sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SONETOS 035

Amigo, não permita que a distância
Destroce um sentimento tão feliz...
Espero que tu tenhas tolerância
E saiba que amizade sempre quis.

Nos trôpegos caminhos pela vida,
Por vezes estaremos mais sozinhos.
Assim uma presença tão querida
Liberta das tristezas, os caminhos...

A vida vem em ondas e maltrata,
Espero teu amparo tão sincero.
Uma amizade nunca se desata,
Num sentimento triste, duro, fero...

Eu quero encantamento que me traz,
Nosso companheirismo, sempre em paz...

XXX

Recebo de teus braços, fogo ardente
Que teima em me queimar sem piedade.
Declino-me em teu colo, vou contente,
Sabendo que encontrei felicidade...

Não quero mais engodos nem enganos,
Meus medos esquecidos no passado.
A vida permitiu ter novos planos,
Agora eu quero estar sempre ao teu lado.

Não faço mais discursos sem ter nexo.
Meus versos d’ora em diante têm sentido.
Deitando no teu corpo, nosso sexo,
Agora meu prazer jamais contido...

De amores hedonistas, não me farto,
Nenhum novo desejo, em nós, descarto...

XXX

Ilustre teu caminho, minha bela.
Eu sei que irei te amar a vida inteira.
Amor assim demais, amor revela,
Amar passou a ser nossa bandeira...

Desprezo tais ciúmes de quem pensa
Que amor é como guerra e quer batalha.
Amor não preconiza recompensa,
Também não nos permite qualquer falha.

Revolta-me saber que bem distante
Dos olhos de quem ama, a solidão,
Vagueia procurando a cada instante,
Um jeito de matar essa emoção...

E quero ter teu corpo sempre assim,
Vibrando meu desejo sem ter fim...

XXX

Meu coração buscando uma resposta
Em vagos turbilhões quase se afoga.
A mesa dos amores já foi posta
Meu peito enamorado, tanto roga.

Eu quero uma ilusão para viver,
Não cabe mais o medo da derrota.
Amor é seduzir, e poder ter,
Da vida, uma alegria além da cota...

Eu, vendo teu sorriso mais tranqüilo,
Não deixo de sonhar felicidade.
Amando teu perfume e teu estilo,
Não deixo-me levar pela saudade.

Meu coração buscando manso cais,
Percebe como é bom te amar demais...

XXX

Bêbado da garapa desta boca
Que tanto lambuzei com beijos meus.
Vontade de gritar, a voz mais rouca,
Meus olhos nos teus olhos, mais ateus..

Enquadro o belo rosto nos meus olhos,
E vejo em tal beleza um espetáculo.
São flores, primaveras, tantos molhos,
Predisse ser feliz, um bom oráculo.

Se já tive improfícuas agonias
Agora me sustento em teu amor.
Nascemos de perfeitas harmonias,
Em cada novo verso que compor.

Beijando tua boca mansamente,
Ensolarando a vida, de repente...

XXX

Os olhos mais formosos que já vi
Pertencem a você, minha querida.
Se dentro dos seus olhos me perdi,
Neles encontrei a minha vida...

Eu sinto que jamais a perderei,
Enxergo com seus olhos, minha amada.
No mundo tão bonito que sonhei,
Sem seus carinhos, juro, não sou nada...

Eu quero vasculhar o meu desejo
Nas ruas, nas estradas, nos espaços.
Olhando, por seus olhos azulejo
O mundo tão perfeito dos seus passos...

Levando meu olhar junto co’o seu.
Vou cego, nada além é negro breu...

XXX

Do néctar deste amor que sorvo inteiro,
Deitando em tua cama, meu prazer.
Eu quero usufruir do verdadeiro
Maná que irá dar forças p’ra viver...

Beber cada gotícula dispersa,
Lamber cada centímetro que trazes.
Não ocupar a boca com conversas,
Mudando de cenários, camas, fases...

