terça-feira, 25 de dezembro de 2007

SONETOS 120





1623

Tu tens em mim amante qual escravo
Que entrega-se em volúpia aos teus desejos.
Teus pés se for preciso, querida eu lavo
E cubro cada dedo com mil beijos.

Lambendo tuas coxas, pernas, sexo,
Eu faço o que quiseres, sou teu par.
E perco meu juízo e já sem nexo
Penetro cada furna devagar.

Estou, querida, enfim sempre disposto
A fazer com vontade o que tu queres.
Sentir teu gozo entranhando meu rosto

Beber e me esbaldar nos teus orgasmos
Ser amo ou ser cativo; o que preferes?
Apenas não suporto mais marasmos...

1624


Pensara na verdade num cordel,
Talvez fosse melhor, mas sem ter tempo
Nem medo de castigo lá do céu,
Neste soneto vou sem contratempo

Falar de um fato insólito que eu soube
Que um dia aconteceu com meu cunhado.
Apenas, meu amigo, a mim já coube
Dizer o que deveras foi contado.

Um dia passeando em noite cheia
Clarão no qual a mata se incendeia
Ouvindo um tal relincho em noite fria.

Correndo e sem cabeça. Viu jumento
Armado com terrível instrumento.
A culpa? Desta tal pedofilia...

1625

Um dia quando estava no mictório
Ao ver um homem forte e avantajado,
Gilberto, meu amigo e meu cunhado,
Pensou ser o que vira um ilusório

Efeito do conhaque desgraçado
Que tinha com platéia e auditório
Numa aposta; bebido e se fartado,
E se mostrando quase que simplório

Ao ver um camarada que urinando
Mostrava tatuagem bem mal feita
Num pênis gigantesco, pois foi quando

Ao ver que estava escrito ali LEMGABA
O que isso quer dizer? Pergunta feita:
“LEMBRANÇAS LÁ DE PINDAMONHANGABA...”

1626


Eu falo da amizade tão distante
De todos os caminhos que percorro.
Por mais que isto pareça angustiante
Nem sempre, minha amiga eu te socorro.

Eu sei que sempre vens tão radiante,
Porém quando precisas; logo eu corro,
A cordilheira cessa e num instante
Transforma-se em pequeno, simples morro.

Desculpe tantas falhas, sou assim,
Um egoísta e quase narcisista
Não sei adivinhar um rastro ou pista

Deixado pela estrada, quando turva.
Não tendo a sutileza, perco a curva,
Capoto uma amizade dentro em mim...

1627

Após o banho, nua, tu desfilas
Tua sensualidade pela casa.
Mil olhos acompanham, fazem filas,
Distantes, na janela, o fogo abrasa.

Eu sonho com teu corpo junto ao meu
Entregue numa lúbrica avidez.
Nas curvas deslumbrantes se perdeu
Meu corpo com divina insensatez...

Não percebes ou finges quanto encanto
Emanas nos teus passos, descuidados.
Adentro em pensamento todo canto
Os que vejo e os que são adivinhados

Ao ver tão bela cena eu me perturbo,
Sozinho, sem remédios, me masturbo...

1628


Meu filho como é bom poder lembrar
Do dia em que nasceste. Em tal magia
Mergulho o pensamento e devagar
Eu vou me relembrando da alegria

Que Deus neste momento, ao se lembrar
De quem em solidão, tanto sofria,
Veio por um instante decorar
Meu mundo de delícia e fantasia.

A vida me levou para distante
Daqueles olhos meigos da criança
Roubando todo o sonho radiante

Que um dia descobri não merecer.
Mas hoje quando um ano a mais se alcança
Queria em parabéns, agradecer...

1629


Busquei a vida inteira, nunca nego,
Uma pessoa amiga que pudesse,
Amenizar a dor que assim carrego,
Sem que sequer cobrança me trouxesse

Poder compartilhar os meus problemas,
Ouvir-me, tão somente ou me alertar,
Alegria e conforto sendo os lemas
De quem já sabe, enfim, nos apoiar.

Por mais que isto pareça ser bem fácil,
Garanto ser imensa raridade.
Um coração gentil, por vezes grácil

Que traga tanto alento para a vida
Nos laços bem mais firmes da amizade,
Só encontrei em ti, minha querida...

1630

A sombra quando passas; vira sobra,
As uvas viram passas, peças finas.
Os olhos enigmáticos de cobra
Não deixas no cavalo rabo e crina.

Um preço inflacionário, o tempo cobra,
Nas camas dos motéis, belas meninas.
Orgia tão sem nexo se desdobra
Bacantes são as mães, as mãos, as sinas.

Depois fingis ouvir os meus reclames
E um riso desdenhoso já me deste.
Por mais que me pareçam mais infames,

O olhar já se mostrando transmutado,
O moço tão simplório vira peste,
Subornos te fizeram deputado...

1631

Uma mulher em fúria, um indomável
Galope pela noite feita nua
Aberta uma janela, espreita a lua
Vermelha que; mostrando-se alcançável

Deitando-se na cama, tão palpável
Rondando se faz bela e enfim flutua.
Que a vida, minha amada, sempre flua
No rumo deste sonho inesgotável...

Os dedos adentrando a lingerie
Transferem para o corpo estes delírios.
Aos olhos voyeuristas, quais colírios

Em movimentos, loucos, frenesi,
Embora no momento; solitária,
Num êxtase, se mostra imensa e vária...

1632

Na fresta que se entrega e se entreabre
Adentro com luxúria em frenesi.
Recebes carinhosa; o duro sabre
Que avança até chegar dentro de ti

E teso, reconhece na umidade,
Destino que buscara o tempo inteiro.
Sorvido com loucura e com vontade,
Espalha toda a tinta do tinteiro...

E sinto, quando moves os quadris,
Num movimento insano e buliçoso,
Teu rosto contraído, mas feliz
Às vésperas do sonho feito em gozo

Orgasmos
e delírios que nos tomam,
Em líquidos e humores que se somam...

1633

Em teu corpo brinquedos e folguedos,
Viagens, gozos, sonhos e delícias.
A boca que te explora traz primícias
De um jogo a desvendar os teus segredos.

Penetram, te acarinham, sábios dedos
Audazes descortinam em carícias,
Sorrindo, sutilmente, com malícias,
Os cofres se ofertando em tais enredos.

As águas escorrendo nas montanhas,
Entregas cada cofre e seus mistérios
Esfregas com loucura, tuas sanhas

Desvendam-se em luxúria e sedição.
Tu sabes que no amor não há critérios
Apenas puro instinto em explosão...

1634


A sombra do que fomos me persegue.
Esvaecidos sonhos não me deixam...
O luto de minha alma não consegue
Deixar-me. Então as flores já se queixam

Abandonadas, mortas no jardim.
Tal sombra não me deixa um só minuto.
Devora o restou de bom em mim,
Tão manso que já fui, agora bruto...

Sou simplesmente um nada que passeia,
Na busca da fatal tranqüilidade.
Mergulho, prisioneiro em triste teia.

Não passo do que foi e não voltou.
A vida se transforma iniqüidade,
A sombra do que fui, o que restou...

1635


Meu olhar tão distante, nada alcança
Uma ilusão perdida sendo o guia
Matando o que de outrora resistia
Tristeza me servindo de fiança.

