sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SONETOS 003

Nilza / Nice

Nilza
Nice: Vitória



Paraíso em teu canto, ave bela e mais rara...
Ergueste teu castelo em meio a tempestade.
Feito de etéreo fumo, asas da liberdade.
A mão que me maltrata; a mesma que te ampara.

Persegues nova vida em sonhos, mansa e cara.
Onde tenhas amor, sincera amizade
E a paz d’um paraíso: a tal felicidade!
Teu canto encantador, a vida tão amara!

No teu castelo em dor, a flor perde perfume,
O sonho se esvaindo, o que sobra? Queixume...
Amor que sempre fora o retrato da glória,

Adormecido... Quieto... Espreita atocaiado,
Que outro castelo surja em outro, manso, prado.
Nas asas da ave, Nice; a força da vitória!




Nívea


Nívea: Branca como a neve

Resquícios de alegria; um mavioso estio...
O céu se torna espesso, as nuvens vão chumbadas...
O tempo, que era claro: em raios, trovoadas...
A tarde me promete um mundo duro e frio.

Na fumaça da vida, enchente vaza o rio;
Alaga todo o campo, encharca essas estradas.
Assim como minha alma, estão enlameadas.
Acordo e não te vejo. A fantasia crio;

Promessas? Ilusão... Níveo dia? Jamais...
Eu te chamo, ninguém... O dia? Nunca mais...
Noite eterna, doída... O sol jamais virá...

Persigo uma lanterna (esperança) e se apaga...
A noite na minha alma, eterna e dura praga.
Ó meu Deus me responda: onde Nívea andará?



Noemi

Noemi: Noêmia Minha agradabilidade, flor de beleza



Pressinto; a morte vem... Amiga mais cruel.
Levarei pouca coisa: um resto de saudade,
Um gosto de tristeza, a mansa claridade...
A receita da vida; o mel... Bastante fel.

Chuva... Sol... Desamor... Cumpri o meu papel.
Vivi, no meu outono, a flor da mocidade.
Criei algum fantasma... Andei pela cidade
Buscando o meu caminho... O meu destino? Céu?

Pode ser... Mas será? Cometi os meus erros...
Casei-me, descasei... Nos velórios, enterros,
Casamentos...Cinema! O beijo da morena!

Depois: filho e filho... A vida me foi leve...
Uma coisa ficou. Sonho rápido e breve...
Noemi, juventude... Apenas uma cena...



Norma


Norma: Mulher de origem gaulesa


Entardecer... Risonho e delicado brilho.
O sol se esmaecendo encontra a bela lua.
Esta, envaidecida, abre-se toda nua.
Eu, quieto voyeurista, olho e me maravilho!

E depois, satisfeito, o sol segue seu trilho...
A lua se levanta... Orgástica, flutua.
Natura, enamorada... A noite continua...
Quem sabe, dessa lua, amor é belo filho...

Por vezes; encantado. Em outras, tão vazio...
Ao sol vai abrasado, à lua quieto e frio...
Termina num outono, o que nasceu n’estio...

Nas normas desta vida, o nosso amor nasceu...
Tu foste o forte sol, a triste lua: eu...
Ah! Norma, o nosso amor? Apenas breve cio...


Núbia

Núbia: Ouro, terra do ouro

Não falo da tristeza. Ela sempre virá,
Quer queira ou nunca queira, a vida continua...
Em busco de carinho, o meu destino: rua!
Muitas vezes sozinho, aqui ou acolá.

Procuro meu socorro. Em vão! Não chegará...
No frio de minha alma, o meu corpo já sua.
A vida que sonhei, jurei que era tua.
Mas não vieste e, só, vida segue má...

Amor, dedicação... São sentimentos frágeis.
As mãos que me negaste, em sonhos eram ágeis.
Reparo bem na sorte...Essa palavra é dúbia.

Pensamos, num segundo em coisa benfazeja.
A sorte de viver, o que mais se deseja...
Porém a minha sorte, esvaiu-se com Núbia...



Nefertite


Nefertite: Amor, sensualidade, atração

A vida sem seu braço esquece do deleite.
Chorando, convulsivo, a madrugada fria...
Minha esperança, breve, escapa.Fugidia...
Quem dera se eu pudesse, atar-me, como enfeite,

Ao corpo da pantera. Espero que m’aceite
Ao menos um segundo... O meu mundo teria
O brilho d’uma lua. A vida sorriria...
No braço que preciso, aguardo que me estreite!

A solidão atroz aguarda pelo encanto
Da deusa que se esconde, em alvo e belo manto.
Adormeço e não tenho a presença que espero...

Qual falena procuro o lume, mas não vem.
Outra noite se passa; outra vez sem ninguém
Rainha Nefertite: amor, desejo fero!


Odila

Odila

Cansado de cantar minhas tristes mazelas,
Preparo uma canção que seja cristalina,
Dedicada à mulher. Num olhar me fascina,
Desejoso e voraz, com o brilho das velas

Acesas qual a brasa. A vida, em torno delas,
Apresenta-se sempre imersa em paz divina
E tão profundamente amável que domina.
Um olhar feminino emoldurando telas...

A mulher em desejo, um cio bravo, indócil,
Transforma a solidão num simples, mero, fóssil.
É flor que, delicada, amargura destila,

É languidez audaz, caçadora voraz.
Sua voracidade um agridoce traz.
Sou vítima fatal de t’as garras, Odila!




Ofélia

Ofélia: Serpente, cobra



Nos meus sonhos, desejo e tempestades vagam;
Prazeres e ternura em murmurante voz,
Delícias e tortura uma mistura atroz,
As garras desta fera arriscam-se e me afagam.

Na chama sideral estrelas vãs se apagam,
Deixando um rastro triste enorme e tão veloz
De estrelas mortas que todas as penas pagam,
Dura desesperança e nada vem após...

Nos meus sonhos a serpe imersa em vil peçonha
Prepara o bote, deixa a vida de quem sonha
Em infernal espreita. A morte é tão escura...

Gosto abjeto da morte explode na garganta
Da vítima fatal. A serpente me encanta
E somente em teu beijo, Ofélia, terei cura...


Olga


Olga: Santa, sagrada

Esqueceste-me. Bem sei que não fui fiel;
Tantas vezes errei e te peço perdão
Por não ter conseguido encontrar solução
Para meus erros, fui muitas vezes cruel

Do doce prometido eu te guardei o fel
E por isso nosso amor foi tão vazio, vão.
Agora imerso em treva aguardo a solidão
Que virá fatalmente, inferno e vida ao léu...

De tudo que sei resta um gosto meio amargo
Assim como se esperança esvaísse. Me embargo
E quase não consigo expressar minha dor.

Me trazias um brilho em forma de alegria,
Mas tolamente fiz com que morresse fria
A noite que trouxe Olga, o símbolo do amor.



Olinda


Olinda: Cheirosa, perfumada


Companheiro da fera inebriante:amor;
Por vezes me esqueci que as mágicas mulheres
Guardam cada segredo em diversos talheres
Nas gavetas do sonho, em cálices de dor.

Muitas vezes estranho o mistério da flor
Carnívora. Também fazes o que quiseres
Nas tocaias. Inseto, a presa, se não queres
Depois de mastigada expulsas com vigor.

Porém a perfumada e olorosa rosa,
Absoluta malícia esperando ansiosa
Que um colibri se chegue e carregue seu beijo

Para outra rosa, assim num cio delicado
O pobre beija flor foi, sem perceber, fado.
Olinda; serei flor, colibri ou desejo?



Olívia


Olívia: Azeitona, oliveira


A chuva cai... Recebo o teu carinho triste
De quem amou demais e não teve perdão.
De quem sabia que, depois, a solidão
Se instala e toma cada espaço que inda existe.

Eu estou aqui. Sei que nada disso importa
Para quem sofreu e não sabe disfarçar.
Eu posso prometer a terra e o luar,
Tua alegria está atrás daquela porta.

Eu bem que tento embora eu saiba não consiga
Trazer uma esperança. Espero que prossiga
Sem esse sofrimento inútil que domina.

O meu verso calado, o peito está cansado
De saber que não tens o amor tão esperado.
Minha esperança, Olívia, a cor esmeraldina...



Paloma

Paloma: Pomba


O céu em claridade absurdamente bela,
Aos rasgos desta lua encontra sua amada.
Pressente que depois da longa e calma estrada,
Não há sequer um porto, e a lua se revela.

Esse astro enciumado, o céu amado dela,
Esconde-se na treva, a face descorada;
Quem nunca vira a lua assim apaixonada,
Espanta-se com isso: a noite perde a tela...

Irada, a branca lua, abrasa-se ligeira,
De súbito, essa noite, acende uma fogueira.
A luz, incrível lua, ao universo soma

Um rastro qual solar em plena madrugada.
Estrelas vão correndo, em total debandada,
A causa do ciúme: os olhos de Paloma!



Pámela

Pámela: Doçura, muito doce


Abelha forja o mel do pólen delicado
Que rouba desta flor em súbito revôo,
Beleza deste fato, encantos tais ecôo
Abelha qual Cupido, o pólen, o recado

Que a flor manda p’ra flor, um canto apaixonado!
A dor do meu amor por certo te perdôo,
Flor, colibri, abelha... Amor que eu abençôo!
Do perfume da flor, o mel adocicado...

Pois Deus ao te encontrar, a filha mais amada.
Por certo descobriu o brilho da alvorada,
E mais do que depressa, o Deus se emocionou.

Da abelha e do seu mel, do pólen dessa flor.
Do perfume à doçura,da doçura, ao amor...
E Pamela, em doçura, esse Deus transformou...



Patrícia


Patrícia: Aquela que pertence à Pátria


Quando me deixar lembre; a porta fica aberta.
Não é por mal, entenda a porta não se fecha.
Alguém pode esquecer o medo ou a mecha,
Ou quem sabe um novelo inteiro, esteja certa.

Acontece que amor é sentimento instável,
Da mesma porta que entra, a mesma quando sai.
A casa não tem base, um dia a casa cai,
E eu bem quero ficar, preciso ser amável.

Amor dolente vai, amor dolente vem,
A cama que ficar é noite do meu bem...
Pr’a dizer a verdade, amor: uma delícia.

Mesmo quando o fim surge, amor segue o caminho...
Prefiro ficar só do que ficar sozinho.
Amanhã amor abre a porta com Patrícia...



Paula


Paula: Baixa estatura, pequena.


Andava semi-nua a deusa maviosa,
Por onde ela passava um rastro de beleza.
Estrela salpicava o andar desta princesa.
O rastro que deixava olor de bela rosa...

Eu, pobre aventureiro, em vida mansa e prosa,
Ao ver a tal princesa, a dama de nobreza
Rara em desfile tal, passei a ter certeza,
A vida, ato divino explode venturosa...

Bem sei que não consigo imaginar a cena,
Quando Deus luminoso esculpiu a pequena
Obra prima que passa enfeitiçando a rua.

Só posso agradecer por estar vivo então,
Aplaudindo de pé, um pobre coração,
Por Paula enlouquecido, a deusa semi-nua!



Priscila


Priscila: Aquela que pertence ao passado, antiga


Nas espirais do tempo amores esquecidos...
A vida prega peça em quem não tem memória.
Viver um grande amor é se render à glória.
A vida é festival dos amores vividos...

Lembro-me, adolescente, em tempos ermos, idos.
No começo do sonho em que resume história
D’homem envelhecido, essa dor peremptória
Da saudade cruel de amores vãos, perdidos...

Morava na cidade, a mais doce menina
Que tinha, com certeza, a boca mais divina
Entre todas. Rainha, a mais bela da vila...

Em plena juventude, instintos incontáveis.
O beijo não sacia, as noites memoráveis.
No centro do meu mundo, em tudo, só Priscila...



Quezia


Quezia: Fragrância, do hebraico Cássia.

Nos perfumes que guardo; alguns, especiais.
De flores em perfeito amor primaveril.
Perfume penetrante ou doce e tão sutil,
Amor que se transforma em belos festivais

Onde um sentido impera acima de outros tais.
No aroma de uma flor quem nunca se sentiu
Extasiado. Um sol, enamorado, viu
Na flor e no perfume o sonho que jamais

Um dia pensou ter. E tão embevecido,
O deus mais poderoso estava assim vencido.
E deste amor surgiu u’a flor, o girassol.

Assim também fiquei ao ver tua beleza,
Quézia, e desde este dia eu guardo uma certeza:
O teu perfume invade e guia-me, farol!



Quitéria


Quitéria: Uma homenagem à santa de mesmo nome


Amor, caleidoscópio em diversos matizes;
Maltrata, acaricia e depois vai embora...
Ri-se de tudo sempre e, de súbito, chora.
Pois, plenos de alegria, estamos infelizes.

No seu lamento triste expiam-se deslizes,
Toda nossa emoção explode e já se aflora
E a saudade voraz voltando, se demora.
As dores deste amor peço-te que amenizes.

A cada novo sonho, uma nova mudança.
Sobrevivendo pleno em toda em toda insegurança
Já traz a solidão em tua companhia

Trazendo a solução, aumenta o meu tormento.
Quando julgamos morto, é puro avivamento...
Quitéria, nosso amor, u’a cruel fantasia!


Rafaela


Rafaela: Deus a curou

Suas águas, eterno e mavioso rio,
Me levam ao distante e tenebroso mar...
Em toda minha vida, esperança de amar
Nunca deixou de ser apenas breve fio

Que sempre me ligou, qual vela quer pavio,
Ao brilho desta vida, a luz deste luar.
Em cada noite fria, em cada mesa e bar,
Quem sabe um novo tempo, o calor d’um estio...

Atordoadamente, eu procuro-te; amor.
Das dores que carrego eu sigo em estupor.
Na busca da alegria, a vida se revela

Um sonho de bondade, um manto de nobreza
Que traz tranqüilidade em cantos de beleza.
Encantos nesta vida, achei em Rafaela...




Raimunda

Raimunda: Sábia poderosa, protetora



Não posso nem sequer, senhora da beleza,
Saber donde roubaste o brilho que incendeia,
O teu olhar sem par! É como a lua cheia,
Altar de tanto sonho, amada fortaleza!

Em tal encantamento, a vida; com certeza,
Trouxe-nos seu encanto, um canto da sereia,
Que busco no meu mar, deitada em plena areia.
De tudo que já tive, a mais bela princesa...

Embora tenhas ido em busca de teu Fado,
Deixaste uma saudade imersa no passado
De quem se fez feliz por ter te conhecido.

Distante deste amor, eu abençôo a vida
Por ter me dado a sorte , embora já perdida,
De ter Raimunda amado, um sonho enlouquecido!



Raissa

Raissa: Crente, pensador


O meu contentamento está ao teu cuidado.
És dona do meu Fado e minha fantasia;
A vida que pretendo, em tua companhia!
Por tantas vezes tive a dor de ter errado

Mas mesmo assim, jamais, me deixaste de lado,
Solitário, tristonho... Um canto de alegria,
Hino à felicidade, a bela melodia
Que traz o teu perdão; ao meu pior pecado.

Traze-me em toda angústia, o dom desta ventura,
Saber que te terei, mesmo na dor obscura.
Saber que estás comigo enfrentando as tempestas.

Desculpe-me se trago a marca da lembrança
Do tempo que sofria em busca da esperança.
Raissa, teu amor traduz todas as festas!



Raíza


Raíza: Força, aquele que tem raiz, pé no chão



Estou em desatino em louco desengano,
Se por tão longo tempo, amor em mim durara,
A vida desditosa, a morte me prepara.
Amor um sentimento enorme e soberano!

Por tantas vezes tive a certeza deste plano
Que a sorte preparou, delicadeza rara,
De ter essa mulher que nunca me enganara
Em toda eternidade; amor total, me ufano!

Destino traiçoeiro inocula o veneno
Da serpe solidão! Amor foi tão pequeno;
Sem base, sem raízes, que logo se acabou...

Adeus já me permite um vago sentimento,
Quem fora minha sina, espalha-se no vento...
Não foste qual Raíza, o mundo desabou!



Raquel

Raquel: Ovelha, cordeira

Raquel a quem Camões imortaliza
Em magistral momento mais feliz.
Demonstra sua face num matiz
Da calma necessária e mais precisa

Da forma tão sutil e mais concisa
De tudo que na vida sempre quis,
A paciência mesmo que num triz
Num ato que o amor sempre eterniza.

Na mansidão vencendo o vencedor,
Na placidez, vitória deste amor
Que guarda em si, o brilho da esperança.

Meu verso, enamorando já procura
Nos olhos de Raquel a sua cura.
Exemplo de total perseverança!



Rebeca

Rebeca: Aquela que une; aquela que prende pela beleza

Deixe que a noite venha com a lua
E traga esta esperança com o sonho.
A tua alma irá voando solta e nua
Trazendo-te um remanso mais risonho.

E quem sabe esse sonho continua
E faça teu viver menos tristonho.
Tua alma, enamorada, já flutua
Matando teu passado tão medonho...

Deixe que a vida prenda nossos laços
E desfrutar, possamos, dos espaços
Maravilhosos, leves, do prazer.

Tua beleza rara, meu amor,
Que me acompanhará por onde eu for,
Em Rebeca a razão para eu viver...



Regina

Regina: Rainha



Em todo o teu passado tanta glória.
Os que mares distantes navegaram
E seus feitos, amores, registraram
São páginas perdidas desta história...

Tantos deuses, em vão, te cortejaram
A dama de beleza assim notória,
Guardada, por milênios, na memória
Nos livros, alfarrábios se contaram...

Os templos se erigiram em teu nome,
Tua glória ninguém no mundo tome;
Da beleza e bondade és um exemplo.

Depois de tantos anos, te encontrei.
Permita-me sonhar ser o teu rei,
Regina a nossa vida, de amor, templo!



Renata


Renata: Renascida, nascida novamente


Amor faz seus milagres, não se esqueça.
Nos mistérios da vida, na esperança.
Amor quando real o mundo alcança
E por vezes, nos pega e prega peça.

Amor que nos domina alma e cabeça,
É força tão sutil, nem sempre mansa,
Que trama e nos comporta. Uma aliança
Que nunca apareceu quem a impeça.

Meu verso me recorda de teu beijo
Que rima, inevitável com desejo
Embora tantas vezes fez ferida.

A minha alma depois que tu partiste,
Aos trancos e barrancos vive triste.
Quando virás Renata, a renascida?


Rita

Rita: Uma referência à flor margarida

Quando amor parecia tão distante,
Um sonho inalcançável, impossível,
Tristeza se mostrava em invencível
Combate por um dia mais brilhante.

E quando eu procurava, a todo instante
Poder ressuscitar um sonho incrível,
Ser feliz; aparece mais visível
O rosto da mulher mais deslumbrante...

Dos mares que mergulho, tal beleza
Trazendo-me, de novo, uma certeza:
Minha vida será muito bonita...

Nos jardins que plantei em minha vida,
A mais bela das flores, margarida.
Meu derradeiro sonho, amada Rita!





Roberta


Roberta: Brilhante, famosa, ilustre


O teu nome se espalha no universo,
As estrelas te querem conhecer.
A lua, com certeza quer saber
A musa que me inspira nesse verso.

Quem perdeu tanta vida e foi disperso,
De repente, começa a descrever
A magia fantástica de um ser
Divino. Quem amou sabe que adverso

Sentimento maltrata e pede cura.
A noite que vivi foi tão escura.
Do peito, uma janela, sempre aberta.

Mas não vinha, sequer, resto de luz.
De repente brilhante sol produz
Efeito alucinante enfim. Roberta!




Rosa


Rosa: Uma referência à flor de mesmo nome

De todas essas flores do jardim
És bela e tem mistérios indizíveis.
Os perfumes e espinhos são incríveis
Tradução para amor. Teu mundo em mim.

Branca, amarela, rosa, carmesim,
De cores e matizes impossíveis
Representa a beleza em todos níveis.
É fonte do desejo: início e fim.

Das flores, dos amores, a princesa.
Transmites a total delicadeza
Nas pétalas que ostentas, orgulhosa.

Perfuma quem teu nome pronuncia.
Os sonhos mais felizes anuncia
O brilho de teus olhos, minha Rosa!



Rosana


Rosana: Rosa graciosa; forma feminina de rosário


Recebo teu carinho como um beijo
Da mocidade esquecida no passado.
Meu mundo tantas vezes naufragado
Em erros e mentiras, tenho pejo

De tudo que já fiz e não desejo
Repetir. Coração abandonado
Nas esquinas cruéis, um triste fado.
No carinho ressurge um relampejo

De esperança e de sonho, ser feliz...
No jardim de minha vida, a flor de lis
Já morreu, vitimada e melindrosa.

Agora que surgiste, minha amiga;
A vida já se faz ternura antiga,
Bela Rosana, a rosa graciosa...


Ruth


Ruth: Plena de beleza, bela


Teus olhos, dois luzeiros da esperança;
Clareiam a penumbra de minha alma...
Tua voz tão macia sempre acalma,
Minha vida, ao teu lado, sempre avança!

Mas quando a conheci a forte lança
Da vil desilusão deixara trauma
Meus olhos não sabiam de vivalma
Que pudesse matar desesperança...

Um dia, caminhando, de repente,
Na noite sem saber sequer da lua,
Ao ver-te imaginei que ali na rua

A lua se fizera então em gente
E fosse iluminar minha tristeza.
Em Ruth plenilúnio da beleza!






Sabrina


Sabrina: Donzela sabina, antigo povo itálico

Mergulhado em total obscuridade
Meu coração desanda a procurar
Nos raios deste sol e no luar
Amor que me trouxer tranqüilidade!

Depois de tanto tempo de saudade
A vida necessita de outro mar
Que possa finalmente, navegar
Sem temer a terrível tempestade.

Vencido por tormenta e desafio
Andando sem ter rumo neste frio,
Meu coração transtorna e desatina.

Agora que parece que não tenho
Esperanças. Que cego e só já venho,
Encontro meu amor em ti, Sabrina!


Samanta

Samanta: Ouvinte

Escute meu lamento, por favor.
Minha voz embargada te suplica
A noite sem amor já se complica
E espera um novo canto com ardor!

Sonhamos nosso caso com fervor
Porém a dor não cala e já replica
No amor, delicadeza de pelica,
Na vida essa rudeza sem amor...

A minha mocidade não suporta
Escuridão. Fechada a minha porta
Nada mais restará, a alma se espanta

E busca, com certeza uma paragem.
Te quero, companhia na viagem
Que leva até a morte. Vem, Samanta!



Samara

Samara: Aquela que é guardada por Deus, protegida por Deus

Meu Deus quando te fez nunca pensara
Que tudo que sonhei estava em ti.
As dores que passara, já perdi
Nos teus olhos amada jóia rara...

