quarta-feira, 31 de maio de 2006

DO MILAGRE DO MERCURIO CROMO

Uma das cenas que considero inesquecíveis na minha vida de socorrista deu-se no PS de Guaçui, no Espírito Santo.
Estávamos no começo de uma tarde quente de sexta feira quando a ambulância que faz os atendimentos de urgência e emergência dentro do município foi solicitada para atender a um chamado próximo a Rodoviária.
Ao retornar ao PS, trazia um cidadão totalmente embriagado, com escoriações na face.
Esse fato se deu no início dos anos 90, portanto o mercúrio cromo ainda era utilizado em alguns lugares e, no PS ainda o utilizávamos como auxiliar na assepsia de ferimentos.
A auxiliar de enfermagem, ao fazer a limpeza da ferida, foi surpreendida por uma cabeçada do doente.
O resultado desse incidente foi a abertura do frasco, desses grandes com mais ou menos meio litro de mercúrio que, ao ser destampado, deixou cair sobre o pobre bêbado a quase totalidade de seu conteúdo.
Deixamos o “avermelhado” bêbado em observação, mas, com o decorrer do dia, e a chegada de urgências mais óbvias, fomos obrigados a remover o paciente para casa.
Pois bem, ao retornar ao Pronto Socorro, o motorista Cleber nos contou da dificuldade de encontrar o local onde habitava nosso amigo.
A informação que colhera, ao trazer o doente, é que o mesmo residia em Celina, distrito do Município de Alegre, que se acha a dez quilômetros de distância de Guaçui.
Ao chegar a Celina, e tentar encontrar a casa do bêbado, Cleber me disse da dificuldade da procura, os habitantes do local se referiam ao fato de “não conhecerem esse cidadão, inclusive por nunca terem visto um homem tão vermelho assim, na vida”.
Quando já estava desistindo, Cleber ficou sabendo por meio de um vizinho do alcoólatra, que este morava numa trilha de terra perto do distrito.
Devido à dificuldade de tráfego naquela estrada vicinal, Cleber deixou-o no começo da trilha e retornou ao PS.
Tudo bem se a história terminasse aqui, mas não.
Passados um ou dois meses, eis que o cidadão passa em frente ao Pronto Socorro, mas extremamente modificado.
A roupa comum tinha dado lugar a um paletó e gravata. No lugar da garrafa de cachaça, o cidadão trazia uma Bíblia.
Ao ser indagado do porque daquela mudança tão brusca, Cleber obteve uma resposta insólita:
- O Senhor não sabe o que aconteceu comigo!
Eu estava bebendo com uns amigos aqui em Guaçui quando, de repente, o diabo me levou, deu uma volta comigo, me marcou para a morte me pintando todo de vermelho e me jogou na estradinha lá perto de casa.
Quando acordei, seu moço, eu jurei pra mim mesmo que eu ia me arrepender dos meus pecados, ia entrar numa Igreja e nunca mais ia beber na minha vida!

Soneto em redondilha

Pode ir embora safado;
Isto aqui não te pertence
Cada vez que olho pro lado
O seu olhar não convence

Leva pra longe, danado,
É esse seu jeito non sense
Deveria ter cuidado
Embora você não pense

Cada dia mais distante...
Há mais gente descontente,
Um bocado mais adiante

Cada qual no seu batente
Homens sem temer rompante
Urgindo se sentir gente!

DO SOCIALISMO DE RESULTADOS

Uma coisa necessita ser analisada neste período pré-eleitoral.
Temos um grande vencedor se consolidando a cada dia, e um grande derrotado, se não for feito algo com urgência.
Paradoxalmente os dois sempre andaram juntos e, durante um bom tempo se confundiam de forma quase que monocromática.
O vencedor, Lula, a cada dia se apercebe disso e busca para ter as condições mínimas para governar, o apoio em outras siglas que não somente o PT, esse sim, o provável derrotado nessa eleição.
O PT paga o preço por seus erros contínuos, desde o início das denúncias contra o caixa 2, atabalhoadamente feito.
A mea culpa e a prometida limpeza ética, ficaram a meio caminho; a partir do momento em que, todos nós sabemos que não houve mensalão e sim um caixa dois; mas, com a falta de combatividade e reação mais sólida do partido, para a população, com a ajuda da Mídia, restou a certeza da existência da corrupção.
A mentirosa afirmativa de que “estávamos frente ao maior esquema de corrupção da história” foi a “verdade” que se solidificou para a opinião pública.
Lula saiu dessa crise praticamente ileso, mas o PT não. Esse ficou com a marca da corrupção nas costas e, como a virgem que é pega em flagrante se torna mais visada que a prostituta usual, ao PT restou esse estigma.
Erros de estratégia a parte, temos um caminho longo a percorrer até a recuperação da sigla ou, pelo menos que a surpresa provocada associada à ira dos outros partidos e grupos, seja dirimida.
Pois bem, com tal fato esclarecido, temos um grande problema pela frente: Lula está agindo, e só lhe resta agir assim, com total independência em relação ao Partido.
Hoje ele é muito mais representativo que o PT e disso não tenhamos dúvida.
Não só Lula se apercebeu disso, mas o PMDB e setores mais progressistas do PSDB também, e sabem tanto quanto o Presidente, que para manter a governabilidade pelos quatro anos que virão, deverá haver, pelo menos informalmente, uma aliança em torno de um projeto.
A aproximação entre Lula e Serra, Quércia, Aécio e outros líderes oposicionistas deve ser vista com os olhos de quem se apercebe da sabedoria desta decisão.
O afastamento de FHC e Aécio e Serra, e do PFL do PSDB é sintomaticamente uma alusão a esta verdade que se apresenta límpida e clara.
Não podemos e nem temos cacife para julgar qualquer ato de Lula neste instante, já que por nossa culpa, definharemos nas próximas eleições; mas, sobreviveremos.
Nosso restabelecimento moral e ético depende somente de nossas atitudes de agora para frente.
O SOCIALISMO necessita dessas alianças para continuar a ser instituído no Brasil e para isso, necessitamos dessa espécie de “Socialismo de resultados”.
Nesse país de instabilidade partidária, e de falta de clareza com relação aos ideais de cada partido e mesmo falta de coerência, podemos imaginar, nesse período, numa possibilidade de amadurecimento partidário.
A formação de blocos entre os partidos, com um grupo socialista típico, formado pelo PSOL e setores mais à esquerda de alguns partidos, outro grupo desse “socialismo de resultados” e um terceiro grupo formado pelo PFL e congêneres, nos dá a nítida impressão de que o país estará amadurecendo.
Ao PT, caberá um papel importante, mas não fundamental nesse novo mandato de Lula, cuja base aliada deverá ser ampliada dentro de uma linha mais ideológica do que com os PLs, PTBs, PPs e “aparentados”.
Com a minimização do poder de FHC e de outros dentro do PSDB, este também deverá se afastar do PFL e, talvez no que pensávamos ser impossível, se aproximar cada vez mais do PT e do grupo socialista do PMDB.
Esse quadro é o que pressinto; posso me enganar, mas creio que esta nova realidade partidária do país trará muitas surpresas.
O que sei é que Lula se aproxima, e não lhe resta outra alternativa, dos grupos mais afinados com o PT, dentro do PMDB e do PSDB.
Quem viver, verá!

SONETO

Gosto amargo de tantos preconceitos
Espera inútil, trazes o não ser.
Rastros de sangue vão tragando o peito.
As esperanças matas, sem saber.

Levas o vago gesto, apodrecer.
De complexos caminhos, imperfeitos;
Onde pisas, destróis sem perceber,
As cargas que carregas, tão sem jeito.

Liberdade, palavra sem sentido.
Cabes nesse deserto que professas
Kilovats a esmo nos ouvidos.

Martelas repetidos sons, tropeças.
Invertes as verdades consumidas
Nesta vazia noite, que confessas...

PARA ONDE IRÁ FHC?



Pára com isso, Serra!
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em conversa recente com um amigo do peito:

- O Serra tem de parar de falar mal de mim. Eu botei o Alckmin para perder essa eleição e o Serra foi preservado para ser candidato em 2010.





Essa conversa apresenta a seguinte conotação: com a aproximação das eleições e a clara reeleição de Lula à vista, setores do PSDB, capitaneados por José Serra e Aécio Neves, se afastam mais e mais daqueles que poderiam, de uma forma ou de outra, prejudicar a possibilidade de herdarem, com a impossibilidade de um terceiro mandato consecutivo, o apoio de Lula ou, pelo menos, uma oposição mais suave deste.
Devemos nos lembrar que Fernando Henrique Cardoso, certo da derrocada de Lula no ano passado, começou a agredi-lo de forma pessoal e antiética, o que gerou descontentamento e mágoa no Presidente, sentimentos que o mesmo não alimenta nem para com Serra e muito menos para com Aécio.
O que quer dizer isso?
Lula caminha célere para ser o grande vencedor dessa eleição, independentemente do PT ou de qualquer aliança. Sua busca, agora é para a governabilidade no segundo mandato.
E, tanto Serra quanto Aécio vislumbram essa possibilidade como um fator real de poder ter, senão o apoio, mas uma posição mais simpática de Lula com relação a uma candidatura deles.
Os entraves naturais a essa situação estão sendo retirados pouco a pouco. O primeiro deles, obviamente é o PFL e nisso, o próprio PFL tem colaborado para que ocorra.
Os comentários suicidas de César Maia, entre outros, têm demonstrado isso.
Outro fator importante é o afastamento de setores tucanos que confundiram adversários com inimigos, e FHC, atingido pela mosca azul e pelo sentimento de vingança contra o “analfabeto que superou o professor”, no seu sentimento mesquinho de uma inveja atroz, detectada várias vezes em declarações anteriores, esbaldou-se de tanto melado e falou demais.
A prudência de Serra e de Aécio, demonstram o quanto estes estão mais maduros e, percebendo desde o início que Lula era bem mais forte do que se apregoava, ficaram a maior parte da crise calados ou, no máximo, deram suaves alfinetadas.
Este episódio abre a sepultura política de FHC, vítima de sua soberba e de sua inveja, abandonado por tudo e por todos e definitivamente legado ao esgoto da história.
Quem sabe, para seu consolo, possa ser chamado a se filiar no PTB de Bob Jéferson ou no PPS de Bob Freire, pois, acredito que nem o PFL de Toninho Malvadeza vai aceitar esse espólio!

terça-feira, 30 de maio de 2006

DAS TERRAS MAL DIVIDIDAS

Seu moço me dê licença
Preu contar pras excelença
Um pouco dessa vivença
Que com muita experiença
Acumulei nessa vida
Vida ao sol bem mais curtida
Dessas hora bem vivida
Das ida e das despedida.
Aprendi com o roçado
Que mesmo sem ter pecado
A mão de Deus num perdoa
Quem num sabe curtivá
As hora toda que passo
Nessa terra a acariciar
Me serve como o compasso,
Me dando a lição mais boa
Das que pude perceber
Que num basta sabê lê
É percizo aprender a amar
O suó das minhas mão
O calo vem por herança
O valor de um coração
Só o amor como lembrança
A firmeza da esperança
E um poquim de gratidão
Satisfais bem mais ao home.
Das coisa que a terra come
Das vida que ela consome
Nois vamo ser seu adubo
Os pobres, os rico, tudo
Num vamo passar sem isso
Mesmo com os compromisso
Quitados ou por quitar
A vida tem seus pedágio
Que nois tudo vão pagar
Mesmo os cabra dos mais ágil
Disso num póde escapar.
Apois bem seje modesto
Que no final nem o resto
Das empáfia mais medonha
Nem das maldade que sonha,
O mais rico coroné.
Nada disso dá certeza
Da colheita da tristeza
Prantada , pur safadeza
Nesse mundo de meu Deus.
Nem os cristão nem ateus
Podem saber do dispois
Antonce vem, ora pois
O caminho percorrido
Deve de ser dividido
Pulos home que trabáia
Nois num suporta a cangáia
Num semo burro de báia.
Per favô, num atrapáia
Os cabra trabaiadô
Dê um trocico de chão
Se pegá desses ladrão
Sobra terra e dessas boa
Que é pau de fazê canoa
Que dá pru sujeito vivê
E criá us seus fiínho
Cum tanto amô e carinho
Tal e quar Cristo mandô
Apois repare sinhô
Que nois tudo é brasilero
Fío do mesmo pulêro
Adonde o galo cantô .
Hora premera da vida
Da nossa vida sufrida
Feita de munta corage
De sangue dos inocente
Arrepare nossa gente
No meio das paisage
Bataiando só a só
Nois num perciza de dó
Nem qué sua proteção
Isso nois num qué mais não
Nois perciza é de justiça
Nois num quer mais sê carniça
Prus hôme pudê jantá
Na fome descomuná
Dos abutre mais faminto
que véve nas capitár
sugando o sangue sem cor
dos home branco e retinto
que vevem nesse recinto
pra móde nus exprorá.
Trabaiamo a vida entera
Sem ter medo das porquera
Que, por medo ou por bestera
Os home que fais jorná
Tenta fazê de nois tudo,
Pior que os marginá.
Repare bem seu dotô
Apois quem sempe exprorô
Os pobre dos lavradô,
Róba de todos sem pena,
E dispois lá vem a pena
Desses home das nutiça,
Dizeno que as puliça
Divia nos martratá,
Que Deus perdoe esses cabra
Que as cabeça deles abra
Pru mode compreendê
Qui nois num semo bandido
Que nois só fumo banido,
Sem dereito a recramá,
Que nois ta quereno tê
É sumentes pra vivê
Um tiquinho dessa terra,
A terra adonde se encerra
Nosso peito varonil
Do nosso amado Brasil!

DO NASCIMENTO DE UM POLÍTICO

Lembo chama ACM de 'senhor de engenho'
Lideranças do PSDB e do PFL ruminam em segredo a suspeita de que o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, perdeu o controle sobre a própria língua. Em sabatina promovida pela Folha, nesta terça-feira, a língua de Lembo voltou a dar demonstrações de rara independência. Ela atacou pefelistas e tucanos e, em dado instante, insurgiu-se contra integrantes da platéia, reunida no Teatro Folha, no Shopping Higienópolis.

Lembo, 71 anos, esforçou-se para demonstrar que, em verdade, a língua segue o seu comando: “Os políticos costumam ser muito pouco claros no seu pensamento. Como eu estou velho, eu falo tudo que penso. Eu estou absolutamente lúcido e acho que a única coisa que posso fazer, politicamente, é ser lúcido e claro". A língua, porém, prevaleceu sobre o político durante toda a sabatina.
Referindo-se uma vez mais à falta de solidariedade do tucanato no auge da crise de segurança que teve de arrostar, a língua de Lembo voltou a ironizar o distanciamento estratégico de Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e José Serra: “Eu diria que, como toda ave, às vezes o tucano voa fora de hora". A despeito das críticas, a língua disse que votará em Alckmin para presidente e em Serra para governador de São Paulo.

Abespinhada com o fato de Antônio Carlos Magalhães, morubixaba da pefelândia baiana, ter dito que Lembo tem “cara de burro”, a língua tomou as dores de seu dono. Disse que ACM é um dos legítimos representantes do extrato que qualificou de “minoria branca”. Comparou-o a um “um senhor de engenho”. "O nosso senador é um homem de agressividade contínua. Felizmente, não tenho nada com ele".

Inquirida acerca da imagem de “esquerda” que seu linguajar vem imprimindo na testa de Lembo, a língua do governador disse ter enorme simpatia pela senadora Heloisa Helena, presidenciável do PSOL. Mas insinuou que o hábito da senadora de vestir-se ao estilo bicho-grilo a impede de aderir à causa: "Até por indumentária, seria injusto se eu fosse para o PSOL", disse a língua.A língua de Lembo exaltou-se com integrantes da platéia quando questionada sobre a suspeita de que a polícia paulista tenha executado supostos integrantes do PCC. "Não houve execuções. A polícia é equilibrada e racional", disse ela, arrancando risos da audiência. Dirigindo-se a um expectador, a língua desferiu, ferina: "E você, que está rindo, não tem coragem de ser polícia. No dia do pânico você estava dentro de sua casa".




Realmente, estamos vendo o nascimento de um belo político.
Cláudio Lembo, no ocaso de sua vida, aparece com a dignidade e honra de um jovem guerreiro, para surpresa de todos.
Esse homem que, durante toda a vida política parecia totalmente apagado, sendo comparável a um vagão arrastado pelas locomotivas de seu partido político ligado, muitas vezes, ao que mais podre há nesse país, as oligarquias nordestinas e ao coronelismo sanguinário e cruel.
Aparece-nos como um homem digno, com um discurso à altura de grandes libertários como Teotônio Vilela, entre outros.
Surpreendente a cada intervenção que faz, o Governador Cláudio se demonstra muito melhor em todos os níveis do que seu antecessor; covarde e sem ação, um joguete nas mãos dessas oligarquias que Lembo denuncia e ataca.
A maturidade de um homem pode dar-lhe a liberdade que traz a dignidade. É muito bom amadurecer e envelhecer.
A coragem que faltara ao jovem e ao adulto, se demonstra no velho, no idoso.
O fato de termos essas características aflorando nesse homem de 71 anos, nos dá esperanças com relação ao ser humano; nunca é tarde para se restituir ou adquirir a sensatez e a dignificante liberdade ou a libertária dignidade.
Nós outros, que lutamos por um mundo com maior cidadania e igualdade , com respeito pelas diferenças e amor ao próximo, te recebemos com os braços abertos.
Com os mesmos braços que receberam, noutra época, o Senador Teotônio, a luta pela verdadeira democracia nesse país, cada vez mais se sente orgulhosa de te ter como aliado.
Não permita mais que esses senhores de engenho e esses crápulas dessa bem detectada minoria branca que agora se sentindo ofendida; pois a carapuça que lhes cabe é pesada e vergonhosa, te desviem do caminho, companheiro.
Seu discurso não é de direita e nem de esquerda, é o pela justiça e pela dignificação do ser humano.
Governador Cláudio Lembo, a velhice te deu a lucidez e a franqueza, não as perca.
Mantenha-as com todo o afinco que puder, não cedas às pressões desses crápulas que sempre te usaram, perdoe minha franqueza.

