segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Redenção e Luz

Quando estava sozinho em plena dor;
A vida parecia sem sentido
Apenas um caminho já perdido
Por entre tempestades e pavor.

A liberdade, sonho tão distante,
Inalcançável! Tudo terminado,
O jardim sem as flores, destroçado.
Parecia morrer, agonizante.

Sem saber sequer por onde andavas
A minha esperança semimorta
A saudade batendo em minha porta
Em minha alma erupção, vertido em lavas.

A cada pesadelo um sofrimento
Que se torna maior; felicidade,
Quem me dera! Somente essa saudade...
A cada nova noite um só lamento!

Fui feliz, disso tenho uma certeza
Que me deixa pensar em esperança.
E voltar novamente a ser criança
Guardando, dessa vida, só beleza...

Mas o tempo passando me sussurra
Esquece! Pois jamais serás feliz...
Perdido, sem poder ter o que quis
A dor se rebelando, mais forte, urra.

E em toda essa agonia, a vida passa.
Não deixando sequer sobrar um cais,
E o tempo sempre fala: nunca mais.
A cada novo sonho, uma desgraça

A mais, eu vou seguindo em desespero.
Muitas vezes pensei ser o culpado
De tudo que passei. Fiz tudo errado,
Agora, a solidão, o tempo inteiro!

Nosso amor começou qual primavera
Em plena calmaria, mansa areia
Onde as ondas morriam... Quem me dera!
Mas a vida, entretanto me incendeia

E nas brasas queimando meu futuro,
Errei. Valorizei outro prazer.
Agora é tão difícil te esquecer,
Meu céu nebuloso, mais escuro...

A minha alma se arrasta em plena lama.
O vento da saudade tudo arrasa.
Procuro por teu rosto em toda a casa,
Só a quimera dorme em minha cama...

O frio desta noite um punhal, aço...
Que penetra e me cortando com certeza
Acaba destruindo a fortaleza
Invade sem ter pena, o meu espaço

E rouba esta esperança, plenamente.
A dor que me devora, imensa, tanta.
Qualquer pequeno mal já se agiganta
E passa a me matar, bem lentamente...

As garras afiadas do felino
Rasgando cada ruga do meu rosto,
Expondo esta mazela, o meu desgosto,
Aos poucos vão traçando o meu destino...

Minha vida, quimera desumana,
Perdida, sem sequer felicidade,
Fechada em tantas marcas, crueldade,
Em plena podridão, só dor emana.

Sentimentos confusos, turbilhões,
A cada novo dia, mais intensos,
Se tornam violentos, são imensos;
Aguardo, do destino, soluções!

Correntes que me prendem, sou escravo,
Cativo do passado tão cruel.
Mortalha de tristeza é o meu véu,
Nas águas mais medonhas já me lavo...

Porém desse fantasma que me ronda,
A morte, uma certeza nova traz.
De tudo o que mais quero, peço a paz
Que trouxe meu amor, numa praia, onda...

Da noite que me trouxe escuridão,
Ao longe, bem distante, um novo sol;
Onde talvez, quem sabe, meu farol.
Aos poucos aumentando esse clarão...

Os olhos tão divinos vão chegando
E posso distinguir um novo brilho.
Ao ver essa beleza, maravilho.
Cada vez mais os vejo aproximando...

Estranho, a tempestade dentro da alma
Cessando, lentamente vira brisa...
Um olhar tão sereno, já me alisa
Na mansidão da noite, tudo acalma...

Ar que me sufocava, agora manso.
Flutuo levemente, e nem percebo.
No carinho dos olhos, que recebo,
Incrível que pareça, leve, danço...

A terra se tornando tão pequena,
Os astros se aproximam, mais e mais...
Em todo esse universo, tanta paz.
A felicidade morta já me acena...

Os olhos acompanham, sorridentes,
O vôo que prossegue em calmaria.
Da noite que vivi, um pleno dia...
Os males se parecem quais dementes.

E cada vez menores, não os vejo...
O claro que se mostra, me domina
Em festa todo o brilho me alucina
Aos poucos realizo o meu desejo.

Sorrindo, se aproxima a boa sorte,
Sem máscaras, aberta, mostra o peito.
E dentro, um coração mais satisfeito,
Recebe, em alegria, a minha morte!

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