sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SONETOS 027

SONHOS DE AMOR.

Ó minha amada musa, em teus palácios;
Os sonhos; deposito em toda noite.
Sonhando com teus olhos violáceos,
Perco-me sem futuro que me acoite.

Guardando na lembrança tais castelos,
Vivendo um grande amor que nunca veio.
Cultivo, tantos sonhos com rastelos,
Nos vagos destas noites, sem receio...

Quem dera ser poeta p’ra cantar
Na lira teus caminhos, minha amada...
Raios alabastrinos do luar,
Roubados dos meus sonhos, madrugada...

Venha descansar; te espero aqui;
Em meio a tantos sonhos, me perdi...

Tão Bom te Amar!

Amor de divinal propriedade,
Caminho sem temer cortes profundos.
Mascaro essas surpresas da saudade
Vivendo em meu amor, diversos mundos...

Meu coração se veste de desejos,
Refaço cada passo, não disfarço;
Tropeço e me levanto, peço beijos.
Meu grito; não reprimo, solto esparso.

Nas trevas que deixei, cedo, p’ra trás,
As brumas que vieram sorrateiras,
Nesta alvorada plena, encontro paz,
As luzes se rebrilham, verdadeiras...

As flores vão brotando devagar,
Perfumes nos jardins... Tão bom te amar!

MEUS VERSOS DE AMIZADE

Deixando que esse dia trague a sorte
Que se escondera há tempos; trapaceira.
Buscando noutro rumo; novo norte,
Fazendo da alegria uma bandeira.

Misturo sentimentos e palavras,
Nem sempre são irmãos, mas se conhecem.
As mãos que propõem em minhas lavras,
As mesmas, quando unidas, ‘stão em preces.

Eu quero me esquecer desta tristeza,
Que forma, no meu canto, um verso duro.
Louvar, assim, a vida e a beleza;
Tentando clarear o céu escuro.

Meus versos de alegria, amor e paz;
Amiga, na amizade, valem mais...

MINHA AMADA.

Das noites que tivera; sim me lembro,
Dos olhos tão tristonhos e distantes;
Duros dias sofridos de setembro,
O peso desta vida nos semblantes...

Passando por momentos dolorosos,
O peso da saudade machucava...
Os sonhos se tornaram pavorosos.
Um mar de solidão se aproximava...

Mas quando te encontrei, tudo mudou.
Teus olhos de promessa e de aconchego,
Vazio coração reflorestou
Da tempestade e dor, fez-se o sossego...

Setembro que me trouxe uma quimera,
Termina nos teus braços, primavera!

X

Essa aurora trazendo tanto encanto,
Por detrás das montanhas, vem surgida.
Mostrando tal beleza que me espanto,
Fazendo com que brilhe nossa vida.

O sol irrompe lento e carinhoso,
Nos seus raios aquece sem queimar.
Desse amor que me trazes; orgulhoso,
Encontro mil motivos p’ra ficar.

E quero em nossa cama, teu carinho,
E quero em nossa vida, uma esperança.
Do amor intenso e belo, nosso ninho,
Convite para o dia já me alcança.

Aurora nos guiando qual farol,
E vamos de mãos dadas rumo ao sol!

A VOLTA DO GRANDE AMOR

Profunda calmaria no meu peito
Depois de tantos dias sem te ter.
Sabendo que do amor, insatisfeito,
Durante tanto tempo, te perder...

Sem rios, sem verdor, também sem matas,
Em meio a tal deserto, sentimento...
A força que em teus braços, me arrebatas,
Vencendo as tempestades, mau momento...

Invejas desta sorte que eu trazia,
Levaram teus olhares mais distantes.
Matando com a minha fantasia;
Deixando os firmes pés tão vacilantes.

Porém o mesmo vento, enfim, te trouxe,
Tornando o meu viver, calmo e mais doce...

AMAR SEM MEDO...

Depois desta borrasca em juventude,
Passando por terrível solidão;
Vazio, sem saber da plenitude
Que encharca todo jovem coração.