Eu quero emudecer enamorado,
Não ver o tempo nunca, nem pensar...
Saber que te encontrei; e, sem pecado,
Nos teus vales profundos, mergulhar..

Tornando ilimitados, nossos versos,
E navegar, contigo, os universos...

XXX

O sol que me transtorna e me enlouquece
Bronzeia, com seus raios, a minha alma...
Ao deus de Nefertite rogo em prece,
Que traga tanto amor que, sei, me acalma...

Eu quero desvendar cada segredo
Que escondes nos seus raios fulgurantes.
Mereço, por acaso, desde cedo,
Deitar-me nos teus braços deslumbrantes...

Mergulhas sobre a terra matizando
As flores, os regatos, as cascatas.
Aos poucos, cada vez mais vou te amando,
A mando dos meus sonhos que arrebatas...

Semeias tantos lumes, emoções...
Vibrando sem temer, os corações...

XXX

No mar tempestuoso da emoção
Eu busco em meu amor, uma paragem.
Por tanta vez imerso na ilusão
De ter a companhia pra viagem...

Vou esmo sem sentido e sem destino.
Mas tenho uma esperança cobiçosa.
De um dia, terminar o desatino
E ter em nova vida, tua rosa.

Envolta nesta capa de prazer
Loucuras maviosas, sensações,
Eu quero mergulhar em teu viver
E devorar extensas amplidões...

Quem sabe um novo canto mais sutil,
Do gozo mais sublime e mais gentil.

XXX

Sem dúvidas não vale mais a pena.
O vale onde moravas se inundou.
Não há quem não se cale, mude a cena;
Caminhos encontravas, terminou...

Quem sabe na montanha sem temores,
O rumo que procuras, teu carinho,
Saudade, assim tamanha dos amores,
Também promete curas, santo vinho...

Eu vivo de esperar tua presença
Nas horas mais felizes, tal promessa.
Amor é gigantesca recompensa,
De quem amou demais e te confessa.

Agora quero o gozo de viver,
Sem dúvidas, morrendo de prazer...

XXX

Me pego perguntando aonde vais
Bem sei que não possuo esse direito.
De tanto que tentei um novo cais,
Inquieto, em tempestade, insatisfeito...

As noites que escapava, na surdina,
Tramando uma esperança que não vinha...
Rompendo a madrugada, dura sina.
A sorte se mostrava má vizinha.

Marcado pelo medo da saudade,
Em volta com a dura solidão.
O medo de perder a liberdade,
Envolto na penumbra da paixão...

Só resta no meu peito esta certeza,
Saber que tanto amei a ti, princesa...

XXX

Se falsos foram passos que já dei,
Em cadafalsos turvos fui trancado.
De tantas discussões participei
Ações sem emoções, o meu recado.

Escapo destas vastas amplitudes
Imensas as escarpas e falésias...
Amores revigoram juventudes,
Melhor? Passar por férias polinésias...

Eu sinto que virás, cedo ou mais tarde,
Aqui terá repouso, amor, guarida...
Amor que nunca faz sequer alarde,
Revigorando os passos desta vida...

E, mesmo que pareça passo falso,
Amor já me livrou do cadafalso...

XXX

Eu quero teu desejo em meu desejo
Em múltiplas sessões de insanidade.
Vencendo cada ponto, te prevejo
Deitando no meu colo, sem vaidade...

A rosa se espinhando é mais gostosa,
Trazendo em tal vigor, um sonho ardente.
Eu quero te saber deliciosa,
Queimando devagar e loucamente.

Teu néctar, o teu mel e teu orvalho,
Eu quero, colibri, matar a sede.
Deitar o teu desejo no assoalho
Depois ir namorar, balançar rede...

Eu quero conhecer jardim inteiro,
E mergulhar sem nexo, teu canteiro...

XXX

Flutua um sentimento em plena bruma,
Vagando pelas noites astro raro.
Nos mares se explodindo em branca espuma
Viver estando aberto ao céu mais claro.