DA POMPA E CIRCUNSTÂNCIA OU DO JANTAR TUCANO

Jantar de R$ 3.000 tenta arrecadar recursos para a campanha de Alckmin Os tucanos paulistas se reúnem hoje, a partir das 19h, em mais um jantar de apoio à candidatura do ex-governo Geraldo Alckmin, no Oggy Gallery, nos Jardins. Com convites a R$ 3.000, o jantar deve arrecadar recursos para a pré-campanha de Alckmin.O ex-prefeito de São Paulo José Serra, candidato tucano ao governo de São Paulo, é esperado no evento. Ele não confirmou presença.O jantar havia sido cancelado por conta da onda de violência que atingiu a capital na semana retrasada. O convite custa R$ 3 mil e foram vendidos cerca de 300 convites. O evento é organizado pelo diretório estadual do PSDB em São Paulo. Hoje à tarde, tucanos e pefelistas se reúnem no conselho político criado para aparar arestas na campanha de Alckmin, na capital federal. Entre os itens da pauta do encontro do conselho político está a formalização da aliança PSDB-PFL, prevista para quarta-feira.




Honestamente, eu não quero parecer vingativo, mas tem coisas que acontecem que o dedo coça e não tem jeito. Lá estou eu de novo a escrever...
Lembro-me bem quando o PT fez um jantar cuja doação mínima era de mil reais para arrecadação de dinheiro.
Isso levou o Senador Arthur Virgílio a crises convulsivas dentro do Senado Federal, colocando em dúvida todos aqueles que participaram de tal jantar.
Alegando que as contribuições seriam uma forma de corrupção, já que quem doasse teria “benesses do Governo”.
Agora o PSDB me vem com o mesmo tipo de expediente para a mesma arrecadação de dinheiro.
Percebo que o Senhor Senador falava por conhecimento profundo de causa já que, no seu partido, provavelmente, tais jantares prestam a finalidades outras.
Pelo que ocorre na minha casa, por pressuposto devo imaginar o que ocorre na de outrem, pensava assim o Senador Virgílio.
Partindo desse pressuposto, entendo agora o piti dado, como de costume pelo emplumado amazonense.
Agora, voltando ao Jantar, me ponho a imaginar como transcorrera tal evento.
Com a cobertura “jornalística” de Caras e televisiva de Amaury Jr., O Repórter, temos a abertura do evento, na Daslu, presidido pela “Dama da televisão brasileira” Dona Hebe Camargo!
Vestindo um legitimo “De merdè” da famosa coleção de Dona Lu Alckmin, a primeira dama mais elegante do Brasil; Hebe, com uma “gracinha” de sorriso chama a “gracinha” da Cristiane Torloni para coadjuvá-la na apresentação dos convidados e do fino buffet.
No menu temos Patê de Chuchu avec foie gras de entrée. Como prato principal, teremos Chuchu avec descargot ou Chuchu aux molho de trutas e maracutaionese, podendo ter, como opção, guisée de Tucano aux trambiqué; ou, quem sabe, tucano avec chuchu aux Robalo’s pavê.
Durante o jantar, teremos um show com Chiclete com Banana e Daniela Mercury, para encanto de todos os ouvidos dos nobres “vagabundos” convidados.
De sobremesa, teremos uma inesquecível mousse de abobrinhas avec chuchu.
Isso tudo associado a um magistral discurso de Don Fernando Henrique Cardoso, sobre os métodos mais eficientes para cozinha Lula ao molho pardo.
Métodos esses um tanto quanto ineficazes na prática, mas explanados à moda Dalilesca de FHC, num dadaísmo neoliberobesteirolês.
Após esse “Grande Encontro”, todos devidamente empolgados com a candidatura Tucanesa, entoarão para encerrar o conhecido hino do Íbis futebol clube e irão se encontrar à beira da piscina, onde jogarão uma moeda, solicitando um desejo.
E, para encerrar, num delicioso happy hour, todos juntos tomarão um PRIMEIRO ENGOV, JÁ QUE O SEGUNDO SERÁ FORNECIDO, GRACIOSAMENTE DEPOIS DAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO.

DA ZONA E DA RURAL

Lembrando-me do Prefeito Francisco, já citado aqui antes em dois episódios inesquecíveis, tenho mais uma “das suas” para contar.
Contam à boca pequena, quase que sussurrante que nosso querido prefeito, nos idos dos anos 70, filiado à Arena, Arena 1 para ser mais exato, herdeira da UDN mineira, tinha muitos contatos importantes lá pros lados de Muriaé.
Uma coisa que merece ser citada é que em Muriaé, cidade conservadora da Zona da Mata mineira, a UDN tinha o apelido de “Goteira” , ao contrário do PSD, famoso como “poaia”.
Poaia é uma planta que nasce em qualquer canto e é difícil de ser extinta; dando um caráter mais “popular” ao partido.
Francisco, como udenista que se prezasse, defendia a tradição, a família e a propriedade, ancestral político de um certo ex-Governador paulista, famoso por seus laços com a Opus Dei, aliás, aparentada com o Integralismo de Plínio Salgado ou, melhor ainda, com uns movimentos europeus, mas é bom ficar por aqui, senão de tanto divagar a história vai ser esquecida.
Voltemos a ela, pois.
Como já dito antes, Francisco, apesar de seus laços com a TFP, tinha uma paixão irresistível pelas meninas da dura vida fácil, principalmente as mais novinhas.
Haveria um encontro de personalidades ligadas à UDN mineira, em Juiz de Fora e nosso amigo foi chamado para representar sua cidade.
Esse encontro iria contar com a presença de, entre outros, Magalhães Pinto, ex-Governador e homem forte do Governo Mineiro.
Isso deixara Francisco muito orgulhoso e, todo pimpão e serelepe, preparou-se para a viagem.
O seu Opala Diplomata estava reluzindo, brilhando mesmo, ofuscando os outros automóveis da pacata cidade.
Ao chegar a Juiz de Fora, se hospedou num dos melhores hotéis da cidade, com toda pompa e circunstância.
Na primeira reunião, iriam tratar de financiamento para a compra de tratores para as Prefeituras, obviamente superfaturados, num prenúncio da “máfia das sanguessugas à moda setentista”.
Nesse encontro, os prefeitos iriam ter que dar uma idéia da “necessidade” das micro regiões para a transferência de tratores, respeitando a necessidade de cada um.
Haveria, portanto, uma distribuição de maquinário de acordo com as necessidades das zonas rurais de cada município.
Francisco, aéreo, sem prestar muita atenção ao que se discutia naquele momento, pensando nas delícias do almoço que adivinhava ser servido naquele hotel de grã fino, ao ser inquirido tomou um susto.
E um susto maior ainda causou ao seu interlocutor.
A pergunta, simples, foi a seguinte:
“-Francisco, como está a situação da zona na sua cidade?”
Ao que, sem titubear, respondeu:”.
“-Boa, tem uma moreninha linda, deliciosa que a Clarice trouxe lá do Rio que parece ser uma princesa!”
Ao que, o Secretário de Obras do Governo, assustado e tentando corrigir o ato falho, tenta esclarecer:
-Francisco, eu estou falando da Rural!
No que este responde, sem pestanejar:
- A Rural deixei no sítio, eu vim com o meu Opala, mas ela está com os pneus meio carecas, vou ter que procurar aqui em Juiz de Fora, por que na minha cidade não encontrei pneus bons para ela não.
ABAIXA O PANO DEPRESSA!

SE A CANOA NÃO VIRASSE...

Da Folha de S.Paulo, hoje:

"Temendo um arrastão em seu território, o PSDB desenhou uma mudança na estratégia do pré-candidato Geraldo Alckmin à Presidência da República. Em vez da investida no Nordeste, Alckmin deverá se dedicar mais ao Sul e ao Sudeste -região onde conta com situação mais confortável- para impedir a ocupação petista.
O medo dos tucanos é que, no afã de ganhar visibilidade nacional, Alckmin deixe São Paulo desguarnecido, permitindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhe fôlego suficiente para levar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes ao segundo turno.
Além disso, os tucanos se preocupam com a performance do candidato no Rio e Minas Gerais. No Rio, onde, pelos números de hoje, os candidatos do PFL e PSDB não chegariam ao segundo turno, Alckmin ainda busca o palanque mais sólido para a disputa.
Em Minas, a intenção é explorar mais o capital eleitoral do governador tucano Aécio Neves (MG). Assim como o governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), Aécio será convidado a integrar o conselho político da campanha de Alckmin."




A análise desta notícia deve ser feita da seguinte forma:
A possibilidade de reverter o quadro desolador da candidatura de Geraldo no Norte e Nordeste se mostrou totalmente nula.
E, antes que a sua ausência possa dar maior força às candidaturas contrárias ao PSDB, principalmente em São Paulo, é melhor parar de comer buchada de bode, acarajé, sarapatel; parar de fazer “promessa” para Padim Ciço, passear pelas ruas e praias nordestinas, mostrando seu “bronze” de garotão sarado e retornar à casa paulista para tentar impedir o barco tucano de fazer água.
Falando nisso, vou roubar um pouco da sua atenção para descrever essa canoa.
A canoa foi feita, sob a encomenda da alta cúpula do gran tucanato paulistano, por um estaleiro paulistano escolhendo para capitão, o piracicabano Geraldo, que se apresentou, voluntariamente para ser o capitão da embarcação.
Pois bem, como sabemos que a capital paulista não é um dos locais mais indicados para a indústria naval começando pelo simples fato de não possuir mar; foi chamada a alta cúpula do PFL nordestino associada com o PFL carioca, de César Maia para, costurando uma aliança tentar salvar o barco.
Esse pessoal do PFL tem muito mais conhecimento de fabricação de barcos, porém, como a experiência básica é na construção de jangadas, houve uma grande discrepância, entre o tamanho da canoa desejada e a fabricação da jangada pefelista.
Começou, então, uma grande discussão entre os vários engenheiros, construtores, operários, comandantes e até marinheiros.
Tucano é bicho terrestre e, sem perceber, entre trocas de bicadas e pescoções, começou a fazer várias perfurações na própria canoa.
Essa, inevitavelmente atingida e de forma brutal, começou a fazer água.
E por todos os lados.
Pois bem, o capitão Geraldo, mais perdido que cego em tiroteio foi chamado às pressas para tapar o buraco de bombordo.
Quando, de repente, começa a vazar em estibordo, na proa, na popa, em todos os lugares da canoa, havia furos e mais furos.
Nessa altura do campeonato, os construtores do barco reclamam em alto e bom som:
- Em que maldita canoa furada fomos entrar!
O capitão Alckmin, vive repetindo que as coisas vão mudar, vão mudar...
Mas se a canoa não furar eu chego lá será mudado, em pouco tempo por: ABANDONAR BARCO! E, nessa situação, os ratinhos vão deixar o capitão a ver navios; ou melhor, a ver o Lula Gigante, passando, célere, rumo à reeleição!

