Um canto que prometo
No sonho em que arremeto
Sozinho ou em dueto
Cicatrizar o corte
Da dor que nos maltrata
No sonho que retrata
A vida que arrebata
E nos dá tal suporte.

Amiga estou contigo
Jamais isso eu neguei,
Encontro em ti abrigo,
Além do que sonhei...

XXXVI


Nadar, voar, rumo ao encontro...
Resoluta sigo, em teu encalço...
A buscar, salvação em teu abraço.

Naufrago no teu mar, tenso e bravio
Deitando meu prazer nestas tormentas,
Um mar feito emoção já prenuncio
Em loucas tempestades, violentas.

Um tênue fio prende-nos, amada,
Nesta esperança atado a cada dia,
Volvendo o que se fora em derrocada
Invade o nosso peito em tal magia

Que nada nos impede cada passo,
Apenas estreitando em verso e gozo,
Distante da acidez procuro espaço
Embarco neste sonho tão formoso

Da salvação que encontro junto a ti,
No mar que naufraguei, eu me perdi..

XXXVII

Desertei meus dias de tristeza
Nos braços desta amiga que encontrei
Deixando sempre um rastro de beleza
Num mundo aonde em paz imaginei

Que a vida se mostrando com certeza
Melhor e bem mais forte sendo a lei
Aquela que por vezes procurei
Servindo de alegria e de defesa.

Desdéns e sofrimentos, tais heranças
Deixadas pelos tempos que se foram,
Em outro ancoradouro já se aportam,

Raiando no meu peito as esperanças
Que sabem do valor de uma amizade,
Na plenitude imensa, a liberdade...


XXXVIII

Na mão que doce afaga aquiescente
Caminhos que apascentam minha vida,
A sorte já lançada e assim cumprida
Mostrando-se melhor na paz que sente

Um coração que um dia enfim pressente
Um mundo bem tranqüilo em que se olvida
A dor que maltratara e desvalida
Se perde em outra senda, de repente.

Deitando, meu amor, em teu regaço,
Depois de amor imenso, meu cansaço
Encontra lenitivo no carinho

Que sei ser inerente de quem ama
Professando alegria em bela trama,
Chegando com a noite, de mansinho...

XXXIX


Um canto de amizade solto ao ar
Prenunciando aurora mais bonita,
Podendo no teu peito ao ecoar
Fazer em mansa paz, a tua dita,

No sonho que se quer e se acredita
Um mundo mais feliz vai revelar
O quanto é necessário a gente amar
Deixando para trás uma alma aflita

Que morre pouco a pouco e vai caquética
Perdida em triste insânia, sem futuro,
Usando com vigor minha poética

Permito-me dizer da claridade
Que emana mesmo em chão outrora escuro,
Nos laços poderosos da amizade...

XL


Areias que em tufões sendo tocadas,
Vibrando em tempestades, se perturbam,
Nas dunas de teu corpo, derramadas
Marés que num momento nos conturbam,

Eu sinto nosso amor nos areais
Que em força sem limites não sossegam
E movediça senda quer bem mais
Que simples dedos mansos que navegam.

Num misto de loucura e sanidade
A sede de poder ser teu se instala
E a carne sequiosa então me fala
Da doce sensação, voracidade,

Prostrando meus desejos em teus braços,
Areias e procelas, sem cansaços...

XLI

Sentindo derramar-se o teu prazer,
Em lava enternecida enquanto ardente,
Amor que a gente faz, assim al dente
Permite-nos sonhar e perceber

Que toda esta vontade de poder
Sentir como um vulcão deveras quente,
A boca que me toca e, de repente,
Explode num momento a se verter

Embarcações navegam tuas praias,
As mãos vão carinhosas sob as saias
Encontram paraísos num segundo.

E a gente com sorrisos, sem maldade,
Atingindo depressa um belo mundo,
Alçando em doce mar, felicidade...

XLII


A boca procurando em lava quente
Beber desta delícia em fantasia,
Ao mesmo tempo em fogo já se ardia
A língua que buscava incontinenti

Gemido que bem alto se irrompia
Molhando toda a fonte, na vertente,
Num mar que em tempestade se pressente,
A carne em polvorosa se fremia.

Rumores e sussurros emitidos,
Lambidas quais açoites histriônicos
Prazeres na verdade santos tônicos

Que fazem rebuliço em louca chama,
Império das vontades e sentidos,
Rebentando em quem sonha e gozando, ama.

XLIII

Não há medo que trágico me arvore...
Nem as sombras dolosas deste mal...
Não há sentido vão que me apavore,
Nem beleza que seja maioral.

Nem meus restos findados que fascinem,
Nem pelejas que perco tentadoras..
Não há novas paixões que me iluminem...
Nem distâncias cruéis. São amadoras.

A noite que se finda trouxe pranto.
Velaste por um corpo que não houve...
A voz noturna pede um velho canto...

As auroras perguntam onde estás?
Não tendo neste altar quem mais eu louve
Espero pelo menos, morte em paz...

XLIV

Eu guardo essa beleza entronizada,
Neste altar soberano da lembrança.
Te procurando, te encontrei guardada,
No retrato escondido, por vingança,

Numa noite longínqua. Aquela dança
Que negavas, fingias seres nada.
Pois eu tentei quebrar aquela lança,
Então riste, zombaste, desgraçada...

Em um segundo, estavas morta, rastos...
Meus sonhos se tornaram mais nefastos...
A natureza artífice perfeita;

Teus restos embalados no porão,
A vida me negando embarcação.
A morte também logo vem, me espreita...

XLV

Amar não é loucura, insensatez,
É fogo que nos queima num momento,
Vibrando bem mais forte o sentimento,
Tomando nossa vida de uma vez.

Toda a beleza imensa em que se fez
Permite ser amor alumbramento,
Deixando para trás ledo tormento
Mudando nossa sorte em bela tez.

Amar é ter certezas inexatas
Fazendo-se possível o inalcançável,
Uma alma outrora fera queda amável,

Os raios do luar virando pratas
Que descem do infinito em alva areia,
Fazendo da mulher, bela sereia...

XLVI

Tão bom poder sentir teu beijo; amada,
Carinhos delicados e serenos.
Vagando como estrela em madrugada
Trazendo para a sorte bons acenos,

Seguindo calmamente nessa estrada
Que leva aos devaneios, belos, plenos.
Roubando uma emoção em cavalgada
Por mares e oceanos mais amenos.

Poder cobrir a boca com meus beijos,
Sentir toque suave de teus lábios,
Os dias nascerão decerto sábios,

Em sol intenso e raro, relampejos
Da nova aurora assim enternecida
Que traga a claridade em nossa vida...

XLVII

Por mais que tão distante esteja aquilo
Que em total desventura fez estrago,
Amores não se encontram como à quilo,
Tampouco um bom carinho ou mesmo afago.

Se eu fiz foi, na verdade porque sei-o
E nada impedirá de assim fazê-lo,
Da amada quero a boca e quero o seio,
Nas pernas misturadas, um novelo.

A boca que desejo; assino embaixo,
Embaixo desta saia, maravilha.
Assim se mais depressa, eu já me agacho
Encontro a santidade feita em trilha.

As línguas, labaredas, fogaréu;
Estradas que nos levam para o céu...

XLVIII

Não há sentido algum sem esperança
De um dia não viver em chão tão duro,
Um sonho que se mostra mais maduro,
Aos poucos, lentamente já me alcança,

Trazendo para a vida tal fiança
Na qual iluminando um céu escuro
Tramando um novo encanto onde perduro,
Formando com a sorte esta aliança.

No toque sem igual deste perito,
Amigo coração nada suspeita,
Um mundo doravante mais bonito

Às leis de uma amizade se sujeita
Alçando uma alma livre ao infinito,
Mostrando nossa estrada, enfim, refeita...


XLIX


Meu amor eu te amo tanto,
Sentimento sorrateiro
Quando é feito em tal encanto
Mais audaz e companheiro

Que jamais tenha quebranto
O nosso amor feiticeiro
Que nos venha em acalanto
Se mostrando por inteiro

Em total felicidade,
Verso solto, alma liberta,
Sendo feito em claridade

Qual farol que nos desperta
Traga sempre em amizade
A palavra boa e certa...

L


Adentro os teus desejos com tal fogo
Que insano, se transforma logo em lava
Derretida em delícias, nesse jogo
Aonde em mil anseios a alma lava,

Desvendo os teus segredos desde logo
E uma haste em tuas sendas já se crava
Amores e prazeres, prece e rogo
Na boca que me molha enquanto trava.

Recebo em tal ardor paixão em gozo,
Feitiços e desejos, entrelaces,
Torpores num caminho voluptuoso

Famintas nossas noites em suores
Hormônios aflorando nos enlaces
Causando em convulsões mil estertores...

LI

Ó Prenda desejada, quanto quero,
Carinho que tu trazes para mim.
O sonho mais airoso que eu espero,
Na boca tão carnuda e carmesim,

No gosto mavioso me tempero
Vivendo todo amor que sei, enfim.
Num sentimento manso, duro e fero,
Te quero sem temor, melhor assim...

Meus versos te buscando a cada dia,
Corcéis que já cavalgam pelo azul
Do céu que se azuleja em poesia

Vibrando em cada nota, tudo encampa,
Viajo num momento até o Sul,
Procuro minha prenda pelo pampa..






I

Olhando essas estrelas, imagino,
Aonde se escondeu o meu amor.
O tempo se passou. Já fui menino...
Quem dera meu passado recompor...

Mudar a rota toda do destino,
Poder ver novamente aquela flor
Que um dia me deixou em desatino
Perfume tão suave e sedutor...

Meus versos vão buscando nesta estrela
Um sonho que jamais poderei ter.
Uma esperança viva... poder vê-la...

Um gosto de saudade me tomando.
Minha alma vai pedindo pra esquecer...
E pego-me, sem nexo, assim, te amando...

II


Eu quero o teu perfume delicado,
De rosas e jasmins, essência pura.
No toque tão querido e desejado,
Dois corpos que se encontram na procura

Por um carinho imenso, abençoado,
Um gesto que nos mostra tal ternura
Que toma um coração enamorado
Nessas palavras todas, na brandura...

Estás distante e perto, já te sinto,
Olores maviosos, tramam rotas,
Tua presença aqui, sempre pressinto

No mar de amor sincero. Tenho pressa
E sinto-te chegar nas gaivotas;
Em teu perfume raro se confessa...

III


Eu te espero minha amada,
Do jeitim que Deus criou.
Na nudez enluarada,
O meu peito se encantou...

Venha logo sem receio,
Que eu vou te fazer feliz,
Na beleza do teu seio
Todo amor que eu sempre quis...

Do teu lado meu amor,
Minhas noites são eternas
No carinho sedutor
Na maciez destas pernas...

Nossa noite é bem gostosa
As horas passam mais frouxas,
Na sedução desta rosa,
Formosura destas coxas...

Todo o canto que eu fizer
Vai falar das maravilhas,
Seja lá o que Deus quiser
Minha mão, tuas virilhas...

O resto eu não vou contar,
Nem dizer eu não preciso.
Se quiser adivinhar...
É porta do paraíso...

IV



Esse beijo é bem gostoso
Pois é dado com amor,
Teu cangote é bem cheiroso
Tem o perfume da flor.

Menina venha comigo,
Não precisa se esconder,
Meu beijo não tem perigo,
Ele é dado com prazer.

Toda vez quando te beijo,
Fico todo arrepiado,
Aumentando o meu desejo,
O resto deixo de lado...

Beijo bão, quando se estima,
Que delícia! Eu também acho,
Quando liga lá em cima
Esquenta tudo por baixo!


V


A glória tão sublime da amizade
É feita com total discernimento
Da dura tempestade ao manso vento
Um sonho que se doura em liberdade.

Na lua, nas estrelas, na cidade,
Nos olhos mais profundos tanto alento,
Domínio deste mundo em que aparento
Lunático que busca a claridade

Hasteio o coração em verso solto,
Enfrentando oceano mais revolto
Persigo a calmaria em doce abrigo.

Na glória prometida um lenitivo
No qual sei que ilusão decerto eu vivo
Do apoio que recebo deste amigo...


VI




Emplaco no teu corpo mil vontades
De ter teu gozo pleno em tal luxúria
Que a noite satisfaça as ansiedades
Das peles que se buscam, santa fúria.

E sinto em cada orgasmo, nova senda,
Caminho divinal ao paraíso,
E aos poucos tesa boca já desvenda
O rumo que se mostra mais preciso.

Aloco meus prazer conforme queres,
Recendes aos delírios incontidos.
Bendita com certeza entre as mulheres,
No império deste amor, em mil sentidos.

Além do que sonhávamos, querida,
Ao êxtase supremo, a nossa vida...

VII


Desejo-te querida, sempre e mais,
Com tal sofreguidão que não contenho,
Não quero me apartar de ti jamais,
Por isso nos meus versos; amor; venho

Compor uma emoção que a noite traz
Distante de teus olhos eu me embrenho
Nos sonhos mais gostosos, sou capaz
De tudo pra gritar que eu já te tenho

Senhora de meu canto e do futuro,
Rainha dos castelos do desejo.
Amor assim demais, querida, eu juro

Não finda nem se cala. Eternidade
Roubada na manhã em cada beijo,
Sabendo que encontrei felicidade...

VIII




Uma esperança adentra na janela
Causando reboliço em nossa cama,
Esverdeada a cor da doce estrela
Moldada em tantos sonhos de quem ama,

Querida, tanto apraz poder revê-la
Iluminando assim quem já reclama
A sorte de poder, pra sempre, tê-la
Atada em minha pele, forma e trama.

Desejos estampados no meu rosto,
Espelham os teus olhos desejosos,
Amor que a gente faz deixando um gosto

Divino em nossas bocas. Mato a sede
Em dias soberanos, maviosos,
Fazendo dos abraços nossa rede


IX



A fonte delicada em que me banho
Nas noites em que vens bela e desnuda,
Vontade de te ter, gozo tamanho
A boca tão sedenta que me acuda

Em lábios desejosos, carmesim
Nas rubras ardentias na fogueira
Que queima intensamente até o fim,
Na insânia que se molda feiticeira

Recebo em minha boca, inundação,
Que emana desta gruta em doce ardência
Seguindo par a par, sofreguidão
Distante do juízo e da prudência,

Eu quero em cada orgasmo que tiveres,
Provar deste banquete em mil talheres...


X


Amigo, me proteja quando a vida
Trouxer em artimanha encruzilhadas
Ao permitir que eu siga por estradas
Aonde a luz perene enaltecida

Não deixa sua marca ser sentida
E as trevas falsamente iluminadas
Levando para os ermos, disfarçadas,
Fechando para nós toda a saída.

Somente a tua mão conduzirá
Com firmeza ao portal do paraíso,
E toda uma alegria que há por lá

Mostrada em amizade soberana,
No passo decidido e assim conciso,
Toda a felicidade enfim, se explana...


XI



Quisera do teu lado, amor ficar,
A noite se aproxima e estou sozinho...
Apenas alguns braços do luar
Invadem o meu quarto. Sem carinho...

Quem dera se viesses... tanto amar...
Bebendo no teu corpo, tinto vinho,
Rondando a noite inteira sem parar
Atravessando impávido, o caminho

Que leva-nos etéreos navegantes
A mares nunca dantes conhecidos,
Levita-nos, querida, por instantes

E tomam nossa vida em alegria.
De todos os desejos concebidos,
Repousa em nosso braço, a fantasia..

XII


Ó Pai Senhor amigo, irmão, Meu Deus
Eu peço num clamor tua atitude
Que mostre imenso amor em plenitude
Ao clarear os rumos, duros, meus...

Perdoe se meus olhos tão ateus
Procuram Tua imagem que me ilude
Não percebendo em Ti enorme açude
E lume que clareia, trevas, breus.

Guia-me pelas sendas inconstantes
Da sorte de viver, tão movediça.
As minhas mãos tocando uma injustiça

Sangrando em erros duros por instantes
Ao perceber em Ti tanta amizade
Desejam se limpar da iniqüidade...

XIII


Permita que eu repouse em plena paz,
Calando toda a angústia que me toca,
Palavra abençoada em tua boca
De tudo, minha amiga é mais capaz.

Tu sabes do calor que satisfaz
Quando esta dor se faz terrível, louca,
Insanidade chega e me treslouca,
Porém tua amizade tanto apraz

Que apascentando trama em alegria
Multiplicando o trigo, forja em vinho
Além do que sonhara que podia

Iluminando em paz o meu caminho.
Amiga, me permita a fantasia
De um dia não saber-me mais sozinho...


XIV


Meus dedos andarilhos procurando
Em tuas doces matas, vales, montes,
Tocando com furor, divinas fontes
Que aos poucos vão depressa se alagando.

Sentindo umedecidos horizontes,
Nas belas cercanias se inundando,
Gemidos mais vorazes sussurrando,
Fazendo com o céu divinas pontes.

Até chegar contigo ao mar imenso
Que logo me devora, intensidade,
Sentindo mergulhar nesta umidade

O fogo da paixão audaz e tenso,
Querendo te sorver e gota a gota,
Sabendo que esta chama não se esgota...


XV



Eu agradeço ao Pai tanta amizade
Que é feita em proteção e em laço forte.
Alçando mais depressa a liberdade
Encontro em minha sina, um novo norte

Na luta em alcançar felicidade,
Nos braços do Senhor, santo suporte,
Mostrando com justiça e caridade
A cura para a dor de antigo corte.

Senhor, meu Pai querido, meu Irmão
Em Tuas mãos a vida já prospera
Matando uma tristeza feita fera

Abrindo os meus caminhos, protegendo,
Louvando amor profundo e no perdão
A vida, um bem sagrado, enaltecendo...


XVI


Por mais que sejam tantos adversários
Que a vida nos prepara qual cilada,
E os dias já transcorram temerários
Encontro em tua mão abençoada

A força que preciso, minha amiga
Escudo redentor que me protege,
Decerto uma amizade nos abriga
Contrária a solidão, feroz herege,

O braço de quem ama nos sustenta,
Redime contra as dores, contra os medos.
Fazendo que a tempesta fique lenta,
Mudando toda a trama dos enredos,

A salvação em plena tempestade,
É feita do carinho e da amizade...


XVII



Não podes, meu amigo servir bem
A duplo sentimento, na verdade.
Quem pensa nessa vida ter alguém
A quem possa viver em lealdade

Não deve se deixar levar também
Em vaga sensação de liberdade
Restando tão somente sem ninguém
Dois amos gerarão tal dubiedade

Que enfim não restará nenhum caminho,
Terá seu fim em negra solidão.
Desagradando sempre irá sozinho

Levando eternamente a acusação
De quem ao destruir o próprio ninho
Carrega a dura pecha de traição...


XVIII


Amor força motriz em nossas vidas,
Um sentimento além de simples gozo,
Quem traz de duros tempos despedidas
Percebe quanto amor se faz airoso,

No passo em que eu espero que decidas
Tu vens com teu poder maravilhoso
De ter as nossas dores resolvidas
Num mar de um sonho raro e fabuloso.

Tomado pela estrela que nos guia,
Amor é bem supremo, incontestável.
Além do que queremos alcançável

Amor; a humanidade salvaria
Trazendo em plena paz santa utopia.
Num mundo tão perfeito, imaginável...


XIX



Ao cair deste véu, santa nudez
Mostrando a silhueta mais perfeita,
A mão que te procura enquanto deita
Buscando em seu caminho, insensatez.

A vida que trouxera uma aridez
Promete em tempestade e se deleita
Da plena sensação, estando afeita,
Prefácio desta história que se fez

Em doces méis, espreitas, caça e presa,
Na noite mergulhada em tal beleza
Estrelas descaindo em nossa cama.

Recebo o teu prazer em riso e gozo,
Amor que sempre foi tão prazeroso
Acende sem limites louca chama...


XX

Vontade de beijar-te por inteiro
Descendo minha boca em teu pescoço,
Sentindo com certeza o doce cheiro
Que ascende devagar, dando alvoroço.

A mão pousada sobre os belos seios
Roçando minha barba no teu rosto,
Desnudo- te em completo, sem receios,
E tenho em belo corpo descomposto

Prazeres que bem sei são infinitos,
No gozo que percebo te tomando,
Perfaço repetindo santos ritos,
Ao ver o teu prazer vir-te inundando

E bebo desta maga sensação
Orgástica beleza de um vulcão...


XXI


Menina que mulher desejo tanto,
Beijar-te impunemente e te tomar
Serena em meus anseios. Teu encanto
Recebo como vontade de gritar,

Sangrar nossos desejos sem espanto,
Rolando em nossa chama, flamejar.
Vibrando com potência esse meu canto
E logo, descobrir onde te achar.

Sentindo o teu perfume delicado
Nas ânsias da mulher que se promete.
Amar-te com furor, extasiado...

Em arrepios fartos, alvoroço,
O teu corpo aos meus lábios se arremete,
Beijando, mansamente o teu pescoço...

XXII


Não guarde esta semente que recebes
Distante do calor e de um arado,
Matando em aridez as belas sebes
Do amor que tens decerto reservado

De fome matarás quem necessita,
Pois em tamanha usura morrerás,
Nas pedras, nos espinhos da desdita
Sem nada por diante, e o zero atrás...

Porém se lavrador tão cuidadoso
Tu semeares tudo em amizade,
Da vida colherás perfeito gozo
Alçando um paraíso de verdade

Apenas quem da vida compartilha
Conhece amor em plena maravilha..


XXIII



Amigo, com certeza são terríveis
Os dias em que, duro e circunspeto
Trazendo em nosso peito um mal secreto
Ficamos ao revés, bem mais sensíveis.

Bizarras sensações incoercíveis
Tomando e maltratando todo afeto
Tornando-nos piores que um inseto
Entregue às tempestades mais incríveis.

As feras nos ferindo em suas garras,
A dor vai se espalhando e nas fanfarras
Aumentam seus estragos, tristes trevas.

Porém ao percebermos que amizade
Acena com carinho e liberdade
As dores vão fugindo em várias levas...

XXIV


Eu sonho com teus beijos, teu carinho.
A noite vai passando em solidão...
Tristeza desabando em nosso ninho.
No sofrimento intenso da paixão.

Passando todo o tempo assim sozinho,
No descompasso bate o coração.
O medo vem chegando e de mansinho,
Transforma todo amor em ilusão..

Olhando na janela, nada vejo...
Somente o vento bate em meus umbrais..
O teu corpo sublime, meu desejo.

Escultura divina que Deus fez,
Eu te amo, com certeza muito mais
À beira da loucura, insensatez...

XXV


Amaste cada sonho como fosse
Um derradeiro canto de esperança.
Do gosto mais amargo fez-se o doce;
No passo em desencontro a tua dança.
O vago no teu peito, sei, repôs-se
Em plena juventude sem tardança.

Fizeste deste encanto riso e gozo,
Em formas diluídas refratárias,
O manto em que cobrias, generoso,
As noites não mais eram temerárias.
O sol de cada dia mais formoso
Em cores misturadas, belas, várias...

Depois de tanto tempo abandonado,
Tu percebeste amor, bem do teu lado...

XXVI



Levando em pastoreio uma esperança
Qual fosse assim um último suspiro,
Acendo na verdade uma aliança
Na qual eu sobrevivo, enfim respiro.

Amar é necessária confiança
No jogo do prazer em que eu prefiro
Ser caça enquanto a noite já se avança
E a Terra assim completa mais um giro.

