terça-feira, 30 de maio de 2006

DA ZONA E DA RURAL

Lembrando-me do Prefeito Francisco, já citado aqui antes em dois episódios inesquecíveis, tenho mais uma “das suas” para contar.
Contam à boca pequena, quase que sussurrante que nosso querido prefeito, nos idos dos anos 70, filiado à Arena, Arena 1 para ser mais exato, herdeira da UDN mineira, tinha muitos contatos importantes lá pros lados de Muriaé.
Uma coisa que merece ser citada é que em Muriaé, cidade conservadora da Zona da Mata mineira, a UDN tinha o apelido de “Goteira” , ao contrário do PSD, famoso como “poaia”.
Poaia é uma planta que nasce em qualquer canto e é difícil de ser extinta; dando um caráter mais “popular” ao partido.
Francisco, como udenista que se prezasse, defendia a tradição, a família e a propriedade, ancestral político de um certo ex-Governador paulista, famoso por seus laços com a Opus Dei, aliás, aparentada com o Integralismo de Plínio Salgado ou, melhor ainda, com uns movimentos europeus, mas é bom ficar por aqui, senão de tanto divagar a história vai ser esquecida.
Voltemos a ela, pois.
Como já dito antes, Francisco, apesar de seus laços com a TFP, tinha uma paixão irresistível pelas meninas da dura vida fácil, principalmente as mais novinhas.
Haveria um encontro de personalidades ligadas à UDN mineira, em Juiz de Fora e nosso amigo foi chamado para representar sua cidade.
Esse encontro iria contar com a presença de, entre outros, Magalhães Pinto, ex-Governador e homem forte do Governo Mineiro.
Isso deixara Francisco muito orgulhoso e, todo pimpão e serelepe, preparou-se para a viagem.
O seu Opala Diplomata estava reluzindo, brilhando mesmo, ofuscando os outros automóveis da pacata cidade.
Ao chegar a Juiz de Fora, se hospedou num dos melhores hotéis da cidade, com toda pompa e circunstância.
Na primeira reunião, iriam tratar de financiamento para a compra de tratores para as Prefeituras, obviamente superfaturados, num prenúncio da “máfia das sanguessugas à moda setentista”.
Nesse encontro, os prefeitos iriam ter que dar uma idéia da “necessidade” das micro regiões para a transferência de tratores, respeitando a necessidade de cada um.
Haveria, portanto, uma distribuição de maquinário de acordo com as necessidades das zonas rurais de cada município.
Francisco, aéreo, sem prestar muita atenção ao que se discutia naquele momento, pensando nas delícias do almoço que adivinhava ser servido naquele hotel de grã fino, ao ser inquirido tomou um susto.
E um susto maior ainda causou ao seu interlocutor.
A pergunta, simples, foi a seguinte:
“-Francisco, como está a situação da zona na sua cidade?”
Ao que, sem titubear, respondeu:”.
“-Boa, tem uma moreninha linda, deliciosa que a Clarice trouxe lá do Rio que parece ser uma princesa!”
Ao que, o Secretário de Obras do Governo, assustado e tentando corrigir o ato falho, tenta esclarecer:
-Francisco, eu estou falando da Rural!
No que este responde, sem pestanejar:
- A Rural deixei no sítio, eu vim com o meu Opala, mas ela está com os pneus meio carecas, vou ter que procurar aqui em Juiz de Fora, por que na minha cidade não encontrei pneus bons para ela não.
ABAIXA O PANO DEPRESSA!

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