sábado, 29 de março de 2008

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 165

2301

O quanto sou feliz contigo, amor

Permite que imagine um paraíso,

Jardim abrilhantando rara flor,

Destino que em bonança eu sempre viso.

Num átimo, a beleza sem igual

Tomando cada verso, dita o mote

Sorriso muitas vezes casual,

A lua assiste tudo em camarote

Beijando com seus lábios cor de prata

Acena com vontades e ciúmes.

A pele bronzeada me arrebata

Deitando sobre amor doces perfumes

Derramas teus farnéis feitos carinhos

Ao abrires – volúpia- os teus caminhos

2302


Ao abrires – volúpia- os teus caminhos
Adentro com total insanidade,
Penetro em cada canto com vontade
Querendo inebriar-me com teus vinhos

Roubados em altares toda tarde
Deitando nos lençóis, sedas e linhos,
Na fúria dos desejos sem alarde
Amores e prazeres são vizinhos.

Meus dedos percorrendo tua pele,
Mucosas, umidades, convulsão
Em arrepios goze se revele

E trame novamente esta viagem
Divina que em profana embarcação
Resgata uma procela em louca aragem...

2303

Resgata uma procela em louca aragem.

O amor que nos promete insensatez

Mudando num segundo a paisagem

Estampa a fantasia em tua tez

Riscando nossos céus, doce cometa

Trazendo as boas novas, rastro em luz.

Fantásticas viagens; acarreta

Enquanto ao paraíso nos conduz.

Farturas em divina providência,

Não cessam nem durante um vendaval;

Palavra que se diz em eloqüência

Num rito sem limites, sensual.

Sabendo no teu corpo, refrigérios,

Eu quero desvendar os teus mistérios...

2304

Eu quero desvendar os teus mistérios
Guardados entre as pernas, paraísos...
Chegando devagar sem dar avisos,
Descobrindo teus mares, teus impérios
E a noite em harmonia sem critérios
Descendo pelos corpos, beijos, risos,

Até chegar ao leito deste rio
Que inunda em tempestades faz a festa.
Recebo o teu perfume em que me guio
Ao penetrar conciso, a bela fresta
Num misto de prazer vontade e cio,
Amar sem ter limite. O que me resta.

Vencido ao adorar a vencedora,
Cativo, quero sempre a qualquer hora...

2305

Cativo, quero sempre a qualquer hora

Carinhos entre lábios e torturas

Sevícia feita algemas. Não demora;

Realça nossos sonhos e loucuras.

As bocas se procuram: dentes, unhas,

As mãos que se viajam sem fronteiras

Apenas as estrelas, testemunhas,

Nos lambem com seus brilhos, feiticeiras...

Descubro descaminhos entre sendas

Diversas tempestades nos rocios.

As pernas em tenazes, sem contendas,

Explodem fendas, furnas, nossos cios.

Na sede que se mata em luta intensa,

A noite nos trará tal recompensa

2306

A noite nos trará tal recompensa
Depois de um dia imenso em solidão,
Tu sabes quanto amar sempre compensa
Ainda mais se é feito com paixão.

Na nossa cama, em chama tão intensa
Fogueira das vontades, do tesão,
Deixando para trás a vida tensa
Nas tesas sensações, pura emoção...

No vale em que aprofundo expedições
Na busca de um tesouro, diamantes.
Dois corpos que se encontram, dois amantes

Promessa de loucura e tentações.
Fazendo desta cama a catedral
Na prece redentora e sensual...

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Na prece redentora e sensual

Certeza de total insanidade.

Deitando sobre a praia, no areal,

Encontro o que busquei: felicidade...

As ondas nos lambendo, coxas, pernas,

Os olhos do luar tão invejosos.

As bocas que se sabem sempre ternas

Sangrando pouco a pouco, tantos gozos.

Como dois animais bebendo a vida

Sem medo e sem pudores, peito aberto.

História em tais loucuras decidida

A chuva transbordando num deserto.

Enquanto a poesia, assim, declara

Acalantos de amor em noite clara.