Nesta evaporação dos fumos leves
Nas místicas lembranças doutras vidas.
Amores revividos morrem breves
Encontro minhas dores esquecidas.

Não posso mais pensar nas inclemências
Que portam as quimeras mais cruéis
Amar não é somar coincidências
Nem menos ver a vida de viés...

Eu sinto tanta urgência em te querer
Poder revigorar amor, prazer...

XXX

Na flor que trouxe espinhos, a distância.
Não quero me ferir nem magoar.
Amor não se permite em discrepância
Fazendo
do carinho seu penar...

Eu sinto que te quero a cada dia,
Espero que não queiras mais batalhas.
Vivendo nosso amor em poesia,
Não quero estar no fio da navalha.

Vivendo celebrando o nosso canto,
Que, espanto, nunca foi de maltratar.
Assim talvez encontres tal encanto
Que sempre me impeliu, tanto, a te amar...

Não quero ter ternura que conforte,
Eu quero teu amor, até a morte!

XXX

Para a glória do amor, canto meus versos;
Embora tantas vezes maltratado.
Em todos os caminhos mais adversos
De facas e navalhas, vou talhado.

A cega morbidez que me enlevara
Na neve forte e brusca deste inverno.
Em cântaros jamais sequer chorara,
Fazendo deste mundo um novo inferno.

Tratando sem querer qualquer afago
Vertendo em solidão, um sentimento.
Aos poucos o que resta, cedo apago.
Não deixo de pensar um só momento.

Como é duro saber do que preciso
Se quiser te levar ao paraíso...

XXX

Doces recordações do que passei,
Nos braços de quem fora minha amada.
Se temo meu futuro, hoje bem sei,
Que quase não sobrou, deveras, nada...

Amiga, em ti confio essa missão,
Te peço que me leve essa esperança.
Assim libertarei meu coração,
Distante, meu olhar, não mais alcança...

Os olhos de quem fora minha vida,
Noutros olhares perde seu caminho.
A noite me olvidou, adormecida,
Me sinto, a cada dia, mais sozinho...

Por isso, minha amiga verdadeira,
Afaste do meu rosto esta bandeira...

XXX

As velhas esperanças arquivadas,
Não cabem na memória que carrego.
Saudades também foram deletadas,
Não fale deste amor, depressa eu nego.

Roubamos tantas cenas, sem querer,
Apenas escutamos nossa voz...
Quem tenta emoldurar o próprio ser,
Desaba e nunca atinge mar e foz.

Cortejos embalaram nossos dias,
Um jogo sem derrota e sem vitória.
Desperdiçamos belas melodias,
Jogamos, sem piedade, nossa história.

Mas saiba que este amor mesmo que assim,
Ainda me fascina. Vem p’ra mim!

XXX

Nesta alma tão gentil, por certo em sonho,
Tão cedo se torturam meus desejos...
Vivendo num sutil campo risonho
Despida se invadindo de azulejos.

Esta alma segue etérea pro futuro,
Desvenda cada passo que encontrou.
Procura por amor profano e puro,
Angélica moldura se pintou...

E rastros destas manhas pueris
Espalha pelos campos dos prazeres,
Minha alma se traveste em louca atriz
E invade esses domínios do quereres.

Encontra a tua alma sertaneja
E louca, transtornada, te deseja!

XXX

Eu sei que irei te amar eternamente,
E nada mais pergunto nem afirmo,
O mundo que te quero, totalmente
Imerso em tal verdade, que confirmo...

De tudo me defende, nosso amor,
De todas as besteiras que já fiz.
O sonho do desejo sem pudor
Deitando em nossa cama se prediz.

Não te quero pudica nem esquiva,
Eu quero cada gota de prazer.
A noite que vivemos, sempre viva,
Coberta da vontade de te ter.