Depois da timidez que me afligia,
No manto da saudade e da tristeza;
Era; amar, tão somente fantasia,
Deixada em algum canto, sem beleza.

Depois das noites brancas, sem ninguém,
Depois do medo cego, sem carinho...
Agora quando a madrugada vem,
Olhando para ti, não vou sozinho...

Aprendo, a cada dia, esse segredo,
Amar é ser feliz, e perco o medo...

X

Amor, neste lugar onde persigo
Os rastros dos teus passos melindrosos.
Não sei por quantas vezes eu consigo
Saber de nossos sonhos mais formosos.

Preciso me encontrar, sem te temer.
Porque em meus olhos surge tal imagem
Da morte e da vontade de viver,
Em luta que pernoita essa visagem.

Assim parte, assim some, em cada rosto,
Quer me punir, amor, por ter sabido
De cada sentimento, assim mal posto,
Depois de tanto tempo já perdido...

Meu amor, perseguindo cada passo,
Já me perco, envolvido em seu cansaço...

X

A Noite entre magias e delícias
Deitado sobre os sonhos, minha vida.
Se não vierem horas, em carícias,
Eu Quero te sentir, em mim, perdida...

Eu Quero uma surpresa a cada canto,
Um pensamento assim, mais libertário.
Entre tantos os quais sempre me encanto,
O sonho de viver neste cenário...

As Íntimas lembranças, cruzam sonhos,
Os Sonhos que não mais poderei ter.
Relembro mais detalhes, são medonhos,
Mas sangram nosso amor, nosso viver.

Na viuvez em vida que restou,
Certeza desta lua, que brilhou...

X

A vida tantas vezes duvidosa
Promete o mais bonito alvorecer
Depois de tanto tempo tão vaidosa,
Mal sabe quanto tem que percorrer.

Palpita um tal desejo no seu peito.
Que insatisfeito marca eternamente.
Viver é procurar pleno direito
Saber amar assim, completamente.

Não vejo outra saída senão essa.
Felicidade bate em sua porta.
Não fie seu amor em vã promessa,
Se bem que a bela estrada é sempre torta.

Não tema mais os cortes, cicatrizam,
Nem sempre essas tormentas já te avisam...

X

A lua vai sedenta e vaga mundo.
Buscando por paisagem mais bonita.
Em toda esta amplidão, bem mais profundo,
Certeza de viver, sempre palpita...

Escoam meus sentidos pelas matas
Descendo as cachoeiras mais velozes.
Nos ouros destes campos, tantas pratas,
Em meio a sentimentos mais ferozes.

No seio ardente da mulher que quero,
Na boca que tremula a cada beijo.
Vivendo teu sentido em que me esmero.
Sabendo que no fim vence o desejo.

No mar que se arrebenta, tanta espuma,
Amor tão delicado, não se esfuma...

X

Não temo tal mordaz caricatura
Que fazes deste amor que se perdeu.
Amando simplesmente encontro cura,
No braço que entregaste, um sonho meu.

Amada como o fogo nos consome,
Assim como a tristeza nos devora.
Matando em nosso amor, a minha fome,
Percebo uma alegria sem ter hora.

Desculpas para amar, não necessito,
Amar é minha sina e disto gosto.
Apaixonadamente sigo o rito
Nos braços de quem amo, logo encosto.

E vejo em meu amor, a plenitude;
Amor traz alegria e mais saúde...

X

Quando te vi, sonhava, é quase certo...
Entre os raios do sol iluminada,
Felicidade estava ali por perto
Ao rastro da beleza assim sagrada...

Eu te olhava sentindo teu frescor
Pressentindo que tudo iria ter
A maga companhia dum amor
Nascedouro em tal noite de prazer...

Ah! Tantas ilusões a vida tece
Em nossos corações desavisados.
Depois de tanto tempo amor fenece
E nos faz parecer mais derrotados.

A vida se refaz em novo canto,
Talvez nova emoção, um outro encanto...

X

Quando sentires ventos carinhosos
Batendo nos umbrais de tua casa,
Quando invadir perfumes olorosos,
A noite, lentamente tudo abrasa.

Tu me ouves com ternura e mansidão
Depois da ansiedade que vivemos
Depois de tanta dor no coração,
Os sonhos mais dourados que tivemos...

A noite em nossos braços infinita,
Rodando sem ter medo mais de nada,
Tu és a mais perfeita e mais bonita
Futuro está em ti, ó doce amada...

Nos ventos carinhosos; calmo e terno,
Certeza deste amor que quero eterno...

X

Na dor tão solitária da saudade,
Nos versos que te fiz, minha querida.
O medo de encontrar fatalidade
Que ponha mais em risco nossa vida...

Andando pelas trevas do passado,
Encontro muitos rastros do que fui.
Por vezes desse amor me vi privado,
Castelo que sonhara, cedo rui.

Mas tenho uma esperança em ramaria,
Da árvore mais frondosa do arvoredo.
Passando por floresta mais sombria
Agora, do teu lado, perco o medo...

Amor que me impedira de ter ninhos,
Clareia todas pedras dos caminhos!

X

Perfume que inebria todo o canto,
Que tento transportar da realidade.
Não tenho tantas cores deste encanto,
Faltando tanto brilho e claridade.

No quadro que imagino nosso amor,
Uma aquarela rara em finas cores.
Pintando meu desejo em esplendor
Sabendo
que estarei por onde fores...

Só quero neste aroma, meu futuro,
Matando meu passado no presente.
Quem veio deste céu por mais escuro,
Eterna claridade já pressente.

Pois venha minha amada, a vida chama,
Não fique mais aí, alma reclama...

X

Quando sinto teu corpo perfumado
Deitado no meu colo, tão divina.
Percebo por que estou apaixonado
Pela bela mulher, sempre menina...

E quando te pressinto adormecida,
Depois de tanto amor que a gente fez;
Depois da cavalgada enlouquecida,
Sentindo em teu cabelo, a maciez...

Depois de nossa noite, mil venturas,
Depois de saciados os desejos.
As mãos procuram toques de ternuras,
Os lábios inda querem tantos beijos...

Um olhar tão dolente me inebria,
Iluminando uma vida antes sombria...

X

Não quero uma ilusão sem ter sentido
Nem quero o sofrimento da saudade.
Amor que se pensara dividido,
Noutro amor vai buscando liberdade.

Não posso desmentir o que te sinto
Nem posso mais ousar nova vertente
Delírios de viver amor extinto
Renasce no meu peito novamente.

De tanto que te amei ; a alma queria
Tua alma dentro da alma assim atada.
Amando tanto amor com alegria,
Eu penso quanto quero a minha amada.

Não vejo mais sentido sem te ter.
Preciso deste amor para viver!

VOLTA MINHA AMADA

Bebendo da saudade quase um rio,
Depois de tanto tempo sem te ver.
Viver sem teu amor é desafio,
Mas tento, mesmo assim, sobreviver...

Falar do nosso amor é dolorido,
Mas falo com meus versos mais felizes.
Depois de quase tudo decidido,
Amor sem ter amor; tantos deslizes...

Mas venho te pedir, quero perdão!
Não sei de quê, mas mesmo assim te peço.
Talvez inda me reste uma emoção,
Desculpas sem motivos, te confesso.

Bebi da tal saudade, assim, demais,
De tanto que bebi, não cabe mais...

X

Deus me fez tão feliz por conhecer
A beleza estampada neste astral,
Toda a força do lume sideral
Encontro em fatal brilho de prazer.


No mundo, simplesmente quero ter
De todo esse universo, num aval,
Fortaleza que invade todo o ser
Fazendo meu viver sensacional.

Quero o gosto das fontes maviosas,
Quero essa sutileza que domina;
As noites de prazer, voluptuosas.


Neste brilho dos olhos da menina,
As cores do infinito que Deus pinta
Copia destes olhos toda a tinta...

X

Afeiçoado ao canto que fizeste
Em plena consciência já te digo.
Amor que sempre quis e que me deste,
Aos poucos, nos teus passos, sempre sigo.

Eu vivo sem saber se terei porto
Ou paços que prometes e não dás.
Um sentimento atroz e quase morto,
Aos poucos transtornando toda a paz.

Eu peço que perdoe esse meu canto
Em forma de um alerta necessário.
Deixando pouco a pouco teu encanto
A vida vai mudando seu cenário...

Eu quero teu amor, isso não nego,
Porém, sem emoção, eu não sossego!

X

Cansado de esperar felicidade,
Por vezes me imagino tão sofrido...
Andando sem ter rumo, na cidade,
Caminho muitas vezes percorrido...

Meus olhos imaginam a mulher
Que foi e prometeu não mais voltar.
Espero pela dor que, se vier,
Talvez mate a vontade de cantar.

Mas logo, a tua voz meu grande amigo;
A voz de quem viveu bem mais a vida;
Quem sabe dos caminhos o perigo.

Me diz que é necessária a paciência
Meu velho me demonstra experiência!

X


Onde te encontrarei, querida agora?
Perguntando, procuro em todos bares...
Vou pelas madrugadas, sem ter hora.
Vagueando sem rumo, até altares...

Nas praias, nas areias, parto agora;
Nas ondas que se quebram, todos mares..
Não me importa sequer: chove lá fora,
Não meço nem procuras nem lugares...

Nos jardins, rosas planto, seus espinhos;
Nos olhos, colho pranto, amada some...
Ando pobre, mendigo teus carinhos.
A solidão feroz já me consome...

Quem me dera poder já te encontrar.
Perdido, te persigo no luar!

X

No peito exausto sinto o renascer
Após essa tormenta tão divina
Vibrando em nosso canto vou viver
As águas da cascata cristalina...

Rasguei essa saudade tão vazia,
Deixei essa tristeza moribunda
Beijando tua boca que eu queria
Vivendo essa emoção demais profunda...

Da flor que imaginava em meu jardim,
Do sonho que pedira e não tivera.
O mundo prometido, sei enfim,
Deixando a solidão, pobre quimera...

Eu quero poder ter o teu carinho,
Invisto em nosso amor, em nosso ninho!

X

Amo esta noite intensa e sussurrante
Tremendo em nossa cama sem parar.
Navego por teu corpo, caminhante
Em busca dos prazeres de te amar.

Na areia onde esse mar se arrebenta,
Em ondas nosso caso desenrola.
Paixão tão insensata e violenta
Meu pensamento, alado, já decola...

E sinto essa presença, que é perene,
Da boca que bendiz e que me xinga.
Não sinto tanta dor que me envenene
Ao vê-la seminua amor se vinga...

E volto qual um cão abandonado,
Lambendo tuas mãos, apaixonado!

X

Esse mar se elevando em véu de escumas,
Trazendo a sensação de majestade.
O vento transformando tantas dunas
Reflete em quente areia a claridade...

Nas glórias de saber que te encontrei
Depois desta imprecisa caminhada,
Agora que percebo o que sonhei
Reflexos multicores, minha amada...

Na brônzea maravilha desta tez,
Deitada nesta praia, tão molemente;
Pressinto que chegou a minha vez
De ter as alegrias em torrente.

Meu mundo que em tristezas foi sozinho,
Virou sonho, de amor e de carinho...

X

Depois de tantos dias, vou insone;
Buscando a realidade que perdi.
Mergulho na saudade, triste cone,
Em plenos pesadelos, me emergi.

Nos crivos da paixão nunca passei,
Nas garras da esperança não sou nada.
Nos pântanos, minha alma desejei,
Desnuda, plena em sangue decorada...

