sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SONETOS 036

Se temos sentimentos aguçados
Vivemos sofrimentos inauditos;
Assim pelo destino, se marcados,
Momentos mais difíceis ou benditos.

Ditoso quem souber que uma amizade
Ajuda a superar todas as urzes.
Percebe que com toda falsidade
Que a vida nos demonstra como cruzes,

Amigo fortalece os nossos pés,
Nas duras travessias que fazemos.
Pois mesmo nestas curvas, de viés
As várias decepções, enfim, vencemos.

Por isso te agradeço, companheira.
Tua amizade intensa e verdadeira...

XXX

Há muito, no começo, um trovador,
Cantava tanto amor quanto amizade.
Nos velhos menestréis, amor e dor,
Com toques bem suaves de saudade...

O tempo se passou, mudando tudo.
Porém nossa emoção assim persiste.
Com forças soberanas não me iludo,
No fundo um coração alegre e triste.

A roupa que vestimos, tecnológica,
O mundo que vivemos, diferente...
Computador, foguetes, tanta lógica;
Porém nossa emoção inda é de gente.

Amiga, com poder, tecnologia;
Amor inda me inunda a poesia...

XXX

A neblina caindo como em flocos,
Cortina em meu olhar que quer saber,
Em meio a tantas cores busca em focos,
Depois de tanto tempo perceber

Os brilhos deste olhar tão festejado,
De quem eu esperei a vida inteira.
Não nego, se eu estou apaixonado,
Amar e ser feliz, minha bandeira...

Mas sinto que não queres meu amor,
Pressinto que este canto foi em vão.
Peço-te, então, somente este favor,
Já basta p’ra valer esta emoção.

Se amar nunca depende da vontade,
Desejo tão somente uma amizade...

XXX

Ao soltares a voz em canto belo,
Encantando quem sempre desejou
Meu amor tão imenso te revelo,
O teu canto macio me encantou...

Eu só quero perder-me nos teus braços
Encontrando afinal, o que sonhara,
Esquecendo meus passos, meus cansaços
Na procura por jóia viva e rara.

Eu te quero espelhando meu jardim,
Eu te quero vencendo meus temores.
Eu te quero escondida dentro em mim,
Renovando o perfume destas flores...

E te quero por certo, uma rainha,
Uma deusa sublime, inteira, minha...

XXX

Eu quero namorar com esses vermes,
Vermelhos e bonitos como o quê;
Parecem descendentes do deus Hermes,
Em minha catacumba, o que se vê!

São doces e macios, quase puros,
Lambuzam desta carne em podridão.
Enxergam muito bem nestes escuros.
Alguns já me devoram coração!

Depois da minha morte, foi a festa.
Abriram meu caixão e se esbaldaram.
Chuparam cada parte e cada fresta
Do que me resta já se enamoraram...

Eu sinto que também eles desejam,
Na boca, com carinho, mil me beijam!

XXX

Eu amo esta vontade de te ter
Em meio a tanta pedra e cardo rude.
Eu amo esta vontade de te amar,
Assim deveras tanto quanto pude


Eu amo esta vontade de encontrar
O meu amor tão pleno de saúde.
Eu amo esta vontade se falar
Do nosso amor, versar tão amiúde.


Eu amo esta vontade de sonhar
Que amor assim tão raro não me ilude.
Eu amo esta vontade de calar


No peito esta saudade, triste açude.
Eu amo esta vontade de contar
Com braço e com carinho que me ajude.

Eu amo essa vontade
Vontade de sonhar
Eu tenho esta vontade
Vontade de te amar!

XXX

Eu quero o teu prazer, manso e feroz...
Abrindo meus caminhos para o céu,
Em meio a mordidelas sou atroz,
Deitada enlanguescente em meu dossel.

Eu quero te tocar, bem devagar,
E passear assim, teu corpo inteiro.
Sabendo em que destinos encerrar
O meu louco delírio sementeiro.

Eu quero te tocar em maciez,
Fazendo-te sorver cada golada.
Depois morrer em plena insensatez
Na curva mais fechada desta estrada...

Eu quero em cada túnel descobrir,
Os rumos que busquei sem te pedir...

XXX

Se quando a noite morre, amor renasce
A força com que falo deste ocaso,
Se cabe em nosso caso tal disfarce
Talvez o nosso amor seja um acaso...

Eu quero ser feliz com quem desejo
Eu quero, em teu desejo, ser feliz.
Distantes dos carinhos; antevejo
Amor que prometemos por um triz...

Se trago uma tristeza, nunca omito,
Eu vejo neste amor, quando se esfuma,
Apenas alegria como um mito
Que finge que nos toca e não perfuma...

Espero, meu amor, te reamar,
Quem sabe em nova noite vem luar?

XXX

Falando destas lágrimas que escorrem
No rosto da mulher que tanto amei.
São gotas orvalhares que socorrem
Aquela a quem, em versos, procurei...

Eu sinto que partiu que ela amara,
Deixando um grande hiato em sua vida.
Por mais que te quisera vida amara,
Não quero desfrutar desta ferida.

Amiga, não me esqueço que outros dias
Tu fostes importante para mim.
Não quero te cobrar as alegrias
Que, um dia, tu levaste; nem assim!

Envolto em tantos traumas, na verdade,
Querida em nós restou uma amizade...

XXX

O canto do crepúsculo te acorda
E traz essa nudez que tanto espero.
Rompendo, desatando nó e corda,
Amor que procurei e sempre quero...

Sentindo assim o vento do querer
Que vem do teu respiro, minha amada.
Não temo me perder em teu prazer
Aos poucos seguirei na nossa estrada

Que sempre recomeça de manhã
À noite em tanta entrega me transtorna.
Quem sempre só tivera vida vã,
De estrelas e de sonhos já se adorna.

É doce o sol que trazes, meu amor;
E dele irei roubando o seu calor!

XXX

Te persigo, meu lume, meu farol,
Cada noite buscando estrela guia.
Me enlouqueço, obedeço, girassol
Inebria meus sonhos, poesia...

A beleza sem par que em ti proclamo,
A ternura infinita deste amor.
Toda noite, cativo, sempre chamo
A magia tão bela em esplendor...

Maravilha de luz em pleno breu
Irradia esperança sobre a terra,
Imantado desejo, louco, o meu,
Que teu passo decora e na alma encerra.

Persigo a profetisa em cada cena,
Assim como quer luz, pobre falena...

XXX

Nossas longas jornadas pela vida
Se misturam em versos e desejos.
Eu bem sonho contigo em mim querida,
Eu te quero domando loucos beijos.

Tristes dias de inverno e de geadas
Nos tomaram por anos infinitos
Esperando o raiar das alvoradas,
Inventando em palavras novos ritos.

Somos partes iguais do mesmo sonho,
Universos diversos congruentes.
Venturoso destino mais risonho,
No final somos idem, mesmos dentes.

E traçamos em gestos cristalinos,
União desses dois vários destinos...

XXX

Quando encontro com nuvens neste céu
Que tantas vezes quis bem mais tranqüilo.
Esperança de abelha nega o mel,
Um destino sem nunca mais cumpri-lo;

Mas as nuvens se torram tempestade
E desabam depressa, num segundo.
Destroçando em maior calamidade
Tão depressa meu mundo em dor, inundo.

Profundo sentimento tão insano
De perda e de tormento; logo alcança.
Depois deste tempo em abandono,
Ressurgindo esperança de bonança.

E te encontro sem nuvens, sem temor,
Invadindo este céu em puro amor...

XXX

Das hastes desta flor, foi arrancado
Botão que prometia ser perfeito.
Espinho numa rosa, revoltado,
Não deixa quase nada, insatisfeito...

Crescendo novamente em vingança
Por
ver botão tão belo e perfumoso,
Destrói este beleza em esperança;
Causando tal estrago, doloroso...

Mas sinto que te posso conquistar,
Não quero nosso amor se fenecendo.
As dores não se cansam de chegar,
Amor merece ser, sobrevivendo...

Na luta pelo amor eu não desisto.
Lutemos, sem temor, sempre por isto...

XXX


Trilhando cada passo desta estrada
Sabendo do final, sem ter nem medo.
Vivendo teu carinho, minha amada,
A mando deste amor que é meu enredo.

Não quero mais as dores terebrantes
Nem quero cicatrizes tatuadas,
Apenas nossas noites excitantes;
Na calma do depois, nas madrugadas...

Eu quero este silêncio da discórdia,
Eu quero uma ilusão que me alimente.
Vivendo mansidão de uma concórdia
Sem medo que a barragem se arrebente.

Eu quero um candelabro de esperança,
No lume que das velas sempre alcança.

XXX

Quem fora simplesmente sem destino,
Buscando noutros cantos seu remanso.
Agora que se encontra qual menino,
Deitado no teu colo, meu descanso...

Perfumes que deixaste no caminho,
São rastros espalhados para mim,
Sedento por delícias de carinho,
Persigo cada passo, até o fim.