Não sabes, mas eu quero a tua sorte,
Ser teu até chegar a nossa morte.

XXX

Um gesto mais ousado te proponho,
Voarmos pelo encanto de um prazer.
Sangrarmos neste espaço nosso sonho,
Singrarmos pelo mar que vamos ter.

Um gosto meio amargo e meio doce
Mistura de esperança com saudade.
Fazendo nosso amor como se fosse
Um grito procurando liberdade...

Eu quero teus desejos saciados,
Eu quero o gesto amigo sem pecado,
Não tenho mais os pés tão machucados
Cortados pelos medos do passado.

As asas que criei são para nós,
Atados na delícia destes nós...

XXX

Não te esqueças de mim, nem um segundo,
Não me esqueço de ti, meu grande amor...
Se vivo uma certeza neste mundo
Viver a fantasia sem temor...

Não te esqueças de mim, não me destruas,
Eu quero ser feliz ao lado teu.
Assim maravilhosa, continuas,
Brilhando onde meu sol já se perdeu...

Não te esqueças de mim se tu me queres,
Eu te quero somente, eternidade...
Para mim a mais bela entre as mulheres
Trazendo uma total felicidade...

Não te esqueças de mim, minha querida.
Em teus braços deixei a minha vida...

XXX

Tu és a bela flor que em meu deserto
Nasceu contrariando as previsões.
Resplendes este céu tão claro, aberto,
Realças teus matizes em amplidões..

Tu
tens tanto perfume que inebria
Trazendo uma delícia maviosa.
Traduzes nosso amor em poesia,
De todas essas flores, minha rosa...

Deserto coração, tal qual já fora
O meu, sempre esperando por um bem...
Vencido por rainha desta flora,
Agora te deseja amada: vem!

A flor que no deserto de minha alma
Nascendo, meu futuro todo acalma..

XXX

Desejo ter um pouco de sossego
Deitado no teu colo, sem ter pressa.
De tanto que esperei pelo aconchego
Eu temo que te canse mais depressa...

Não deixe que eu me perca nos ciúmes
Não deixe que eu me esqueça destas datas.
Escute; paciente, os meus queixumes,
Não deixe que eu me perca em tuas matas...

Sou parvo, tantas vezes sou obtuso,
Mas quero teu amor, como o desejo!
Tu sabes, meu passado foi recluso,
Vivendo em plenitude, enfim, me vejo...

Permita, meu amor, essa alegria,
Que trouxe, em minha vida, a fantasia...

XXX

Recebo teu carinho sem tocaia,
Sem medo, sem vergonha e sem ciúmes.
O vento que levanta a tua saia
Encharca minha vida de perfumes...

E sinto teu carinho novamente,
Semente que plantei e sempre rego.
Não sinto nem veneno nem serpente
Apenas, mansamente, te navego.

Em cada tentação, novo tentáculo,
Em cada sentimento, um outro enredo.
Teu corpo deslumbrante, um espetáculo
Onde eu quero ingressar-me, desde cedo.

Na doce sinfonia deste amor,
Vivendo em harmonia, luz e cor...

XXX

Amiga e companheira, como é duro.
Saber que nada mais nos faz contentes...
O mundo nos criou um torpe muro
Mostrando tantos rumos diferentes...

Mas sei que sempre estás comigo, irmã.
Não temo essas passadas mais ousadas.
Embora nossa ponte pr’o amanhã
Muitas vezes, tem bases abaladas...

Viemos dos temores, inseguros,
Viemos do passado mais cruel
Passando por caminhos mais escuros,
Aos poucos vislumbramos lindo céu...

Por mais que negra a noite, meu amor,
Nossa amizade encara, sem temor...

XXX

Cabelos tão dourados quanto os teus
Roubando deste sol, a claridade.
Não posso permitir, de novo, adeus,
Nem quero mais saber de uma saudade...

Bem sei que o sol te vendo não nunca esquece
Dos raios que roubaste na manhã.
O deus enamorado se enlouquece
Se esconde em tantas nuvens, triste afã...