Porém ao ver teu riso de criança
Amiga, renasceu a fantasia
De ser bem mais que lúdica lembrança
De um tempo tão distante que morria.

Meu coração, somente não entende
E teima em viver só do passado,
Ao mofo, à naftalina ele recende

Matando um embrião de uma esperança
Um velho sem futuro, abandonado,
Apenas no passado, ele descansa

1636

“Estrelas explodindo no teu rosto”,
Marcado pelo beijo que te dei.
No fundo bem saídas do desgosto
Que forma em meu passado regra e lei.

O tempo se renova e noutro agosto
A prova de que sempre te esperei
Morrendo sem sentido quase imposto
O gosto que a mim mesmo eu me entreguei...

Estrelas são vazias, vão libertas
Incertas mariposas voam breve.
As portas do futuro estão abertas

E quero povoar com esperança.
Nas asas das estrelas, vida leve
Nas bocas que vierem, nova dança!

1637


Em frangalhos, passando na peneira
fantasia deixada para trás.
Imaginei – tão ingênuo- ser capaz
de encontrar amizade verdadeira

ou quem sabe pudesse ter inteira,
alegria que, plena, satisfaz.
Porém o que seria mais audaz
terminou sendo simples brincadeira.

Tantas vezes meu rumo se perdeu
numa busca incessante, mas insana,
um lampejo, somente de esperança.

O meu mundo se fez eterno breu
quem pensei ser amiga, já me engana.
meu olhar tão distante, nada alcanç
a.

1638

Pois tudo é ilusão - vã, passageira...
há tantas armadilhas numa estrada.
Quem dera se esta sorte feiticeira
mostrasse solução que nunca é dada.

A vida se mostrando tão ligeira
se perde em desatino na alvorada.
Quem sabe do valor da companheira
percebe que sem ela a vida é nada.

Não deixe que se perca, minha amiga,
o rumo que traçamos já faz tempo,
por mais que sempre surja um contratempo.

Pois quem, tão temerário, desabriga,
é como retratasse uma esperança
Qual brinquedo quebrado da criança.

1639


Há dias que percebo a solidão
rondando a minha casa. Abro a janela
e vejo tão somente escuridão
que a noite tão vazia me revela.

Meu sonho, liberdade em amplidão
viaja pelo espaço e assim se atrela
aos braços fervorosos que se dão
trazendo para a noite estrela bela.

Então neste momento, em claridade,
um sonho se tornando realidade,
eu sinto mais fervor em cada passo,

querida, no clarão desta amizade,
um mundo mavioso em forte laço
percorre em brilho intenso o negro espaço.

1640

O nosso amor, querida, lembro bem;

Da casa pequenina, da varanda.

Distante, do passado, o cheiro vem...

Pesando o coração... Ando de banda

De tanta coisa boa, tanto “trem”...

Agora que esta vida se desanda,

Que sinto, ficarei sem mais ninguém,

Nem mesmo esta lembrança já me abranda.

E morro pouco a pouco. Bem querer

Sujando o coração de tanta estrada.

Do barro da saudade posso ver

A curva delicada, a capotagem...

Quem sabe na manhã anunciada

Talvez, o recomeço da viagem...

1641

Quem nega amor jamais será querido
Vinhedo em podridão não dá bom vinho.
Se fosses por caminho conhecido
Por certo não virias mais sozinho.

O vento que ventaste bem sofrido
Aborto que negou qualquer carinho.
Depois não reclamar quando esquecido,
Jogado na gaiola, passarinho

Morrendo sem ter canto sem ter nada,
Vivendo do vazio que plantou.
A cor da fantasia acinzentada

O gosto do aguardente queima a boca,
Só sobra o que soçobra e não gozou,
A paga desta dívida é bem pouca.

1642

- UM AMOR DE PESO

Elefante de zoológico em Israel mata companheira esmagada

Fonte G1

Fazer amor! Uma arte, na verdade.
Mistura sutileza com carinho,
Proporcionando assim, felicidade
Do paraíso eu sei, melhor caminho.

Porém quando já traz brutalidade
Às vezes vai por outro, mal, caminho.
Ser gordo; no prazer duplicidade
Mas não dá pra mexer nenhum olhinho...

Eu sei por que pesei mais de cem quilos,
Agora estou até bem elegante
Já tenho até cintura bem marcada.

Não quero que sejamos, pois pupilos
Daquele carinhoso e doce amante
Que deixou companheira estraçalhada...

1643

Desejos que se fazem mais vorazes,
Em toques mais sutis, lábios e bocas.
Sentidos se enlouquecem quando tocas
Carinhos que trocamos bem audazes.

Prazeres e vontades em que aprazes
Em corredeiras belas, fontes loucas,
Jogadas pelo chão, lençóis e roupas,
Devolvo todo o sonho que me trazes

Inflamamos a noite, resolutos,
Na sensação de sermos absolutos
Num êxtase divino e sem fronteiras.

Depois de conhecermos o Nirvana,
A noite se permite soberana
Trazendo para o quarto zil lareiras...

1644

- O TUBARÃO E O DENTISTA...

Sem moral, tubarão de Montenegro não assusta turistas da região Policial diz que ver um tubarão é tão natural quanto ver um urso nas montanhas.Salva-vidas avisou os banhistas para saírem da água, mas poucos fizeram caso dele.

Homem trabalhou como falso dentista durante 29 anos Ele é da Malásia e tinha no consultório uma cadeira da década de 40.Caso seja condenado, pode ficar até seis anos na cadeia.

Fontes G1

Um pobre tubarão já desdentado
Nadando em Montenegro não assusta,
O peixe assim tão desmoralizado
Embora a compleição seja robusta

Depois de certo tempo procurou
Famoso e conhecido bom dentista.
Com todas as promessas o tratou
À prazo até perder, mesmo de vista.

Descontos prometeu este odontólogo
E fez muitos implantes no bichão.
Falando ser de peixe quase homólogo,
Parentes do coitado tubarão...

Porém sem ter moral, foi pro vinagre
A dentaiada toda? Era de bagre...

1645

Uma amizade é feita com carinho,
Respeito às diferenças num afeto
Que mostra que jamais eu vou sozinho,
Pois tenho alguém no qual eu me completo.

Algemas na amizade são inúteis
Pois nos prende somente por já ser
A fonte em confiança de um prazer
Distante das discórdias quando fúteis...

Eu conto com os laços da amizade
Por serem corrediços na verdade.
Nos atam quando assim é necessário,

Com força quando impedem que caiemos,
Ajudando a direção com firmes remos
Mas sempre protetor e solidário...

1646

- O PADRE SERESTEIRO

Padre holandês é multado por tocar sino muito cedo

Portal G1


Um padre com insônia, lá na Holanda
Às cinco da matina resolvia
Na ausência de fanfarra ou mesmo banda
Tocar com tal barulho e alegria

Todos os sinos fazendo algazarra.
Parece que, domingo piorava
E quem na madrugada em louca farra
O pobre sacerdote despertava.

Coitado deste padre seresteiro
Que assim fazia à Santa uma seresta
Ao acordar o povo quase inteiro
Queria só mostrar que bela festa

Prepara pra paróquia num estalo
O Monsenhor Josef Peter von Gallo..

1647

Amor quando chegou bateu na aorta
Fez uma confusão e me tomou,
Amor se esquece sempre de uma porta
Pela janela aberta, amor entrou...