A MUSA DO VERÃO

Uma análise das pesquisas eleitorais para a presidência da república me permite fazer uma análise sobre as tendências de votos, principalmente em relação aos “redutos” de cada candidato ou partido.
Em primeiro lugar, uma coisa que é notória deve ser vista como ponto de partida para essa análise.
Temos um terço do eleitorado fiel a Lula, que vota e sempre votou e votará em Lula; temos outro terço que nunca votaria em Lula e um terço que irá decidir a eleição, qualquer eleição onde Lula participa ou participará.
Comecemos pela rejeição de Lula, essa se mantém dentro da previsão dos 30 e poucos por cento que nunca votariam nem votaram nele.
Poderia se imaginar que Alckmin deveria crescer absurdamente dentro dessa faixa de eleitorado, mas, por rejeição cumulativa, ou por incapacidade de convencimento ou por um passado de ineficiência deflagrado na crise de autoridade em São Paulo, este não consegue nem preencher esse espaço “vazio”.
Outro aspecto que chama a atenção, é o fato do voto da “intelectualidade” de Ipanema ou do Baixo Leblon, ter se virado em grupo para a candidatura de Heloisa Helena. E isso faz com que ela tenha a percentagem de votos esperada pela representatividade deste grupo, conhecido pela visão “esquerdista” sem conhecimento de causa.
Não quero fazer e nem devo fazer críticas, mas a Senadora herdou esses votos e só. Não conseguiu sequer “tocar” o coração e nem a alma do proletariado, em nome de quem pretende falar.
Já Roberto Freire e Cristovam Buarque mantêm a inexpressividade absoluta com que adentraram a corrida presidencial, como se fossem as Minardis do passado.
Nem por milagre podem alçar vôos maiores que 2 por cento do eleitorado, somados...
Enéas está sendo substituído pelo voto nulo, provável vice-campeão dessa eleição.
Esse fenômeno da grande expressão desse anticandidato, o nulo, demonstra nem tanto a insatisfação com Lula, mas sim, e com muito mais vigor, a insatisfação dos anti-Lulas com relação a Alckmin.
Lula conseguiu manter, basicamente os votos que obteve nas últimas eleições e, principalmente dos mesmos extratos que o elegeram, os proletários cansados de tantas promessas que buscavam a esperança associados aos votos dos que sempre votariam e votam nele, podendo atingir entre 45 a 55 por cento do eleitorado.
A perda de votos de Lula se deu, basicamente, no eleitorado das elites “esquerdistas” e nos em alguns votos “herdados” no segundo turno; como era de se esperar.
O principal fenômeno que antevejo, nessa eleição, é a grande rejeição, mesmo entre os anti-lulistas, da candidatura de Alckmin e de José Jorge, incapazes de dar ânimo ao mais fanático dos cabos eleitorais tucanos.
Agora, a candidatura de Garotinho, ao se esvair, vai distribuir votos entre Lula e Alckmin, proporcionalmente ao restante dos grupos pesquisados.
Já Heloísa Helena é a minha candidata preferida à Musa do Verão carioca.
Nesse quesito ela é imbatível!!!

segunda-feira, 29 de maio de 2006

CRÔNICAS - DA TOLERÂNCIA E DA DISCRIMINAÇÃO

Muriaé tem uma feira livre que ocorre, todos os sábados, próximo à casa de meu pai, na beira rio.

Essa feira é extremamente movimentada, e tem de tudo se preza; desde garrafadas até queijo, passando por verduras, frutas, lingüiça, geléia de mocotó com vários sabores. Enfim, é uma maravilha.

Num desses sábados, há uns meses atrás, aconteceu um fato insólito.

Zé do Burro é um dos feirantes mais assíduos e conhecidos da cidade, participando há muitos anos ininterruptamente.

Tem um jumentinho que é extremamente pacífico, pacífico e passivo, como veremos adiante.

A barraca do Zé é muito freqüentada por apresentar verduras fresquinhas, cuidadas sem agrotóxicos, tipo orgânicas mesmo.

Além da alface, do repolho e da mostarda, Zé traz as frutas da ocasião, colhidas no seu sítio.

As suas laranjas, mexericas, abacates, acerolas, entre outras são, realmente deliciosas.

Acontece que a Prefeitura, num esforço para aumentar a oferta de hortifrutigranjeiros, resolveu ampliar o número de licenças concedidas a outros feirantes.

Entre esses beneficiários, estava Ronaldo, filho da dona Zefa, lá de Itamuri, distrito de Muriaé.

Esse fatídico sábado era a estréia de Ronaldo como feirante, sua primeira e ansiosamente esperada vez.

Emocionado, ele saiu de Itamuri, de charrete com seu belo cavalo, o “Dengoso”, cavalo bonito, forte, um campolina de fazer inveja a muita gente.

Ele já tinha enjeitado mais de mil reais no animal, e tinha muito orgulho do bicho.

Arrumou o cavalo, atrelou o bicho à charrete e carregou-a com as mercadorias que iria vender.

As abóboras e as espigas de milho verde quase não cabiam, de tão grandes e bonitas estavam.

Pois bem, ao chegar à feira, e procurar o local que lhe fora destinado pela prefeitura, deu o azar de passar perto do Zé do Burro.

Não é que Dengoso, não sei por que cargas d’água, ao se deparar com o jumentinho quieto, pacífico, se apaixonou?

Um cavalo campolina apaixonado é um perigo, ainda mais se correspondido.

O animal sem dar a mínima para o fato de estar atrelado, resolveu, bem na hora do rush, com a feira apinhada de gente, “namorar” o pobre do jumento.

Entre relinchos e mais relinchos, com as patas dianteiras levantadas e as “armas” em riste, Dengoso partiu para cima do jumentinho que, passivamente acolheu o enamorado colega.

Zé do Burro ao presenciar a cena, sacando do chicote que, raras vezes usava com o jumentinho, começou a bater, desesperadamente no pobre Dengoso.

Batia e praguejava, xingando o pobre amante de todos os nomes possíveis e imagináveis, para susto duplo das senhoras e crianças que presenciavam a cena.

Susto inicialmente causado pelo Dengoso que, sem nenhum pudor, “cobria” o pobre jumento, numa aula ao ar livre de erotismo, mas de um homossexualismo estranho e nem um pouco romântico.

Depois os palavrões e chicotadas soltos a esmo, sem nenhum controle...

Ronaldo, ao ver seu animal sendo atingido, resolveu “tomar as dores” do bicho e aí o trem desgovernou de vez.

Zé chicoteava Dengoso e Ronaldo que, por sua vez, batia no pobre jumento e em Zé.

A polícia militar teve que intervir e levou a todos, inclusive os “amantes” para a delegacia.

Obviamente os animais ficaram de fora, ou pelo menos os quadrúpedes, quanto aos bípedes, ao darem suas explicações ao delegado travaram um intenso e confuso diálogo

Deste não tive muitas notícias, a não ser do começo da argumentação de Zé do burro que saiu-se com essa pérola:

-Doutor, eu trabalho mais meu jumento, nessa feira há muitos anos, e nunca tive problema. Mas, agora vou ter que sacrificar meu jumentinho doutor.

Esse cavalo safado desse moço desmoralizou o pobre bichinho doutor.

Agora como é que eu vou poder trabalhar com esse bicho, todo mundo vai chamar o pobrezinho de veado!

Moral da história – até com relação ao reino animal o preconceito existe!

Zé voltou à feira e com o seu jumentinho mostrando que, a tolerância deve sempre prevalecer.

Ronaldo agora, só vai à feira com um outro cavalo seu, o Pneu, devidamente castrado...

CACHORRO QUE NÃO CONSEGUE MORDER LULA, MORDE O PRÓPRIO RABO!

Lua-de-mel
PSDB e PFL se amam. No seu "ex-blog" enviado aos leitores por e-mail, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), provoca Aécio Neves (PSDB), governador de Minas:

"MINAS GERAIS: INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA/DÉFICIT DE 2 BILHÕES E 900 MILHÕES DE REAIS! DEPOIS DE TRÊS ANOS GOVERNO AINDA NÃO CONSEGUIU REDUZIR O DESEQUILÍBRIO FINANCEIRO QUE RECEBEU!

Diário Oficial do Estado de Minas Gerais mostra que a posição do Caixa do Tesouro de MG em 31.12.2005 indicava uma insuficiência financeira de 1,6 bilhões de reais e um DÉFICIT consolidado de 2,9 bi reais somando os restos a pagar que naquela data ainda não haviam sido processados!"





