quarta-feira, 26 de setembro de 2012

NOITE PRIMORDIAL

NOITE PRIMORDIAL

Noite primordial, desde o infinito,
O Pai, sem perceber, abriu a porta;
Rondando, percebendo, uma alma torta;
Evadiu-se, deixando um triste rito...
 Deus, absorto, criando homem, seu mito;
Não se deu conta d’essa alma que aborta,
Destrói, carpe, retrata a vida morta;
Espalha o sofrimento, eleva o grito...
A porta aberta, trouxe tal tormento,
Que jamais permitiu um só momento
De total felicidade. Tiveste
Por toda eternidade bem marcada,
A sorte mais cruel, desesperada,
Essa alma fugidia, vera Peste!

MARCOS LOURES

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