terça-feira, 20 de junho de 2006

Vespa fabricando mel

No meu paraíso miraiense, uma das coisas que mais me incomodavam eram os marimbondos.
Quem foi picado por esse inseto, nunca mais se esquece. Dói, mas dói mesmo.
A dor vinha acompanhada por uma mistura indefectível de álcool com fumo de rolo.
Alivia na hora.
Entre as espécies de marimbondo, no quintal de minha avó havia duas que me recordo bem, uma era o chumbinho. Pequeno e vivendo em colméias grandes, fabricam mel. Realmente produzem um mel de paladar agradável.
A outra espécie era o marimbondo cavalo. Como o próprio nome diz, era grande e sua picada era extremamente dolorida.
Na ida para o quintal, volta e meia eu era atacado por um pequeno enxame de marimbondos chumbinho. Era passar perto da mangueira, esbarrar num galho e lá vinham as vespas atacando, zunindo e picando.
Então era correr para casa e ter o alívio no fumo de rolo e no álcool.
Um belo dia, cansado de tantas picadas, e pelo fato de ser “muito grande” nos meus cinco anos, resolvi acabar com o problema.
Localizando a colméia das vespas e percebendo que, se eu subisse em um caixote de madeira, conseguiria colocá-la a uma altura que me permitiria alcançar o meu objeto de vingança, tomei uma atitude.
Drástica e dolorosa atitude, mas radical.
Com a mão esquerda apoiada no tronco da mangueira, a direita foi em direção a colméia e executou rapidamente o que tinha planejado.
Segurando a pequena colméia na mão, esmaguei-a, entre feliz e irado.
A reação foi imediata; várias vespas me atacaram ao mesmo tempo.
Zunidos e picadas, picadas e zunidos.
Dor muita, mas felicidade também.
Naquele momento aprendi que a liberdade tem seu preço. E passei a ir para o quintal sem a ameaça daqueles insetos.
Um litro de álcool e um bom naco de fumo de rolo livraram a dor do corpo.
As mangas deliciosas que pude colher recompensaram.
Agora, a alma lavada, sem dor, podia correr livre pelo meu reino; o quintal de minha avó.

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