terça-feira, 16 de maio de 2006

MINHA GENTE, NADA FALO

Minha gente nada falo

Sobre o que pensa a saudade

Sobre esse tempo mais triste

De vagar pela cidade

Procurando descrever

O que nada mais diria

Se conseguirei viver

Longe dessa fantasia

Que me traz até você

Dona dessa poesia.

Quero esperança do beijo

Nesse afã dessa saudade

Transgredir todo desejo

Vagando pela cidade

Que poderia buscar

Nesse seu corpo meu par

Na vida dessa viola

Nessa dor que desconsola

Que me faz tão sofredor

Eu busco pela alegria

Nunca rimar mais com dor

Quieto sobre a nostalgia

Que amassa a massa da dor

Cavalgando em serventia

Nos sertões do meu amor

Nas costas do meu cavalo

Batendo no sangrador

Curando todos agravos

Nos cravos cortes que calo

Nas asas do voador.

Meu sangue bate feroz

Tenta vida e tanta paz

De nada mais ser capaz

Senão ouvir minha voz

A voz do peito sangrado

Desse amor desesperado

Que nunca mais esqueci

Desse canto mais calado

Que trago hoje para ti

Pela fresta da janela

Aberto o peito, por ela,

No medo do cantador.

Sabes de tanta magia

Tantas quantas que podia

A majestade do dia

Trazer nessa poesia

Que acalma e não mais machuca

Que trava e nunca complica

Colocando na cumbuca

Com suas luvas de pelica.

Necessito teu perdão

Abrindo meu coração

Tendo medo desse amor.

Quero o céu, tua boca.

Quero estrelas nesse céu

Quero te fazer mais louca

Descobrindo no teu véu

O final de tanta luta

Sem uso da força bruta

Numa opção mais divina

Ser a lua cristalina

Que salta e mais me ilumina

Nesse céu abrasador.

Quero a esperança de óculos

Quero o desejo dos loucos

Quero não ter mais as máculas

Nem os teus segredos poucos

Quero o gosto mais vadio

O cheiro desse teu cio

No vazio peito agreste

Quero esse amor inconteste

Que me incitas, pois parece,

Que nosso mundo padece

Desse sonho encantador.

Quero ser o teu menino

Ser teu louco desatino

O mais triste e o mais feliz

Quero te ter meretriz

E sendo essa minha atriz

Me atirar ir sem destino

Caçando ao léu sem espanto

O manto alvo, belo branco,

O canto do teu desejo

Nesse mais agudo beijo

Nessa angústia desse amor.

Quero ter-te tão sincera

Do dom dessa vida, austera.

Numa proposta sem nexo

De percorrer nosso sexo

Com a fúria de animal

Com ânsias de ser voraz

Capaz, traduzir na paz,

O que da terra é o sal.

O mais de tudo, o eterno

Vestido com o mesmo terno

Que na noite primitiva

No meio desses convida

Pois que seja mais ativa

O que sempre fora vida

Da doce vida o condor.

Das trufas mais ansiadas,

As delicias saciadas

Com esse ar de protetor

Com o andar navegador

Com as sendas mais floridas

De todas as que, das vidas,

Foram todas subvertidas

Em nome das mais sagradas

Das plagas mais ansiadas

Das noites iluminadas

Das doces noites de amor.

Quero tua vida minha

Quero ter tão pobrezinha

A luz de teus olhos tontos

Quero ganhar esses pontos

Mesmo não ser vencedor

Quero ter o teu amor

Puro e pra sempre sincero

Não quero ser vencedor,

Ser simplesmente vencido

Quero em ti, o que mais quero,

É poder estar perdido

Ao ouvir o seu pedido

Nem Sempre compreendido

Desse amor sem ser vencido

Sem ter nenhum vencedor

A não ser o nosso amor

Amor de tantas saudades

De tantas felicidades

E de luzes envolvidas

Pelas nossas próprias vidas

Sempre achadas, e cumpridas,

Sangue e suor, divididas,

Entre o antes e o depois

Antes de voar nos sonhos

No rocio dessas lágrimas

Que sempre compartilhadas

São as nossas mãos. Algemas

Da vida, das mesmas gemas,

De todos os nossos temas

Os mais felizes comuns

Onde fomos nós e uns

Nesse caminho tão uno

O mesmo gosto do sumo

Da mesma doce maçã.

Num único hoje, manhã

Comum da febre terçã

E que nunca se adivinha

A não ser o que mais vinha

Do gosto do nosso amor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário