sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SONETOS 033


Será que essa menina se esqueceu
De tudo que tivemos no passado,
Sabendo que o que resta não sou eu,
Acordo todo dia desolado...

Mas sonho com amor que já tivemos,
Nas noites que sem medo, nos amamos,
Nas horas mais vadias, nos perdemos...
Sem rumo, te pergunto, pr’onde vamos?

Não vejo mais teus olhos, adivinho...
Não sinto tua boca, não me esqueço.
Te quero, não vou mais seguir sozinho,
Amor se não quiser, mudo endereço...

Não posso mais viver só te esperando,
A fila, companheira, vai andando...

X

Por tanto amor que tive em minha vida
Vivendo uma emoção desconhecida.
Recebo teu carinho enfim querida
Com sensação de paz, já esquecida...

E trago, nos meus versos, emoção
De quem viveu, por certo uma ilusão
Que sempre coroou meu coração
Na busca desta incrível sensação...

Eu quero teu amor, de puro encanto,
Trazendo, para a vida, um novo canto.
Vivendo sem ter medo, sem espanto.
Cobrindo essa saudade, belo manto...

Eu quero essa alegria de sonhar,
Na doce fantasia de te amar!

X

Argênteas doçuras, branca neve,
Nestas trevas noturnas, um oásis...
Aos poucos com carinho leve e breve
Mudando sua face em tantas fases.

Dessas névoas, coberta, fino véu...
Vagando solitária num deserto.
Rainha maviosa do meu céu.
Em seus braços futuro vai incerto...

Eu amo suas rendas, seu cetim.
Em brancas, alvas luzes, me inundando.
O bom de todo amor que existe em mim,
Nas horas mais tardias, transmudando.

Beleza que me encanta, toda nua...
Deitada em minha cama, amada lua...

X

Em nossa noite, a lua se apaixona
E trama no luar, seu forte brilho.
Trazendo nosso amor, enfim, à tona,
Nos rastros deste lume, maravilho.

Me esperanço de ter um novo dia,
Escapando por fim, deste marasmo.
Ao sentir essa doce melodia,
Mirando teu olhar, fico mais pasmo...

Eu quero nos meus versos, veros mares,
Furtivos, meus desejos são insanos.
Colhendo, nestes céus, os teus olhares,
Vencendo toda forma de abandonos...

Reflexos irisados sobre os rios;
Em meio a tantas luzes, olhos, fios...

X

Danças, saltos, mergulhos sem parar,
Nossos sonhos envoltos em prazer.
Prazer que nos invade sem parar,
Dançando sem vontade de descer...

Mergulhos, tantos saltos sobre a chama,
Vida que se incendeia e nos fustiga,
Aplaca nossos sonhos, não reclama,
Na cama que rolamos, trama amiga...

Nossa alma é uma nave sem destino,
Vagando pelo espaço sem paragem.
Se temos ou não somos, nem atino,
Apenas te convido pr’a viagem...

Que tramo nestes saltos e nas danças,
Rumando para amor, Roma, esperança...

X

Qual anjo que fustiga tantos sóis,
Imenso e delicado, nosso amor.
Da forma que tu queres já destróis,
A um só tempo frágil; salvador.

Desprende tantos nós que já nos atam,
Em várias magnitudes, minha estrela.
Não sabe dos temores que se abatam
Desfilas teus pendores, és tão bela.

Eu te quero do jeito que tu fores,
Em plena tempestade e no repouso.
Perfumas e me espinhas, como flores,
Tu és a decolagem e meu pouso.

Amada como é bom te ter aqui,
Ao mesmo tempo, penso: te perdi!

X

Minha vida transcorre como um rio
Que caminha em silêncio para o mar.
Perdendo da meada, rota e fio,
Esqueço tantas vezes de sonhar...

Tolices, nada mais... Mediocridade...
Falar dos meus amores, sentimentos...
Caprichos sem sentido, iniqüidade,
Palavras carregadas pelos ventos...

Falar do que passei nesta procura,
Sem ao menos dizer quanto te espero...
Amar não é bradar nem ter bravura.
Também é perceber um bom tempero.

Eu peço, por favor, meus olhos; laves.
Já que do coração, achaste as chaves...

X

Deitado no colchão, macias plumas
Espumas e sensíveis sedas, rendas...
Meus versos em delírios tudo esfumas
Nos risos e nos gozos, oferendas...

De tantos espetáculos vestígios
Deixados nesta cama sem cuidado...
Amores que se foram já prodígios
Aos poucos vai ficando mais calado.

Mas sinto teu amor, sempre singelo
Em torno dos meus sonhos, seus contornos.
Refletem nosso caso, vivo e belo,
Mas órfão, precisando mais adornos...

E sinto que também pensas assim,
Queremos novas danças, mais festim...

X

Minha amiga, por mais que não pareça,
Saiba querida: adoro o teu cantar.
Vida traz tantas dores... Mas esqueça;
O caminho do rio é sempre o mar.

Assim como, em meus versos, eu te peço
O carinho que sei que podes dar,
Tantas vezes, pedindo, te aborreço,
Mas sei que em ti, eu posso confiar...

Nas escadas diversas, mil degraus,
Nas horas mais difíceis, teu abraço.
É luz que me ilumina em pleno caos,
É força que me impele, sem cansaço...

Teu canto é meu sustento de alegria.
Nele, toda esperança em harmonia...

X

Não quero essa saudade, nem tristeza;
Não quero que tu vás. Ó meu amor.
Em minha alma um amor em correnteza
Espelha
, como um lago; bela flor...

Tu levas as sementes no teu peito
De esperanças; poder, enfim, amar.
Qual rio que extravasa do seu leito,
Meu peito não se cansa de vazar

Em versos, em desejos e delírios;
Na lua de beleza estonteante,
Pureza destes alvos, belos lírios
Ternura que se encontra num instante..

Não deixe que esta flor se morra, triste...
Paixão que sempre rega, em mim, existe...

X

Eu não tenho medo: sei que noite vem...
Amar não tem segredo, sinto que virás.
Tramar um novo enredo, te quero, meu bem...
Nunca é tarde ou cedo, te quero demais...

Amor que quero tanto. Saiba que te adoro,
Não temo mais pranto, vivendo esse amor.
Em teu manso encanto, cores que decoro,
Versos que te canto, perfumes de flor...

Ondas de ternura recebo em teu braço.
Tanto amor me cura da dor que trazia
Sentindo a brandura, nosso firme laço;
Lume em noite escura, vem no novo dia...

Tanto amor eu sinto que jamais acabe
Nas cores que pinto, tanto amor se sabe!

X

Se tanto amor dedico a quem me quer,
Distingo no horizonte, a branca lua
Vestida neste brilho de mulher
Que sempre resplandece, bela e nua...

Vencido pelo gozo das manhãs
Que, em manhas, sempre assanhas e me dás;
Do gosto e do frescor dos hortelãs,
Cascatas tão orgásticas, me traz...

Eu quero ser completo e convergente
Nos cantos mais recônditos, na busca...
Sabendo que este amor tão envolvente
Não deixa que esta noite seja brusca.

Te quero lambuzar; ternura e mel,
E navegar teu corpo, prazer, céu...

X

Eu sempre hei de adorar doce melado
Que é feito da garapa que adocica...
Deste aguardente todo me embriago
E bebo nosso amor, profuso em bica...

Suores nos salgando, no calor
Desta batalha imensa que não finda.
Vivendo a plenitude deste amor
Na tarde apaixonante de tão linda...

Lambuzo deste mel, meu paraíso;
Da abelha desejada, seu zangão,
Tu pensas que prazer; economizo?
Tu sabes meu amor; resposta: não!

Na louca fantasia que vicia
Te bebo e me embriago de alegria!

X

Não deixe que este sonho, devagar;
Se escorra cruelmente pelos dedos...
É sempre tão difícil se encontrar
Amor que não se poupa nem dos medos...

Não deixe que este caso traga ocaso
A todas esperanças que nós temos.
Se; louco, nos teus braços eu me abraso,
Eu quero, sem temor, que nos amemos...

Se tenho tal vontade de te ter,
Se tenho essa esperança renovada;
Te peço, meu amor, vamos viver,
Seguirmos toda a noite, a mesma estrada

Em rumo à claridade, fogo e chama,
Que sempre encontraremos nessa cama...

X

Eu quero me encontrar perdido em ti
Eu
quero me perder em teus carinhos.
Na doce sensação que em ti senti
De bocas, línguas, dentes, sanhas, ninhos...

Eu quero me encontrar dentro de ti
Pensando em ti, vivendo inteiro em ti.
No mergulho mais louco que vivi,
Do raio da manhã que te pedi.

Na orquestra divina, tresloucada,
Sentindo o coração bater sem nexo.
Sentindo esse poder da alucinada
Divisão de prazer sem ser complexo...

Fantasia liberta sem conceitos
Vivendo em nosso amor, sem preconceitos...

X

Amor que nos ligou, solar destino.
Vestindo esta beleza, ser feliz.
Atino que, se um dia, fui menino,
Menino que sonhava cores gris.

Ao ver este solar resplandecente
Qual fora um helianto te buscou.
E vive neste amor mais envolvente
O rastro destes raios que sonhou...

E vaga mal começa uma alvorada,
E sonha com carícias e ternura.
Sabendo que virá a madrugada,
Eterna sensação que seja pura.

Que tenha a eternidade do momento
Mas saiba dar a voz ao sentimento!

X

Onde estava o amor? Por quanto tempo...
Procurava nas noites mais sombrias,
Passando por gigantes contratempos
Sabendo destas noites, vagas, frias...

Estendo-te meus braços, não percebo
Teus olhos escondidos nestes breus...
Nos flocos de esperança não concebo
Saudades doloridas, tanto adeus...

Banhado nesta argêntea, clara lua,
Amor se transformou em pesadelo.
Mas sinto que tu vens, bela e nua.
Amor, como é difícil percebê-lo!

E deito no teu colo, minha amada,
Sabendo que virás na madrugada...

X

Não quero a sensação de ser teu dono
Nem posso definhar de tanto amor.
Não vivo essa emoção, esse abandono,
Transbordo em tentação, louco fervor...

Em cada novo dia, renascer,
Em cada novo canto, me encantar.
Vivendo em plenitude de prazer,
Sorvendo cada gota deste amar...

Sentindo teu perfume, tantas flores,
Desejos maviosos, sensuais,
Sem ter sequer as travas dos pudores
Em noites de prazer, sensacionais...

Nos teus beijos, loucuras de ilusão,
Rebentam na explosão d’uma paixão...

X

Bendito seja o sonho que tivemos
Em meio a tantas luas e promessas
De tanto amor que, loucos, já fizemos,
Desejos vêm aos montes, em remessas...

Benditos os teus olhos radiosos,
Solares e repletos de desejos.
Teus lábios carmesins, deliciosos,
Carnudos tão propícios aos meus beijos...

Roçando tua pele em minha pele
Rolando teu prazer com meu prazer,
Aos versos mais sublimes já compele
Vontade tão teimosa de te ter.

E quero-te entranhada sem ter nexo
De cheiros emanados, amor, sexo...

X

Folheando teu livro da existência
Encontro tantas páginas em branco.
Bem sei que não é simples coincidência
Tais páginas; do meu, também arranco...

São folhas de saudade e de tristeza,
Jogadas desde há muito na lixeira.
Amor que nos redime, fortaleza,
Paixão que nos devora, verdadeira...

Eu quero cada toque dos teus lábios
Eu quero a profusão de uma loucura,
Carinhos mais audazes e tão sábios,
Ternura recheada de torturas...

Tua boca beijar, tão flamejante,
Vivendo nosso amor, irradiante...

X

Liberta em mansidão, uma amizade
Composta de desejos mais felizes.
Sabendo que viver em liberdade
Precisa
ter eternos aprendizes...

No dom de ser amigo; uma esperança,
Forrada por carinho e por respeito.
Nos elos tão cerrados da aliança,
Os versos que te faço, satisfeito...

Amigo pressupõe uma coragem
De sempre ser fiel e verdadeiro,
Seguirmos, braços dados, a viagem
Que me colocará desnudo, inteiro...

Nas curvas desgraçadas do caminho,
Eu sou teu vero amigo, com carinho...

X

Da primavera em flores, o meu peito
Vivendo vicejante, transtornado.
Lutando pelo amor, que é seu direito,
Querendo ser de amor também amado...

Estendo os braços meus e te procuro,
Em meio a tais jardins do bem querer.
De luas estrelares, brilho puro,
Que faz o nosso céu resplandecer.

Eu sigo te pedindo essa ventura
De ter o teu carinho, minha amada.
Amor tão forte, intenso, se perdura,
Após o doce beijo da alvorada...

Da primavera, quero a primazia,
De te inundar de flores, de alegria...

X

Brincando no quintal de nossa infância,
Sabendo dos canteiros e jardins.
A vida foi moldada em discrepância,
Vingando em tantos sóis, astros afins...

Mas temos nossos lumes, fantasias.
Mas tenho teus perfumes, mansa rosa.
Mas temo tantas vezes, alegrias,
Ao termos melodia glamourosa...

Na tarde eclipsaremos nosso amor
De raios misturados e potentes,
Vivendo sem temer espinho e flor,
Sabemos que nos temos envolventes...

Aos céus nós subiremos no prazer,
Dos braços enlaçados do querer!

X

Quando falo contigo, minha amada,
Parece que este lume me consome.
Viver é quase sempre uma cilada,
Amor por tantas vezes, simples nome...

Eu ouso muitas vezes murmurar
Falando desta febre que me queima.
Te busco neste raio de luar
Tentando te encontrar, coração teima...

E sinto no meu peito delirante
A febre de te amar que me alucina.
Eu quero um grande amor belo e constante.
Que trague teu sorriso de menina....

Não trague meu amor tanto martírio.
Só quero em nossa vida esse delírio!

X

Formosos olhos buscam outros olhos
Que em sonhos se permitem espelhar,
Impedem que tragamos nos antolhos
Limites que me impeçam de te olhar...

Te vendo, nunca esqueço de dizer
Que o brilho destes olhos me domina.
Olhando o teu caminho posso ver
A luz que me irradia e me ilumina...

Nas cores que este céu já me irradia,
O véu das cachoeiras se rebrilha,
Descendo em cristalina sintonia,
Aos olhos representam maravilha...

Assim como teus olhos, meu amor,
Beleza irradiante, refletor...

X

Buscando nos cristais a claridade
Que possa traduzir meu claro amor.
Não soube deste dom nem qualidade
Capaz de superar tanto esplendor.

Cristais se derreteram num segundo,
Sem luminosidades definidas.
Amor, em tanto brilho, mais profundo,
Supera as tristes pedras, derretidas...

Em outras pedras, tantas; procurei,
Mas nada de encontrar uma rival
Ao fogo deste amor, que é lema e lei,
Nem mesmo na dureza do cristal...

Apenas uma pedra é tão brilhante,
Quanto amor que te tenho, o diamante!

X

Por quantas vezes sigo meus instintos,
Acertos, erros, faço em profusão.
Os sentimentos tortos ‘stão extintos,
Às vezes não encontro solução...