Em busca da doçura, a vida amara
Te escondeu mas, deveras, ei-la aqui
Os medos que maltratam já venci.
Agora sou feliz, minha Samara..

Carrego minhas cruzes meus espinhos
Mas tenho a recompensa dos carinhos
De quem, num belo dia, Deus me deu.

Meu jardim florescendo em teu perfume,
Não guardo dessa vida um só queixume.
Pois sei que nosso amor, Deus protegeu



Sandra


Sandra: Defensora da humanidade


Em seus braços eu vivo uma ilusão,
Seu amor me defende e nisso sonho.
Pois tudo nessa vida a que proponho
Encontra em seu carinho, proteção...

Não sei o quanto custa uma paixão
Sem ser correspondida. Trago a sorte
Bendita e benfazeja do seu norte.
Em seu nome, a perfeita tradução...

Mas, quando a madrugada traz o frio,
O medo de perder, um calafrio,
Abraças-me em perfeita sincronia.

Sandra eu viverei sempre do teu lado
Sem temer a saudade nem o Fado
Em nossa cama reina essa alegria!


Sara


Sara: Princesa


Beleza tão sutil e delicada
Caminha pelo reino dos meus sonhos...
Morando nos castelos mais risonhos,
A mão que acaricia, mão de fada...

Vestida em maviosa madrugada
A lua proibiu mares tristonhos
Desertos dos amores, mais medonhos
Nunca mais virão, minha adorada!

O canto da sereia que me ilude
Na voz dessa princesa traz saúde...
Toda a dor desse mundo ela antepara

Com seu sorriso manso e desejado.
O meu mundo será sempre encantado
Enquanto estás aqui, princesa Sara!



Sebastiana


Sebastiana: Aquela que é venerada e reverenciada


Venero nosso amor, tenha certeza.
Quem sabe não precisa discutir
O mundo que perdi está aqui
Nos lábios que refletem a beleza...

O rio deste amor, em correnteza
Carrega tantas dores que sofri.
Se o fio da meada eu já perdi
Encontrei no teu braço a fortaleza.

Amor que nunca pede um vil engano,
E traz a juventude como um pano
De fundo que reveste minha amada.

A noite que não trai traz Sebastiana
Em meio à fantasia mais temprana
És, pela vida afora, venerada!


Selma


Selma: Variante de Anselmo, protegido pelo elmo divino



Deus protege quem ama e não maltrata,
Essa verdade trago sempre em mim.
Quem faz do amor princípio meio e fim,
Conhece a maravilha da cascata,

Já teve seu prazer na serenata,
Sente a delicadeza do jasmim
E sabe cultivar belo jardim.
Das flores, com carinho, sempre trata...

Pois tive essa certeza, minha amada,
Quando a vi me trazendo essa alvorada
Co’o brilho matinal de forte sol.

Minha vida, de novo em primavera,
A morte sem perdão desta quimera.
Em Selma, linda luz deste farol!



Sheila


Sheila: Ausência de visão


Embalde tantas vezes procurei
Pelas ruas e estradas, o meu rumo...
Por vezes acredito que acostumo,
Mas sempre que puder eu lutarei...

Esse caos que em meu mundo foi a lei
Não pode permitir meu novo aprumo,
Em espinhos fatais já me perfumo.
Porém deste seu rosto esquecerei!

Não me venha falar inda me quer.
Eu busco cegamente uma mulher
Que me traga essa luz que já vivi.

Em Sheila irei buscar a claridade,
Embora na cegueira da verdade,
É nela que estará o que perdi!



Shirley


Shirley: Brilhante


Falar do nosso amor é repetir
Os versos que procuro pela vida.
A noite sem te ter cai dolorida
Estrela sem te ver não quer mais vir...

Então eu venho em preces te pedir
Que nunca mais me fale em despedida.
A morte sempre atenta e desmedida
Quem sabe, de repente, vai surgir?

Me deixas cada noite, vais aos céus
Levando em tuas mãos os alvos véus.
Em prantos minha noite continua...

Mas Shirley, minha deusa por que esfumas?
As noites tão distantes perdem plumas
Mas ganham no teu brilho, minha lua!



Silvana

Silvana: Que vem da floresta, das selvas

As matas me preparam a surpresa...
Encontro várias garras afiadas...
Minhas costas estão todas lanhadas
Pela força que emite a natureza.

O manto que te cobre, de nobreza
D’ébano. Mal surgidas madrugada
Os rastros tão sutis destas pegadas
Me levam à fantástica beleza!

As unhas me penetram e torturam
As presas me maltratam e me curam.
A vida me parece soberana!

Em múltiplos delírios sigo a noite,
O beijo da pantera, meu açoite;
Os olhos tão brilhantes de Silvana...


Silvia


Silvia: A que pertence à selva


Nossa noite será bem mais tranqüila.
Os ventos que sopravam se acalmaram.
Os medos que tivemos se acoitaram
A lua enamorada sobre a vila...

O canto que trouxeste já destila
O gozo dos que nunca procuraram
Outro colo sequer pois se encontraram...
A vida não perdoa quem vacila

Por isso nosso amor sempre vigio,
Em momentos mais belos, pleno cio,
Eu penso em preservar nosso desejo.

Não me envergonho e grito a todo mundo
Que da força do amor eu já me inundo
Com Sílvia, em minha vida, eu sempre vejo.



Simone


Simone: Aquela que ouve, ouvinte

Os sons desta alvorada em minha vida
Refletem mansidão que sempre quis
A vida se transforma em seu matiz
E traz essa esperança adormecida...

Mentiras e verdades, despedida
Sempre traz, não se escreve o que se diz.
Porém quando no mundo for feliz
Não deixe que a saudade dolorida

Traga o gosto feroz desta vingança.
Não derretas o resto da aliança;
Apenas reconstruas tua estrada.