As flores que quisera não brotaram
Espinhos apontados para mim.
As lâminas do amor que me cortaram
Aos poucos não restou nada no fim.

Por isso minha amiga vou disperso,
Dedico ao teu apoio, esse meu verso...

X

Durante tanto tempo imaginei
Que o mundo terminasse logo ali.
Tão distantes caminhos que deixei,
De tão grande esse mundo, me perdi.

Pessoas que julgava que existiam
Por trás do grande mar ou da montanha.
Decerto meus caminhos não veriam,
Embora uma vontade assaz tamanha.

Percebo como é bom poder te ter
Amiga que talvez eu nunca veja.
Minha alma emocionada sabe haver
A beleza de outra alma que deseja.

Existimos, portanto isso é real,
Embora, ouça dizer: É virtual!

X

Amores sem amores são terríveis,
São bárbaros destinos, mal secreto.
Os olhos sem amor são impassíveis.
O tempo vai passando tão discreto.

As horas solitárias são bizarras,
O sol vai escondido, tão nublado.
Quimeras demonstrando fortes garras,
O tempo de viver, acorrentado...

Eu sinto dilaceram-se meus sonhos,
Depredam meu futuro, velhas chagas.
Quem dera se tivessem mais risonhos,
Os mares que se encrespam, fortes vagas...

Amiga, pois eu sinto a mão mais forte,
Apoio com o qual encaro a morte!

X

Amiga como é bom poder sentir
O vento do prazer que sempre traz
De tanto que passei venho pedir
Um pouco de esperança e mansa paz.

Nas guerras mais bizarras tão estúpidas,
Nas bocas mais carnudas do desejo.
As horas que vivi; decerto cúpidas,
Sentindo a precisão do falso beijo.

Se tanto me negaram um afeto
Senti como tais dores são incríveis.
Jogado neste canto qual inseto
Em meio a tantos risos impassíveis...

Não fora essa amizade que cultivo,
Cativo sempre fui: não sobrevivo!

X

Amor se repartindo em muitas cores,
Diversas esperanças já consome...
Em tal jardim morrendo tantas flores,
Sem vida, pouco a pouco, tudo some...

Se amor se entrega sempre à uma Fortuna,
Por vezes me enaltece, mas já morre.
Por forças e desejos que reúna,
Aos poucos tanto amor não me socorre.

Vencendo esses meus medos de encontrar,
Depois de muitos anos, teu amor.
Sabendo que morrer sem saber mar,
Vivendo o que mais quero, com ardor...

Amor que em si jamais se vangloria,
Aos poucos se tornando fantasia...

X

Tua imagem raiada já cintila,
De teus olhos a vida resplandece
Deitada em maciez tanto tranqüila
As mãos unidas trazem nova prece.

Cantando o nosso amor, cedo propaga,
Em versos tão serenos de brandura.
A vida em tais prazeres já se alaga
Tornando essa turva água em água pura.

Em todas as canções louvando flores
Que espalhas nos jardins com teu carinho
Recebo com afeto tais olores
Sabendo que jamais serei sozinho.

Assim na sutileza deste olhar,
Aprendo novamente o que é amar!

X

Que sejam mais carnais nossos desejos
Trazendo um palpitar nesses anseios,
Sem medo, sem temor sem tantos pejos.
As mãos vão deslizando nos teus seios...

Que sejam nossos sonhos loucos rumos,
Em busca das visões alucinadas.
De todos os prazeres tantos sumos,
Nas somas das manhãs anunciadas.

Nas horas mais orgásticas e fecundas
Sonhos, palpitações, tremer de pés.
As bocas se procuram mais profundas,
Tocando nossas vidas de viés...

Eu quero te saber completa em ânsias,
Sentir de teu carinho, essas fragrâncias.

X

As minhas mãos unidas com as tuas,
Às volúpias do amor nos entregamos.
À noite nossas bocas, loucas cruas,
Nestes desejos todos mergulhamos.