Amor que faz carinho enquanto corta
Depois de certo tempo... Quem eu sou?
Amor que me endireita enquanto entorta
Na faca de dois gumes, me rasgou...

Só sei que gosto tanto desta festa
Que danço noite e dia sem parar,
De todo o sentimento que me resta,

Amor se mais me empresta; mais eu gasto...
Sem chances de impedir ou de mandar,
Fez do meu coração o seu repasto...

1648


Por mais difícil, amiga, a caminhada
Não deixa que tenhamos a certeza
Do renascer em cada madrugada
Promete nova aurora, a natureza.

A luta que virá recompensada
Nessa alma toda plena de beleza;
Sabendo o quanto, amiga, és tão amada;
Terás mais força contra a correnteza.

Podes contar com todo o meu carinho,
E todas minhas rezas, orações,
O teu lutar jamais será sozinho

É meu também; querida, pode crer.
Estamos, pois; unidos corações,
Em mais esta batalha pra vencer!

1649


A flor que, no jardim, floresce rara,
De cores maviosas já me tinge
Na solidão feroz vem e me ampara,
Enigmaticamente, minha esfinge

Com mansidão devora; eu me rendo,
Ao doce aroma intenso desta flor,
Em ramas delicadas me envolvendo,
Perfume sensual e sedutor...

Um jardineiro atento em primavera
Sabendo
desta flor em brônzea pele,
Vive pacientemente toda espera
Embora todo o sonho sempre atrele

Às pétalas da flor, ouro sonhado,
Plantado em jardim calmo, no cerrado...

1650


De bar em bar noturno peregrino
Noctâmbulo vagando pelas ruas
Nas sarjetas conheço o meu destino
Da carne em podridão, palavras cruas;

Destilo o meu veneno, bebo a sobra
E nisto me inebrio o tempo todo,
Rastejo nos botecos, réptil, cobra
Arrasto-me entre pedras, trevas, lodo...

E cuspo nesta boca que me beija
Exponho o sentimento e na nudez
Minha alma tão vadia já se aleija
E torpe, vomitando insensatez

Sandices? Acumulo tempo afora.
E da carcaça podre, a vida aflora

1651

Teus mamilos rosáceos, caramelos,
Num arrepio doce pedem lábios
Que sugam com carinho, pelos, velos,
E dedos que percorrem, mansos sábios...

Seios exuberantes, belos cais
Esfrego em minha face, pedem falo.
A língua passeando desce mais
Encontra a bela vulva, e no gargalo

Tu bebes minha fonte enquanto a tua
Sugada com voraz tenacidade,
Até que em paraíso a gruta sua

E molhando o meu rosto na umidade
Enquanto a nossa festa continua
Encharco-me em teu néctar com vontade...

1652


Tirando tua roupa, eu vejo nua
Sem pelos, vulva bela e receptiva.
O jogo da loucura continua
Nos lábios vaginais, qual rosa viva.

Percebo que querida, já flutua
Roçando teu clitóris, radioativa
Na língua que te toca, e te cultua
Molhada com tesão e com saliva...

Descendo, ao alcançar ânus divino,
Percebo assim o esfíncter conceder
E os dedos penetrando calmamente

Tu moves teus quadris, eu me alucino
E passo neste instante a perceber
Que o nosso amor virá mais plenamente...

1653

Saudade vai queimando no meu peito
Arromba as coronárias causa infarto.
Quem partiu me deixou de qualquer jeito
Sozinho sem parede, cama ou quarto.

Rolando nos lençóis, estreito o leito
Em quadros tão vazios me reparto.
Barulho na janela; eu sempre espreito
Não vejo mais ninguém, então descarto

E bebendo outra dose, a mente gira.
Ressaca de amanhã já vale a pena?
O telefone toca novamente.

Amores! Nem que seja de mentira
Quem sabe mudariam toda a cena.
Eu te amo! Minto verdadeiramente...

1654

A tarde vai caindo, espreita os olhos meus...
Um sino repicando ao sabor dessas horas...
Rezando por Maria, espero por meu Deus.
Lembranças d’outro dia, à noite, enfim, imploras...

Meu olhar embuçado, aguarda pelos breus...
Não posso reclamar, preciso, sem demoras...
Saudade me destrata, aguardo os olhos teus.
A noite então trará certeza das auroras...

Descanso meu cansaço, envolto nos teus braços...
Amor que foi dolente, o sol já não me queima...
Na caça que fizeste, abraços foram laços...

Martírios deste amor, brotando na verbena.
Mal posso traduzir, ressurges nesta teima,
Amor que já floresce, as cores da açucena...

1655

Polícia pára motorista barbeiro e descobre que ele é cego

G1

Um pobre sonhador que sempre pensa
No amor por ser amor, sem mais delongas,
Nas pernas maviosas, duras, longas,
Espera ter achado a recompensa.

Depois ao receber, delas, dispensa,
Olhando para os pés percebe os congas
Rasgados e também sem ter milongas
Percebe por que a vida é sempre tensa.

Julgara ser capaz de pilotar
Um avião decerto fabuloso,
Precisa conhecer para falar

Senão, pobre coitado, está no prego.
Amor prá dirigir, e ser gostoso,
Quem sonha simplesmente, fica cego...

1656

Dois adolescentes alemães que faziam sexo pela primeira vez foram interrompidos por um incêndio causado pelas velas colocadas sobre a cama, no sótão da casa dos pais da menina.

Quando os lençóis começaram a pegar fogo, o casal foi forçando a fugir pelados, informou o jornal alemão 'Bild' nesta sexta-feira (17).

A garota queria criar um clima romântico para a ocasião. Mas, quando o quarto foi tomado pelo fogo, eles fugiram desesperados.

O casal, ambos de 18 anos, foi fotografado sem roupa entre os destroços do sótão.

Um ursinho de pelúcia chamuscado sobreviveu, mas o fogo destruiu todo o andar superior da casa, causando um prejuízo no valor de 100 mil euros.
Fonte G1 PORTAL DA GLOBO.COM

Eu lembro-me de nós adolescentes
Na chama da paixão inesgotável.
Dos lábios em furor, beijos tão quentes
Vontade de te ter, incontrolável...

Nossa primeira vez? Inesquecível.
Deitados já desnudos, maravilhas
No fogo do desejo, coisa incrível.
Iria descobrir divinas trilhas,

Levaste teu ursinho predileto,
Eu disse que seríamos fogosos
Serviço prometido? Sim, completo.
Os jovens sempre são voluptuosos...

Amor literalmente incendiado...
Porém em tanto ardor, fui chamuscado...

1657

As minhas mãos são lésbicas, gentis,
E tentam descobrir nas belas grutas
Maneiras mais audazes e sutis
Embora tantas vezes mais astutas

Na busca por fazer-te mais feliz.
As mãos que com certeza são bem putas
Encharcam-se do gozo que me diz
Que foram proveitosas liças, lutas.

Na ponta desta mão, moleques dedos
Invadem sem juízo, vales, montes
Abrindo o cofre, sabem teus segredos

E mesmo quando ocultas, curiosos
Os dedos te saciam, caçam fontes
Lambuzam-se nos lagos generosos..

