quinta-feira, 8 de junho de 2006

Da necessidade da formação de Partidos Políticos no Brasil

Uma coisa que me chama a atenção e muitas vezes é esquecida e a cada dia se observa de forma cabal, se relaciona com a ausência de partidos políticos no Brasil.
A nossa estrutura partidária é uma das piores e mais frágeis do mundo, com situações absurdas que irão se repetir nas próximas eleições.
Sou Botafoguense e me orgulho disto, embora o Botafogo tenha me trazidos raras alegrias e muitas tristezas. Mas sou botafoguense e dane-se o resto.
Sou católico por formação, mas sou católico e isso é problema meu, mesmo com os erros e acertos da Igreja católica, sou católico.
Em relação a isso, mais de noventa por cento dos brasileiros têm suas convicções que são praticamente imutáveis.
O norte americano ou é republicano ou conservador. O argentino ou é peronista ou anti-peronista; o uruguaio é colorado ou anti-colorado.
O inglês ou é conservador ou trabalhista; e por aí vai...
Sou Lulista e petista, mais Lulista que petista, tanto que não votarei no PT para o Senado e, talvez vote no PCdoB para a Assembléia Legislativa.
Estou falando de uma pessoa que gosta de participar e tem princípios ideológicos e políticos, militando há mais de 30 anos, direta ou indiretamente.
Nossas estruturas partidárias são totalmente incipientes, excetuando-se o PT e alas do PMDB, além dos partidos mais à esquerda como o PSTU, são pouquíssimos os que se podem dizer que PERTENCEM A TAL PARTIDO, afirmativa trocada por SOU FILIADO A TAL PARTIDO.
A filiação conota uma diferença muito grande com relação ao fato de PERTENCER, essa palavra demonstra uma interação e integração absoluta; mesmo na derrota ou nas fases de baixa, o que PERTENCE, normalmente está entranhado e o Filiado, desfilia, vai para outro partido e dane-se o resto.
Todo esse emaranhado causado pela verticalização e esse absoluto non sense de partidos de esquerda apoiando ou sendo apoiados pelos de direita, a luta de socialistas contra socialistas, apoiados ambos por neo liberais, gera o samba do político doido.
A guinada de Roberto Freire para a aliança entre a Usp e o Coronelismo demonstra que: ou o Bob Freire pirou de vez ou ele não entendeu nada ou nunca teve convicção política ou é mau caráter.
A base partidária é fundamental por ser visceral, o fato de termos um aumento na base petista é extremamente sugestiva de que, o partido é mais importante que os homens, assim como o Botafogo me é muito mais caro que qualquer jogador que tenha passado por lá, de Cremilson a Garrincha.
As cores partidárias no Brasil variam a cada eleição, causadas por uma espécie de político quase que exclusive do nosso país e inaceitável na maioria das democracias do universo: O político PROFISSIONAL.
Entender-se que Ronaldinho Gaúcho saia do Grêmio para o PSG e, depois, para o Barcelona é fácil. Mas compreender um paladino da Esquerda se associar ao Antonio Carlos Magalhães é dose para elefante!
Não vou deixar de falar dos políticos petistas; muitos decepcionaram o seu eleitorado; porém a militância petista não, essa continua firme com o partido, a exemplo dos conservadores americanos que “aturam” Bush ou mesmo dos católicos conscientes que “suportam” o Padre Antonio Maria.
O que ocorre nesta eleição é de uma limpidez e transparência que chega a ofuscar a visão dos que não querem ver e, por isso , muitas vezes pode instigar alguns.
Lula tem, entre petistas e lulistas, cerca de trinta por cento do eleitorado. Eleitorado fiel em todas as participações deste como candidato à Presidência da República, isso é ponto pacífico. Da mesma forma tem 30 por cento de rejeição, de pessoas que NUNCA VOTARAM E NEM VOTARIAM nele.
Assim como temos flamenguistas, temos antiflamenguistas ou anticorintianos. Isso denota a existência de um grupo que rejeita outro, normalmente com características mais definidas.
Os anti-lulistas têm várias facetas; desde a ultra esquerda ata a UDR reacionária.
O maior problema que vejo, não é somente o fato de Lula ter tido uma aceitação percentual praticamente igual a que o elegeu no segundo turno da eleição passada, estando dentro do percentual dos que acreditaram que ele era a esperança. Fato esse, estatisticamente confirmado como concretizado.
Além desse fato, temos a total inapetência e a falta de identidade dos anti-lula ou anti-petistas com nenhum candidato apresentado como alternativa a Luis Ignácio.
Geraldo Alckmin, me perdoem os paulistas, não ganha eleição para prefeito de Espera Feliz, tal a falta de atrativos que não tem e nem adianta tentar ter, isso é inerente.
Picolé de chuchu é um achado histórico de José Simão.
Cristovam Buarque é um arremedo de político, como político é um excelente professor e reitor; como reitor não tem o menor cacoete para a política.
Heloisa Helena é um caso à parte, pode acertar no atacado mas se perde no varejo; eu não conheço muitos homens que quereriam desfrutar de uma companhia como HH, isso sem ser machista.
É absurdamente chata com seus ataques histéricos em resposta a qualquer assunto que queira polemizar.
Agressividade excessiva é tão perniciosa quanto à apatia.
Um misto de Alckmin e HH talvez fosse algo, politicamente, tragável, mas isso são hipóteses.
Além disso, a falta de estrutura partidária no Brasil, na essência visceral da opção feita pelo eleitor, PERTENCENTE e não somente filiado a um determinado grupo, tal qual um torcedor de futebol, impede a formalização e a avaliação de uma realidade política brasileira.
O personalismo na política é danoso e isso se apresenta claro em quase todos os países onde ocorre. Mas essa herança advinda do profissionalismo e da falta de identidade partidária dos nossos políticos, inclusive com a falta de fidelidade partidária, mais cruel e deletéria para a política do que a falta de fidelidade nas relações amorosas; por ser extremamente danosa e imoral para com o eleitor; que tem todo o direito de se sentir traído, essa herança poderá ser modificada.
Poderá não, deverá; ao custo de não termos evoluído para a verdadeira democracia.
Se olharmos para os clubes de futebol, iremos aprender que, se um atleta contratado pelo Palmeiras, em pleno campeonato se transferir para o Corinthians, ainda mais de graça, será considerado, a vida toda como um traidor.
Mas, os políticos, inclusive os da esquerda , absurdamente em nome de uma “dignidade” que desconhecem, fazem a mesma coisa. E acreditam ficar impunes.
O descrédito que se abate sobre toda a classe política nacional tem, nesses imbecis, um dos grandes culpados.
Os outros são os interesses econômicos, os grupelhos políticos de um só senhor, sem ideologia; afora os partidos de “aluguel”; mas, nesse caso, estamos lidando com outro tipo de coisa : PROSTITUIÇÃO, e da pior espécie, a PROSTITUIÇÃO DAS CONSCIÊNCIAS.

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