Quero sentir teu cheiro em meu olfato,
Quero sentir teu gosto, paladar,
Quero sentir teu toque, todo o tato
Quero sentir prazer só por te amar...

Quero te ver passando ensolarada,
Quero te ouvir cantar teu doce canto.
Quero te ter comigo, minha amada,
Sabendo que em teus dias, meu encanto...

Por quantas vezes sigo meus sentidos,
Buscando em nosso amor, tempos perdidos...

X

Num sonho mais sagrado, em manso amor,
Amada tão distante nunca vinha.
Vencendo esta distância sem temor,
Trazendo uma esperança toda minha.

Do mimo que este amor já me inundou,
Estimo nossas noites maviosas,
E todo meu jardim se perfumou
Das várias, diferentes, tantas rosas...

Amor se não der jeito não se forma,
Amor sem ter direitos não vigora.
De tudo quanto amor, amor informa,
Te quero meu amor, mas venha agora...

Nos planos mais diversos que possuo,
Amor que nos faz uno, sendo duo...

X

Amor, bem sabes tudo o que receio,
Mas tantas emoções, amor apura.
Deitado em languidez sobre teu seio,
Encontro, para o amor, uma armadura...

Proteges, com carinho e com ventura,
Das lutas que mais temo e mais anseio.
Amor é desvendar numa aventura
Mistérios que me enlevam, em que creio...

Ao poderoso dono do destino,
Que sabe conquistar e me domina.
Futuro tão incerto descortino
Nos braços de quem amo e me alucina...

Não vejo desafios mais constantes
Que aqueles que nos tornam em amantes...

X

Jazendo neste canto, sem juízo,
Amor que me entranhara, enfim, suspira.
Acende tanta luz do paraíso
E queima eternidade numa pira...

Dos reinos encantados que viera,
Amor se enamorou de quem pensava
Que amor fosse distinto por ser fera,
Porém amor a todos dominava.

Eu, vítima das garras do carrasco,
Sem medo, rebelei-me, num segundo.
Invade meu navio, rompe o casco,
Em meio a seus desígnos, eu me afundo...

E submergido morro prazeroso,
Entregue a tais delícias deste gozo...

X

Arvoras a ser deus querido amigo,
Não sabes da potência deste canto.
Não vives puramente por perigo
Não tramas da esperança seu encanto...

Não sabes entender esta explosão
De cores e de formas mais sutis,
Que chamam simplesmente de paixão,
Que mata e que me faz triste e feliz...

Emprestas tal desejo ao nada sabes
Não cabes nem no gosto e nem no gozo.
Amigo, eu já te peço, não acabes,
Nas ruas como fosse um andrajoso...

Amor, se tu resistes; nada sobra,
Da forma que te dá, também te cobra...

X

Em desencanto pleno e sem mortalhas
Vestido de ilusão por ti, querida.
As horas se jorrando; qual navalhas,
Formavam a grinalda dolorida...

Os céus resplandecendo parcas tramas
Em tantas tramas loucas me dizia
Das farpas e dar marcas das escamas
De serpentes marinhas que trazia...

Sem nexo ou talvez sem ser possível,
Amor me derrocava sem ter penas.
Sobrara tão somente a dor incrível,
Entranha em minha pele, morro, apenas...

Mas eis que superar calamidade
Somente necessita da amizade!

X

Quem pensa que o amor é tirania
Se perde sem amor por toda a vida.
Amor não se traduz em vilania,
Em luz se reproduz e dá guarida...

Eu sinto nosso acaso como um caso
Que foi abençoado por um deus.
Não temo nem tremores nem ocaso,
Meus olhos não permitem teu adeus...

Por mais que sempre fomos inconstantes,
Diante deste amor somos concretos.
Sabemos que invejaram; delirantes,
Por isso estamos sendo mais discretos.

Mas veja que assim mesmo vamos fundo,
No grito deste amor, maior do mundo!