1658

Gilberto sempre fora um pescador
Dotado de talento inesgotável.
Diversas vezes sendo demonstrável
Em atos de bravura e de valor.

Um dia, já faz tempo, num riacho
À noite um peixe estranho ele pescou.
- Rosado, é diferente este diacho.
Foi tudo o que coitado imaginou.

Porém quando a manhã nem bem surgia
Ao ver um homem em pelo no seu quarto,
Depressa se acabou toda a alegria;

Depois de muita liça quase roto,
Ao lado de um rapaz arfando farto.
Gilberto não se esquece mais do boto...

1659

- A HISTÓRIA DA EX-MULHER E DA VACA OU DA VACA DA EX-MULHER...

O senador vaqueiro se mostrando
Um homem tão comum ao arranjar
Mulher que não queria trabalhar
Deixou sua despesa em contra bando.

Ao ver a casa enfim, já desabando,
Resolveu num momento, sem pensar,
Deixar tomar assento devagar
Aquilo que o estava incomodando...

Porém pobre coitado não sabia
O que uma ex-mulher se faz capaz.
Ao alagar a casa em água fria

Ventilador decerto sempre traz
Quanto mais a bosta assim fedia
A rês valorizava sempre mais...

1660

Da dor que amor me trouxe, sobremesa,
Criei uma esperança mais matreira.
Nadando sem parar, na correnteza
Deixei de ver espinhos na roseira.

A sorte de quem ama, com certeza
Se entrega na emoção se for inteira.
Não quero mais caçar nem ser a presa.
Sobrevivência, agora; uma bandeira.

Mas vejo em tuas mãos a bela rosa
A quem eu dediquei o meu jardim.
Tu falas da ferida dolorosa

Te falo da alegria que é sem fim
Ao ver a tua boca tão gostosa,
Ao te sentir colada junto a mim...

1661


Pra não perder a vida desta amada
Que vai agonizando pelas ruas.
Ao vê-la gorkiana, abandonada
Relembra destas carnes, belas nuas.

O coração burguês muda a calçada,
Porém sangue operário ao ver bem cruas
Verdade que se expõe, tão demarcada,
Impede, meu amigo, que já fluas

E traz na mão a força soberana
Que emerge com total disposição.
E o peito se levanta e assim se ufana

De enfim ter aprendido esta lição,
Mais forte que a nobreza, a vida humana
Mais nobre que a riqueza, uma paixão...

1662

Eu sinto que me chamas pelas ruas,
Te procuro e não vejo nada, nada...
Porém a cada curva continuas
A me chamar. Eu sigo pela estrada

Na busca por teus lábios, teu sorriso.
E sinto o teu perfume que me guia
Às margens deste rio. O paraíso
Que vivemos recende à fantasia.

Não sei o que fazer, apenas quero
Sentir o teu carinho. Um leve beijo
É tudo o que desejo e sempre espero.
Porém só ouço o som e nada vejo...

Por isso, meu amor, eu também chamo
E grito ao mundo inteiro: Amor, eu te amo!

1663

- ATÉ QUE ENFIM, UM BENEFÍCIO DO TABACO!

Proibição de fumar revela cheiro horrível nos pubs britânicos
Suor, cerveja velha e flatulência eram camuflados pela fumaça do cigarro.
Redes estão testando fragrâncias artificiais para minimizar o bodum.

PORTAL G1


Eu sei quanto o cigarro prejudica
E traz este mau cheiro insuportável.
Porém aqui vou dando a ti a dica,
Por mais que este futum seja intragável

Há coisa bem pior, isso eu não nego,
O cheiro do suor, vulgo cecê,
O pum que foi dado, eu não entrego,
O cheiro vem do lado de você;

O bafo de cachaça e de cerveja,
O cheiro do banheiro do boteco,
Depende do lugar onde se esteja

Melhor o cigarrinho. Eu vou contar,
Eu falo e nem preciso repeteco,
Nem mesmo com um frasco de bom ar!

1664

Não te vejo, faz tempo, minha amiga.
A vida nos levou por outros mares
Eu sei quanto é preciso que prossiga,
Mesmo que diferentes os lugares
A vida em solidão nos desabriga
E torna mais difíceis os sonhares.

Mas só em te saber aqui por perto
Meu coração se mostra satisfeito,
Promessa de um oásis num deserto,
Acelerando enfim, o velho peito
Que agora se pressente mais aberto
A receber o bem que é de direito

Daquele que percebe ser real
O que sempre mostrou-se magistral...

1665

- SIM, COMO EU TE AMO.

Percebo nesta chuva uma saudade
Na lembrança ancestral que me acompanha,
Do tempo em que viver a liberdade
Correndo inda criança na campanha.

Canteiros tão floridos, primaveras,
O teu sorriso manso a convidar...
Num claro sentimento já temperas;
Com sonhos e folguedos, nosso amar.

O vento do passado diz teu nome,
Os meus olhos fechados te percebem,
Aos poucos tua imagem vai e some,
Meus lábios são beijados e recebem

Do vento e desta chuva tal carinho,
Te sinto, meu amor, não vou sozinho...

1666

Um beijo prometido não se esquece
É como uma esperança que guardamos,
São tantas estas teias em que se tece
O mais bonito que sempre sonhamos...

Morena tão bonita do cerrado
Seu beijo gosto de quero mais,
Tornando um coração enamorado,
Descendo o Araguaia pede um cais,

Encontro esta morena radiante
E sinto-me feliz, tenho a certeza
De tudo que pensara estar diante
Em nada se compara a tal beleza...

Menina a sua boca carmesim,
Foi feita no jeitinho para mim...

1667

Eu sei quanto é preciso que se tenha
Alguém com quem possamos dividir
A dor, assim a noite chegue e venha
Trazendo em sofrimento o que há de vir.

Não há sequer um dique que o contenha,
Apenas na amizade, o repartir,
Palavra que se mostra a santa senha
Que pode por instantes impedir

A dura realidade que se impõe
A quem não tem, decerto em seu amigo
Certeza de que possa, no perigo

Contar com todo apoio que supõe.
Amigos que só chegam na bonança
Merecem, por acaso, confiança?

1668

Ela é uma mulher que goza
celestial sublime
isso a torna perigosa
e você não pode nada contra o crime
dela ser uma mulher que goza...

Elogio do pecado
Bruna Lombardi


Eu quero no teu gozo a catedral
Que seja quase um marco, assim sublime.
Na abóbada de um sonho sensual
Um gozo deslumbrante em que se estime

A força de uma fêmea poderosa,
Que tem em mil orgasmos tal poder
De ser bem mais feliz; maravilhosa
Acima do que pude e quero ser.

Pecado não se faz em paraíso.
Apenas numa ausência se comete.
No rosto quando esboça assim, sorriso

Na plenitude intensa que se alcança,
Aos Céus decerto a moça se arremete
Ao Olimpo, Éden, ela assim se lança...

1669

... Faminto, me queria eu cheio
Não morra o cio com pudor
Amo virtude com traseiro
E no traseiro virtude pôr...

Aula de amor
Bertolt Brecht


Adoro o teu traseiro quando empinas
Mostrando belas pregas languescentes
Penetro com tesão estas campinas
Com línguas, lábios, falo, todos quentes.

Faminto esgoto o cio neste rabo
Que sem pudor me dás neste momento.
Penetro sem ter pena, até o cabo
E sinto um belo gozo em movimento.

Rebolas, arreganhas e devoras,
Eu sei que tens virtudes e valores,
Mas sexo, querida não tem horas

Nem honras que se medem por si só.
Em aulas sensuais, bons professores
Não sabem de vergonhas, medo ou dó.

1670


Entrarei silencioso no quarto de dormir e me deitarei
entre noivo e noiva,
esses corpos caídos do céu esperando nus em sobressalto,
braços pousados sobre os olhos na escuridão,
afundarei minha cara em seus ombros e seios, respirarei tua pele
e acariciarei e beijarei a nuca e a boca e mostrarei seu traseiro,
pernas erguidas e dobradas para receber,
caralho atormentado na escuridão, atacando...

Poema de amor sobre um tema de Whitman
Allen Ginsberg


Na noite do himeneu desta donzela
Quem dera se eu pudesse penetrar
Com meu caralho este antro em que se sela
Esta união perfeita que, sem par

É tanto celebrada na cidade
De uma mulher mais pura e mais decente
Com homem de total honestidade,
Burguês no que ele pensa, diz e sente.

A moça, te garanto, enfim teria,
Caralho mais sacana e tão audaz,
Felicidade então conheceria
No jogo que se faz na frente, atrás

Donzela saberia; mais astuta,
Delícia de sentir-se santa e puta...

1671


Sentindo o teu grelinho endurecendo
Aumento o meu desejo, e vou veloz,
Com fome, em fogo intenso te lambendo
Até que sinta em ti, mudar a voz

Trocada por gemido e por sussurro,
E em doces umidades alagando;
E então como quem lambe um doce churro
Eu sinto tua boca me chupando...

Assim nesta delícia promissora,
O leite feito doce se extravasa
E a fome tão gentil e sugadora

Num ritmo mais frenético, já bole.
E a noite em explosão de fogo e brasa
Do churro todo o néctar ela engole...

1672


Tu és uma esperança que me doma
E faz de cada verso um novo dia,
Vivendo tanto amor em poesia,
Uma emoção divina já me toma...

Uma água cristalina em manso rio,
A fonte dos desejos conheci
No canto que sonhei cantar pra ti
Promessa de calor em dia frio...

Suor que já goteja em nossa sede,
Matada com carinho em profusão,
Depois de mergulhar nesta emoção,
Deitar e descansarmos numa rede...

1673


A solidão ao ver um peito aberto,
Indefeso, viu logo um bom abrigo,
Porém meu coração anda desperto
Olhou pra solidão e: nem te ligo...

Olhando de soslaio e bem de perto,
Já preparou, sorrindo o seu castigo,
Meu coração por vezes bem esperto
Se adiantou, fugiu deste perigo...

A morena brincando no quintal
As coxas grossas na árvore subiu,
Neste desenho formoso e sensual,

Taquicárdico bate no meu peito,
Ao ver esta beleza ele se abriu...
Agora a solidão é dito e feito...

1674


Na perfeição completa deste caso
Que faz com que se encene o sofrimento,
Fingindo que esta noite traga ocaso,
Com dores que sangramos num momento.

Amor em quem me miro e já me embaso
É base para todo o sentimento,
No colo da morena em que me abraso
Eu vejo, na alegria este tormento...

As lágrimas que rolam do meu rosto
Aos poucos empapuçam de tristeza
Causada pela dor deste desgosto...

Depois eu vou correndo pros teus braços,
E agradeço a Deus tanta beleza
Do amor que se refaz em fortes laços...

1675


A deusa se encantou com a morena
Mais bela que deus Júpiter criou;
Beleza sem igual quando me acena
A minha fortaleza derrubou,

Vencido sem quer sequer batalha,
Entrego-me aos teus braços, bela flor;
Perfume que domina enquanto espalha
Promessas divinais de tanto amor...

Olhando, no cerrado, tal canteiro,
Um templo se prepara pra Cupido,
Neste conto de fadas verdadeiro,
Remédio para um peito desvalido

Que sofre sem poder a flor cheirar,
E deixa-se, num êxtase levar...

1676

Palpitas em teu corpo esta vontade
De se entregar inteira, sexo audaz.
Porém tu temes tanto que és capaz
De morrer quase à mingua. A claridade

Querida, só se dá pra quem se der.
Espero já faz tempo, mas não vens,
Decerto em teus pudores de mulher
Deixaste bem distante tantos bens...

Nas coxas entreabertas hábeis dedos
Ouvindo num sussurro meus convites,
Mistura de tesão com bobos medos

Impedem que tu venhas, me perturba
Saber que esta menina. Oh! Acredites,
Sozinho no seu quarto, se masturba...

1677


Eu lembro quando à noite nós vagávamos
Em festas, fantasias, tão profanas
Nos bares e em orgias demonstrávamos
Desejos e paixões, decerto insanas...

Bacantes na procura de prazer,
Sodômicos, gomórricos, vadios.
Luxúrias e loucuras... posso ver,
Eu não desperdicei nenhum dos cios

Porém o tempo mostra em suas garras
O quanto é necessário ser feliz.
Maturidade mata as velhas farras

E deixa tão somente uma saudade
De tudo o que vivi e do que fiz
Amei até demais, eis a verdade...

1678

A rosa delicada da esperança
Transborda-se em perfumes e desejos.
No gesto tão bonito, uma aliança
Se faz na profusão de doces beijos...

Regada com carinho e mansidão,
Não deixa que os espinhos te maltratem,
Na rosa carmesim, a tentação
De termos os delírios que nos atem.

Semente que brotando gera a planta
Depois de certo tempo, vive em flor,
Que o verso do poeta sempre canta,
Em todos os acordes de um amor...

Cuidando desta flor, tenho a certeza
De cultivar assim, tanta beleza!

1679


Saudade toma conta dos meus versos
Enxugo em cada lágrima teus beijos
Que andando por carinhos mais diversos
Deixaram no meu peito só desejos

De morte e de agonia em triste canto,
Mortalha que carrego no meu peito
A cada novo sonho, o mesmo pranto,
Será que amar ainda é meu direito?

A tarde se aproxima, o dia passa,
Mais uma madrugada em desalento.
Sorrindo, um velho só, quando disfarça

Parecendo feliz por um momento,
Não mostra a quem conhece o que se passa
No peito feito em dor e sofrimento...

1680


Espero a tua voz vinda no vento,
Envolves minha vida em tal magia
Que jamais te tirei do pensamento,
Sequer um só momento, nem um dia...

Coloco nestes versos, sentimento,
E canto o nosso amor com alegria.
As noites doloridas, sofrimento,
Se vestem desse canto em harmonia

E
sabem deste amor que não é pouco
Que toma e que transborda mar adentro.
Distante de teus olhos fico louco.

Amada, tua voz é meu abrigo,
Tu és o meu apoio pés e centro
Vivendo em nosso amor, amante, amigo...

1681

Passando em Santo Antonio da Patrulha
Nas terras do Rio Grande, uma lagoa
Que encanta quem de noite inda vasculha
Na busca pela caça, ou vai à toa.

Nas ondas deste lago encantador,
As Ninfas deslizando com corcéis
Ouvindo-se o seu canto, em louco amor
Qual fosse um vento envolto em doces méis

Um coração decerto se apaixona
Pela beleza rara e tão sutil.
Uma Ninfa assemelha uma amazona

Fazendo uma procela em água mansa.
Depois deste galope, já se viu,
A quietude suprema então se alcança...

1682


Durante muitos anos, conta a lenda
Uma índia delicada e mais faceira,
Ao fugir lá da aldeia, encontra a tenda
De um homem se fazendo companheira

Amante tresloucada, que desvenda
A sorte da paixão mais verdadeira,
Que acende em qualquer peito uma fogueira.
De nua se cobriu em seda e renda

Ficando bem mais bela, em mil colares,
Beleza que tão logo já domina
E a fama se espalhando logo medra

Aquela que invejosa, fez de altares
A cama do pajé, pai da menina,
Que em troca transformou menina em pedra.

LENDA DA PEDRA
MENINA
REGIÃO DO CAPARAÓ...

1683

Ouvindo tua voz quente e macia,
Acende esta fogueira, cama e brasa.
Fazendo tanto amor, de noite e dia,
Teu corpo se transforma em minha casa...
Além de todo o tempo que pedia,
Além deste carinho que me abrasa,

Sentindo o teu carinho entorpecido,
Desejando ser feliz a cada instante,
No amor que se faz forte e decidido,
Teu corpo, no meu corpo mais constante.
Testando cada gosto, resolvido,
A ser a vida inteira, teu amante...

Tu és o vício bom e salutar,
O tempo inteiro, assim, te namorar....

1684

Amar é com certeza um santo dom
Que torna nossa vida mais gostosa,
Reflete uma emoção maravilhosa,
Mantendo da canção, o mesmo tom.

Amar é transbordar instinto bom
Coíbe uma tristeza mais raivosa,
Acalma qualquer alma belicosa,
Adoça o paladar, doce bombom.

Amar é ser feliz o tempo inteiro
Se rir sem ter motivos aparentes.
Dos dias frios nascem noites quentes

Repartir alegria, sentir o cheiro
De quem nós desejamos no jardim,
Florindo a fantasia dentro em mim....

1685

Amor em peripécias se fazendo
Nas guerras duradouras como em Tróia,
Mulheres tão formosas sempre sendo
De todas as coroas, rara jóia.

Assim também se fez quando Iansã
Aonde o ganhador de dois só um,
Xangô levando a filha de Nanã
Deixando mais sozinho o forte Ogum.

Também eu te desejo, ele te quer,
Sou teu e também quero ter comigo
A deusa transformada na mulher
O sonho que faz tempo eu já persigo.

Helênica batalha chegará
E amor, o mais sincero, vencerá...

1686

Quando vestes tão bela vestimenta,
Esqueces da tesoura, que a cortou.
Num vai e volta tira, experimenta,
Acertando, solene, o que sobrou.

Outras vezes, cabelos ‘té da venta,
Vais cortando, deixando o que sobrou.
Quando, enfim o Brasil tornou-se penta,
Seu trabalho ajudou, ‘té fazer gol...

És, portanto, fiel a quem te trata
Com carinho e com arte verdadeira.
Mas, se quem usa abusa e te maltrata,

Tu completas sem pena tal besteira...
Mas, uma coisa falo, és bem ingrata:
Só por não podar língua fofoqueira...

1687

A tarde vem caindo... O medo chega...
Distante de quem amo me pergunto,
Se encontro do outro lado a mesma entrega.
Se ela também quisesse sonhar junto

Comigo! Certamente mais feliz;
Poderia viver intensamente
O gosto deste amor... A tarde diz
Que o frio chegará e novamente

Sozinho, tão vazio de esperanças
Apenas restará meu triste verso.
Quem dera se pudesse nas andanças

Levar-te com carinho aos universos
Que preparei somente pra te dar..
Nos meus braços... Somente este luar...

1688


Tenha certeza querida,
Toda vez que me chamar
Meu amor vai encontrar
Quem conhece não duvida.

Se durante minha vida,
Eu andei a procurar,
Em céus, terras, lua e mar;
Já pensava em ter perdida

Toda a chance de prazer;
Mas foi logo conhecer
Esta mulher tão divina,

Meu mundo se transformou,
Minha sorte então mudou,
Transformando a minha sina...

1689


Amiga em cada verso que te faço
Eu trago mais um pouco de mim mesmo,
Andara tanto tempo sempre a esmo
Fazendo meu caminho passo a passo,

Às vezes, tantas vezes me ensimesmo
E tropeçando; caio, e mal disfarço
Quando levanto, amigo qual me lesmo,
Dificilmente, um rumo novo eu traço.

Mas podendo contar com teu apoio,
Percebo ser possível caminhar.
Aprendo a separar trigo do joio

E bebo desta fonte sem secar,
Já sei pra onde segue o calmo arroio,
Um dia desaguando morre mar...

1690


Igual medusa triste, envenenada
Aquela que me trouxe desenganos
Morrendo pouco a pouco, sobra nada
De todo este veneno que em teus planos

Formado dos desejos sobre-humanos
De ter a vida sempre desgrenhada
Assim a cada dia traz marcada
A tez em duros cortes soberanos.

Roubando toda a cena, esta saudade;
Esvai-se quando chega outra paixão,
Repondo em minha vida, a liberdade.

Quem fora tão vazio simplesmente,
Amando, vai matando esta serpente.
Imenso paradoxo da emoção.

1691


No gosto da garapa, doce mel,
Roubado em tua boca, minha amada,
Certeza de planar livre no céu,
Com gosto de vitória conquistada,

Há muito desejava ter teu véu
Cobrindo minha face, extasiada,
Poder ser, com certeza teu corcel,
Voando nesta noite iluminada

Por sol de raro brilho, forte e denso,
No avanço diuturno, calmamente,
Se sempre em teu carinho, amor eu penso

Valeu toda esta luta que travei,
Agora estamos juntos plenamente,
Do jeito que eu queria e que sonhei....

1692

Neste anjo que se esconde dentro em mim,
Palavras formam asas, me fomentam,
No puro sentimento voa sim,
Meus sonhos nos teus olhos sempre aumentam.

Cativos pensamentos vão enfim
Formar estes desejos que arrebentam
Tomando tua boca carmesim,
Em versos que teus dias reinventam...

A vida que se faz doce promessa,
Não pode recolher velhos espinhos,
Mas sabe que o amor traz a remessa

De novas alianças a cada dia.
Se feitas com ternuras e carinhos,
Prometem novamente uma alegria..

1693

Não posso resistir a teu pedido,
Se em fogo meu desejo quer também.
Há muito meu cantar em ti, perdido,
Sonhando noite e dia com teu bem.

Um forte minuano tem trazido
Na voz que de repente, invade e vem
O sonho mais feliz e decidido,
De enfim, depois de tanto; ser de alguém.

Dominas totalmente o pensamento,
Eu quero simplesmente poder ser
Além do mar, do amor, todo momento

Estar contigo, sempre que quiser,
Nas danças, alegrias, no prazer
Te ter minha menina, amor, mulher..

1694


Amigo em nossos passos que os loureiros
Espalhem-se na glória de assim sermos,
Amigos e comparsas, bons guerreiros,
Sem medo de encararmos mesmo os ermos.
O canto da amizade, alvissareiro,
Conhece na verdade, tratos, termos

Que servem como amparo e assim entrego
A sorte de saber a liberdade;
Por isso meu preclaro, eu nunca nego
Que tendo este poder de uma amizade,
A vida facilmente, enfim carrego
Alçando com meu canto, eternidade,

Sacrário que nos trouxe este bom Deus,
Meus êxitos, querido, também teus...

1695


O tempo, inexorável, meu amigo
Não deixa sequer sombras onde passa
Apenas mal percebo, assim prossigo
Lutando pra não ser somente caça.

Mas hoje motivado, eu já te digo
Que nem tudo se perde na fumaça.
É bom poder contar sempre contigo,
Pois sei que o sofrimento se disfarça

E encontra lenitivo em quem apóia
A gente tal qual fosse rara jóia
Que Deus nos deu em forma de amizade.

Por isso neste teu aniversário,
Eu me sinto querido, um bilionário
Tamanha, podes crer; felicidade!

1696

Minha alegre menina quero a dança
Do teu corpo, requebros sobre mim;
A noite verdadeira já se avança
E a boca mais sedenta,carmesim...

Alegres os compassos da esperança
Que queimam seu pavio até no fim.
No fogo deste estio, não se cansa,
E sabe que me ganha, inteiro sim...

Tua alegria imensa contagia
E faz de cada gesto a sedução.
Que esquenta todo amor em fantasia

E
tudo, sem ter tréguas, contamina,
Ardente como o fogo da paixão,
Na dança tão alegre da menina...

1697

Quem ama sabe sempre que os espinhos
Apenas dissimulam as defesas,
Belezas encontradas nos carinhos
Bem valem espinheiros de tristezas.

Eu sei quanto te quero e nada mais tenho
Senão uma alegria assim, sem par,
Das terras e dos sonhos de onde venho,
Feliz por que encontrei quem quis amar.

Não sabes, mas há tempos te observo
E cada vez que vejo mais me encanto.
Não quero o nosso amor cativo e servo;
Prefiro a liberdade em nosso canto.

Bem sabes que te adoro, de verdade,
E sei que nunca existe crueldade...

1698

Tua nudez convida para a festa
Neste bailado louco do prazer.
Toda vontade, amor à noite empresta;
Sentido-te deitada, enlanguescer

Eu quero com lascívia, aberta a fresta;
Penetrar em cada espaço, poder ter
No todo deste dia que me resta
Ver todo o teu desejo reverter

Em banhos, em sorrisos, furacões,
Em mares nunca dantes navegados;
Abrindo deste templo seus portões

E ter o teu bailado sobre mim,
Nos passos desta dança, cavalgados,
A noite vai passando toda assim...

1699

Mais nobre que a riqueza, uma paixão,
Por mais que ela se frustre pela vida.
Não há querida amiga, evolução
Sem ter uma paixão como partida,

É dela que se emana a solução
Para os problemas todos, a saída
É feita de total empolgação
Jamais se dá, decerto por vencida

Enfrenta as tempestades e as procelas,
Não teme nem a queda ou cicatrizes,
Pois os apaixonados são felizes,

São donos dos planetas, das estrelas,
Desconhecendo dores ou louvores,
Movendo cada passo sem temores.

1700

Sentindo o cheiro bom de tua pele
Colada com meu corpo. Que prazer!
A boca te procura e se compele
A pesquisar inteiro; quer te ler...

Roçando o teu pescoço, o vento frio
Nos lábios a promessa de delírio.
Teu corpo já tremendo em arrepio,
Vontade tão voraz vira martírio...

E roubo teu silêncio, num gemido,
Palavras se perdendo na loucura.
Decoro cada rumo percorrido
Entrego-me aos teus sonhos com ternura...

Amar se embriagando no desejo
É raio que nos corta, num lampejo...

1701


Regresso ao paraíso deste encanto
Unindo o nosso canto em doce sonho.
Às vezes tão cruel, qualquer espanto
No morde parecendo ser medonho

Tirando num segundo o nosso manto...
Amada, não te esqueças que proponho
Um mundo mais suave e mais risonho
Distante do temível desencanto.

A nossa vida é plena de ventura
E disso não me esqueço, sabes bem...
Tu és a bela fonte d'água pura

Onde mato meu desejo e minha sede.
Por isso tudo digo; amada, vem,
Teu canto está guardado nessa rede...

1702

Mergulho meu desejo na loucura
Que faz de ti mulher tão cobiçada.
Meu corpo se encontrando na procura
Por tua boca intensa, extasiada...

A noite se promete na mistura
Na nossa tresloucada madrugada
Suspiros e gemidos... Que tortura!
Rompendo todo o medo e alvorada...

Na busca alucinante te proponho
Viver cada segundo, intensamente.
Num êxtase divino, nosso sonho,

De termos mais as loucas sensações,
Depois de começarmos novamente,
Sentir o louco gozo em explosões!

1703

Manhã surgindo fria e tão cinzenta
No céu nuvens passeiam, chuva vem.
Eu lembro-me de quando, sem ninguém,
A vida se passava qual tormenta.

Lá fora, na manhã, bem forte venta,
Das tristezas, eu jamais serei refém
E disso, o meu amor já sabe bem;
Não temo a tempestade violenta.

Sentindo um arrepio, abro a janela,
O frio invade o quarto, mas não ligo,
Pois sei que em teu calor, a paz revela

A sorte tão distante de um perigo.
Amor que nos domina, assim se sela;
No sonho mais airoso que persigo...

1704

Viajo em teu silêncio e te pergunto
Do amor que tanto sinto e sabes bem.
Poder estar contigo, sempre junto,
Depois e antes de ti, não há ninguém.

Meu canto com teu canto, um só conjunto
De sonhos expressados mar além,
Às vezes, disfarçando; mudo o assunto
Bem sei que isso acontece em ti também.

Vamos hipnotizados; tão unidos,
Por esse sentimento belo e raro
Que traz nossos destinos decididos

Há muito pelos deuses. No torpor
Divino que nos serve de anteparo,
A voz silenciosa deste amor...

1705

Amor tão gostosinho, como é bom
A gente namorar a noite inteira
Debaixo do lençol ou do edredom
Até chegar depois toda a canseira.

Jogarmos com carinho em mesmo tom,
Fazendo em puro amor, a brincadeira
Que é feita com delícia de bombom
E mostra- se divina e sorrateira..

Vem logo, que esta noite não é nada,
Fazer amor em plena madrugada
Prenúncio de manhã em alto astral,

Com toda a sinfonia de pardais
Pedindo: por favor; eu quero mais,
Esqueça a roupa e deixe este quintal...

1706

“ Não quero te falar, meu grande amor”
Das dores e do medo em que trafego
Tampouco desta luz que não carrego,
Distante da esperança e do calor.

Menino que nasceu no interior
Bem sei quanto é possível viver cego,
E mesmo quantas vezes inda nego,
Pois sei que isto me causa tal pavor

Que mesmo que eu persista por mil anos
Ainda guardarei cheiro de roça,
Quem sabe e já dormiu numa palhoça

Conhece do seu amo, tantos planos,
Na faca que se esconde na tocaia,
Segredos que se escondem sob a saia...

1707

Distâncias inclementes que me tornam
Apenas um retrato do que fui.
O mundo desabando logo rui
E todos os fantasmas já retornam.