Decididamente, a cada dia que passa, chego à conclusão que é totalmente desnecessário “bater” nessa dupla PSDB/PFL.
Estou cada vez mais embarcando na onda Lulinha Paz e Amor.
O nível de agressões mútuas entre os “expoentes” dessas duas siglas me conduz a uma inevitável conclusão:
Ambos estão disputando um tipo de campeonato – após o lançamento da candidatura do insosso Alckmin pelo PSDB, o PFL contra atacou com o lançamento do não menos sem sal, José (quem?) Jorge.
A avidez com que César Maia tem atacado a todos e sendo revidado pelos mesmos, me dá uma dimensão da capacidade autofágica dessa turma.
Entendo agora a desesperada tentativa de “sangrar” Lula, isso é hábito.
Quem devora o próprio rabo, o que não faria se Lula tivesse o “rabo preso”?
Há necessidade da distribuição de vacina anti-rábica nessa oposição; e urgente!
Com a aproximação das eleições, e a canoa virada, eles nem se preocupam mais em mostrar os rombos e os furos desta. Expõem-se com uma fúria que me faz pensar na ruptura pós eleitoral.
E isso se transforma num delírio raras vezes visto na política nacional.
Serra e Aécio não dão nem darão suporte ao Alckmin, principalmente depois do que ocorreu em São Paulo.
A presença dele em qualquer palanque terá um efeito devastador, Alckmin se transformou de repente, no que nos meus tempos de estudante chamávamos de “desmancha roda”, o sujeito que, quando se aproxima, esvazia o grupo, fazendo cada um ir por um lado diferente.
O famoso persona non grata do PSDB, deve-se consolar com FHC, cada vez mais por baixo dentro do próprio partido.
A presença de Jose Jorge no lugar de Agripino, pelo menos nos poupará de ter que agüentar aquela voz irritante de taquara rachada.
Lula tem razão em reeditar o Paz e Amor, nem precisa tanto, somente ficar observando as confusões causadas pelos próprios adversários que, na incapacidade de terem um melhor resultado, começam a procurar um boi de piranha,
O sonho de todos era ter um Lula.
Mas esse é nosso!
César Maia, na ausência de ter o que falar, começa a atirar para Aécio que, finge que vai, mas não vai, tal qual o Serra que, no fundo, está vibrando com as deficiências de Alckmin, que reclama estar sozinho e bate no PFL, que bate no Tasso que, por sua vez, bate no PFL.
Serra está torcendo para que Alckmin não apareça no seu palanque, principalmente pelo fato de, se posarem juntos, atrás ficará o néon piscando: PCC! PCC! Ou então: FEBEM! FEBEM!
Já o descontrolado Maia, aprendiz de Brizola, com mira menos esmerada, mas com poder de fogo parecido, tenta lucrar com o caos.
Desse samba do crioulo doido, fica uma lição:
Cachorro que não consegue morder Lula morde o próprio rabo. E que rabão!!!!

domingo, 28 de maio de 2006

VESTIDO VERMELHO E CURTO.

A noite traria de novo aquilo, aquela sensação de total insegurança, um misto de angústia e solidão.

A vida fora muito difícil, mas nada justificava aquele medo e aqueles pesadelos, terrores noturnos que faziam cada segundo se tornar uma incômoda eternidade.

Na idade do lobo, se transformara novamente em criança, cada noite era uma ânsia gigantesca, uma tenebrosa experiência com transpirações estranhas e tudo exalando um cheiro de fim, de ocaso, de vazio,

Nada mais poderia impedi-lo de viver, já tinha tido tantas e tanta decepções e vazios que nada parecia vencê-lo, mas aquilo parecia demais.

Os olhos ficavam fixos no teto, e cada vez que um carro passava na rua, os faróis iluminando o teto, pareciam lampejos de um tempo jamais esquecido.

As sensações de perda, do oco, do nada se aglomeravam e geravam um desesperador sentimento atroz.

Suas andanças pelo mundo, suas noites solitárias nos hotéis e pensões da vida de um “representante comercial” novo nome para caixeiro viajante.

Nome bonito como os paletós inexoráveis, devidamente lavados e passados nos mesmos hotéis onde dormia.

A solidão por companheira.

Claro que havia as prostitutas, mas isso não o tentava, sexo é bom, mas tem que ter o amor por base, pelo menos a atração física.

E os orgasmos fingidos e pagos regiamente o diminuiriam, o tornariam não o agente, mas sim a vítima, o prostituído.

Mas acostumara-se com essa solidão. Fiel e eterna companheira.

Podia ter-se casado, mas não, a solidão fora sua esposa e a mãe de cada uma das suas rugas e de cada fio branco de cabelo.

O amor, na verdade, não servia para ele e, talvez mais que o próprio amor, a palavra família era muito confusa.

Não se adaptaria a vozes e correria de crianças pela casa, nem podia imaginar-se em tal situação.

Era por demais egoísta para poder dividir seu espaço com mais alguém e, depois de certo tempo, sua independência seria totalmente aniquilada.

Sabia disso e isso lhe era de tal forma insuportável que, melhor nem pensar.

Fora sua a opção pela solidão, mas, de algum tempo para cá, essa o apavorava.

Como é que, beirando os 50 anos, idade em que deveria ser mais forte que sempre, esses pavores poderiam estar tão firmemente arraigados?

A timidez piorara, agora dera para gaguejar, essa tartamudez o surpreendia.

Velho, gago e medroso.

Que final de vida se desenhava!

Faltava voltar a ter as enureses, ai sim, a sua decadência seria completa.

Procura um psicólogo, talvez, quem sabe.

Um psiquiatra talvez fosse melhor.

Ouvira falar na andropausa, parecia esse o caso.

Mas, que nada!

A solução era parar de palhaçada e retornar à vida.

O dia nascia, e a vida renascida melhorava tudo, menos a gagueira, recomeçava a trabalhar.

Mas quando se aproximava a noite, ressurgiam os medos e se repetia tudo.

Começara a beber, isso talvez ajudasse.

No começo sim, o álcool fora um bom companheiro.

A embriaguez dava alento e, ainda por cima, desinibia-o.

Começara a freqüentar boates e prostíbulos.

Tornara-se um pândego, e foi perdendo os medos e as angústias.

Mas cada vez mais necessitava do álcool como suporte, cada vez mais e cada vez maior quantidade.

Um homem de 50 anos não tem tantos atrativos, mas o paletó, a gravata e uma pasta dessas de executivo associadas a esse homem, produz um encanto impar.

E foi assim, naquela noite.

Belas pernas, morena, deliciosamente escondida parcamente num vestido vermelho, curto, pernas torneadas, coxas deliciosas, rebolado divino, vestido vermelho, curto, curtíssimo.

O tempo também era curto e curto o punhal, o vestido vermelho, agora mais do que nunca, vermelho.

A vida restara mais curta que o vestido e que o punhal.

O paletó e a gravata manchados de sangue.

Na pasta algumas amostras de pano, pano vermelho, do mesmo tecido do vestido, não dava nem para fazer um vestido, mesmo curto como o da moça que, chateada, saiu do hotel praguejando.

TRAVESSEIRO DE PEDRA

Mendigo atrapalha campanha de Serra em Araçatuba
Assessores deram R$ 1,00 para afastar o mendigo, que insistia em cumprimentar o político
Chico Siqueira

ARAÇATUBA, SP - O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, está em campanha neste Sábado na cidade de Araçatuba. O ex-prefeito de São Paulo chegou por volta das 12h30 no Calçadão comercial da cidade do interior paulista. Após a caminhada, o candidato se reúne com prefeitos e lideranças políticas da região. Na caminhada de Serra pelo Calçadão, a assessoria do candidato retirou do caminho um mendigo que insistia em cumprimentá-lo. Para evitar o assédio assessores de Serra deram R$ 1,00 para o mendigo, que se afastou satisfeito com o dinheiro.


Mario nascera na cidade de Aimorés, Minas Gerais; tivera uma infância e adolescência difícil como todo mundo que vivia na zona rural.
Na época da colheita do café ainda tinha trabalho mas, passada a safra, a situação voltara ao desespero de sempre.
A fome era muita, a esperança; ah! Essa era pouca, ou melhor, quase nenhuma.
Um tio seu fora para São Paulo, e o chamara para ir também.
No começo relutou muito mas, depois de uma safra muito difícil onde o preço do café tinha despencado, senão me engano, na época do plano cruzado, não teve outra alternativa.
Ir para São Paulo era o destino de muitos iguais a ele, Mario. E a capital paulista tinha emprego, tinha comida, tinha futuro.
Qual nada; até que nos primeiros anos, a situação ainda estava mais ou menos. Mas depois que o xará dele assumiu o poder, a coisa foi de mal a pior.
Como o Estado entrou em declínio econômico, foi da pobreza à miséria, da periferia às ruas.
Com a Martha ainda obteve uma pequena melhora, um pouco de esperança, com a possibilidade de se alimentar e poder ir para um dos abrigos na cidade.
Mas, depois que ela perdeu a eleição e um outro assumiu a prefeitura, a coisa acabou de vez.
O viaduto que servia de abrigo para as noites de frio, fora modificado, tendo sido colocado uma rampa que impedia o repouso do pobre.
Sem local para dormir, se mudou para Araçatuba, no interior do Estado.
Ali, a situação estava um pouco melhor; pelo menos podia continuar mendigando, o que lhe dava, não posso dizer prazer, mas um certo conforto.
Vivia disso, e sobrevivia disso.
Era complicado para os outros entenderem, mas não era de todo infeliz.
Ouviu falar numa tal de bolsa família e, como tinha dois filhos que moravam com a mãe numa favelinha lá pros lados de Osasco, pensou em procurar saber como fazia para conseguir a bolsa família.

Pois bem, naquele dia, lá pro final de maio, soube que um político influente ia vir até Araçatuba para fazer campanha.
Bem, devia ser aquele moço nordestino, o tal da bolsa família.
Resolveu chegar perto dele para pedir a bolsa família pra mulher e pros meninos.
Mas, ao se aproximar, nem deixaram falar com o homem.
Deram pra ele um real e mandaram-no sumir.
Um real é pouco, muito pouco, mas pelo menos aquele moço careca que ele viu de costas, não tinha expulsado ele do viaduto, nem tinha feito a covardia de mandar fazer rampa no lugar da cama onde ele dormia, mesmo sobre um travesseiro de pedra.

LENORA

Tem coisas que ninguém explica, e aquela era uma delas. Como é que eu tinha dormido ali?

Não me lembro de nada vezes nada. Só sei que tinha saído de casa para ir até o cinema.

Do cinema me recordo um pouco, acho que o filme, espera aí. Filme, mas qual filme?

O telefone tocara; bem, disso eu me recordo telefone maldito, sempre tocando nas horas mais estranhas e incômodas;

Ela estava dormindo do meu lado, ela e o telefone.

Mas daí em diante, o vazio, não total porque tinha o cinema e o filme.

Desses dois e mais nada.

A cabeça girava e eu estava ali.

Na casa, bem naquela casa.

O amor tinha sido antes e distante.

Naquele instante ficara o vazio.

Somente o vazio do que não fora, aborto total.

Gigantesca roda da vida dando voltas e mais voltas.

Mariana estava longe, perdida em seus casarios.

Mas retornara em Mariana, moça bonita e tresloucada.

Casamento marcado, alianças compradas e o vazio. A morte do amor, segundo ela, foi difícil entender, aceitar e nem perdoei bem ainda.

Recebi outro beijo, desejo à flor da pele e Renata, é renée, renascida, renata.

Esperanças e Renata são sinônimos.

Mas o telefonema e essa cama desarrumada me confundiram.

Nessa confusão, quem sou o que sou, e o que significa isso tudo?

Bêbado não estava, nem beber estava bebendo, somente fumava fumaça e fumaça, tosse e cansaço. Mas álcool, nada.

E como chegara até esse quarto?

De repente, o barulho do chuveiro me alertou.

Não estava sozinho e nem poderia estar, que imbecilidade!

A vaca devia estar se lavando, tomando um daqueles banhos demorados que tanto me irritavam.

Vaca, piranha, pilantra, safada. Mariana!

Mas o cheiro não era familiar, era um daqueles perfumes estranhos que não conseguia identificar.

Coisa nova, perfume novo, cama antiga, desilusões idem.

O relógio de sempre, marcava 8 horas da manhã. E o meu trabalho?

Caramba, essa vadia me fez perder a hora, tudo bem, me arrumo e vou embora.

Procuro minha roupa, cadê roupa?

No chão, por baixo da cama, sobre a poltrona da sala, nada de roupa.

Não, eu não viera nu para cá, ninguém vai ao cinema nem sai de casa nu.

Isso estava muito confuso.

O celular toca, vou atender, Renata.

Fala-me de coisas que não consegui captar direito, algo assim como espera para jantar, minha ausência, essas coisas.

Onde estivera?

Francamente respondo que não sabia, acho que tinha ido ao cinema, mas acho.

Qual filme? A resposta vaga deixou um tchau como fim de papo e, talvez, fim de romance.

Mas, fazer o quê?

O chuveiro continuava aberto, tento levantar, a cabeça roda. Ressaca sem ter bebido.

Noite comprida, dia também. As recordações giram junto com a cabeça.

Realmente Mariana tinha sido meu grande amor, mas, que vá para o inferno!

Tenho vontade de xingar a vagabunda e começo a gritar. Ou pelo menos, é o que penso fazer. A voz sai baixinha, lenta, como um gemido seco, contido.

Recordo-me das noites em vão, esperando Mariana, compensada pelas noites maravilhosas em claro.

Noites regadas a muitos e raros prazeres.

Dane-se, isso passou, acabou...

O chuveiro foi desligado.

O barulho cessa, mas o coração dispara taquicárdico.

Sabe-se lá o que se fazer nesse instante.

Sinto o gosto estranho de ferro e de estanho, trincando os dentes e arranhando a garganta.

A porta está se abrindo, Mariana, sua cadela, vou acabar contigo!

Quando a vejo nua, começo a entender o que vivera.

Quão forte fora esse sentimento. Amor regado a rancor e ódio,

Gosto violento de tristeza e desamparo misturado com o prazer inesquecível.

Mas, ao vê-la, de súbito a força perdida ressurge e, num átimo me atiro contra a porta, abro-a e saio correndo.

Na portaria do prédio, confusão e voz de prisão.

Nada entendo, não compreendo o porquê.

Homicídio. Mas de quem e como?

As mãos algemadas são arrastadas e, sem resistência, sou levado de volta ao quarto.

Agora percebo a cena terrível. O quarto todo revirado, o corpo ensangüentado na cama, a cabeça inerte pendendo para o meu lado.

Os olhos de Mariana abertos, e o vazio no olhar.

Vejo minhas mãos, agora reparo no sangue, nas marcas de sangue na minha roupa.

E aquela sensação estranha me acompanhando, rumo ao cárcere.

Onde a voz de Lenora repete num cruel solilóquio: “never more, never more”...

ESQUIZOFRENIA

O medo a acompanhava desde menina, medo cruel e tenaz, medo de tudo e de todos.
A voz não a largava nunca, voz intensa e repetitiva, uma voz que, desde seus tempos de adolescente nunca se calava.
A mãe já tinha levado-a a todas as benzedeiras, pais de santo, pastores, enfim a todos os que eram indicados pelos vizinhos e amigos.
Nada adiantava nada; o doutor tinha passado uns remédios, mas também sem efeito.
O efeito máximo que consguia com os medicamentos, era dormir, mas os sonhos repetiam todos os fantasmas do dia.
Nada mais podia fazer. O simples fato de andar já a estava deixando em pânico.
Um caso de possessão demoníaca, por certo, dizia a tia religiosa, o caso mais claro que tinha visto na vida.
As excomunhões se repetiram, a voz parara, mas, agora, não era somente uma, era uma legião de demônios que tomavam conta da pobre endemoniada.
A tia, vendo que as coisas estavam mudando, apavorada com a legião de demônios que, a partir daquele momento, tomaram conta da pobre sobrinha, resolveu consultar um conhecido, autoridade máxima em assuntos de possessão, respeitado até por outras designações religiosas.
A vinda dessa autoridade mexeu com todos na pequena cidade, a ponto de virem pessoas até das cidades vizinhas para presenciar o milagre do pastor.
Esse, ao perceber que o caso era muito complicado até para ele, principalmente pelo fato de que, a menina, ao falar grunhia e gemia incorporando outras vozes e idiomas diversos, incompreensíveis mesmo, além de resistir a qualquer intervenção dele. Então, diante da sensação de impotência, resolveu consultar outra autoridade no assunto.
Essa "autoridade" era um verdadeiro estelionatário, vivia da fama adquirida por “espetáculos” pré montados com "artistas” regiamente pagos para suportarem os tapas e tabefes soltos à revelia.
Vivia da fama adquirida por esses “milagres” e mantida pela divulgação bem feita, principalmente nas cidades menores.
O pastor, de boa fé, obviamente, contactou esse trambiqueiro que, a peso de ouro, se dispôs a ir para “curar” a pobre adolescente.
Ao vê-la, uma coisa o assustou, os trejeitos da menina eram os mesmos de Amélia, o amor de sua adolescência, e a sua primeira vítima.
Do amor impossível ao estupro e desse ao assassinato foi um pulo.
Amor frustrado, o corpo jogado no rio, encontrado poucos dias depois, ninguém suspeitou nem suspeitaria dele, menino tímido e quieto, incapaz de “fazer mal a uma mosca”.
Entretanto, o tempo passara e Melinha tinha sido esquecida e ocultada num canto qualquer de um passado longínquo.
Mas o andar manso da menina e, principalmente o nome dessa o fez ressuscitar essa lembrança;
Amélia esquecia de dizer seu nome, mas agora que tenho a imagem de tudo que aconteceu viva na memória, não posso mais ocultá-lo.
A pobre menina estava exausta, vítima tanto dos demônios quanto dos exorcistas.
Nenhuma lucidez restava mais naquela mente conturbada, doente, sem compreensão e ajuda a não ser o misto de agressões verbais e físicas.
Porém, os olhos parados e resignados, ao verem o milagreiro se transtornaram e um gemido formidável ecoou pelo vilarejo.
Com fúria, passou a xingar e ofender o exorcista, aos gritos de: Assassino! Assassino!!!
Este ficou assustado com tal manifestação associada com a lembrança do passado, recém acordada por uma associação estranha entre aquela Amelinha e a sua, o deixou em alerta.
O que queria dizer isso?
Quando a menina, não sei se por acaso ou se por uma força estranha, entre dentes disse-lhe “Amélia, Amélia”, esse se postou de joelhos e numa atitude surpreendente, beijou-lhe os pés e pediu perdão.
Todos ficaram assustados com a cena, o exorcista havia se rendido ao demônio?
Beijara-lhe os pés e pedia-lhe perdão, o que queria dizer isso tudo!?
Num átimo, para desespero de todos, a menina pulou sobre ele e agarrou-o pelo pescoço.
Não iria mais tirar suas mãos, até que, numa atitude insólita, sua mãe, a mesma mãe que amava-a tanto, pegando no machado que pendia na cozinha, desferiu golpes a esmo.
De imediato, os dois corpos quedaram-se sobre o chão ensangüentado.
Juram que viram os dois abraçados, com as bocas, coincidentemente postadas uma na outra, num enigmático beijo.

O PT e as cidades pequenas.


Nasci numa cidade de mais ou menos cem mil habitantes, na Zona da Mata mineira, Muriaé, onde passei meus primeiros quinze anos, acompanhando, sorrateiramente, o que estava acontecendo no caldeirão político brasileiro, graças ao fato de ter nascido em uma família italiana, vinda da Calábria, onde fora vítima das mesmas discriminações que o nosso nordestino sempre sofreu no Brasil.
Pelo outro lado, filho de um professor vindo de uma pequena cidade próxima de Muriaé, filho de um mecânico e de família humilde que, nos dizeres das oligarquias muriaenses era “lambari de enxurrada”; precocemente levado à direção de um indesejável colégio estadual.
Digo indesejado pelo fato de que a Educação era, em Muriaé, dominada pela Igreja, tanto no Colégio Santa Marcelina, ligado às Irmãs Marcelinas, quanto no Colégio São Paulo, ligado a Igreja Católica.
Essas origens me permitiram ter uma visão mais crítica da realidade dos discriminados e, o ensinamento de que, somente pela Educação poderia reverter esse quadro.
Ao mudar-me para o Rio, estudei durante um ano num colégio de classe média alta, na Tijuca, bairro típico da classe média carioca.
Depois, fiz minha faculdade na UFRJ, em pleno caldeirão das tentativas de redemocratização.
Após o termino da faculdade, fui para uma cidadezinha no interior de Minas próxima ao Espírito Santo, onde resido até hoje.
Isso me dá a possibilidade de avaliar o Partido dos Trabalhadores, nas três realidades diversas.
Na cidade de porte médio, na cidade grande e nos grotões desse país.
Uma coisa que pude observar nesse período é que, mais difícil do que ser petista é ser aceito pelos grupos que monopolizam o partido nesses locais.
O PT se porta como um partido exclusivista e cartorial tendo, em muitas das vezes, caráter personalista, sendo tão contraditório quanto qualquer outro partido.
Tentei, em Espera Feliz, sem sucesso, me filiar ao PT local, numa forma de poder ajudar a tentar que o partido elegesse seu primeiro vereador na história da municipalidade; em vão.
Todas as vezes que me aproximava do Partido, a promessa de “vamos mandar a ficha de filiação”, morria no vazio.
O partido, na cidade está ligado ao sindicato dos trabalhadores rurais e, em alguns momentos, serviu de base de apoio de outros partidos, mas, ao contrário de Lula que venceu e vencerá com mais de setenta por cento dos votos, o PT nunca chegou a míseros dez por cento do eleitorado; nunca elegendo, portanto nenhum vereador nos seus quase trinta anos de história.
Noutro município, Guaçui, apesar de ter dentro dos quadros, um dos maiores expoentes do sindicalismo capixaba; João Jose Sana o partido tampouco representa força política.
Rita, minha esposa, ao presenciar e cobrar de João coser, atual prefeito de Vitória, porque este apoiava um candidato das oligarquias locais, percebeu que o mesmo foi ludibriado pelas lideranças locais, COMPROMETIDAS COM ESSA MESMA OLIGARQUIA, utilizando-se do partido como se fora um partideco de aluguel qualquer.
Isso gerou a sua debandada para o PCdoB, que presidiu por alguns anos e, junto com ela, de vários companheiros.
Nas últimas eleições, o PT lançou candidatura própria numa cidade próxima, tendo como principal articulador, político ligado ao GRUPO DE JOSE CARLOS GRATZ, inclusive denunciado e condenado.
Esse é o PT das pequenas cidades. Um partido como qualquer outro, com o agravante de, quando não coopta, exclui e, excluindo ou cooptando, se torna dos grandes partidos nacionais, talvez o de menor expressão nesses grotões.
Mudar essa realidade se torna urgente e necessária, vital mesmo, para que possa ter a expressão de um PMDB nas pequenas cidades.
E isso se torna a pedra fundamental para o verdadeiro nascimento de um Partido mais representativo e mais abrangente.
Suas origens se estabeleceram nas cidades de médio e grande porte e conquistar, definitivamente, as cidades pequenas, é condição essencial para a implantação universal do SOCIALISMO, em todas as suas instâncias.
Enquanto isso não ocorrer, corremos o risco de tocarmos o coração, mas não conquistarmos a alma do brasileiro.
Coisa que, com perfeição, Lula conseguiu.

CRÔNICA - DUAS VOLTAS

Na pequena Mirai de Ataulfo Alves e de Marcos Coutinho Loures, moram ainda muitos parentes meus, inclusive primos, tios, tias; parentes enfim, pelo lado de meu pai.
Entre esses meus primos, dois protagonizaram essa história que passo a narrar agora.
Declino-me de dizer o nome dos personagens por questões meio que óbvias e, à moda antiga colocarei somente as iniciais dos nomes dos nossos amigos.
P... Era um rapaz muito bem apessoado, loquaz, namorador; um tipo bem agradável e muito solicitado por todos, da pequena Mirai. Porém, tinha um hábito terrível, bebia muito e, quando estava embriagado, cismava de aprontar alguma.
Volta e meia as placas de sinalização amanheciam jogadas na rua, algumas portas das casas, abertas, outros portões escancarados; etc...
Tal fato deixava em polvorosa, os pacatos miraienses; era um tal de carro entrando na contramão, de cachorros e gatos fugindo pelas ruas, bêbados entrando nas varandas das casas, um verdadeiro pandemônio.
Pois bem, o delegado da cidade, já sabendo quem aprontava aquilo, mas sem poder provar, admoestava nosso travesso e ameaçava-o de prisão a cada final de semana.
Sóbrio, P... era o sinônimo da candura; cordato, não criva qualquer tipo de problema, muito pelo contrário. Ajudava na hora da missa, tratava a todos com solicitude e presteza; mas, se bebesse...
Um dia, no sábado à noite, P... Resolveu beber além da conta e, como havia comprado um Fusca usado, e a rua já estava praticamente vazia, pois já se passava das 2 horas da manhã, decidiu entrar com o carro dentro da Praça principal da cidade.
Para seu azar, esquecera-se que o delegado morava defronte à Praça e, ouvindo aquela balbúrdia do carro passando por cima dos canteiros, tirando fininho dos bancos, se levantou e ao abrir a janela, se deparou com o espetáculo.
Ligou para a delegacia, onde estavam de plantão dois soldados e o carcereiro J..., PRIMO EM PRIMEIRO GRAU de P....
Ao chegarem à Praça, foi o mesmo que pegar um gambá depois de embriagado e satisfeito.
P... rendeu-se sem esboçar nenhuma reação.
O delegado, feliz por ter conseguido colocar as mãos no Pedro Malasarte Miraiense, deu-lhe voz de prisão e, com um sorriso estampado no rosto, deu a ordem ao carcereiro: - J... , prenda esse vagabundo e dê DUAS VOLTAS NA CHAVE, DUAS VOLTAS, HEIN...
J... sabendo do temperamento bonachão do primo e que, assim que a carraspana passasse, ele voltaria a ser o bom rapaz de sempre; e conhecendo bem o delegado, percebendo que esse, embora justo já estivesse com a paciência esgotada com P...; pensou, pensou e:
Cumprindo as ordens do delegado, realmente deu duas voltas na chave:
UMA PARA FRENTE E A OUTRA PARA TRÁS!

