terça-feira, 25 de março de 2008

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 156

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Deitando meu amor em mansa rede

Não quero mais problemas nem rancores,

A boca que se entrega em tanta sede

Procura nos teus lábios sedutores

A fonte inesgotável de prazer,

Fazendo de teu corpo porto e cais.

À noite lado a lado eu posso ver

Momentos fabulosos, magistrais.

Estampas num sorriso o que tu queres,

Recíprocas vontades, disso eu sei.

Festança no banquete em mil talheres

Durante a vida inteira, amor; busquei,

Do amor que feito luz em nós incide

Já tenha uma certeza, não duvide.

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Já tenha uma certeza, não duvide.

De todo o sentimento que alimento.
A luz de teu carinho sempre incide
Sobre o meu corpo e queima em fogo lento.

Porém se tu quiseres incendeias
Em chamas bem mais fortes, nossas noites.
Amor trago comigo em minhas veias
E compartilho assim, nestes pernoites.

Eu quero lambuzar-me no teu mel,
Alçando um vôo livre em tuas mãos,
Ao descobrir teu corpo, mantos véus
Poder usufruir dos belos vãos...

Estou aqui morrendo de vontade
De poder dividir felicidade...

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De poder dividir felicidade

Eu sei, não és capaz, o que fazer?

A vida prometendo claridade

Percebe o sentimento emudecer.

Eu vejo desabar o que eu pensara

Pudesse ser a minha redenção

Carinho que se tornou pedra rara

Expressa tão somente a negação.

Eu te amo. Saberás disso algum dia.

Decerto após a chuva uma bonança

Um novo amanhecer já se anuncia

Deixando um sentimento como herança.

O anel que noutro tempo prometeste

Ao me dizer adeus; mal percebeste.

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Ao me dizer adeus, mal percebeste
Castelo desabando em movediça
Areia
que decerto tu me deste
Depois de tanto tempo nesta liça;

Amor que se perdendo desperdiça
A chance de viver na qual se investe
O sonho de uma vida que enfeitiça
Aquele que ilusão tanto reveste.

Mas tenho uma certeza que a saudade
Virá só me trazer boas lembranças
De tantas maravilhas nas andanças

Por mares, por estrelas e cometas.
Eu quero só guardar felicidade
Assim será contigo, me prometas...

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Assim será contigo, me prometas,

Um dia tu verás quanto eu te quis,

A vida traz em si velhos cometas

Eternamente eu sou um aprendiz

Que tenta vasculhar velhas gavetas

Buscando o que o passado não me diz,

Do amor a sensação feita em lancetas

Deixando a minha sorte por um triz.

Eu tenho, saiba disso, sete vidas,

Renasço a cada novo alvorecer,

Tentando novamente reviver

Por mais que tu me tranques as saídas

Eu tenho no meu peito a poesia,

Tu pensas que me espanta em água fria?

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Tu pensas que me espanta em água fria?
O que te fez assim logo pensar?
Eu gosto que me enrosco na bacia
Desde que tenha alguém a me molhar.

Se engana quando diz que estou miando
Cachorro vira lata late à toa.
Nem pensa que isto está já me humilhando
Eu sei tu és morena muito boa.

Bem vale tua vinda na janela
Na camisola vejo a transparência
E um seio tão polpudo se revela

Valeu a pena ter tomado banho,
Só por poder ter visto esta potência
Meu dia, esteja certa já foi ganho...

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Meu dia, esteja certa já foi ganho

Depois de te saber enamorada,

Não guardo medos trágicos de antanho,

Apenas percorrendo a mesma estrada

Eu vejo que talvez não me perdi,

Tampouco em cada curva eu capotei.

O quanto que em delírio sei de ti

Eu sei que na verdade eu nada sei.

A boca que hoje beijo não disfarça

Decifro teus enigmas e devoras

Distante dos teus lábios segue esparsa

A vida que se ilude sem ter horas,

Embora caminhando sempre ereto,

Morena balançando o meu coreto

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Morena balançando o meu coreto
Quebrando com certeza a sapucaia,
Carinho em profusão eu te prometo
Mas venha assim logo a noite caia.