Simone, uma princesa que é tão cara,
A treva em tua vida já se aclara.
Apenas vem surgida a madrugada!



Sofia

Sofia: Sabedoria


E Vênus procurava quem seria,
Dentre todas as damas e princesas
Aquela que por ter delicadezas
E formas que gerassem alegria,

Pudesse competir com ela, um dia...
Em todos os momentos, incertezas
Criadas pelas várias naturezas
Que fazem da mulher a fantasia;

(Encontrou na beleza de Sofia...)

Porém, no momento de vingança
Uma deusa detém a dura lança
E pára com tamanha rebeldia...

Minerva ao ver a sua protegida
Salvou a preciosa e bela vida.
No belo também há sabedoria!



Solange


Solange: Majestosa, solene

Angelical formato majestoso
Que sempre me iludiu, agora vejo.
Foram tantos momentos de desejo
E jamais esperava pelo gozo

De poder me sentir tão orgulhoso
Por roubar desta deusa um simples beijo!
Lembrando deste fato então versejo.
Meu mundo não se mostra tenebroso...

Nos céus que te procuro nunca estás,
Na mão que me acarinha mais audaz
Eu sinto essa presença que inebria...

Em Solange uma arcanja em delírio,
Em tuas asas deixo meu martírio
Mergulho na infinita fantasia!


SORAIA

SORAIA: estrela da manhã (o planeta Vênus).

Desta brilhante estrela matinal
Pressinto nosso amor como um corcel
Que, livre, caminhando pelo céu
Traz-nos esta alvorada divinal!

Quem dera viajar por belo astral
Em busca deste belo carrossel
Que trouxe nosso amor num carretel
De estrelas com doçura virginal.

Não deixe que a manhã tão ciumenta
Encubra tanto brilho. Violenta
Esta aurora te pede: nunca raia!

Porém em minha vida minha amada
A vida já se mostra irradiada
Nos olhos qual fogueira, de Soraia!


SUSANA


SUSANA: lírio gracioso. É o nome da personagem bíblica que encama a castidade.


Nos campos onde espero ter meu fim
Os perfumes silvestres me dominam.
Minhas noites, nas flores se alucinam
E deixam bem distante meu jardim.

Tem rosas, tem crisântemos, jasmim.
Porém os tais perfumes desatinam
Aquelas que, passando, se destinam
Aos campos que inda guardo dentro em mim..

De todos os desejos que esqueci
Um deles rememoro quando vi
Dos sonhos que perdi, tanto martírio,

Os olhos perfumados, soberana
Flor, que sempre floresce em ti, Susana,
Que me perfuma o campo, branco lírio...



SUSETE


SUSETE: diminutivo de Susana.

Vencido pela noite que chegava,
Deitado sobre a cama sem prazeres
Distante dos amores e quereres.
Aquela a quem amara não deixava

Sequer a sua sombra. Não contava
Com os olhos sombrio das mulheres
Que nunca mais teria. Mas se feres
Com a boca em mordida que beijava

Não podes entender que, nesta vida,
Nem sempre aguardarei a despedida.
Quem nos dá carinho nos reflete.

Portanto não se esqueça da semente
Que maltratada torna-se serpente,
Mas se bem cultivada dá Susete!




TAÍS


TAÍS: penitente.

Não posso perceber quanta vitória
No gozo deste amor que sempre quis.
Se nessa amarga vida fui feliz
O gosto da delícia na memória.

Vencido pelo amor em plena glória
Não deixo meu caminho e peço bis
Recebo do teu céu lindo matiz
E mudo, num segundo minha história...

Bem sei que sempre sofres por enganos.
Teu coração permita novos planos,
Quem sabe encontrarás quem sempre quis.

Nos castelos sem fadas nem princesa
A vida se transcorre em tal leveza
Que sempre desejou minha Tais...



TÂNIA


TÂNIA: forma familiar de Tatiana.

Relembro-me de tudo o que passei
Nesta busca infrutífera e sem fim
De tudo que guardei dentro de mim,
O mundo delicado que sonhei.

O resto de esperança que guardei
Num canto, abandonado, do jardim.
As horas se escorrendo vão assim
Como se fossem corpos que deixei...

Carrego tanta morte em meu passado
O coração bandeia e vai de lado,
Amores num rosário que desfio.

E Tânia, adormecida já ressurge
A dor que me causara sempre ruge
E me faz, novamente, o dia frio...



TATIANA

TATIANA: variação feminina do nome do filósofo Tatiano.


Menina nunca esqueça que o encanto
Que trazes nesta vida é passageiro.
Depois deste janeiro, o derradeiro
Sonho virá trazendo um triste pranto.

E nestas flóreas sendas um manso canto
De um pássaro ferido por inteiro
Será talvez teu único parceiro
Todo universo está em desencanto!

Mas não temas a noite, ela virá
E tantos pesadelos te trará
Perceba, a juventude sempre engana...

Teus olhos de risonhos, doces brilhos,
Procurarão, embalde novos trilhos,
Feliz serás, mesmo assim, Tatiana!



TELMA: desejo, vontade.

Eu sempre te quis, nunca percebeste
Em tua vida leve e sem pecado.
Meu mundo sempre trouxe amargurado
Desejo que jamais tu recebeste

Durante toda a vida. Nunca leste
Os caminhos que traça o triste fado.
O mundo, que percebes encantado
Te engana com pois em ouro não reveste...

Agora que tu sabes que te quero,
Embora doloroso, sou sincero
E trago, no meu peito, esta saudade

Dos tempos onde tinha um doce beijo
Que morreu p’ra nascer esse desejo,
Ter-te, Telma. Me mate essa vontade!



TERESA

TERESA: a que veio da ilha de Tera.