sábado, 27 de maio de 2006

DE FAMÍLIA E DE FAMÍLIAS

Naquela mesma cidade pequena de Minas, onde o Prefeito Francisco tinha tido uma votação expressiva, mesmo das beatas e dos senhores conservadores do local, como eu já citei, havia um prostíbulo famoso, com meninas muito bonitas e de variadas “espécies”.
Clarice era mestra no metièr e sabia que, a melhor forma de manter a freguesia era a variedade.
A cada mês “trocava” as meninas com outras profissionais da difícil arte de amar, por meio de umas relações comerciais que tinha com várias casas em Juiz de Fora e Rio de Janeiro.
Uma nova “estréia” era patrocinada por um dos coronéis da cidade, ou das cidades vizinhas; regada à música, dança e muita alegria.
Pois bem, Francisco, como já havíamos dito, era um dos maiores freqüentadores de tal casa de diversão sabendo, inclusive, quando haveria ou se haveria uma nova “inauguração”.
Quando viajava, principalmente em caráter oficial, pois sabia que as despesas iriam ser bancadas pela municipalidade, Francisco costumava levar consigo uma ou duas das “meninas”, para se divertir e causar inveja aos outros prefeitos das cidades próximas.
Tal variedade de “acompanhantes” dava a Francisco certo ar de virilidade do qual ele tinha muito orgulho.
Mas a verdade é que, nosso amigo e sua amada esposa tinham um casamento feliz.
Pode parecer paradoxal, mas, para a pequena burguesia local, o fato de terem um casal de filhos, irem com freqüência à missa, estarem juntos nas festas da padroeira, no carnaval e em todos os casamentos e aniversários da “high society” do local, os tornava um casal “exemplo”.
E esse aspecto “família” era de fundamental importância para Francisco.
Pois bem, como os mais antigos se recordam na década de 70 a Coca Cola litro ainda era uma raridade.
Mas, tínhamos uma de 750 ml, se não me engano que era chamada de “Coca Família” lembram-se?
Mas, voltando à vaca fria, numa dessas viagens, Francisco levou consigo duas “menininhas” das mais bonitas que tinha aparecido no lugar.
A viagem era longa, se não me engano para Belo Horizonte e, como tinham saído de manhã, Francisco estava com fome e, parando em um restaurante à beira da estrada, foram almoçar.
Francisco fez seu pedido e as meninas também.
Nesse interem, Francisco e o motorista confabulavam sobre outro assunto quando o garçom perguntou o que as meninas iriam beber.
-Coca Cola, responderam.
O garçom solícito pergunta então: FAMÍLIA?
No que nosso herói de súbito, pegando o bonde andando responde revoltado:
-FAMÍLIA O QUE?! ESSAS SÃO LÁ DO PROSTÍBULO DA CLARICE SIM SENHOR! E COM MUITA HONRA!!!!

O HOMEM DE BRASÍLIA


Havia um prefeito na zona da mata mineira, lá pelos idos dos anos 70 de características inusitadas.
Político à antiga, tinha entre suas características mais comuns, certa ingenuidade e uma absoluta matreirice associadas com uma singular singeleza.
Contam que, no auge do Opala, como um dos carros mais bonitos e de maior status nesse país, principalmente no Diplomata, símbolo de ostentação nos meios quase rurais desse país, nosso herói comprou um desses carros.
Era o orgulho do Prefeito, todo azul, com listras brancas laterais, era lindo de se ver.
Por dentro, colocara um ar condicionado, que o fazia mais e mais se sobressair sobre as dezenas de fuscas, Variants, Dkws e Corcéis que circulavam pelas ruas esburacadas ou sem calçamento do lugarejo.
Nosso prefeito a quem vou chamar de Francisco, tinha um amor muito grande pelo automóvel, quase tanto quanto pelas “meninas” da Clarice, velha cafetina de histórias generosas e muitas vezes cômicas.
Dona de vasto repertório de intrigas e confissões, sua agenda era quase que tão temida quanto à de uma coleguinha sua famosa, lá de Brasília.
Falando em Brasília, voltemos ao fato antes que os devaneios me façam perder o fio do novelo, ou da novela...
Um dia, Francisco foi chamado para uma reunião com o Governador de Minas, Francelino Pereira, se não me engano.
Esse fato deixou nosso amigo em polvorosa. Um Governador de Estado convocá-lo para uma reunião! Era um fato de maior importância, talvez o de maior relevância naquele recém nato município.
Se arrumou, mandou comprar um Terno na Ducal, loja famosa do Rio de Janeiro, se aprontou todo, mandou a patroa comprar um vidro de Vitess, se perfumou todo, recendendo ao perfume até os cabelos.
Muito bem vestido para os padrões da municipalidade, pegou o seu Opala e mandou o motorista da ambulância, velho correligionário que, na ausência de um motorista oficial da prefeitura, se colocou à disposição de Francisco para levá-lo à Belo Horizonte.
Viagem longa, cansativa, mais de 400 quilômetros, muitos deles em estrada de terra.
“Vou pedir ao Francelino para asfaltar essas estradas” pensava nosso amigo, já se sentindo dono de uma amizade mais estreita com o Governador Mineiro.
O correligionário da Arena não ia lhe negar o pedido.
Mas, voltando ao caso, eis que chegam a Belo Horizonte, cidade grande que assustava o simplório político.
No Palácio da Alvorada, ao dar entrada, teve que deixar seus documentos, o que irritou-o sobremaneira. Mas, cada roca com seu fuso, cada povo com seu uso, pensou e obedeceu mesmo a contragosto.
Ao se sentar, defronte a uma moça bonita que o pediu para esperar um pouco, começou a sentir que sua presença era aguardada, mas não tão ansiosamente como pensara de início.
Depois de quase duas horas esperando, vê chegar um homem, todo engravatado, com uma aparência muito elegante e ares de superioridade.
Esse novo personagem, ao entrar, cumprimenta informalmente a secretária, como se já a conhecesse há tempos.
Nisso, percebe quando a mesma, pelo telefone conversa com o Governador:
-Sr. Governador, o homem de Brasília chegou.
Ah, isso fora demais. Ao que, prontamente, sem titubear, Francisco se ergue revoltado e desfere essa:
- Se ele veio de Brasília, fala pro Francelino que o Francisco que veio de Opala está aqui, num vou deixar que um camarada, só por que veio com um carrinho desses possa achar que é melhor que eu. EU VIM DE OPALA MOÇA!

ARCA DE NOÉ

Falando em Padre Nonato, me vem outra história ocorrida com este inesquecível amigo.
Como já disse anteriormente, Padre Nonato era um mulato obeso, não muito alto, com voz alta e firme, humor raro e caráter idem.
Carioca da Gamboa, acostumado ao jeito moleque do Rio, principalmente do “malandro carioca”, hoje praticamente extinto, na sua forma pura e original; sendo substituído pelos “malandros” com gravata e capital, como dizia Chico Buarque; Padre Nonato amava sua cidade natal.
Os ares de Minas tinham dado um ar mais maroto e desconfiado ao nosso personagem, mas não tinham conseguido destruir a maravilha carioca que transbordava, vem em quando, em algumas atitudes e palavras suas.
O hábito de usar a batina em qualquer situação, velho uniforme de todos os dias, mesmo nos mais quentes, dava ao Padre um aspecto interessante.
Gordo, mulato, de batina negra, andando pelas ruas no tórrido R io de Janeiro em Janeiro, chamava logo a atenção.
Pois bem, nesse clima e com esse quadro de exasperar só de imaginarmos, Padre Nonato fora à Cidade Maravilhosa rever os amigos, que um dia...
E nessa viagem, ocorreu um fato insólito que gerou muitas gargalhadas em quem testemunhou tal episódio.
Centro do Rio, Avenida Rio Branco, Padre Nonato faz sinal para um ônibus.
O ônibus pára, o padre sobe no coletivo...
Até aí tudo transcorre dentro da tranqüilidade esperada.
Porém, eis que um gaiato, de dentro do ônibus sai com essa:
-Hei, está subindo um URUBU no ônibus.
Ao que o padre, sem titubear responde em voz alta:
- É a arca de Noé está cheia agora, tem o URUBU e tem o VEADO FALANTE!....

CRÔNICAS - COMO UM PADRE

Me recordado do Padre Raimundo Nonato, já citado anteriormente, tenho uma de suas mais deliciosas histórias me aflorando, coçando meus dedos e querendo nascer; antes que seja à fórceps, vamos dar vazão a essa narrativa.
Visconde do Rio Branco, como toda pequena cidade de Minas, contava com uma forte oligarquia rural e, como não podia deixar de ser, essa oligarquia detinha o poder político e econômico.
Os “Comendadores, Capitães e Coronéis” eram expressões dessa realidade.
Havia, nos anos 60, um desses “Comendadores” que, estava para Visconde do Rio Branco como quase um senhor feudal.
Homem de riqueza bastante generosa e de empáfia semelhante.
Com seu chapéu de couro, cobrindo quase um metro e noventa de força bruta e revólver ligeiro, esse cidadão atemorizava, só pelo aspecto físico, quem quer que se aproximasse.
Padre Nonato, dono de um senso de humor ímpar, mas de um sentimento de justiça maior e, não suportando o caráter prepotente do nosso ‘Comendador”, mantinha relações, por vezes conflitantes, com o mesmo.
Nos seus sermões, como libertário que era, pregava a justiça social e revelava seu caráter judicioso ao tratar, equilitariamente tanto os pobres como os abastados.
Isso irritava o Comendador; mas o bom humor do Padre, muitas vezes inibia seu desafeto.
No fundo, o Comendador admirava Padre Nonato, mas não podia confessar isso, sob pena de ter sua posição abalada, como um dos “padrinhos” e “benfeitores” da Sociedade local.
Num desses períodos de trégua, o Comendador convidou ao nosso herói para um almoço em sua fazenda.
Nonato aceitou prontamente e, ao chegar à propriedade do homem rico, foi surpreendido com um verdadeiro banquete.
Banquete para mineiro é banquete mesmo, regado a cachacinha e sucos vários, trazendo leitão a pururuca, tutu, torresmo, arroz branco, feijão tropeiro, mandioca frita, chouriço, lingüiça, entre outras coisas.
Na sobremesa, goiabada com queijo, doce de leite, doce de figo em caldas, essas maravilhas todas que trazem um prazer aos olhos, ao olfato e ao paladar.
Pois bem, ao terminar a refeição farta, o Comendador bate na barriga, arrota e solta um provocativo:
-Hoje comi muito, como há muito não comia, COMI VERDADEIRAMENTE COMO UM PADRE!
Ao que Padre Nonato, calmamente retrucou:
-É, Comendador, quer dizer que, pela primeira vez na vida o SENHOR COMEU COM EDUCAÇÃO!
CAI O PANO....