Não quero mais invernos, só calor.
Não quero mais o frio, só lareira.
Eu quero desfrutar do teu amor,
Quem sabe, uma aurora derradeira...

Querida, não me deixe nunca mais.
Eu quero em ti morrer de amar demais...

XXX

Se toda a natureza se enamora
Ao ver tua beleza que deslumbra.
Contigo toda a terra se decora,
O próprio encantamento se vislumbra.

Os astros, sussurrantes, se iluminam
Desfraldam um tapete colorido,
Meus olhos nos teus olhos se declinam
Hipnotizado, estou tão envolvido...

Persigo cada passo que tu dás,
Seguindo, escravizado, em teu desejo.
Por onde tu te fores, vou atrás,
Correndo nem percebo um brando arquejo.

Nas alamedas, ruas orvalhadas,
Florestas do querer bem, encantadas...

XXX

Se quando te encontrei, assim tão pura,
Qual fosse uma imagem deslumbrante,
Pudesse te embalar, plena ternura,
O mundo enfim seria radiante...

Partiste, peregrina sorte e fado,
Deixando um coração em mar profundo,
Depois de tanto tempo já passado,
Revejo a minha deusa, num segundo.

Relembro a mocidade que, perdida,
Ficou como uma página apagada.
E penso em renovar a minha vida,
Tocada pelos olhos de uma fada.

E quero teu amor, que é meu futuro,
Agora muito mais, fruto maduro.

XXX

Qual nuvens quando em bando vão errantes
Mudando sempre as cores e os formatos,
Qual sonhos que vivemos mais mutantes
Qual água que transborda nos regatos...

Assim como a floresta dança ao vento,
Assim como esse mar nos traz a onda,
Assim como se forma um pensamento
Assim como uma lua vem redonda.

Assim como a geleira se derrete,
Assim como um verão é mais chuvoso,
Assim como o pecado se comete
Assim como este amor é glorioso.

Nas indas tantas vindas da natura,
Minha alma na tua alma se tortura...

XXX

Na noite tão lasciva, mil desejos
Penetro nos teus mares, meus enganos.
Nas doces cordilheiras, tramo os beijos,
Percorro, tresloucado, montes, planos...

Encontro maravilhas, depressões,
Invado cada grota que encontrar.
Delírio alucinado das paixões,
Espalham tantos rios, morrem mar...

E quero mergulhar neste oceano,
Vazar em tempestades, num vulcão,
Deixando minha marca, em ato insano,
Depois sorver teu mel, inundação...

E quero teu amor, livre e perfeito,
Extravasar qual rio, margem, leito...

XXX

Sei quanto amor me dói mas necessito
De cada vez mais ser um seu cativo.
Amor que tantas vezes é só mito,
Na busca mais perfeita, sobrevivo...

Em versos que se encantam na paixão,
Repouso meu olhar neste horizonte.
E busco encontrar nesta amplidão,
Inspiração divina, minha fonte...

A noite se aproxima e perco o guia
Que serve em minha vida de farol.
Como fazer assim a poesia,
Se sou destes teus olhos girassol?

É como se uma luz linda acendesse
E toda a poesia, eu conhecesse...

XXX

Amigo, há quanto tempo! Que saudades.
A vida nos afasta e aproxima.
Decerto conheci felicidades
Momentos de maior, menor estima.

Distantes os caminhos se cruzaram
Mas foram poucas vezes meu amigo.
Meus braços nos teus braços se ampararam
Mas pude enfim contar sempre contigo.

Casei, joguei, remei contra o destino,
Vencido tantas vezes, não desisto.
Mas guardo o velho sonho de menino,
Bem sabes como é bom saberes disto.

Que temos a certeza da amizade,
Que pode assegurar tranqüilidade.

XXX

Teus lábios que eu beijei em noite mansa,
Debaixo do luar tão envolvente...
Distância que este amor demais alcança
Na vida ser feliz, mais de repente...

Afago tuas mãos, minha querida,
Procuro nos teus olhos, meu olhar.
Não quero e nem pressinto despedida,
Somente tanto amor que quero amar...

Não quero mais sofrer por tanto amor,
Espero nos teus braços, ter meu ninho.
Eu quero te seguir por onde for...
E saiba que cansei de ser sozinho...

Meu violão te pedindo em serenata
A
vida sem te ter, é tão ingrata...

XXX

Amiga, quantas vezes necessito
Do colo mais sereno e mais suave.
A vida se refaz em cada rito,
As asas que pretendo, perdem nave.