Das distantes quimeras de minha alma
A luz sempre escondida, nunca brilha...
Meu pensamento, louco sempre trilha
Embora tanta dor não traga calma.

Futuro que se esconde em minha palma
Talvez inda prometa a maravilha
Atada no meu pé a triste anilha
Mostra-me que o futuro não acalma...

A minha sorte, embalde tanto insista
Não posso permitir que a morte assista
Sem ter nenhum clarão de tal beleza.

O canto que me trazem as sereias
Morrendo tresloucados nas areias
Dos desertos, se foram com Teresa...


Tamires


Tamires: Paz

Não quero transformar a nossa casa
Num terreno propício para a guerra,
Amor sem ser feliz logo desterra
Ao ver nosso castelo ardendo em brasa.

Se tudo que vivemos nos abrasa
Total devastação na nossa terra
Meu barco, solto ao mar, à deriva, erra.
Sou pássaro perdido sem ter asa.

Em verdadeiro campo de batalha
Não posso mais conter, a dor se espalha;
E nada do que fomos vida traz...

Espero que te lembres de Tamires,
Em seu exemplo belo tu te mires
E em nosso mundo voltará a paz...




ÚRSULA


ÚRSULA: pequena ursa.


Refeito deste susto que passei
Em busca dum amor mais que perfeito
Em mansa claridade já me deito
E quero me esquecer que nunca sei

Se queres ou não queres minha lei
Se sabes ou não sabes do meu leito.
Da boca que me morde o meu confeito?
Jamais serei aquilo que sonhei!

Eu quero a mansidão sem ter espora
A parte que me cabe não demora
Sei que serei feliz ao lado teu.

Mas posso te dizer deste meu verso
Que rasga sem temer teu universo
E acende a luz em Úrsula, sem breu...





VALDA/VALDETE


VALDA: dirigente.
VALDETE: diminutivo de Valda.

Percebo meu futuro da janela
Espero mas não posso mais contar
Com a luz, com o brilho do luar
Já que nem toda noite se revela.

Meu barco vai sem quilha e perde a vela
Dentro de pouco tempo, naufragar.
Não quero ser sozinho e peço par,
Amor que me liberta desta cela

Por onde nem a luz deu sua cara,
Corcel que voa solto já dispara
Em busca de outro céu não se repete.

No risco que permite minha caça
Amor que não consigo se esvoaça
E dorme nos teus braços, ó Valdete!



VALÉRIA


VALÉRIA: cheia de saúde.

Por tanto ou por um canto que não trago
Recebo teu perdão de sobremesa.
O rosto que se esconde, da princesa
Não deixa nem sequer mais um afago.

Na doce mansidão perdi meu lago
Agora se me banho é de tristeza.
Vencido por querer a realeza
O mundo não me deu sequer um trago....

Não deixe que a saudade te machuque
A morte sim, permita que caduque
E não venha falar de coisa séria.

A força que te move me remove
O beijo que me deste me comove
Me deixa alucinado: amor – Valéria!



VALQUÍRIA


VALQUÍRIA: na mitologia Viking, as valquírias eram deusas de grande beleza que carregavam para o paraíso os guerreiros mortos em combate.


Na guerra que travei eu quis a morte
Não venha discutir mas estou triste
Porém que sempre sonha não desiste
E a força que me move hoje é meu norte...

Tentei nessa batalha ter o corte
Profundo ao qual jamais alguém resiste
Para minha tristeza a morte assiste
E não veio. Vontade foi tão forte

Mas trago meu destino malfadado.
O tempo se passou, tudo acabado
Não pude desfrutar desta certeza.

Agora que estou velho, nunca mais.
O resto dos meus dias, vou sem paz
Pois não verei Valquíra e nem beleza...



VANDA


VANDA: peregrina.

Mares e marés, matas, cachoeira
O canto da promessa já se cala.
A dor que me tortura a vida inteira
Batendo nesta porta, entra na sala...

E traz a tempestade verdadeira
Que pesa em minha vida, dura mala
Que toma em meu destino, a dianteira.
Calando-me não deixa sequer fala.

Quem sabe encontrarei no fim da vida
Depois de tanto amor em despedida
Depois da solidão que me comanda...

No cimo das montanhas, meu cansaço,
A peregrina persigo, nenhum traço
Mostra-me onde encontrar a amada Vanda!




VANESSA


VANESSA: designa um tipo de borboleta.

Amor em suas asas tão serenas
Traz-me um gosto mais doce de saudade,
Que, ao relembrar, me dá felicidade
Das tardes que vivemos, bem amenas...

Um bando de fantásticas falenas...
Depois de tudo, a dor: fatalidade
Que cessa todo o sonho, liberdade!
Agora no meu peito, tantas penas!

Vencido pela tarde que se foi,
Meu canto angustiado, um peixe boi,
Aguarda pela noite que não vem...

Será que nosso Pai já me esqueceu?
Embalde, meu carinho percorreu
Em busca de Vanessa mas, ninguém!



VERA


VERA: fé ou verdadeira.


Não suporto a mentira que vivemos!
Somente uma verdade nos liberta
Disto que te falei esteja certa,
Assim em nosso mundo já morremos.

De tudo que na vida não sabemos
Apenas uma porta sempre aberta
Deixando essa emoção em vivo alerta
Teremos o futuro que queremos.

Não deixe que termine tudo assim,
Não sabe como dói amaro fim
Do amor que sempre quis a primavera!

Portanto não me mintas por favor.
Por fim irás matar o nosso amor,
Esmague, amada Vera, essa quimera!




VERÔNICA


VERÔNICA

Nos jardins desta vida, tantas flores,
Os retratos divinos da esperança.
Por onde meu olhar, feliz, alcança
Milhares e milhares, meus amores!