Eu quero esconderijo predileto
Tu sabes que é debaixo desta saia.
Garanto que o jantar será completo
Dos corpos que caíram na gandaia.

Eu quero me embrenhar em teus cabelos
Fazer de nossas pernas mil novelos
E assim a noite inteira sem descanso.

Dançando este xaxado a noite inteira
Agarro na cintura, companheira
Garanto na verdade que sou manso...

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Garanto na verdade que sou manso

Apenas procurando a liberdade,

Ao lado de quem amo, quando avanço

Vislumbro ao fim da curva, a claridade.

Ao ver que o temporal já foi embora

Aberto o tempo, solto o pensamento,

A poesia em festa sempre escora

Deixando para trás um mau momento.

Menina que se fez a companheira

Reparte cada sonho e vem comigo.

Paixão que hoje eu bem sei; a derradeira

Servindo como cais, perfeito abrigo.

Depois da tempestade que hoje vinha,

Espero esta menina de tardinha

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Espero esta menina de tardinha
E vamos ver um filme no cinema.
Depois tomar sorvete na pracinha
A vida já não traz qualquer problema.

Tentei passar a mão nas suas pernas,
A moça fez um ar de preocupada,
Nas carnes tão macias, duras, ternas,
Tão tenras que merecem ser tocadas.

Depois um beijo audaz em seu pescoço,
Tomei foi um tremendo beliscão.
O grito quase causa um alvoroço
Ficando bem marcado um vermelhão

Mas vale bem a pena a marca roxa,
A mão escorregou, parou na coxa...

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A mão escorregou, parou na coxa

Depois de viajar o corpo inteiro

Vontade sem juízo, heterodoxa

Traduz todo o matiz deste tinteiro.

Homólogo desejo eu catalogo

Etéreas emoções; a noite traz

Desejo o teu carinho e desde logo

Encontro o que eu buscara a pleno gás.

Na frouxidão depois do gozo pleno

Detalhes mais sutis: querer atento,

Prazeres que nos tocam, quando dreno

Tomando com vigor o pensamento.

De um mel feito em fartura, encantador,

Teu colo, minha amiga tem sabor

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Teu colo, minha amiga tem sabor
De todas as delícias deste mundo.
Perfume de teu corpo sedutor,
Invade meus sentidos num segundo,

E assim extasiado em teu fulgor,
No fogo que me emanas eu me inundo.
Teus seios no meu rosto, num torpor
Causando assim furor que sei profundo...

No paraíso enfim que me prometes
Eu quero ser Adão serás minha Eva
Provarmos da maçã. Corpos se pedem

Fazermos dos dosséis os nossos sets
Amiga o meu prazer, teu corpo leva
Por todos os jardins do divino Éden...

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Por todos os jardins do divino Éden

Percorro quando bebo tua pele.

Vontades e desejos se concedem

Enquanto a solidão, amor repele.

À meia noite, Expresso busca a sorte

Vencendo tantos trilhos, se liberta.

Amor, para o futuro, um passaporte

Tornando a nossa vida enfim, desperta

Alertas espalhados pela vida

Dão conta, com certeza desse fato,

A mão que se demonstra mais querida

Permite da alegria este retrato.

Soletro em quatro letras a esperança

De Deus a mais sublime semelhança.

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De Deus a mais sublime semelhança

Amor muda o cenário, traz a luz.

Enquanto o verso manso sempre alcança

O brilho, farto amor o reproduz.

Entrego o pensamento à liberdade

Alçando a mais perfeita redenção.

Amor quando se mostra de verdade

Decerto se faz sempre a solução.

Vencendo em calmaria a correnteza,

Eu tenho dentro em mim, a força plena

Que trama com delícias a beleza

Aonde um bem sublime já se encena.

Distante da saudade que emparede,

Deitando meu amor em mansa rede.

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