sábado, 22 de julho de 2006

Obrigado, Gianfrancesco


O Brasil perdeu hoje, 22 de julho de 06, um de seus maiores nomes quando falamos em cultura e em luta contra a terrível ditadura que nos assombrou durante décadas.
Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Martinenghi de Guarnieri, nascido em Milão, no em oito de agosto de 1934, veio para o Brasil com a família, sendo filho de Edoardo, diretor do Teatro Municipal de São Paulo, maestro e violoncelista, adotou o Brasil como pátria, sendo um dos grandes batalhadores no teatro, tendo como companheiros gente da estirpe de Oduvaldo Viana Filho, entre outros.

Adotando o país, mergulhado numa situação política vergonhosa, sua luta pela redemocratização e a reinstalação do Estado de Direito, rendeu-lhe respeito e admiração nos meios artísticos e culturais brasileiros.
Suas peças, como ‘Eles não usam black-tie, Arena conto Zumbi, entre outras, se tornaram clássicos e referências para quem quiser conhecer o teatro brasileiro nas décadas de 50 e 60.
Uma delas, Eles não usam black-tie, foi magistralmente levada ao cinema, durante o ano de 1981, época em que vivíamos um momento marcante da luta pela redemocratização do país.
A temática da peça, sobre os movimentos sindicais e a utilização das greves como forma de luta contra a repressão econômica e política, foi expressiva, já que, à época, o movimento sindical atingia seu ponto crucial no país, paralelo à criação do Partido dos Trabalhadores.
Pai de cinco filhos, de dois casamentos, deixa-nos com 71 anos de idade.
Seu último trabalho foi na novela Belíssima de Silvio de Abreu.
Com a perda de Raul Cortez e de Gianfrancesco Guarnieri, a cultura e o teatro nacionais ficam empobrecidos, e a luta pela democratização do país perde um de seus baluartes.
Para os mais jovens, fica a lição de amor de um cidadão pela terra adotiva, terra a quem amou como poucos e dedicou uma vida de luta pela liberdade e pela arte, uma das coisas mais essenciais para transformar um país em pátria, com suas identidades e com o respeito do seu povo por ele mesmo, gerando uma auto-estima que, a cada dia, precisamos aprender a desenvolver, para que a cidadania plena, seja exercida por todos.
A luta de Guarnieri não pode ser esquecida e deve ser conhecida por todos os mais jovens, para quem a nossa história não pode omitir.
Pessoas como o teatrólogo e ator, não podem ser deixadas de ser lembradas, assim como Oduvaldo Viana Filho, entre outros, pois é dessa massa que se faz a solidez e ao futuro de nossa terra.
Obrigado por tudo, Gianfrancesco...

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