Um dia, nosso Deus em seus favores
Aos homens, nos deixou essa lembrança:
Apenas quem tiver alma tão mansa
Que saiba conhecer os seus olores

E guarde, na memória seus perfumes
Será um ser liberto de queixumes.
Por isso dos jardins a mesma tônica:

Felicidade está muito mais perto
Do que tu pensas. Disto esteja certo.
No meu jardim plantei amor: Verônica!


VIRGÍNIA


VIRGÍNIA: virgem, virginal.

Castelos e sereias, a princesa...
O corte tão profundo já levou.
De toda a fantasia que ficou,
Um gosto tão amargo da tristeza...

Mas a tarde trará nova certeza,
Mesmo que o sol que veio não brilhou
Outro virá trazendo o que sonhou.
Enfim te cercará de tal beleza

Que nunca lembrarás do antigo sol.
A vida te promete este farol
Que sempre te trará a claridade!

E tudo que parece tão distante
Muda-se, de repente, num instante,
Virgínia, e te trará felicidade!




VITÓRIA


VITÓRIA: nome da deusa mitológica que garantia a vitória.


A vida sempre trouxe tanta dor,
Embora em poucas lutas que venci
Guardei essa esperança por aqui
Sabendo que jamais verei a cor

Duma felicidade e seu calor.
Por tanto que lutei sempre esqueci
Que a noite quando chega traz em si
O frio da saudade em seu vigor.

Mas nada me trará outro caminho.
Meu mundo percorrer a pé, sozinho,
E nada mudará a triste história...

Porém ao acordar nesta manhã,
Ao ver essa menina, novo afã,
Será que enfim, terei minha Vitória?


Vívian, Viviane, Viviana


Vívian, Viviane, Viviana... Alegria



Alegria nascendo a cada dia
Trazendo um vento calmo de esperança
Na luta sem final contra a lembrança
De toda dor que mata a fantasia.

A cada novo tempo, a poesia
Inunda-se e não quer sombras da vingança
Rondando nosso amor em aliança
E trama contra a noite negra e fria...

Crisântemos florescem no jardim,
Eu guardo belas flores dentro em mim
Pedindo que este canto nunca engane.

Por mais que seja triste a madrugada
A vida se refaz nesta alvorada
Que trouxe o manso amor de Viviane...



XÊNIA


XÊNIA: significa estrangeira.

Das terras estrangeiras o meu sonho!
Em forma de mulher encantadora
Das dores que carrego, redentora
De todos os caminhos, mais risonho.

Quem teve tanta dor, mundo medonho,
Já sabe que ao te ter a vida aflora
E jamais deixará quem tanto adora
Não quero mais saber e te proponho

Que vivas, do meu lado, o que me resta
Abrindo meu futuro. Na seresta
Onde sempre estivemos, par constante,

A nossa melodia nos levanta.
E com bela voz , Xênia sempre encanta...
Deixa-me ser, da vida, novo amante!



Yasmin

Yasmin: Flor branca


No jardim dessa vida tanta flor...
A noite que me trouxe também quis
Que embora não sonhasse ser feliz
Brotou na minha vida um belo amor!

Dentro desta saudade teu olor
Desta santa alegria eu peço bis
Destino de quem vive por um triz
Não pode ser somente de pavor.

A lua que nasceu dentro de mim
Me trouxe também muito desengano
De tudo que sonhei um carmesim

Lábio, que não permite mais engano,
Yasmin nunca me deixe mais só,
Eu te peço te imploro, tenha dó!





Yolanda


Yolanda: Flor da violeta

A vida não seria tanta luz
Se quem sempre quis não me quisesse
Aí não bastaria toda prece
O campo sem teu braço não produz

O medo da saudade já traduz
Não há sequer nenhuma que confesse
Nem em reza nem festa nem quermesse
Que me faça um cantador que se seduz.

Somente essa menina que chegou
Em meio a tempestade, já brilhou
A flor do meu desejo não desanda

Mar e sol, lua e vida soberana
Um peito apaixonado não se engana
E morre nos teus braços Yolanda!



ZÉLIA


ZÉLIA: bela.

Na noite que deixaste tanta dor
Meu peito procurando liberdade
Tantas ruas, esquinas da cidade
Em cada madrugada, em cada flor...

O medo se transforma num pavor
E toda minha força na saudade...
Quem me dera ter toda a claridade
Que perdi, numa noite de terror.

Estou tão solitário, o vento frio..
Quem me dera voltasse meu estio.
No meu jardim nascesse outra bromélia,

Mas a vida, cruel, não mais afaga.
Meu caminho distante, noutra plaga,
Onde adormece a bela, amada Zélia...



ZENAIDE


ZENAIDE: variação de Zenóbia.

Saudade me consome e não perdoa...
O mundo desabando pouco a pouco,
O grito na garganta quase rouco,
A minha asa, quebrada já não voa...

A voz desta saudade, triste ecoa
E solta nos espaços, fico louco.
E nada me consola nem tampouco
A liberdade que sonhei revoa...

Vivendo do que fomos, vou morrendo.
O manto que me cobre, se perdendo
A vida me maltrata, duro alcaide...

Espero tua volta meu amor,
O teu braço será meu redentor.
Retorne meu amor, minha Zenaide!


ZULEICA


ZULEICA: a estrela de ouro.

Dourado sonho dominando tudo...
Os olhos esquecidos adormecem...
Nas horas mais doridas não esquecem
E deixam o meu dia quase mudo...

Não posso compreender, porém, contudo,
Que as noites que vieram se padecem
Dos sonhos que perdemos e enlouquecem
Fazendo um coração já tartamudo.

Amor interagindo com saudade
Matando, sem querer, felicidade.
Nos braços que me entrego, em fantasia...

A vida me promete este tesouro,
Estrela que ilumina trazendo ouro.
Zuleica minha estrela da alegria!

Nenhum comentário:

Postar um comentário