Casulo que prepara a borboleta
A vida se transforma a cada dia,
Amor que nascerá, santa magia.

Vagando por teus sonhos, um cometa,
Aguardo calmamente em poesia,
O sonho em que meu mundo se completa.


XXVII


Acabando com mata ciliar
Assoreando os rios, erosão,
Ao destruir com tal sofreguidão
Da vida quase nada vai restar.

O duro é que apesar desta lição,
Ainda existe gente a se mostrar
Ao tentar, imbecil justificar
Em nome de uma civilização

Aonde se concede para nós
Poder tão soberano sobre a Terra.
Problema é que o vazio logo após

Pairando qual fantasma a vida enterra.
Em nome do bom Deus feito amizade,
Destroem com total iniqüidade...

XXVIII


No jogo deste amor, na sedução,
Beijando tua pele arrepiada,
Deitando com total sofreguidão,
Bebendo cada gota derramada.

Sentindo todo o fogo da paixão
Na lúbrica vontade extasiada,
Teu corpo do meu corpo uma extensão,
Tua nudez tão bela, penetrada...

Jogamos sem limites, sem segredos,
Vitória repartida em nossos gozos,
Traçamos nesta cama bons enredos,

Crianças sem juízo, adolescentes,
Fazendo dos momentos preciosos
Brinquedos fascinantes e tão quentes...


XXIX


Perfeita divindade que nos fez
Diversos, porém unos no prazer.
Ao burilar com santa lucidez
Demonstra tão sublime bem querer

Que em tramas mais sutis, a insensatez
Proclama em doce encanto a nos trazer
Na lúdica vontade de saber
Aonde nos tocar em cada vez

Que amor nos recolher entre seus braços,
Nos risos tresloucados, teu suor,
No gosto de poder ter o melhor

Que a vida nos trouxesse em finos traços
Numa explosão que atraca em nossos portos,
Orgasmo em maremoto invade os corpos...


XXX



Amada, ao te sentir aqui presente
Em todos os lugares, quarto e sala,
Percebo quanto é bom poder cantá-la
Em versos e no sonho que pressente

Um mundo bem melhor, bem mais contente.
Queria, se possível, ao tocá-la;
Mostrar o quanto quero, numa escala,
Sentir o teu carinho mais premente.

Saber destas carícias que me ofertas
Com uma inimitável sedução;
As portas permanecem sempre abertas

Na certeza absoluta que virás
Depois da tempestade de verão
Trazer à minha vida, toda a paz...


XXXI

No teu aniversário
Um dia memorável
Em festa eu regozijo
Pessoa tão amável

Que torna o nosso dia
Mais leve e mais feliz,
A Deus eu agradeço
O bem que ele nos quis

Ao nos mandar um anjo
Em forma de mulher
Trazendo para todos
A sorte de te ter

Em nossa companhia;
E eu falo de verdade,
Amiga e camarada
Desta felicidade

Que trazes para nós
Em todo amor que tens,
Por isto é que repito:
Querida – Parabéns


XXXII




A noite se promete em gozo pleno,
Rondando nossa cama, um fogo ardente,
Do gosto inebriante do veneno
Que desce em nossos corpos, lava quente

Em tua fenda aberta, a catedral
Aonde amor perfaz uma oração
Lasciva, enlanguescente e sensual,
Um mundo em fantasia, um turbilhão.

Recebo tua orgástica loucura,
Pecado na verdade é não saber
De toda esta delícia que nos cura,
Abençoando em gozos e prazer

Altar ao qual penetro em redenção
Em chamas mais profanas, oração...


XXXIII


Deitar sobre teu corpo e ser voraz,
Sentir o teu calor, contagiando,
A mão que te procura, mais audaz,
A boca te sorvendo, inebriando...

Menina, uma mulher que a vida traz
Desejo que me toma, incendiando.
Amar-te, uma fogueira que se faz
Aos poucos minha vida, dominando...

Das tranças do passado, da morena,
Ao colo mavioso, seios belos.
Teus braços me tomando quais novelos,

Amante do meu sonho, uma mulher,
Que farta e desejosa, fêmea plena,
Está comigo para o que vier...


XXXIV




Amar jamais será algum pecado,
Pelo contrário: bênção redentora!
Quem sabe quanto amar nos revigora
Matando toda a sombra de um passado

Deixando qualquer crítica de lado
Percebe que quem sabe faz agora
E deixa uma tristeza, assim de fora,
Promove um novo mundo iluminado.

Vem logo e não dê trelas a quem fala
Abrindo o nosso peito, o quarto, a sala,
E o nosso apartamento, pela fresta,

De uma felicidade, este escudeiro,
Amor, sincero e franco, verdadeiro,
Um paraíso imenso que se gesta...


XXXV


Tocado pelo mar em alva areia
Deixando uma saudade pra depois
O fogo da paixão nos incendeia
E traz uma alegria pra nós dois.

O vento balançando os teus cabelos,
Seguindo par a par, em canto breve
Delícia destes sonhos ao revê-los
Revelo o pensamento manso e leve...

Que enleve nosso canto com magia,
Que leve mil recados pelo mar,
Relevo de teu corpo, fantasia
Aonde quero um barco navegar

Relevo cada frase em que me dizes
Dos sonhos de podermos ser felizes.


XXXVI



Sonhei contigo
Em noite clara
Amor abrigo
Sensação rara

Quero e persigo
A mão que ampara
Que sei, consigo
Que me antepara

E me protege
Enquanto cura
Amor se rege

Pela ternura,
Na luz que almeje,
Clarão/ brandura.


XXXVII


Eu quero desfrutar deste prazer
Que emana em tua pele, todo dia,
No fogo que devora e me vicia,
O gosto delicado do querer.

Teu corpo com delícias, percorrer,
Ao desaguar em ti, minha alegria,
Abrindo cada senda em fantasia
Intensa sedução a nos verter

Em doces maravilhas, sol e sal,
Usufruindo o corpo sensual
Desnudo em minha cama, qual banquete,

E assim em chama e gozo, receber-te
Despudoradamente, nua e bela,
No amor que sem limites se revela...


XXXIX



Vontade de poder, ao te encontrar,
Trazer a bela aurora em raio intenso,
Vivendo neste amor, eu sempre penso
Nas horas em que possa te tocar.

Beijando a tua boca, devagar,
Num sonho mavioso; claro, intenso.
A cada novo dia eu me convenço
De quanto é bom poder, pra sempre amar

Esta mulher divina num instante
Aonde uma alegria delirante
Poreja em minha pele, em alegria.

Sentindo o coração vivo e liberto,
Depois de tanto tempo andando incerto,
Percebo em teu caminho, o que eu queria...

XL


Envolto nos dourados destes raios
Que emanam deste sol maravilhoso,
O dia despedindo-se em desmaios
Por sobre uma montanha, radioso.

A lua em pratas feita desce a terra
Explícitos caminhos de um prazer
Na beleza sublime que se encerra
A noite em clara trilha a percorrer.

Na linha do horizonte num clarão
Teus olhos estampados, como estrelas,
Deixando a mais divina sensação
Das noites tropicais. Enfim, revê-las

É como a procissão de vaga-lumes
Nos rastros tão brilhantes de teus lumes...


XLI


O vento que te trouxe, num momento,
Tomando toda a casa me mostrou.
Que um frio que nos toma o sentimento
Talvez seja este outono quem criou.

Quem dera se chegasses... Um tormento
Distante no meu quarto me deixou,
Tristeza devagar, tomando assento,
No canto em que meu peito te chamou...

Amor é sorrateiro e vingativo,
Não deixa mais seguir quem medo tem,
Vivendo por amar, eu sobrevivo,

Na espera de te ter aqui, comigo...
No frio dolorido que já vem,
Meu bem, aqui por certo, o teu abrigo..


XLII

Amar tranquilamente, doce sonho
De bocas que se buscam tão suaves.
Os corpos que se tocam são quais naves
Onde o desejo imenso eu sempre ponho.

No verso que te faço em que componho
Retiro do caminho velhas traves.
No céu de nossos mundos voam aves
Libertárias num mundo mais risonho.

Brindamos com carinhos, a paixão,
Que é dona dos meus passos, dia a dia.
Nas forças incontidas da emoção,

Espalho em nosso mundo a fantasia
Que é mote que nos leva, em tentação,
Amor que a gente faz com maestria..


XLIII



O meu canto em liberdade
Vai buscando na verdade
Encontrar felicidade
Que distante, eu reconheço.
Misturando a fantasia
Com pitadas de alegria
Na ilusão da poesia
Não deixando mais tropeço.

Tantas coisas que passei
Tanta lágrima eu chorei
Mas agora eu me encontrei
Num caminho mais sereno.
Não cansei da caminhada,
Tantas vezes deu em nada
Mas a sorte se alcançada
Amortiza este veneno.

Vou singrando em novos mares,
Respirando em outros ares
Em distantes lupanares,
Céus em plena claridade.
Mas, te falo e te asseguro
Por mais triste, negro, escuro,
A alegria salta o muro
Nos braços de uma amizade...


XLIV

Se meço não convenço nem te peço
Nem quero convencer quem não merece,
Amores que menti, nem desconverso,
As noites que passei, omitem prece,

Meus olhos procurando vou disperso,
Nem tudo que proponho me acontece
Nos versos que te fiz, meu universo,
Se meço nem te peço, me confesse...

O vasto seringal dos meus amores,
As flores imortais que não plantei,
Os cais que enclausuraram nossas dores,

O medo de saber que nada sei.
Nas procissões que fazes, meus andores,
Amar continuamente, minha lei...

XLV



Quem dera ser amante da esperança
Dançar em plenitude tal prazer
Que sempre vai dançando nunca cansa
Na dança que começa a reviver.

Cobiças que deixamos no passado
São fardos que carrego mas não tento
Amor que sempre dói deixo de lado,
Senão eu não suporto, me arrebento...

A vida já me deu tanto presente
Que sinto que ao final irá cobrar.
A dor que enfim terei já se pressente
Na ausência dessa lua e desse mar...

Te quero mesmo assim, dance comigo
Antes que essa noite traga o castigo...


XLVI



Às vezes imagino-me a serpente
Que enlaça tuas pernas, gozo e medo,
Em meio a tuas coxas eu me enredo
E adentro teu desejo mais ardente.

Sentindo esta umidade, doce e quente,
Aos teus requebros loucos, vou e cedo
Deitando desde sempre, e mesmo cedo,
Bebendo a flamejante e enlanguescente

Lava que tu derramas: erupção.
Leves ondulações deste teu mar
Que num momento vibram em procelas,

Serpente que ao entrar no furacão
Pressente todo o lago se encharcar
Nas águas cristalinas que revelas...


XLVII




Nos óleos deste sonho resplendia
Escárnio nas irônicas risadas,
Que em farsas tão solenes da alegria,
Etéreas veleidades desfraldadas.

Palavras emanavam fantasia
Distantes de uma aurora que orvalhada
Pudesse me prever em poesia
A mão de uma princesa que amputada

Deixava-se mostrar em nua face
Que as chamas da loucura sem disfarce
São velhas vibrações, frias centelhas,

Nos ares constelares da emoção,
Mortalhas de um amor em sedição
Decerto se ensangüentam, são vermelhas...

XLVIII



Vastos plainos desérticos dos sonhos
Infaustas sensações de etéreo gozo.
Meu mundo tantas vezes andrajoso
Aguarda resultados mais bisonhos.

Algozes na verdade, tão risonhos
Levando um velho barco pegajoso
Altar que estupefato e belicoso
Aguarda em explosões; ares medonhos.

Amigo, sou qual resto que caminha
Apenas garatuja sem destino,
Sabujo da alegria, eu me perdi.

Da morte que sorrindo se avizinha,
Partilhas; onde insano eu me alucino
Encontro uma resposta mansa em ti...

XLIX



Sou quase o que não foi se houvera sido
Vencido pelo quase que não ouso
Escuso-me dizer que estou vencido,
Preciso de carinho e de repouso.