Sabendo que voar num sentimento
É queda pressuposta e sem perdão.
Não pude suportar um só momento,
Tão cedo se acabou uma ilusão...

Não fosse pelo apoio que me deste,
Meu rumo não teria mais descanso.
A vida necessita que se ateste
Quanto irá suportar coração manso,

Não fossem tuas redes, morreria.
Nas mágoas deste amar, afogaria...

XXX

Loucura que me enreda totalmente,
Fazendo dos meus versos, foguetório.
Tramando nos seus laços, de repente,
O dom que nos transtorna, que é notório.

Vestindo a fantasia em fanatismo,
Confundem-se alegrias e delírios.
É asa que nos leva para o abismo,
Desejo transtornado de martírios.

Uma verdade falsa nos contenta
Uma mentira exata, satisfaz.
A corda do juízo se arrebenta,
Na busca infernal por louca paz.

É sempre quase nunca o sim e o não.
Prazer tão doloroso da paixão!

XXX

Não quero mais cantar a grande farsa
Que forjas sem querer, e não mergulhas.
De tanto nos amamos, se disfarça
Amor quando termina, nem fagulhas...

Agruras com agulhas pontiagudas,
Penetram em quem sempre quis te ter.
Não quero mais que venhas e me acudas.
As dores que encontrei, eu vou viver...

Mas sinto um novo brilho no caminho,
Um resto de esperança que agoniza.
Amor se necessita de carinho,
Senão de vento forte, morre em brisa.

Mas quero teu cantar que é minha prece,
Meu coração, insano, te obedece...

XXX

Não sou penduricalho nem enfeite
Não sou bijuteria ou bibelô
Te peço meu amor assim aceite
No Rio, lá em Sampa ou em Belô;

Simplesmente é por ter uma esperança
De não ser um satélite sem rumo.
De compor contigo uma aliança
Que trame nosso amor no mesmo prumo.

Nem mais e muito menos, nem demais.
Somente uma igualdade de valores.
Onde as cores se misturem e jamais
Uma rebrilhe mais que as outras cores.

Anseio teus desejos e teus seios.
Equivalentemente , sem receios...

XXX

Não deixe; meu amigo, que esta luta
Em busca da sincera liberdade,
Vencendo, em mansidão, a força bruta,
Se perca, sem ter rumo, na saudade...

Eu sinto que virá um novo dia
Refeito destas dores do passado.
Perfeito, pois intenso em alegria,
Num canto mais liberto, sem pecado...

Depois de certo medo, já prossigo,
Na guerra contra o mal que existe em mim.
Preciso de teu braço, meu amigo,
Pois ele me assegura até o fim.

E iremos, novos tempos, mais sensíveis,
Alcançar tantas bênçãos impossíveis...

XXX

O sol que quando doura se avermelha
Tornando toda a terra iluminada,
Acende novamente uma centelha
Que abrasa e que transtorna a minha amada.

Bronzeia suas pernas e seu rosto,
Dourando essa mulher sensacional.
Beleza neste corpo semi-exposto
Formando uma escultura sem igual...

Do corpo desta deusa, usufruir,
Não quero mais viver, dela, distante,
É tanto o meu desejo de pedir
Que seja minha amiga, minha amante...

E sonho aqui, deitado nesta areia,
Querendo estar consigo, uma sereia...

XXX

Atravessando os ermos do caminho
Na busca sem ter fim pela esperança,
Quantas vezes, sentindo ser sozinho,
Apenas com teu nome na lembrança...

Nos vergéis e nas sendas mais floridas,
Sabia que podia descansar;
De resto, essas tristezas escondidas,
Num momento, queriam aflorar.

O canto que tentara não se ouvia,
Encanto divinal de amor eterno.
Outro verso de amor, amor fingia,
A vida parecendo com inferno.

Achando tão somente dor, quimera.
A rosa me salvou a primavera!

XXX

Não falo deste amor despedaçado,
Ao menos os seus restos existiram.
Não deixo um sentimento tão marcado,
Nem pontas que sobraram me feriram.

Não falo deste caso que vivemos,
Embora triste ocaso também doa.
Durante certo tempo nos sabemos,
Durante certo tempo; vida boa...

Eu penso é nesse amor que não se fez,
Aborto que, espontâneo, em si, morreu.
Lutando contra amor, nenhuma vez
Deixou de se esconder em meu próprio eu;

Pois será que de tanto caminhar
Terei que reaprender o que é amar?