Nas selvas que buscamos nosso arrimo,
Nas pernas que sentimos tão coladas.
O teu amor intenso tenso, estimo,
As trocas e carícias esperadas.

Meus olhos nos teus olhos não se cansam,
No fogo desse amor, uma centelha.
As bocas sequiosas já se avançam.
Minha alma de tua alma, tão parelha...

Nos céus que te proponho sem receios,
A doce sensação, teus belos seios...

X

Revejo tais mistérios, toda a fúria,
Que trama o fervilhar deste desejo.
Na cama se contorce na luxúria
Revolta com as ânsias deste beijo...

A carne se explodindo vai ao céu.
Mergulho meu amor em tantos pomos.
Bebendo desta abelha todo o mel,
Devoro desta fruta vários gomos...

E sinto depois disso, um abandono
Que traz esta delícia tantos sucos...
Dormito inebriado, fundo sono,
Os medos se esgotaram, vãos, caducos...

Cansado, desmaiando; mas lascivo,
Refaço-me no amor e sobrevivo...

X

As pétalas das flores que senti
Nos mágicos perfumes no jardim.
Aos poucos revirando o que vivi,
Não sinto quase nada. Estou no fim...

Cansado de dizer em vão teu nome,
Nas ruas, nos desertos e nas praças...
Aos poucos cada vez que a noite some,
Tu sabes do que falo, mas disfarças.

Eu sinto que não posso mais te ter
Eu sinto que meus versos se perderam.
Quem fora tanta coisa não quer ser,
Meus olhos, os teus olhos, se esqueceram...

Mas resta tão somente uma ilusão.
Quem sabe a noite traga o teu perdão?

X

Em tua delicada formosura
Gerada neste etéreo sentimento.
Rompendo toda a dor duma clausura
Com a força impassível deste vento.

Não sinto mais os dramas da vivência
Nas forças indizíveis que bloqueiam
Causando tantos medos, inclemência,
Nas amplas armadilhas que incendeiam.

Maravilhosamente embriagado
Pelas fontes divinas, dolorosas,
Que trazem os espectros do passado
E forjam novas noites mais saudosas.

Mas sinto que na luz deste luar,
Poderei novamente me encontrar...

X

Beleza que encontrei com tal prazer
Nos olhos da mulher que sempre quis.
Sabendo que depois irei sofrer,
Mas vale, por instantes, ser feliz.

Eu quero a maciez deste teu rosto,
Envolto nos meus lábios sem juízo.
Meu coração aberto, vai exposto,
Querendo te buscar, meu paraíso...

Não posso te pedir que tu me queiras,
Da forma que te adoro, assim, sem fim...
Amor; irei vagando tantas beiras,
Sabendo que acharei dentro de mim.

Eu amo esta mulher que está distante
E tão próxima, viva e delirante!

X

Nesta opulência plena de desejo,
Desfilas pelas praias rigidez.
Te seguem tantos olhos em cortejo,
Vou calado, esperando a minha vez...

Nas delicadas formas me deslumbras
Com toda essa certeza, te pretendo.
Teus olhos vão brilhando nas penumbras
As distâncias, aos poucos, vou vencendo...

No teu frescor de brisa, encantamento,
Na maciez da seda, tua pele...
Não posso te esquecer um só momento.
Em ti vou mergulhar, amor compele.

E sinto o teu perfume inebriante.
Vivendo o pleno amor, sempre constante!

X

Dessas velhas tristezas diluídas
Nas almas que morreram sem perdão.
As sombras siamesas, nossas vidas,
Procuram pelo vale da emoção.

Somos ermos, herméticos e famintos.
Da pedra que nos fez, tantas rudezas.
Desejos qual vulcões morrendo extintos.
Vencendo nossos medos e defesas...

Não quero me insurgir contra este fado,
Nem quero me olvidar destes castigos.
Quem fora tempestade leva um fardo.
Sabendo das escoras e perigos...

Mas sinto que talvez tenha a saída.
Seguir sem temer nada em nossa vida!

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