Mas nada do que houvera faz sentido
Não quero da saudade ser esposo
Futuro pode ser mais caprichoso
Desde que não restasse mais olvido.

Duvido que entendeste meu recado,
Se é fado se é safado, eu digo: foda-se
Amor não de pergunta, mas açoda-se

Na soda sendo cáustica ou limão,
Tiro pela culatra foi mal dado.
Resposta se resume em simples não..

L

Numa estrada isolada
Por uma dor banhada
Minha sorte exilada
Rasteja pelo chão
A sombra dolorida
Entristecendo a vida,
Aguarda a despedida
Do que fora paixão.

Porém em voz macia,
Trazendo uma alegria
Renova a cada dia
Em luz e claridade,
Trazendo como glória
Com sabor de vitória
Mudando a minha história
A força da amizade

Que ao permitir encanto
Recobre com seu manto
Secando todo o pranto
Que inda resiste em mim.
Contigo irei adiante
Pureza de diamante
No poder que agigante
Distante do meu fim


LI


Amor, meu companheiro de viagem!
Nas curvas e desníveis do caminho,
Espero por teu vento, tua aragem.
Não quero prosseguir assim, sozinho...

A lua vai mudando de roupagem...
No céu prateia e doura cada ninho,
Se enfeitando, tão bela maquiagem!
Amor meu companheiro, passarinho!

Voando pelos campos, beija a flor.
Revoando por mares, cordilheiras...
Encontra esta beleza, e esplendor.

Pesado, coração voa de banda,
As noites são amigas, companheiras,
Decerto eu hei de amar-te, bela Amanda!

LII



Minha amiga, toda noite
Quando a lua vem brilhar
Estrelas vão passeando
Refletidas sobre o mar
Uma imagem tão formosa
Da mulher maravilhosa
Doce criatura dengosa
Vem com calma me ajudar

Em palavras e conselhos,
Com ternura e com amor,
Curando tantas feridas
Demonstrando o seu valor,
Numa fonte de alegria
Entornando em poesia
Todo o bem que assim queria
Num sorriso sedutor.

Minha amiga eu não me esqueço
De cada palavra dita,
Das lágrimas que enxugaste,
Nesta noite mais bonita,
Coração batendo forte,
Indicando um firme norte,
Amizade cura o corte
Causado pela desdita...

LIII


As emoções roçando um velho peito
Que tanto procurara um belo cais,
Amar é se olvidar e querer mais
Sem nunca mais se dar por satisfeito.

Bem sei, felicidade é meu direito,
Por ela lutarei e sou capaz
Da luta mais ferrenha e mais audaz,
Fazendo deste amor um santo pleito.

Colhendo das estrelas cada rastro,
Alçando esta bandeira em rico mastro
Voando em direção ao infinito.

Bebendo neste cálice corpóreo
Deixando o meu passado merencório
Distante sob o gélido granito...


LIV



Depois de perder rumo e perder vez
Em ruas e botecos, cabarés,
Chutado em bofetões insensatez,
Sangrando pelos olhos, pelos pés,

Encontro o que me resta de altivez
E vago pelo quarto de viés.
No gosto desta boca a lucidez
Em forças e correntes, mil marés.

Amamos novamente pelo chão
Das ruas e senzalas descobertas.
No gesto em que recatas a paixão

Se mostra assim deitada, bancarrota.
Do fogo que atiçamos nas cobertas,
Amor vai se perdendo em nova rota.

LV


Montado num cavalo todo branco,
Por léguas, tantas milhas flutuando,
Sorriso de mulher perfeito e franco,
Não tenho nem limites nem sei quando

Apenas cavalgando pelo espaço
De um tempo que bem pode ser eterno
Caminhos e destino eu mesmo traço,
Fazendo deste sonho, belo e terno

Um simples sentimento em alvoroço,
Cavalgo pelas nuvens e cometas,
Amor em lua mansa eu quero e esboço
Rondando por estrelas, mil planetas

E deito meus carinhos ao teu lado,
Nesta sidéria senda, sempre alado..

LVI


Amor, nosso canteiro
Aonde um verdadeiro
Sonhar mais altaneiro
Encontra floração.
Vibrando dentro em mim,
Amor que não tem fim,
Aguando o meu jardim,
Que é feito em coração.

Eu quero me embalar
Nos raios de um luar,
No amor em preamar,
Deitando nesta areia
Sentindo o calmo vento
Tocando o pensamento
Vivendo este momento
Em noite/lua cheia.

Sentindo o teu perfume,
Vagando lume a lume
Deixando que um queixume
Já morra, quase à míngua.
Beijando a tua boca,
Em noite sempre louca,
No amor que assim se enfoca
Roçando a tua língua.

LVII


Em loucas estratégias doce guerra
Que é feita entre delícias e prazeres,
Soldado reconhece os seus deveres
E todas as vontades; já descerra,

Invade devagar divina terra
Aonde desfrutar dos teus quereres,
Nesta batalha ousada de dois seres,
Caminha pelo vale e sobe a serra

Até chegar aos montes, grutas, vales,
Nas meigas sensações em que me embales
Não quero mais dar tréguas aos sentidos.

E com manso carinho sou refém,
Do amor que nos assalta, tanto bem,
Os saques são decerto repartidos....


LVIII


Sentindo o desenhar dos lábios teus
Num êxtase divino, sem censuras..
Desejos mais profanos são ateus,
Enfeitam-se e mergulham em ternuras...

Exploro teus caminhos tão sedosos,
Saboreando cada bom momento.
Procuram nosso olhar, voluptuosos,
E viajo em delírios. Calmo, lento...

É bom poder te amar, assim; tão pleno...
Numa entrega total, sem ter juízo...
Loucuras de vulcão num mar ameno,

Vestígios de caminho... paraíso...
Amor que nos tomou, num sonho breve...
Amada.. por favor... venha e me leve...

I

Na dança
Que avança
Na noite
Criança
Rondando
Esperança
Chegando
Alcança
Quem dança
Na valsa
Promessa
De paz.
Recebo
Teu beijo
Desejo
Se aflora
E a gente
Dançando
Sem tempo
Nem hora
Amor
Vem agora
Que a noite
Que eu quero
Em tango
Bolero
Não pode
Parar.
O riso
Encanto
Preciso
No canto
Que invade
Repete
No passo
Da dança
Que avança
Não cansa
Deixando
Lembrança
De um tempo
Feliz...

II


Palavras que me trazem tanto alento
De ter uma esperança, ser feliz.
Amar é conjugar um sacramento
No qual louvamos tudo o que se quis.

A glória deste amor experimento
Embora tantas vezes aprendiz,
Perceba em meu olhar o encantamento,
Não restando sequer a cicatriz

De um tempo em que seguira tão sozinho,
Vagando pelo espaço, sempre em não,
Agora que encontrei fascinação

Dedico estas palavras com fervor,
Tocado pelas lavras do carinho
A quem só semeou a paz e o amor...

III
Corpos
Portos
Expostos
E famintos.
Risos
Ritos
Riscos
Prosseguimos.
Rimas
Primas
Cismas
E tempestas.
Rios
Cios
Veios
Tantas festas.

Amor
Romã
Aroma
Manhas
E maçãs
Manhãs
Audazes
Luzes
Trazes
Amor
Demais...

Boca
Beijo
Toca
Ensejo
Desejo
À solta,
À tona,
À vera...
Haverá
Outro
Dia
Decerto
Alegria
Trará
De novo
Sorriso
Breve
Alma
Leve
E amor
Em paz...

IV


Minha alma te procura em cada verso
Vasculha esta amplidão, ganha infinito
Teu corpo navegante anda disperso
Montado num cometa mais bonito.

O medo de perder-te é tão perverso
Deixando o coração sozinho, aflito,
Aonde te encontrar neste universo?
Embalde, tantas vezes solto um grito

Eu quero o teu querer, amar demais,
Angústia da distância maltratando.
Pergunto o tempo inteiro e não sei quando

Tu voltarás de novo para o cais
De onde não devias ter partido
Deixando um coração triste e partido.


V


Nosso amor canibalesco
Devora-se num segundo.
Nosso sonho mais dantesco
Corta, penetra bem fundo.

Num turbilhão gigantesco
Amor se torna profundo
Não permite nem refresco
Amor maior desse mundo...

Quis meus versos transformar
Num poema mais diverso
Procurei por céu e mar,

Não encontrei nem metade,
Viajando no universo,
Eu só encontrei saudade

VI


Quero viajar contigo, mil cometas
Em êxtases diversos, fogo e paz.
Não peço e nem desejo que prometas
Apenas me demonstre o que és capaz.

Nas cavalgadas loucas nossas metas
No gozo e no prazer que a noite traz,
Eu quero nas magias que cometas
Perder-me dentro em ti, quero demais!

E sorver cada lágrima e suspiro
Neste amor que nos dói em tal prazer
Em todos os instantes que deliro

Bebendo da saliva que me cura,
Morrendo de vontade de te ter,
Gemente e delicada com ternura...

VII

Amor que me devora, canibal;
Desfaz as tais auroras que não tive...
A lua enamorada deste astral,
Viaja pelos mundos onde vive

A bela criatura angelical,
Com quem o meu amor nunca convive...
Das portas não transponho seu metal.
As rosas nunca brotam no declive...

Amor que me devora, pestilento,
Não cura nem permite usar ungüento.
Destrói quem nunca teve sobrevida...

Amor mordaz me corta, vil ferida...
Amor que sempre vem nunca se espraia...
A vida vai morrendo em sua praia!

VIII




Como é difícil falar disto que sinto,
Palavras vão fugindo... O medo vem,
Mas nesta embriaguez, qual fora absinto;
Delírio me queimando; e sinto bem.

Dizer que não me atrai? Ah! Eu não minto,
Como é gostoso amar e ter alguém!
Teu rosto no meu sonho, sempre pinto
Mil cores e matizes... Sei também

Que sentes o que sonho e disso gostas,
O fogo me queimando; sol... Areia...
A mão que acaricia minhas costas.

É preciso falar da sensação
Que; tomando-me inteiro, me incendeia
Neste misto de amor e de paixão?


IX

Pelas ruas que caminho, quando topo
Com perfumes doridos, vaporosos,
Me recordo de festas, vinho e copo
Taças cristais, sentidos dolorosos...

Verdades são metades do quê falso
Carpetes e tapetes fingem persas.
Medalhas e correntes, cadafalso,
As noites que caminho são esparsas...

Carinho de mulher que não conheço,
Desejo de carinho não mereço,
O preço que paguei não faz sentido.

O mundo que tentei não tem mais topo,
O corte que sangrei quebrei o copo,
Amor que planejei, soa bandido!


X


Eu sei que este meu canto se perdeu.
Tu nada ouviste... Louco te busquei
Querendo te encontrar. Inda sou teu...
Só sinto que também, amor, errei

Ao crer que o mundo inteiro fosse meu.
Na dura realidade, a triste lei
Depois da claridade, vem o breu.
Só quero que tu saibas: eu te amei!

As horas se passando, não te vejo;
Procuro por teus olhos... Onde estás?
A morte solitária que prevejo

Em tristes ilusões eu me perdi...
Toda a força deste amor que, sei, demais,
Somente, minha amada, encontro em ti.


XI

Tu és uma saudade tão presente
Amor que se fez vivo e deslumbrante,
No cheiro que me toca se pressente
A vida como um bem mais radiante.

A boca está distante, mas se sente
O toque tão suave, num instante.
Amor tão delicado este da gente,
Qual sonho que invade a noite, galopante...

E roça teus sentidos, te arrepia,
Te beija, te desnuda e nada fala.
Qual fosse simplesmente fantasia.

Mas é real, tu sabes muito bem,
Adentra em tua porta, ganha a sala
Deitado em tua cama; manso... Vem...