Bem sei que quando andavas pelas praias,
O vento em teus cabelos, mil carinhos...
Beijava tuas pernas, coxas, saias...
Buscava sem juízo, doces ninhos...

Inveja que causamos á natura,
Fazendo em pleno dia, noite escura...

XXX

Lembranças deste tempo onde não fomos
Senão um precipício de loucuras.
Roubando dos prazeres tantos gomos,
Bebendo em nossos corpos amarguras.

Vadias tempestades em torturas,
Carinhos delicados e ternuras,
As matas embrenhadas, mais escuras,
Delícias mais profanas como impuras...

Champagne derramada nos teus seios,
Nos rumos se perderam os juízos...
Emigro em nossas luas sem receio.
Sinônimos divinos, paraísos.

Não víamos sequer romper o dia,
Na vida tão orgástica, alegria...

XXX

Amiga; não precisas deste nada.
O vão que nunca veio nem virá;
A vida que vivemos foi passada
Agora nova vida viverá.

Vestidos esquecidos nos armários
Jogados, viram colchas de retalhos.
E sabes, nada servem, rasgos vários,
Remendos não esquecem velhos talhos...

Amiga, não precisas do que fora,
Se fora não te serve mais, esqueça.
A vida recomeça sempre agora,
Não há eternidade que padeça...

Deixemos nossos ontens para trás.
Apenas o virão nos satisfaz...

XXX

Em pleno paraíso me encontrei
Ao ver tua nudez por sobre a cama.
Sentindo a maravilha de ser rei,
Voltando a reviver perdida chama.

Tocando levemente cada ponto
Do corpo escultural que estava ali.
Sem senso, me inebrio, fico tonto,
E sinto como é bom tudo o que vi.

Não pude me esquecer deste momento
Guardado nas paredes da memória.
O tempo vai passando como o vento,
Mas tenho essa divina, imensa glória.

Depois de tanto tempo se passando,
Tua nudez persiste iluminando...

XXX

Se sinto os desenganos mais cruéis
De tempos que não mais cultivarei,
Na busca sem limites, seus corcéis
Vagando pelo céu que não terei.

Amiga, se não vejo mais enganos
Eu sinto que não posso mais voar.
Amor estando fora dos meus planos
Talvez não possa mais recuperar...

Revendo nossos sonhos de criança
Eu vejo quão feliz é tua vida.
Percebo que inda tenho uma esperança
De ter a minha história resolvida...

E peço: não me deixe abandonado,
Estive, tantas vezes, do teu lado..

XXX

Revolvo toda a terra e todo o mar
Em busca de quem foi e não voltou.
Às vezes eu me canso de esperar;
Bem sei que tanto tempo já passou...

Amar assim, demais, não vale a pena.
Eu sei que esses meus versos são esparsos.
Saudade, de repente vem e acena
E grito, por seu nome, nos espaços...

Amiga, como é bom saber que existe
Alguém que sempre está junto comigo.
Não deixe que essa vida, sendo triste,
Acabe em tanto mal e desabrigo...

Eu peço, te implorando, minha amiga.
Impeça que esta busca vã prossiga...

XXX

Não deixe que a tristeza te consume.
Assuma uma atitude mais sadia.
Mudando deste jeito de costume
A vida te trará uma alegria...

Não deixe que te vejam abatida,
Sorria, confiante na vitória.
Pois mesmo na derrota em nossa vida
Na luta é que se encontra a tua glória...

Erguendo o teu olhar neste horizonte
Por cima dos espinhos e dos cardos...
Se espelhe na beleza desta fonte
Assim te ficarão mais leves fardos...

Amiga, não demonstres teus receios
A vida dá os fins e mostra os meios.

XXX

Amar é transgredir as várias normas
Impostas pela tal serenidade.
Eu quero ter amor de tantas formas,
Vivendo em absoluta liberdade...