Espinhos em crisálida decoram
Aquilo que jamais, pressinto, flui.
O tempo de viver que assim me obstrui
Permite assim desastres que me afloram.

Sou nada, nasci nada e morro inteiro
Vencido por cruéis caricaturas.
As horas que perdi, decerto burras

Na angústia de saber qual do tinteiro
Das dores, cores mórbidas, agruras,
Caminho sem saber, vivendo às turras...

1708

Amiga em nossos passos a firmeza
Moldada em tanta dor que conhecemos,
Deslinda uma esperança com grandeza
Que é tudo o que sonhamos e queremos.

Que o tempo sempre aumente a fortaleza
E traga para as mãos mais fortes remos,
No intuito de vencer a correnteza
Da resistência intensa que sabemos

Nasce de quem não sabe do carinho
Com o qual traçamos sempre nossas metas.
As atitudes sábias? As corretas.

As que permitirão forrar o ninho
Para que aqueles que virão saibam que existe
Alguém que com amor, forte, resiste...

1709

Feliz aniversário? Redundância...
Eu te desejo amiga, muito mais.
Que a vida seja plena em abundância
Sinônimo
perfeito para PAZ.

Quem sabe e te conhece desde infância
Não te esqueceu querida, pois jamais
Consegue te esquecer, mesmo à distância
Já sabe que em teus braços, belo cais...

Na festa que se faz obrigatória
A quem de tal louvor é meritória
Viemos em conjunto agradecer

O fato de existires, minha amiga,
Que toda esta alegria assim, prossiga
Trazendo para nós vivo prazer...

1710

Ao “receber as flores que te dou”
Percebo o teu semblante mais feliz,
O vento da paixão que nos tocou
A cada dia mostra o que se diz

No verso que encantado nos sobrou
Dizendo deste amor, qual aprendiz
Apenas num momento soçobrou,
Mas isso não causou nem cicatriz...

Assim, dois companheiros que se adoram,
E formam irmandade inesquecível,
Meus dias nos teus sonhos se decoram,

Amor que nos uniu, ninguém separa,
E mesmo num buquê tão perecível
Percebo esta alegria, viva e rara...

1711


“ Um dia ele chegou tão diferente”
Chamando para a festa que sabia
Há tempos que queria estar contente,
Mas nada de ilusão ou fantasia.

O gosto da saudade se pressente
Na boca que transborda em alegria,
Fazendo delirar a toda gente
Que à cena com sorrisos assistia.

Na dança feita à noite em plena praça,
Um gesto de carinho demonstrado.
Num longo beijo intenso, apaixonado,

A dor já se esvaindo na fumaça.
Ali, naquele canto da cidade,
A lua se despiu: felicidade!

1712

Segredos que nós temos? Não os sei.
Apenas reconheço esta emoção
Que é tudo o que desejo e que sonhei,
Fazendo palpitar o coração!

De tanto, nesta vida, te busquei,
Agora que encontrei, viva paixão,
Percebo que eis enfim a solução
Do amor que, esteja certa, eu duvidei.

Por mais que o mundo seja deplorável,
Por mais que a fome grasse sobre a terra,
Amor que nos envolve já descerra

Futuro mais brilhante e bem amável,
Sem que mentiras sejam necessárias
Sem que outras noites sejam temerárias...

1713


Menino que corria no quintal
Em total liberdade mal sabia
Que a roupa que quarava no quintal
Seria quase um símbolo de um dia

Aonde ser feliz era normal,
Brincando desfraldava a fantasia,
Reinando sem limites, bem ou mal,
Os medos, pesadelos, a alegria...

Irmãos, primos e pais, tios avós,
A festa se fazia domingueira,
A vida era divina e companheira.

Depois de tanto tempo e nada após
Sem laços de amizade, um velho só.
Olhando pra criança volta ao pó...

1714

Por vezes a desgraça em nossa porta chega.
A dor vem e maltrata, arrasa nosso sonho!
O rosto da quimera espreita-nos, risonho.
É maldição divina, uma tortura cega.

O peso que a saudade, em lágrimas, carrega,
Deixando nosso rumo em vão e tão medonho,
Deixando nossa vida, um mar só e tristonho...
Em qualquer porto ou cais, a vida não se apega...

Assim, por tanto tempo, observei minhas dores,
Minha esperança morta, assim como os amores.
Outono, em minha vida, ensina que o fatal

Sofrimento me ensina e, sendo um aprendiz
Atento já percebo: um homem que é feliz
Das dores erigiu a perfeição moral!

1715

“Caminhando e cantando e seguindo a lição”
Que a cada novo dia aprendemos bem mais.
Mais forte do que o medo, e o vento da paixão
Além do que se mostra em longínquo e bom cais

Demonstra uma alegria em força e sedução
Unindo em diferença a derrota jamais
Virá para quem sabe e tem plena noção
De um mundo bem melhor que é feito em plena paz

A partir deste sonho, um mar em calmaria
Na
placidez do canto, a brisa soberana
Que faz de cada noite a promessa de um dia

Sem lutas e sem fome, assim felicidade
Da qual sempre quem ama em versos já se ufana
Virá tendo por lastro, a força da amizade...

1716

“Abelha necessita de uma flor”
Formando em simbiose uma esperança
Uma orquídea ou bromélia já se trança
Numa árvore qualquer a seu dispor.

Assim na sinergia a se compor
A vida com certeza sempre alcança
Sentido verdadeiro da esperança
Num laço primitivo, faz-se amor.

Porém, cabendo ao homem perceber
Por ser mais racional ou parecer,
Que a vida em solidão não vale nada.

E o passo principal deve ser dado
Na busca de bem mais que um aliado
De um verdadeiro amigo em nossa estada...

1717


Em sílabas perfeitas, versos mansos,
Vivemos em conjunto, namorados.
O dia permitindo tais avanços
Aos poucos nos tornou mais agrupados.

Quem ama não precisa de altos brados,
Apenas se acolhendo em bons remansos,
Conhece seu destino, louros, fados,
Deitando toda a glória em seus descansos.

Por isso, companheira de viagem,
Estamos par em par há tanto tempo,
Não vemos nesta vida contratempo

Que impeça nosso amor sem ter paragem.
Beijando tua boca tão macia,
Eternidade amor, é nosso dia!

1718


Qual fossemos viajantes sem destino
Que embarcam nesta nau chamada Terra,
Quem dera se voltasse a ser menino,
Olhando para o monte, para a serra

Teria uma esperança mais concreta
De ter em dia manso um bom sol pôr
Exuberante vista, mas discreta
A vida assim viria ao meu dispor.

Mas vejo que ao crescer perdi meus traços
Até companheirismo eu me esqueci.
Atado por negócios, noutros laços,
A solidão do adulto, eu conheci.

Quem dera se volvêssemos crianças
Que sabem se alegrar, em risos, danças...

1719


Amigos de verdade? Raridade...
A vida traz carências mal supridas.
Perdidos nós buscamos claridade
Em meio a tantas trevas noutras vidas.

Palavras que denotam despedidas
Usadas com total tranqüilidade,
Às vezes encontramos as saídas
Nas portas mal fechadas. Na verdade

São poucos os que trazem vero afeto,
Amigo para ser chamado assim
Não pode fraquejar um só momento,

Senão ao se mostrar mais incompleto
Deste anjo se transforma até que o fim
Provoque então cruel desabamento...

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