XII



Amar e ser amado é como um jogo
Aonde ao nos perder logo ganhamos,
Não reconhece preces nem um rogo,
Uma árvore frondosa em tantos ramos.

Preciso deste amor que venha logo
Decerto neste sonho nos achamos,
Querida se brincarmos mais com fogo
Depois que formos ver já nos queimamos...

Um grande amor é sempre uma ilusão
Que vale muito a pena ser tentada.
Um risco que se corre em tentação,

Vagando sem limites pela estrada
Que às vezes nos trará tanta emoção
Porém em outras vezes dá em nada...


XIII


Tu sabes quanto eu gosto
De te comer todinha,
Fudendo devagar,
Atrás, na bocetinha,
Depois lamber gostoso
Colocar na boquinha
Até que exploda tudo
E o leite derramado
Depressa sem perdão
Já ser todo sugado.
Coloco na garagem
Ou mesmo na banheira
Gostosa sacanagem
É pra ser feita inteira
Sem medo ou sem censura
Deixando de frescura
Gostoso a gente inventa,
Entre as quatro paredes
Querida, vale tudo,
Matando as nossas sedes
Vem logo que eu te ajudo,
Na cama, chão ou redes,
Não deixo de querer
Sem ter nenhum juízo,
De novo te fuder.
Chegando ao paraíso
Estradas do prazer.
Fazendo deste jogo
Delícia a se jogar,
Querida acende o fogo
Que a chama vai brilhar,
Mas venha logo, logo
Que eu quero namorar...


XIV



Amor, quando partiste tu levaste
O bem maior que um dia pude ter.
Bem sei que tenho culpa do desgaste
Que veio, pouco a pouco, carcomer

O mundo que sonhei e que sonhaste,
Matando, sem sentir, nosso viver.
Agora o quê que faço sem esta haste;
Se, estúpido, eu perdi teu bem querer.

Saudade me tomando. O que farei?
A tua voz ecoa em meus ouvidos,
Eu sinto que jamais te esquecerei...

Morrendo lentamente... Na verdade,
Meus dias vão passando tão sofridos,
Só resta o amargo gosto da saudade...


XV



A vida no meu peito, entardecendo,
Promete anoitecer bem mais suave...
Amor com mansidão adormecendo
Comanda sem tumultos a minha nave.

Esqueço em algum canto, revolta, ira,
Carinho que tu fazes me sustenta
A dor que posso ter, cedo retira,
E todo o meu amor, macio, venta...

O sol estremecido não desponta
A lua envaidecida inda brotando
Nas hastes deste amor, percebo a ponta
Que fere mansamente, mal cortando...

Amor que calmamente faz espuma
Derruba minhas dores, uma a uma...


XVI



Amor feito em folia
Causando uma euforia
Prazer de todo dia
Em santa fantasia
Portando uma alegria
Do jeito que eu queria
Em noite tão vadia
Na boca que escorria
O doce que sabia
Cantando em melodia
Amor/telepatia
Fazendo uma arrelia,
Decerto que vicia
E assim nos propicia
Matar uma agonia
Que sempre se dizia
Tornando a vida fria.
Amor nos alivia
Trazendo esta harmonia
Que é feita em sintonia
De noite ou meio-dia
É feito em maestria,
Amor estrela guia,
Tanta vontade cria
Que a gente não sacia
E quer em poesia
Amor feito em folia...


XVII


Abrindo tuas pernas encontrando
A doce xoxotinha que fascina
Tocando com meus dedos bela mina
Aos poucos com desejo; penetrando.

Rebolas e remexes, deliciada
Enquanto umedecida pedes mais,
A língua bem gostosa e bem safada
Encontra meu prazer, e satisfaz.

Lambendo meu pescoço enquanto fode
Gostosa sensação, carinho e gozo,
Até que num momento tudo explode
Num mar que nos invade fabuloso.

Que tal fazer amor lá na garagem?
Amor com muita sede e sacanagem...


XVIII



Amor se faz servil sendo senhor,
Sublime em humildade nos cativa
E torna-nos mais fortes, traz vigor.
Essência que mantém uma alma viva

Liberta totalmente, o pleno amor,
É voz que mansamente é tão altiva
Nos mostra o bom caminho, é sedutor.
É força divinal, portanto ativa.

Nos faz crescer sem medo. Diviniza.
Eu te amo com certeza sempre e mais.
Da forma mais correta e mais precisa.

Encontro neste amor toda a riqueza
Que um dia enfim sonhei e quero mais.
É tudo o que desejo, com certeza...


XIX


Amor é um martírio que nos cura
E afaga mansamente enquanto fere.
Nas mãos em que se mostra uma ternura
A dor de uma facada que interfere.

Tal qual obra perdida e salvadora,
Tal qual boca beijada em puro escarro,
De força irracional e redentora,
Amor é feito lama, vida e barro.

No verso que se empapa de alegria,
A vida que se quis e se perdeu,
Além do que não sei se valeria,
Amor que se fez teu, somente teu...

Na festa em crematório, vela e círio,
Amor é doce mar, amar, martírio...


XX

Vou depressa e não discuto
Nem pergunto só te quero,
Tua voz quando eu escuto
Num momento, desespero
Quero logo o que quiseres
Vem comigo, vamos nessa,
Vou da forma que vieres
Devagar até com pressa,
Vou fazendo meu repente
Trovejando como o quê.
Todo amor que a gente sente
Não precisa de por que.
É vontade em fogo ardente
E todinho pra você.


XXI


Tua nudez se mostra deslumbrante
Em toda a transparência, camisola,
Olhando pra teu corpo num instante
Vontade de tocar, já vem e assola.

Fazendo uma arruaça em tua alcova
Bebendo deste fogo que incendeia,
Quer faça sol querida ou mesmo chova
Minha cabeça logo devaneia

E vendo-te desnuda na janela,
Atiça meu desejo canibal
De devorar beleza sem igual,

Que toda noite, amada se revela
Aguardo o teu chamado para a festa
Olhando da janela, pela fresta...

XXII

Desde a primeira vez quando te vi,
Desejo alucinante me tomou.
Ao te encontrar, em ti eu me perdi
Meu mundo nos teus braços, naufragou...

Eu quero-te, não nego esta vontade,
De ter teu corpo nu junto comigo,
E desfrutar prazer, felicidade,
Tendo em teu colo, todo o meu abrigo...

E penetrar teus vales devagar,
Teus seios em meus lábios... mansamente...
Descendo minhas mãos até chegar

Tua umidade amada, sempre quente...
Beber desta fonte, assim, termal...
Sorvendo cada gota, sensual...


XXIII




Amor que me tornou mais aloprado,
Se deveu a farsantes montarias...
Nave que perdeu rumo, fez estrado
Com as lenhas que colhe nem estias...

Amor que me tornou queimou o prado,
No prato que cuspiste, ventanias...
Não quero amor assim, sequer assado
Vivendo brincadeiras e orgias...

Amor mais aloprante, pra que quero?
Não me perdoe nunca mais, sincero...
No que se desprendeu, perdeu sentido...

Amor que jamais cego, dividido
Me faz um arremedo de saudade.
Amor assim não trará felicidade...

XXIV


Reflexos do luar sobre esta cama
Prateiam a mulher que se espreguiça
A noite em maravilha já nos chama,
E o fogo feito em lua nos atiça.

Amar é poder crer que a noite em chama
Aumenta cada vez nossa cobiça
E vendo que o desejo nos reclama,
A sorte recomeça em cada liça

Mergulho nos teus sonhos, sou teu par
E danço a noite inteira sem parar,
Alvejo teu amor com fina seta

E ao atingir teu peito nada resta
Senão comemorarmos nossa festa
No amor com quem a vida se completa....


XXV



O doce mais gostoso que conheço
Encontro na verdade em tua boca
Depois que a noite chega intensa e louca
Recebo todo o mel que sei mereço.

Recheios de prazeres e melaço,
Descendo pelos lábios. Que delícia,
Deitando meu desejo em teu regaço
Recebo o teu sorriso de malícia

E sinto que o banquete que me espera
É feito em mil sabores diferentes.
Em carnes, em suores, amor gera

Festividade sempre em nossa cama,
Amores em vontades mais urgentes,
A sobremesa flamba em vera chama...

XXVI


Não faça desse canto que pretendo
Enredo para a vida que não trago.
No fogo de teu fogo já me acendo
Embora nada tenha, nem um trago.

Resvalo meus defeitos no teu manto
E formo minhas lavras desta fé.
Amar quem não amara com encanto
Entretanto não vaga mais a pé.

Eu sei que minha sorte não te trouxe
Amor que se dizia salvador...
O mel que na verdade é agridoce
Beijando te mordendo, prazer-dor.

Depois de viajar estando perto,
Só resta te dizer, ‘stá tudo certo...

XXVII


Aconchegado estou nos braços teus,
Em tréguas sem procelas ou contendas
Nos lumes tão sutis esqueço os breus
E peço que esta senda assim; desvendas.

Levando cada cântico em fascínio
Rogando pela sorte de poder,
Estar como eu desejo em teu domínio
Desabrochando um mundo de prazer

Seguindo par em par imensa trilha
Que leva ao infinito num instante,
Saber que desfrutei da maravilha
De ter esta mulher tão radiante

Deixando os dias tristes para trás
Nos braços deste amor que tanto apraz...

XXVIII


Nós somos passageiros da alegria
Atados um ao outro eternamente,
Vivendo esta paixão que a cada dia
Se torna mais divina e envolvente.

Embora possa crer ser fantasia
Eu sei o quanto eu quero veramente
Beijar a tua boca em poesia
Sentir teu corpo aqui, deveras quente.

Assim vamos vivendo o nosso amor
Que é mágico e sincero, sem disfarces
Tocando com meus beijos tuas faces

Não deixo de saber que a boca é perto,
Arando com ternura e com fulgor
Deixando este caminho sempre aberto...

XXIX


Nas planícies serenas, tantos montes...
Os olhos desejosos pedem brasa...
Em meio a deslumbrantes, calmas, fontes.
Esfíngica mulher, dolente abrasa...

Desnuda-se esse sol, quer horizontes,
A mansidão demora, tudo arrasa,
Os rios invadindo passam pontes,
Amazônica enchente o leito vaza...

De repente erupções tão indomáveis
Explodem nebulosas, raiam céu...
As almas destruídas, incontáveis...

Depois desta explosão, a calmaria...
Os olhos se reparam lambem mel.
Refaz-se a mansidão, clareia o dia...


XXX

Menina bem sapeca na pracinha,
Deixando suas pernas entreabertas
Meus olhos vão buscando em descobertas
Beleza que se mostra sem calcinha.

Macias suas coxas, peludinha,
Gostosa de se ver, olhos alertas,
Queria bem debaixo das cobertas,
Brincando em sacanagens, vem marcinha...

Eu quero te sentir línguas e bocas
Tocadas, bem safadas sem juízo.
Rondando e penetrando tuas tocas

Fazendo desta noite inesquecível,
Sentindo bem maroto o teu sorriso,
Amor que a gente faz, sempre é incrível.

XXXI


Os olhos quando em lágrimas regavam
Jardins que as ilusões deixaram secos.
Andando pelas ruas encontravam
Encruzilhadas frias, ledos becos.

Abelhas sem ter mel, só ferroadas
No sangue em sua boca, riso e dor.
Sarjetas convidando, nas calçadas
Apenas o vazio a se propor.

Ao nada desde o nada, conduzido,
Somente um braço amigo poderia
Trazer à vida um sonho já perdido
Há tempos bem distante da alegria.

Seguir na direção de outro cardume,
Fazendo da amizade um vago lume...


XXXII


Eu quero o teu amor junto comigo,
Vivendo em cada noite uma certeza
De que enfim, já conheço um bom abrigo,
Teu colo, moreninha, uma princesa...