Não posso desprezar tua fiança
Nem posso discutir mais meu futuro.
Amando teu amor, aventurança,
Que faz iluminar meu mundo escuro...

Escuto tua voz solta no vento,
Chamando para a festa mais insana.
Mergulho sem temer ressentimento,
A noite em teus carinhos, já me ufana...

E sinto como é bom ser tão amado,
É como ser por Deus, condecorado!

XXX

Amiga, tu jamais estará só.
Não sinta que o abandono te persegue.
Viemos e voltamos neste pó
Quem luta, muitas vezes já consegue...

Não deixe que a saudade te perturbe
Não veja a solidão que não existe.
Por mais que a tempestade te conturbe
Por mais que tua vida esteja triste...

Amiga, nunca estás assim sozinha,
Por certo sempre alguém contigo vai.
Nós somos nesta vida, uma andorinha
E temos com certeza nosso Pai.

Receba meu sorriso minha amada,
Decerto não estás abandonada!

XXX

Amor que se produz dum outro amor,
É lume que incandesce em luz composta.
Trazendo inda resquícios e temor
Perguntas que te faço sem resposta.

Te quero mas não queres meu querer,
Da forma que queria se pudesse.
Envolta noutros tempos de viver,
O tempo que passou, já não esquece.

Mas quero o teu amor, assim, contudo,
Me inundo de esperanças de que venhas
Eu penso, tantas vezes, que me iludo,
Pois sinto que caminhas outras brenhas.

Mas teimo em insistir que te terei,
Por todo meu viver, esperarei...

XXX

Nos desejos carnais que tanto afetam
As noites que passei mais sozinho.
Metades que se buscam, se completam,
Enchendo de desejo o nosso ninho...

E sonho com a volta dessa amada
Que a noite leva sempre e quedo só.
Na noite tão vazia e constelada
Eu sinto essa saudade dar um nó

Em pleno turbilhão, meus sentimentos
Se dilaceram. Outra noite vem,
Novamente sentir prazer, momentos...
Depois adormecer sem mais ninguém...

Desejos que te buscam nessa cama,
Acendem, iluminam, morrem chama...

XXX

Não sinto os desenganos da partida
Pois sei que bem mais cedo voltarás;
Por isso não te falo em despedida,
Apenas te direi: vem logo mais...

Se traço meu destino com o teu
Se vejo minha vida em novos planos,
Se sei que meu destino se perdeu
Nos braços mais divinos, soberanos...

A glória de saber tua existência
Não deixa-me saber de mais tristezas.
A vida não sugere penitência,
Transformo minhas dúvidas; certezas...

E sonho, finalmente, em livre ter
A força que me ensinas, de viver...

XXX

Eu quero nosso amor, em poesia,
Curando essas feridas que trazemos.
Sangrando em emoções, hemorragia,
Prazeres e loucuras; mostraremos...

Eu quero percorrer cada segundo,
Centímetro a centímetro, nada escapa.
Saber te conhecer bem mais profundo
Abrindo mansamente a tua capa...

Eu quero nosso amor, sofreguidão,
Eu quero nosso sonho, sem limites.
Eu quero um palpitar, pura emoção,
Amada, te suplico, não me evites...

E cure toda dor que a vida trouxe,
E sorva deste amor, um mel mais doce...

XXX

E deste teu amor, com liberdade,
Bem sei que nada disso foi segredo;
Quem sabe te encontrei, felicidade,
A vida não mais cabe tanto medo...

Eu quero desfrutar de ti,querida,
E conhecer teu corpo, sem pecados.
Eu vejo uma esperança dividida
De ser feliz em meio a tantos fardos...

Recebo teus carinhos, como um vento
Que sopra em meus cabelos, mansamente.
Amor que não me sai do pensamento
Amor que me domina totalmente...

Eu quero dedicar meu canto a ti,
O sonho mais bonito que vivi...

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