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Acalantos de amor em noite clara,
Dedilho um violão, e ao pontear
Deitando nosso amor sob o luar
Sonhando com teu corpo que me ampara

Estrela que num brilho, fonte rara
De todos os desejos, vem tocar
Emoldurando um sonho, devagar,
Além do que talvez imaginara

Um coração que busca pela estrela
Raiada em madrugada seresteira.
Mulher, no fogo intenso, feiticeira

Cigana que desnuda em noite bela
Adentra minha cama e vem comigo
Fazendo do prazer, o nosso abrigo...

2309

Fazendo do prazer, o nosso abrigo,

Encontro as feras todas que eu buscava,

Vivendo sem limites, vou contigo

Viagem que permite intensa lava.

Amor sem servidão pleno em delícias

Cativa enquanto fere em beijo e fogo,

Vulcânica explosão, loucas sevícias

Tomando num momento, o nosso jogo.

Sem rogos, sem temores, mas audaz.

Voracidade em fúria desmedida,

Do quanto é necessária calma e paz

Loucura transtornado a nossa vida.

As noites entre chamas são eternas,

Num turbilhão de braços, coxas, pernas.

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Num turbilhão de braços, coxas, pernas
Misturas divinais em polvorosa
Um
carrossel rodando em noites ternas
Em toda esta loucura fabulosa

Quem dera se pudessem ser eternas
As noites em que amando, já se goza
Bebendo as maravilhas nas cisternas
Aonde nossa vida é mais formosa.

Em ritos de hedonismo, contrações;
Adentro as cercanias, gêiser, fogo.
Ardendo em teu prazer, me entrego ao jogo

As cenas se repetem, convulsões,
Florescem nossas flores em banquetes
E
a dose sem limites, tu repetes...

2311

E a dose sem limites, tu repetes

Pedindo novamente, sempre mais.

Nas camas, nas esteiras, nos tapetes

Meu corpo do teu corpo faz seu cais.

Gemidos e sussurros não poupamos,

Apenas deciframos mais enigmas

Nos poros e nos olhos nós sangramos

Marcando em cicatriz mansos estigmas.

A lua ejaculando raro brilho

Por sobre a imensidão desse oceano,

Aventureiro, estrelas quando trilho,

Enquadro cada imagem: sonho insano.

Enquanto a noite segue em fúria plena

Eu trago esta moldura em rara cena.

2312



Eu trago esta moldura em rara cena
De amores envolventes e sutis.
Felicidade é feita em noite amena
Alando nosso sonho, um aprendiz

Que vive em juventude luz serena
Alçando um canto livre, como eu quis.
A porta que se abriu já não se empena
E deixa a luz entrar, querendo um bis.

Estampas em teu rosto angelical,
Um riso que promete mais audaz.
Porém o verso manso e natural

De qualquer forma, amada me compraz.
Menina se mostrando sem igual,
Doce veneno em noite plena traz.

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Doce veneno em noite plena traz

Total insensatez, puro hedonismo,

A boca enternecida é mais voraz

Amor não se permite em egoísmo.

Lambendo nossas pernas, mar em ondas

As línguas desvendando tais fronteiras

Os dedos penetrando, loucas sondas,

Estrelas que guardei nas algibeiras

Redomas que rompemos vida afora

Resíduos de nós mesmos espalhados

Nos lumes e no brilho que decora

Espaços toda noite pesquisados.

Farturas entre fátuas esperanças,

Delícias que me dás enquanto alcanças...

2314

Delícias que me dás enquanto alcanças...

No caminho dos deuses encontrei
Aquela que por séculos busquei,

Chamando sem juízo, para as danças.


Princesa deste reino: o bem querer.
Numa alameda cheia de perfumes
Nos olhos perfeição de belos lumes,
Vontade de te ter e de saber.

O rumo das estrelas percorri
Sabendo meu amor que estás ali;
No rastro do cometa, luz e cor,

Mulher que por encanto um deus criou

Que em tramas sem limites demonstrou

O quanto sou feliz contigo, amor.

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