Menina há tanto tempo te persigo
As pedras do caminho, retirei,
Agora que te tenho já consigo
Pensar que desta vez, amor é lei.

Encontro teu castelo encantador,
Em meio a tempestades e tormentas,
O vento que me guia, o pleno amor,
No frio desta noite já me esquentas...

E vejo meu futuro do teu lado,
Assim como eu queria, apaixonado...


XXXIII


Entranho em tua xana, dentes, língua
E sorvo no teu grelo, mil prazeres,
Não vou deixar que a noite venha à mingua,
Adentro ao fogaréu como quiseres

Aprofundando sempre quero mais
Introduzindo os dedos, umidade...
No gozo que se chega, faço o cais
Aonde aporto, louco de vontade.

E sinto em teus orgasmos as tempestas
Que invadem, temporais e furacões,
Vasculho com desejo tuas frestas
E bebo cada gota, aos borbotões.

Depois em calmaria nem descanso,
Ouvindo teu gemido, eu quero e avanço...


XXXIV


Amor, a tempestade, em calmaria breve
É pesadelo louco. Espero e me destrói
Ao mesmo tempo cura, amputa e tanto dói!
É fardo que carrego e que me deixa leve.

É mão que me tortura, em carinhos se atreve.
Depressa, cicatriza, um segundo, e corrói.
Esfacela meu sonho; a vida, me constrói.
É frio no deserto, e sol em plena neve.

Amor manto desnudo, e clara madrugada;
Serpente que me beija, a boca envenenada.
Derrota na vitória, os louros na derrota!

É pleno contra-senso, um barco sem destino.
Ao velho, pleno encanto, e volta a ser menino.
Amor é louco guia, esquece-se da rota!


XXXV



A morena foi embora
Maltratou meu bem querer,
O meu peito vive, implora
Estou doidim por você!


Meu amor jamais se cansa
De procurar a princesa
Dona da minha esperança,
Obra prima da beleza;


Sua boca é puro mel,
O seu coração é meu.
Estou com ela, vou pro céu,
O meu corpo ela aqueceu...

Todo dia de manhã
Debaixo deste lençol
Levo a vida folgazã
Ela me aquece, meu sol.

Moreninha então te digo,
Se não quis já me perdeu.
Noutro corpo busco abrigo
Esperança não morreu...


XXXVI


Querida, nesta data comemoro
Um dia que nos mostra com certeza
A grandeza de Deus.

Que emana em momentos mais sublimes
Aonde em claridade revelou-se
Aos olhos mais ateus

Deixando que escapasse lá dos Céus
Um anjo que mostrasse a maravilha
De estarmos por aqui.

E nesta fantasia sem igual
O brilho permitiu chegar à nós
Emoldurado em ti.

Por isto nesta dia minha amiga
Eu quero na verdade agradecer
Dizer muito obrigado

Ao fato de poder ser teu amigo
E poder mais um ano usufruir
E estar sempre a teu lado...

XXXVII

Eu trago esta moldura em rara cena
De amores envolventes e sutis.
Felicidade é feita em noite amena
Alando nosso sonho, um aprendiz

Que vive em juventude luz serena
Alçando um canto livre, como eu quis.
A porta que se abriu já não se empena
E deixa a luz entrar, querendo um bis.

Estampas em teu rosto angelical,
Um riso que promete mais audaz.
Porém o verso manso e natural

De qualquer forma, amada me compraz.
Menina se mostrando sem igual,
Doce veneno em noite plena traz.


XXXVIII



Vagando pirilampo perco o lume
E deixo-me levar pelo vazio.
A noite sem ninguém, depois de tanto
Sonhar com nosso amor, decerto esfrio.

Embora nas trincheiras inda lute,
Teu corpo sendo o campo de batalha.
No fundo o desespero vai tomando
Cortando como um fio de navalha.

Quem sabe poderei gritar teu nome
E ter tua presença por inteiro.
As flores vão secando no jardim,
Mas creio poder ser qual jardineiro

Que após a seca enorme num inverno
Aguarda tão somente a primavera
Florindo novamente no meu peito,
Amor que há tanto quero, quem me dera!


XXXIX


Amor, como é difícil te encontrar,
Meus caminhos, perdidos foram vagos,
Mergulhei tantos rios, mares, lagos...
Naveguei por planetas, sol, luar...

Amor, nos nossos passos, caminhar,
Sem temer por dilúvios nem estragos,
Conhecer, ness’amor, segredos magos...
Nos canteiros, antúrios, vou plantar...

Em dois corpos, una alma um respiro,
Os nossos gozos, juntos num suspiro...
Sentir doce certeza do teu bem...

Diversa liberdade que cativa,
Aprisiona, tornando mais altiva
Nossas vidas que, uníssonas, convivem...


XL



Percebo em tua carne nua, exposta,
Segredos de prazeres incontidos,
Eternos madrigais.

E bebo desta fonte em desvario,
Sangrando meus desejos no teu corpo
E quero sempre mais.

Amor feito em loucura, nunca pára
De ter a sensação de ser perfeito,
E quer o teu prazer.

Galgando em plena noite constelar
Chegando à plenitude em teu gozo,
Com fome de querer.

E somas se mostrando mais completas,
Na multiplicação alça infinito
Amar é bom demais.

Vibrando com delícias, beijos, risos,
Vagando por caminhos mais benditos,
Alaga os nossos cais.

Luxúrias enlanguescem e nos tomam,
Fornalhas que acendemos em cetim,
Razão para viver.

Lençóis e transparências, seios, coxas,
Ascendo ao paraíso num momento,
No gosto de te ter...

XLI


Ardendo nas fogueiras
Em luas seresteiras
Das terras estrangeiras
Teu brilho irá tomar
Em noite enluarada
A voz já bem cansada
Durante a madrugada
Decerto vai chamar

Estrela do Oriente
Que amar completamente
É feito um gozo urgente
Tocando devagar
A pele que te chama,
No fogo intensa chama,
Percebendo quem te ama
E sempre vai te amar.

Meus dedos percorriam
Os sonhos que viriam
Nos gozos que bramiam
Num corpo em convulsão.
Sentindo-te bem perto
Alago este deserto
Em beijo e rumo certo,
Nas tramas da paixão...

XLII


Amo, sinceramente sei que te amo...
Não posso mais fugir à realidade
Nas horas mais tristonhas, na saudade,
Teu nome sempre falo e, manso, chamo!

Desculpe se por vezes te reclamo
Que não estás. Transcendo essa verdade.
Muitas vezes, mal sinto e te difamo,
Por certo, já perdi tranqüilidade...

Amor que tanto mata quanto brilha,
Não posso mais calar o sentimento...
Angústias e delírios, meu tormento.

Guardado, na gaveta, o teu retrato...
Quem teve vida tristonha, andarilha
Não sabe ser amado. E te maltrato...


XLIII

Persisto neste sonho alvissareiro
De ter uma alegria inesgotável,
Amor que percebendo um paradeiro
Encontra a fonte certa inquestionável

Tomando suas mãos, um seresteiro
Louvando a sorte quer inseparável
O canto mais feliz e verdadeiro
Atado nesta fonte imaginável

Além de um infinito, irei alçando
O risco de viver sem ter mais nada
Senão a glória personificada

Em lume que percebo desde quando
Chegaste à minha vida de repente,
E foste me inundando totalmente...

XLIV


Recebo em duros golpes, tempestade
Além de todo o mar que não navego,
Andara pela vida como um cego
Distante dos olhares, claridade...

Agora que quedei, eis a verdade,
O vago que somente inda carrego,
Aos sonhos do que fomos se me apego
É raio em que tombei. Na ansiedade

De poder ter talvez um porto ao menos,
Aonde descansar minha jornada,
Secando minhas fontes em venenos

Nas tramas que legaste como herança
Sobrando desta vida quase nada,
Quem sabe restará uma esperança?


XLV




Amigo, eu sei que é dura uma saudade

O amor nos conduzindo, muitas vezes

Nos rouba sem saber, felicidade

Por dias, por semanas ou por meses...



Eu também já passei por dissabores

Bem sei quanto é cruel a solidão!

A vida vai chegando aos estertores

A morte nos parece solução!



Amar demais traz sempre este tormento,

Cortando em nosso peito, a desventura.

Sangrando vilãmente em sofrimento

A vida nos parece uma tortura.



Porém não desanimes, companheiro,

Um novo amor virá, mais verdadeiro



XLVI


Num turbilhão de braços, coxas, pernas
Misturas divinais em polvorosa
Um carrossel rodando em noites ternas
Em toda esta loucura fabulosa

Quem dera se pudessem ser eternas
As noites em que amando, já se goza
Bebendo as maravilhas nas cisternas
Aonde nossa vida é mais formosa.

Em ritos de hedonismo, contrações;
Adentro as cercanias, gêiser, fogo.
Ardendo em teu prazer, me entrego ao jogo

As cenas se repetem, convulsões,
Florescem nossas flores em banquetes
E a dose sem limites, tu repetes...


XLVII

Amada, ao conceber amor supremo,
Que forma o diamante deste canto,
Já nada neste mundo, amor, eu temo,
Apenas me embeveço em teu encanto.

Que nunca permitamos que o ciúme,
Enodoe este amor que é nossa meta.
Bebendo em alegria o teu perfume,
Na glória que te faz assim, poeta.

Os nossos passos céleres, sem medo,
Os nossos dias nascem mais felizes.
Amor é nosso lema, este segredo,
Que cura qualquer dor e cicatrizes...

Igualdade liberta das correntes,
No sonho fraternal vamos contentes...


XLVIII


Acalantos de amor em noite clara,
Dedilho um violão, e ao pontear
Deitando nosso amor sob o luar
Sonhando com teu corpo que me ampara

Estrela que num brilho, fonte rara
De todos os desejos, vem tocar
Emoldurando um sonho, devagar,
Além do que talvez imaginara

Um coração que busca pela estrela
Raiada em madrugada seresteira.
Mulher, no fogo intenso, feiticeira

Cigana que desnuda em noite bela
Adentra minha cama e vem comigo
Fazendo do prazer, o nosso abrigo...


XLIX



Amiga que te quero bem amada,
Nas fímbrias deste amor, caminho vago.
Sorvendo cada gota imaculada
Deste carinho imenso, bom afago.

Benesses recebidas, adorada,
Nossa amizade bebo em cada trago.
Vencendo cada dia, uma alvorada,
Corrige esta tristeza, duro estrago...

Não vejo outra saída, senão ser
Amigo que tu queres, companheira.
Nas horas em que queres meu prazer,

Tomando as tuas mãos, tanto carinho.
Bebendo tua fonte, sede inteira,
Convido a conviver no mesmo ninho...


L



Eu quero que tu sejas mais feliz,
Só isso já me traz felicidade.
Um novo mundo, encanto, se prediz
Na voz de nosso amor em liberdade.

Sumindo toda a dor e cicatriz,
Prevejo e quero solidariedade
Material do amor que eu sempre quis:
O bem virá com naturalidade.

Permita te querer além do amor,
Além de um pertencer, sem possessão.
Nas mãos que unidas fazem com vigor

Uma colheita imensa com paixão.
Carinhos de quem é bom lavrador,
Arando essa seara, a do perdão...


LI


Solidão, mar cruel onde navego,
Transito meus segredos e tempestas...
As noites que passei, se foram festas,
Agora morrem luzes, mas sou cego!

Nas tantas tentativas, não me entrego.
As rodas da fortuna, não têm frestas,
Somente a solidão, amiga, restas...
A morte mais bisonha, é o que carrego!

Nas horas mais soturnas, as carícias;
A cusparada cala, tais primícias
São herança d’amor desilusão...

A porta escancarada, fico só.
Nem a morte, fiel, me tem mais dó.
Acolhe-me somente a solidão!!


LII

Amiga, eu te agradeço a paciência,
Pois tantas vezes, cego, eu maltratei
Tomado por loucura ou inclemência
Espinhos, no caminho eu espalhei.

