quinta-feira, 25 de maio de 2006

CRÔNICAS - GEOGRAFIA E MISSA

Padre Raimundo Nonato, pároco de Visconde de Rio Branco, cidadezinha próxima a minha cidade natal; Mareai, era um padre tradicional, usando sua inexorável batina, mas tinha um bom humor impagável.
Mulato meio que pro obeso, tinha umas tiradas que nos deixava a todos, independentemente do humor que apresentávamos antes de sua chegada, rapidamente ficávamos de bem com a vida.
Encontra-lo era “ganhar” o dia.
Recordo-me que, certa feita, em visita aos meus pais, de quem fora colega de magistério no Colégio São Paulo, lá mesmo em Muriaé, o padre Nonato parecia estar, ao contrário de sempre, com o humor um tanto quanto diferente, até meio sorumbático, por assim dizer.
Interrogado pelo meu pai sobre o motivo de tal mau-humor, o padre desconversava; falava sobre outro assunto, tentava a todo custo mudar o tema da conversa.
Em vão, meu pai preocupado não deixava o amigo em paz; perguntando sempre o que estava acontecendo.
Lá pras tantas, Padre Nonato não agüentou mais a pressão e disse:
-Marcos, eu estou meio arrependido do que falei outro dia em Visconde do Rio Branco, na hora da missa.
Meu pai, já conhecendo o velho amigo, prontamente mudou a fácies; de preocupada passou a uma expressão sorrateira de quem já esperava alguma coisa.
- O quê que aconteceu, Padre? Perguntou meu pai, já meio que rindo.
- Pois bem, eu estava realizando a missa quando, sabe esses bancos de Igreja novinhos, feitos de madeira mais resistente?
Pois é, a comunidade tinha se esforçado tanto para poder comprar uns bancos novos, pois que os outros estavam em petição de miséria, já carcomidos pelos cupins e pelo tempo. Os bancos novos eram uma beleza, muito bonitos, mas, não sei por que cargas d’água um gaiato resolvera rabiscar no banco.
Rabiscar ainda era pouco, escrevera um palavrão daqueles...
Então, no meio do sermão, não resisti e falei:
“Pois bem, meus irmãos, o pior de tudo foi o palavrão que esse infeliz escreveu. De tão feio tenho até vergonha de pronunciar. Mas só para vocês terem uma idéia: Fica na mulher, ACIMA DO JOELHO E ABAIXO DO UMBIGO!”
CAI O PANO RAPIDINHO...

Um comentário:

  1. Oi Marcos, moro em Volta Redonda mas sou nascido em Visconde do Rio Branco e conheci o Pe Nonato...
    muito dele essa historia...
    um abraço

    Hugo

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