X

Amor que se sustenta das entranhas
Daquele a quem devora, sem perdão.
Por mais que minhas dores são tamanhas
Juízo, nunca toma um coração!

Ditoso de quem ama, não discuto,
Embora tanto amor me cause dor,
Nos versos que te faço, tanto luto
Por certo meu caminho é sem temor..

Assim que me encantava, amor chegou,
E veio com macias esperanças.
De tanto que este amor me maltratou,
Vivendo tão profundo nas lembranças...

Agora que te tenho, minha amada,
Lutar contra esse amor, não deu em nada...

X

Amor que me impediu temer a morte
De sorte que não posso mais temer
Nem urzes e nem cruzes, forma forte
O canto que te possa remeter...

E mostro neste canto tal potência
Que mesmo nas desgraças me contém.
Amor vai me ensinando a ter clemência
Com quem passa essa vida sem ninguém.

Coroa um sentimento sem saudade,
Sem dores e sem males, sem tormentas,
Amor que me ensinou a liberdade
Nas asas em que voa, me fomentas...

Minha alma na tua alma, amor nos una,
Formando um forte laço, uma fortuna...

X

Campos mineiros, belos arvoredos,
Luas mineiras, cheiro de café...
Nos sóis mineiros, tantos os enredos.
Nos domingos mineiros, tanta fé...

Silvestres morros, límpida esperança.
Da dança que se entranha neste povo.
Da liberdade, um sonho que se avança,
De ver, desta janela, amor mais novo...

Nos braços encantados da morena,
Que o sol enamorado já bronzeia.
A noite enluarada sempre acena
Com doce tentação de lua cheia.

Tão bela que parece ser um queijo
Desnuda se entregando ao solar beijo...

X

Amor, meu contraponto da existência
Meu verso predileto e mais loquaz.
Amar não é somente coincidência
É mais do que provar-se ser capaz...

A força que se emana deste fogo
Não deixa mais um resto sem abalo.
Amar não é somente um louco jogo
É sonho que me invade, onde me calo...

Amor sem ter juízo já me perde,
Insano me desfaço sem razão;
Aos poucos sanidade vai e cede
Espaço pros delírios da paixão...

É tanto que não posso mais falar
Somente se conhece amando amar...

X

Amor; mesmo esperanças já perdidas
Prometem novos cantos se quiseres.
As horas que vivemos destruídas
Renovam-se nos sonhos que puderes.

Eu sinto que não vale mais a pena
Sentir essa tristeza que se apressa.
Mudemos de sentido a velha cena
Teremos novo amor, assim depressa.

Disperso o sentimento como pólen
Esparso pelo vento, sem destino.
Talvez se algumas flores o recolhem
O dia nascerá tão cristalino...

Não temo a primavera nem outono,
Não quero combinar com abandono!

X

Tanta tristeza guardas no teu peito
Imerso em velhas cruzes do passado..
São cruzes que se acham no direito
Trazerem duro mal, já redobrado...

Na certa uma miragem te enganou
Te dando a sensação de liberdade.
Vestígio deste sonho terminou
Volvendo com tristezas e saudade...

Não fora bom saber das cicatrizes
Que talham em profundas tatuagens.
Mil vezes encontrarmos aprendizes
Que mestres nos encantos, nas viagens.

Mas saiba, companheira de caminho.
Teu mundo, nunca mais vai ser sozinho...

X

Subindo pelas serras, cordilheiras,
No sonho libertário de Simon,
Eu quero fantasias verdadeiras
Ouvindo destas serras, eco e som...

Eu quero a liberdade do condor
Voando pelos céus americanos,
Achando nas montanhas este amor
Liberte-me dos frios, abandonos...

Por terras que percorras, por montanhas,
Por mais distantes mundos que desandes
Não sabes destas dores mais tamanhas,
Encontro meu amor em magos Andes,

Na força e serventia destas lhamas,
Amor que tanto queima quanto chamas...

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