Às vezes, egoísta, ou insensível,
Pensando só em mim, não reparava
Na mão que me apoiara, amor incrível,
E eu tantas vezes, duro, machucava.

Louvando o sentimento da amizade
Que ajuda-nos na marcha pela vida.
É necessário ter sinceridade
Na marcha que se faz ser tão querida.

Eu sinto-me feliz por ter-te amiga,
Certeza de que a sorte assim, prossiga.


LIII




Anseio tua vinda, todo dia,
Espero o teu carinho, doce afago.
Tua palavra acalma, uma alegria,
Na placidez gostosa deste lago.

Tu és o meu desejo em fantasia.
Sorver-te calmamente trago a trago,
Numa delícia plena em sintonia.
Um sentimento pleno, forte, mago..

Eu quero ter comigo o teu carinho,
Deitar-me no teu colo, ser inteiro.
Fazer de teus desejos o meu ninho,

Pulsando bem mais forte, sinto e vejo,
Um sonho que se torna verdadeiro,
Que, aos poucos vai tomando meu desejo...


LIV




Amiga, não perguntes por que choro!
A vida não me deu sequer escolha...
O vento me carrega, junto à folha
Onde escrevi meus versos. Hoje imploro

À solidão que deixe-me, recolha
Os restos que largaste sem decoro...
O mundo me trancou na triste bolha
Onde emolduras... Onde me demoro!

Amiga, não te peço que me escutes,
Apenas não desejo que me esqueças...
Das jóias que ganhei na triste vida,

Nas guerras que pedi, comigo lutes...
Batalhas que perdi, me convalesças..
A luta que forjei, já vai perdida...


LV



Teu anel de ametista bem guardado,
Olhando bem tranqüilo te suplica,
Incertos tantos dias do passado,
Carícias usam luvas de pelica...

Nas faces que este vidro multiplica,
O mundo, neste vidro preservado...
Teu choro refletindo no, ondulado,
Vidro; tanto corrói quanto te explica...

A garganta soprando várias formas,
Gaivotas do teu céu são invocadas...
Flutuas nestas curvas, tua porta...

Nesse retrato efêmero te informas
Imagens, no teu quarto, envernizadas!
Saudade permanece, finge morta!


LVI


Menina amada eu quero estar contigo
Em todos os momentos que puder,
Sabendo da menina esta mulher
Divina que desejo e que persigo.

Um sonho em maravilha em que eu consigo
Ter toda uma alegria em bem querer,
Decerto em tantas brilhos, o prazer
Encontra nos teus braços raro abrigo.

Menina, ao me ninares, acalanto
Amada sensação de ser feliz.
Ouvindo em tua voz um belo canto

Querendo sempre assim, pedindo bis
Da boca que extasia intensamente
No amor que enfim chegou, completamente!


LVII




Montanhas, cordilheiras, os condores
Voando livres, levam suas alas
Por tantas terras, Andes, casas, salas...
Nas asas dos condores, meus amores...

Nas selvas, pantanais, matas e flores...
Zunindo meus ouvidos travam balas,
As mortes nas conquistas tristes, calas...
O cheiro dessa terra, seu olores,

A lhama que sustenta tua fome.
A prata que roubaram, ouro e vidas...
Quando te vejo, paro, tudo some...

As marcas indeléveis, te sangraram...
Marcando pouco a pouco, essas feridas
Que trazes simbolizam: te roubaram...

As luas são mais belas nos teus mares,
As terras que invadiram, dividias...
Mãe serena, mancharam teus luares!


LVIII




Meu sonho ao te encontrar, felicidade!
Meus versos companheiros de teus versos.
Ao lado deste amor, nossa amizade,
Mostrando estes matizes mais diversos.

Encerro no meu peito a claridade
Que ganha no infinito de universos
Essência da total fraternidade...
Não deixa nossos cantos mais dispersos

Fazer-te mais feliz, amada amiga,
Pousar em tua boca o doce mel
Nesta ternura plena e tão antiga

Deitar-me do teu lado, estar contigo
E juntos galoparmos no corcel
Que entranha de desejo, amor amigo...


LIX



Bem sei que te fizeram redentora,
Mulher de mil batalhas e de guerra.
A noite que te trouxe, criadora.
Das dores; teu carinho me desterra.

Não posso conceber que quem te adora,
Não vive sem pensar: É bela a Terra.
Dos vales e dos campos és pintora,
Dos pássaros das cores desta serra!

Se tens a mansidão que tanto acalma,
Por certo também tens brilho e ternura.
As linhas do futuro em tua palma,

São flores maviosas qual bromélia.
A vida, em tuas mãos, tanta brandura,
Destino que me trouxe a ti, Amélia!

LX


Descubro a tua pele
Desnudo-te em completo
Vasculho e me repleto
Ao corpo que me atrele

E nua se revele,
Banquete predileto,
Eu sou o seu objeto
Cavalo que se sele

E monte sem descanso,
Bravio, louco e manso
Sereno ou insensato,

Galopando em estrelas
Nas ânsias, convertê-la
Raspando todo o prato...


XLI

A tua boca amada me percorre
A pele assim exposta, toda tua...
O mel que dos teus lábios, manso, escorre
Em cada nova curva continua...

Permita que meu corpo ao teu já forre,
Com ânsias bem vorazes, pele nua...
O teu desejo ao meu, logo socorre
A cama, o quarto...tudo enfim, flutua...

Teus seios no meu peito, tentação...
Explodem mil prazeres incontidos
Marcando cada passo em sedução.

Mergulho no teu corpo, meus carinhos...
Os teus olhos reviram, vão perdidos...
Inebriante gozo... nossos vinhos...


LXII



Amiga, mal disfarço o meu desejo
De em tua bela boca repousar
Toda a ternura mansa deste beijo,
Que faz a minha vida, eu suportar.

Tu és o sol guia onde me vejo,
Depois da triste noite sem luar;
Um sonho, ser feliz, contigo almejo
Amiga, como é bom poder te amar...

Eu sinto em ti o brilho que me alcança
Depois de tanto tempo, vão, sozinho.
Teus olhos irradiam esperança.

Amiga, não me deixes, por favor.
Não quero mais distante o nosso ninho,
Me entrego de cabeça ao nosso amor...


LXIII



Não sou doce como o mel
Tampouco manso.
Sou feito das procelas
Das tempestas
E do vento audaz
Que por sobre as montanhas
Não se permite calmaria...

A boca que beija
Morde e também assopra.
Fornalha em intensa ebulição
Destilando um sorriso
Quase plácido
Mas não patético.

Trago os espinhos,
O pé vai calejado,
As mãos também
Pelos rastelos da vida
Há muito ruíram-se os castelos,
Só não percebeste...

Fartura do nada
Ensimesmando um sonho.
Palavra algoz
Agridoce
Embriaguez.

Não sou romântico,
Nem estético,
Mas adoro o prazer.
Hedônico
Quero morrer
Nos braços da mulata
Em pleno campo de batalha...


LXIV



Não seja ambicioso meu amigo,

Às vezes desejar faz muito bem,

Porém numa ambição vive o perigo

De não respeitar nada e mais ninguém.



A sorte que se faz e quer abrigo,

No peito de quem sempre quis alguém

Da forma mais sutil assim prossigo,

Cantando este desejo; é meu também...



Não deixe que esta coisa salutar

Que traz uma esperança dadivosa

Se torne no cruel ambicionar,



Carrasco de quem ama e quer amor,

Matando com tristezas toda rosa

Que quer um bom perfume, em desamor...


LXV


Noites rondando
O corpo explodindo
Desejos
À flor da pele...
Em visões maravilhosas
Alucinadamente
Misturam-se imagens.

Bacantes
Orgásticas
Volúpias
E prazeres.

Embriaguez
Insensatez
Insânia
E voracidade...

Êxtases
Que se buscam
E se encontram
Nas loucas
Procissões de corpos.

Espelhos multifacetários
Mosaicos de mim mesmo.
Desnudo pelo absinto
Exposto pelo gim.

Nos bares, cabarés,
Motes e motéis.
Ruas, avenidas
Tetos e tetas.
Espelhos e pelos.
Peles, confusões,
Fusões e convulsões.

E a vontade de ser eterno...


LVI



A noite nos trará tal recompensa
Depois de um dia imenso em solidão,
Tu sabes quanto amar sempre compensa
Ainda mais se é feito com paixão.

Na nossa cama, em chama tão intensa
Fogueira das vontades, do tesão,
Deixando para trás a vida tensa
Nas tesas sensações, pura emoção...

No vale em que aprofundo expedições
Na busca de um tesouro, diamantes.
Dois corpos que se encontram, dois amantes

Promessa de loucura e tentações.
Fazendo desta cama a catedral
Na prece redentora e sensual...


LVII

Eu quero desvendar os teus mistérios
Guardados entre as pernas, paraísos...
Chegando devagar sem dar avisos,
Descobrindo teus mares, teus impérios
E a noite em harmonia sem critérios
Descendo pelos corpos, beijos, risos,

Até chegar ao leito deste rio
Que inunda em tempestades faz a festa.
Recebo o teu perfume em que me guio
Ao penetrar conciso, a bela fresta
Num misto de prazer vontade e cio,
Amar sem ter limite. O que me resta.

Vencido ao adorar a vencedora,
Cativo, quero sempre à qualquer hora...

LXVIII


Amiga, minha amada, nesses versos,
Traduzo uma emoção sem ter limites.
Os sentimentos belos e diversos
Nos quais te peço amor, quero acredites

Que és mais do que somente companheira,
És mais do que desejo, que não nego.
Um sonho que procuro a vida inteira,
Uma esperança rara que carrego.

Da minha camarada, bela e rara,
Da flor, puro perfume em meu jardim.
Daquela que meu sonho já antepara
O melhor sentimento dentro em mim...

Eu te amo desse amor que é mais completo,
Pois nele me sustento e me repleto

LXIX



Ao abrires – volúpia- os teus caminhos
Adentro com total insanidade,
Penetro em cada canto com vontade
Querendo inebriar-me com teus vinhos

Roubados em altares toda tarde
Deitando nos lençóis, sedas e linhos,
Na fúria dos desejos sem alarde
Amores e prazeres são vizinhos.

Meus dedos percorrendo tua pele,
Mucosas, umidades, convulsão
Em arrepios goze se revele

E trame novamente esta viagem
Divina que em profana embarcação
Resgata uma procela em louca aragem...

LXX



Nas pernas entreabertas
Adivinho o paraíso..
Na gula própria dos amantes.
A boca gargalhando num sorriso
Que em volúpia engole
Desengole e depois ri.
Gargalhando em êxtase...

Pompoirismo à parte
Não parta no meio
Que tem segundo tempo!

LXXI


Uma amargura imensa vem chegando
Tornando este crepúsculo dorido.
Embalde amor procuro, está perdido,
Distante do luar, me transtornando.

Sonhara com canteiro mais florido
No tempo em que viver era tão brando.
Os sofrimentos tantos, até quando?
Pergunto, mas jamais sou respondido...

Ah! Noite! Como dói este vazio.
Quimeras são desfeitas, a tortura
Na qual em pesadelos, me porfio.

E vem esta vontade de morrer;
O gosto que restou, esta amargura.
O amor em triste noite a se perder...

LXXII


Amigos...
Falar em amigos
É resgatar um pouco do que fomos.
Cúmplices,
Aliás, espelhos sem retoques ou distorções
Causadas pelos egos e ilusões de óptica;
Ninguém nos retrata melhor que eles.
A nossa sorte é que toda amizade
Exige reciprocidade.
Senão... estávamos ferrados!

