sexta-feira, 26 de maio de 2006

DO BOATO AO PÂNICO - ORSON WELLES AINDA CRIARIA O CAOS!



Temos observado, nesses dias difíceis de violência desmedida em Sampa, a capacidade da mídia em transformar o medo em pânico.
Um simples bilhete anônimo apareceu em Vitória, capital capixaba, dando conta de que no dia 25 de maio haveria uma série de atentados e solicitava o fechamento do comércio.
Isso foi divulgado pela mídia local, e o resultado foi catastrófico.
As escolas fecharam suas portas, o comércio idem; um verdadeiro pânico tomou conta da cidade, a ponto de um campeonato que ocorria num dos maiores ginásios esportivos da cidade ter sido suspenso durante sua realização. Isso levou os estudantes para as ruas, à espera de seus responsáveis para o retorno às casas.
Neste caso, como em todos outros, a mídia, a troco de audiência, esquecendo-se da credibilidade, precipitadamente, antes de qualquer checagem dispara a notícia, criando uma situação próxima ao pânico.
É papel da imprensa a divulgação de fatos, mas, até que ponto ela não está sendo utilizada ou poderá ser utilizada em alta escala para a criação de uma instabilidade, extremamente benéfica para que o crime organizado aumente seu poder de fogo?
Muitas coisas têm ocorrido e contribuído também para o descrédito da nossa imprensa, tanto escrita, televisada e difundida via ondas de rádio ou pela NET.
Isso tudo tem suas origens na necessidade de velocidade e da divulgação de “furos” de reportagem, que muitas vezes se transformam em gigantescas “barrigas”.
Por incrível que pareça, estamos à beira da reedição do caso de Orson Welles, isso nos meados do século passado!
O país está à mercê de grupos criminosos bem articulados, com uma inteligência ativa e que cada vez mais se utiliza dos meios de comunicação e de divulgação tanto pessoal quanto em massa.
Cabe à imprensa o retornar ao bom senso e, principalmente à responsabilidade que se exige dela.
O caso do Espírito Santo é exemplar e denota o quanto é Grave a situação real e potencialmente podendo ser multiplicada em progressão geométrica, criando o caos.
Somos bombardeados, todos os dias por notícias que, se forem analisadas demonstram muitas vezes uma contradição que apavora.
“Só sei que nada sei” já era uma verdade na Grécia antiga, e a cada dia se torna mais real, tal a profusão e confusão criada pelo afã de publicar em “primeira mão” qualquer coisa, desde o divórcio ou o casamento da atriz de plantão até uma informação de tal vulto que imobiliza uma cidade inteira.
O fato da Veja ter tido, há dias sua integridade jornalística colocada, e com razão, em dúvida, denota isso tudo que constato e afirmo.
Não se pode tratar o consumidor da informação dessa forma, ele é o fim e não o meio para que o jornalismo tenha efeito e justifique a sua existência.
Nas páginas da Internet já bastam os vírus do dia a dia, temos tido muitos “vírus” nesse setor, muitos anônimos, mas, infelizmente a maioria, na sede de ser conhecido como “bom repórter”, assinados!
Além do podre analítico que anda por baixo:
Veja essa notícia e analise:
César Maia diz que pesquisas são favoráveis a Alckminda Folha On-linegarantir o segundo turno. "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição", diz o prefeito.

Essa notícia, numa análise simples denota outra que não foi observada; quando Maia afirma que se tentar esgrimir, para valer, programas ou comparação como agenda a eleição está perdida, ou seja, a manchete deveria ser outra:
“César reconhece que o Governo Lula é melhor que o anterior”.
Ou não foi isso que ficou explicitado na afirmativa do prefeito?
Temos, nesse caso, além de uma demonstração clara de poder de análise outro fato interessante: na busca por “furos” ou afirmativas bombásticas, o repórter perdeu uma boa oportunidade.
De outra forma, a imprensa está carecendo de um órgão próprio e regulador, independente, sem nenhum caráter opressor ou censor, de auto - regulamentação e de transparência.
Algo assim com a OAB ou o Conselho Federal de Medicina ou o CREA.

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