LXXIII




Cora coração
Coragem que não tem
De ser o que talvez
Já fosse se pudesse.
Nesta altura da vida
Não sei mais nada
Nem me interessa
A vida já tem pressa
Que a manhã virá?
Só quero levar
No brilho do rocio
O cio bem cuidado,
Imagem da nudez
Da mulher amada
Tocando as retinas
Esgarçadas pelo diabetes
Pelas desesperanças
E, principalmente,
Pelos medos...
Quero ter teu beijo
Morena derradeira.
Anseio o teu desejo
Nas horas que virão.
Tão somente isto
E nada além.
Depois eu pego o trem
E parto para o nunca
Ou quem sabe pro talvez...


LXXIV

Mergulho
em abissais promessas
de saber de mim mesmo.
Esmo e sem sentido
vou à procura do que fui
e jamais soube.
A cólera inerente
o medo adquirido
o riso distraído
e o nada superposto.
Meu amor...
Restos de mim
escancarados em seu rosto.
Ferida não cicatriza,
nem avisa
vira brisa e vai-se embora.
Nas profundezas do que fui
apenas maremotos esporádicos.
Paixões e riscos,
ariscos sonhos
emoldurados na parede
do quarto de dormir
e de sonhar.
Nas fronhas, travesseiros
a última lembrança
de quem já foi
e me carregou com ela...

LXXV



Deixei nas curvas tolas do caminho
Alguns pedaços que jamais busquei.
O rio, o riso, preciso e mesmo audaz;
Amigos, cavalos, riscos e quedas.
Tantas imagens,
Ricas e embaçadas.
Deixei as curvas das morenas
Das mulatas
E de tantas outras
Que nem me lembro
Apenas sei que
Tudo ficou,
Esgotado o tempo,
Outonal desconfiança
De que tudo foi um sonho.
Apenas e nada mais.
Coração é matreiro
Faz das artimanhas
Sua diversão...
Agora, insuficiente
E quase indo embora
Resolve dar uma de menino
E cisma em subir em outras coxas...
Vai cair,
Tomar pileque
E se danar...
Enfarte À vista.
Hospital à prazo.

LXXVI


Quem dera se fosse
Alvorada em sertão
Fosse um fóssil
Deixado nas ruas
Andando entre pernas
E coxas morenas.
A vida seria mais prazerosa..
Mas ermo e sou esmo
O gosto da broa,
Café da manhã
A manha da irmã,
Recordações
Jogadas fora
Com as chaves do cofre.
Nem mesmo o segredo
Eu guardei
Entre as papeladas
Rasgadas e esquecidas
Nas gavetas da vida...
O cheiro que vem da cozinha
Lembrando Maria,
Marias de amar
Entre as manias
Que inda cultivo.
Amor é bicho solto,
Não respeita nem os velhos
Que, como eu,
Perambulam pelas alamedas
Intactas do coração...


LXXVII

Tanto prazer na chuva e nas tempestas,
Mistérios de divinas sensações.
O gosto das esperas, loucas festas,
Maltrata em arrepios, corações.

Vertiginosamente já me emprestas
Amores e mortalhas, teus perdões.
Deitando nas entranhas destas frestas
Que os tolos apelidam de paixões...

Rosto alvo de princesa, mãos macias...
As bocas carmesim, os arrepios...
Vestida de mentiras, fantasias,

Seriam mais sutis nos dias frios.
Na busca de teu corpo em proteção
Ardendo neste inverno qual verão...

LXXVIII


Às vezes a tristeza se apodera
De quem por tantos dias- só- vagara,
Em garras penetrantes, leda fera,
Tornando a nossa estrada mais amara.

Da dor que esta agonia sempre gera
Renasce uma esperança nobre e cara,
Vigor do florescer na primavera,
Aos poucos o caminho enfim se ampara

Uma esperança em novo canto traça,
Deixando para trás qualquer desgraça
Apenas num apoio que nos dá,

A sorte se refaz em cada passo,
E a dor cedendo à glória todo espaço
Permite-nos prever que brilhará...


LXXIX




Amor que tantas vezes faz sofrer,
Espinhos numa senda quase agreste,
Às vezes tão difícil de entender
Trazendo uma tristeza como veste,

Porém no amor bonito que me deste
Apenas desfrutando do prazer,
E tendo a força plena de um cipreste
Mostrando-se impossível de esquecer.

A voz que me encantando em preces salma,
Forrando de alegria em plena calma,
Acalentando a vida com encanto,

Cobrindo em raras flores, primavera,
É tudo o que há de bom e que se espera
Amor que eu desejava e quero tanto...


LXXX


Na contraluz das sombras, a tristeza,
Em caricatas cenas chama à luta.
Indiferente à sorte e à beleza,
Eu permaneço insosso em minha gruta,
Um eremita busca uma defesa
Que seja sem discórdias, impoluta.

Noctâmbula vontade se liberta
Nas fráguas de uma lua sedutora.
Paixão que vai servindo de um alerta
Atesta minha sina sofredora.
Se deixo o coração com porta aberta
Nem mesmo uma alegria redentora.

Nos sóis que me amortalhas, ledo amor,
Poente da saudade a me compor...

LXXXI

Minha rosa preferida,
Meu perfume de mulher
Eu te dou a minha vida,
E tudo o mais que quiser.

Toda noite em minha cama,
Eu já sonho com você,
Venha acender essa chama,
Nosso fogo do prazer.

Espero tua chegada,
E com isso festejar
Um beijo da minha amada,
Faz a vida melhorar.

Meu olhar nunca se cansa
Nas estrelas procurar,
Pois tu és minha esperança,
Venha logo namorar.

Na varanda dos meus sonhos,
Eu plantei um bem querer,
Os meus dias mais risonhos,
Quando passo com você!

Dos jardins, sou jardineiro,
Dessa rosa um colibri,
Te namoro o tempo inteiro,
Amor maior nunca vi!

LXXXII


Quem dera se pudesse alvorecer
Tocando como um vento a tua boca,
Sentindo tua voz ardente e rouca,
Aos poucos me tomando em tal prazer

Que a vida neste instante se treslouca
Num êxtase divino, uma mulher
Deitando seu desejo e quase louca,
Unindo em corpo e alma, o bem querer.

Há tempos esqueci que a mocidade
Não pode ser eterna primavera.
Depois de tantos anos, dura espera,

Acordo e a mão cruel da realidade
Roçando minha pele, fria e triste.
Porém uma esperança vã persiste...

LXXXIII



Sonhei com teus desejos, meus desejos...
Andávamos felizes pelos campos.
Vertíamos milhares, loucos beijos,
Nosso caminho, estrelas, pirilampos...

Sonhei que te levava pelas mãos.
Castelos e princesas aguardavam.
Os medos estancados, eram vãos,
A poesia e o canto me inundavam...

Sonhei com fantasias de grinalda.
O tempo não passava, era infinito...
Palavras e perfumes, ar desfralda...

Vastos e profundos, nossos mares...
A noite salpicada dos luares,
Fazia nosso amor bem mais bonito


LXXXIV


Sou quem fui e nem voltei
Não voltando fico lá
Mas se aqui me encontrarei
Meu amor irá voltar...

LXXXV

Noite em ventania
Pirilampos se perdendo,
Pensam ser estrelas...

LXXXVI


Coração vai batucando
Sem ter dó nem piedade
O seu ritmo acelerando
desafina de saudade...

LXXXVII


Um amor bateu na porta
Fui abrir, me constipei,
A saudade não se importa
eu jamais te esquecerei!


LXXXVIII


Jurei não amar ninguém,
Mas eu confesso a fraqueza,
Não é tanto minha a culpa
Como é da natureza.



Depois de tanto amar, em minha vida,

Jurei que nunca mais queria alguém.

Essa jura que fiz ficou perdida,

Depois que te encontrei; meu grande bem...



A cada nova luz já percebida

Sabendo que a saudade logo vem,

Pensei que essa vacina recebida;

Efeito prolongado eu sei que tem,



Não deixaria mais ficar doente.

Bobagem! O amor sempre me venceu...

Bastou eu te encontrar, tão envolvente,



De novo, num momento de fraqueza

Meu coração agora é todo teu.

A culpa é da danada natureza!



A Trova Mote é da região Nordeste de Minas


LXXXIX

Saudade vai tomando em fundo corte,
Na vastidão da dor que sei imensa,
Minha alma em outra coisa já não pensa,
Senão na redenção que traz a morte.

Quem dera se eu tivesse quem convença
A renovar um sonho que me aporte
No cais das esperanças, bem mais forte,
Talvez inda pensasse em sorte intensa.

Porém meu canto é sempre de tristeza,
A própria morte, eu sinto, me despreza
Deixando-me a agonia como herança.

Meu mundo vai disperso e na verdade,
Apenas vento frio da saudade,
Em noite tão vazia inda me alcança...

XC

Ao fim da tarde em prantos percebia
O quanto é necessário ser feliz.
A vida tantas vezes, meretriz,
Afaga enquanto corta, traz sangria.

Talvez se inda restasse uma alegria
Tivesse novamente o bem que eu quis.
Porém eternamente um aprendiz,
Perdido não encontra sol e dia.

A mão de uma pessoa soberana
Que traga apoio enquanto cambaleio,
Mostrando qual caminho para o veio

Aonde a boa sorte não me engana
Permite que imagine a liberdade
Alçada nos clarões de uma amizade...

XCI


Encontro neste mar as florescências
Das algas quais estrelas refletidas.
O vento me arrastando sem clemências
Em ondas tão rebeldes, decididas.

Belezas que se dão em opulências,
O mar, a lua, estrelas, raras vidas
Deixando as dores vagas, esquecidas.
-Deitando sob um céu em lactescências -

Olhos de Deus decerto enamorados.
E vendo a natureza num delírio
Esqueço a solidão, cruel martírio

Sonhando com teus olhos jogo os dados
E volto a te buscar Amor sem fim
E o dia renascendo dentro em mim...

XCII



Cantando amor supremo em lua cheia
Volvendo o meu olhar para você,
A deusa que em formato de sereia
Já sabe do que sinto e assim me vê

Vagando pela praia em branca areia
Procuro por seus rastros, mas cadê?
Entoa a melodia que incendeia
E foge sem ninguém saber por que;

Sereia, no seu canto a perdição
E eu quero me encontrar e estar perdido,
Vivendo loucamente esta emoção

Depois ir naufragando até... Quem sabe?
Viola o coração, rouba o sentido,
Mas venha antes que a vida já se acabe...


XCIII


A brisa matinal vem me tocar
Fazendo no meu rosto uma carícia,
Roçando minha pele devagar,
Com toques tão sutis, uma delícia.

Recebo neste vento o teu carinho
E sinto uma alegria sem igual.
Amor quanto adentrou em meu caminho
Da forma mais suave e natural

Mudou a minha história com certeza
Deixando minha vida bem mais leve
Nas águas deste amor, a natureza
Trazendo a mansidão que já me enleve

E faça de meus olhos sonhadores,
Cativos para sempre dos amores...


XCIV



Tantas vezes jurei ser fiel
Mas a vida me impede de ser.
Cada abelha produz o seu mel,
Sem teu mel como posso viver?

Não procuro fugir de quem amo,
Nem disfarço se te quero bem.
O meu canto que tanto reclamo
Quantas vezes vivi sem ninguém.

Não mais quero a saudade maldita
Nem pretendo viver solidão.
Tantas noites sentindo a desdita
De viver sem qualquer emoção.

Eu não minto se falo contigo
Deste amor que por tanto, persigo...


XCV


Eu quero te encontrar, minha querida,
Nos raios desta lua enlanguescente
Encontro nos teus braços a saída
Do amor que necessito, tão urgente...

A noite preparara a despedida,
Mas sinto que o porvir será contente,
Somente por que, enfim, a vida,
Me trouxe teu amor, tão de repente...

Aguardo, ansiedade cada beijo
Que enfim eu roubarei dos lábios teus.
Futuro bem melhor, contigo vejo.

Certeza que o futuro nos trará
O sonho que pedi, em prece a Deus,
E a vida, finalmente brilhará...