XXX

Atado nos teus laços, sem poder,
Andando acorrentado em teu amor.
Não quero desfazer deste prazer,
Eu quero te seguir por onde for.

Não vejo sacrifício no te amar,
Amor assim demais, não mais resisto.
Jamais vou me esquecer de te adorar,
No cais que eu aportei, amor, existo...

De tantas cicatrizes que suporto,
Tatuas só carinhos, toda noite.
Nas lâminas do amor, feliz, me corto,
As marcas dos teus beijos, nosso açoite...

E quero essa tortura novamente,
Na cama em que derramas, lava quente...

XXX


A vida nos ensina uma lição:
Quem ama e necessita ter respeito
Precisa respeitar do mesmo jeito.
Precisa perdoar se quer perdão!

Pois se Deus tanto amou na criação
Do mundo que gerou, assim perfeito;
Não pode permitir-se contrafeito
E sabe que quem ama não diz não!

A vida é necessária e se completa
Em cada criatura. A velha meta,
Ser feliz, se completa no seu par.

Se quer ser respeitado, então respeite,
Pois se quer ser aceito, sempre aceite.
Quem age desta forma sabe amar!

XXX

Toda a certeza trago, minha amiga
Da noite que virá no fim do dia...
Embora a minha morte não persiga,
Epílogo da minha sinfonia...

De tantas emoções que a vida trouxe,
De tantas atitudes que tomei.
Momento de amargura; um outro, doce.
Lutar p’ra ser feliz é nossa lei.

A morte findará a arquitetura
Porém o que fizemos, permanece.
A noite que virá por mais escura,
Ao ciclo interminável obedece.

Amiga teu carinho viverá
Na força do teu ser: jequitibá!

XXX

Te busco nesta brusca ventania,
Que ronda minha vida, sem temor.
Em mansa calmaria, mar e ria;
Deitando maré, leito, trama, amor.

Alçando teu cansaço, solto espaço,
No laço assim, pretenso, bem atado...
Nos paços e nas praças simples traço
Que faço e, reconheço; apaixonado...

Intensa sensação de ser feliz...
Imensa solidão foi dissolvida.
Da vida concebida, um aprendiz.
Que diz o que bem pensa, sorve vida...

Te busco, lusco-fusco, vaga-lume,
Meu astro, sigo o rastro do perfume...

XXX

Aurora se mostrando mais inteira
Em vários brilhos, tantos quanto ofuscam.
Meus versos dediquei-te a vida inteira,
Espaços magistrais, eles te buscam...

Eu quero uma sonata que amor fale,
No cálice divino dos teus braços...
Não deixe que este amor nunca se cale,
E venha descansar, te dou abraços...

Em versos mais sublimes, quero ter,
O gosto de te ver bem junto a mim..
Sabendo que em teus braços vou morrer,
Eu quero teu amor até no fim...

E sinto que serei bem mais feliz
Vivendo em nossa vida o que bem quis...

XXX

Santuário divino, sensual.
Seu sal, meu sal, sentidos, languidez;
Destino-me em querer, consensual,
Insano, sou servil, sem lucidez.

Delitos cometidos, comensais.
Começo, recomeço, sempre vício.
No doce precipício amaros sais
Salgando nossos mares, desde o início.

Campeio no profano santuário,
Vertendo totalmente essas enchentes
Que morrem com as tuas, no estuário
Das águas sempre mornas, quase quentes.

Vencido pela noite, nossa prece,
Já quer recomeçar, corpo obedece...

XXX

Deitada nesta cama me provocas
Com teus doces sorrisos sensuais
Qual fera que procura em tantas tocas
Nas suas explosões mais animais...

Derramo meus anseios nos teus seios
Sem medo nem receios do que espero.
Os olhos se permeiam, devaneios,
Em todos os sentidos me tempero.

Eu quero o turbilhão dos teus perfumes
Que encharcam meu desejo, te beber.
Nas horas mais dolentes sem queixumes
O teu orvalho em brasa vou sorver.

Invado tuas matas, arvoredo,
Esqueço o que passei, e me enveredo...

XXX

Não chores, meu amor, a vida é bela,
E toda essa tristeza irá passar.
O sonho mais feliz que se revela
Traduz serenidade de luar.

Estando de alegrias rodeado,
O teu ciúme impede que tu vejas
Belezas neste mundo tão amado.
Por certo terá tudo o que desejas.

No canto mais sincero de quem ama,
No gesto mais gentil de quem te quer.
Na voz que carinhosa, sempre chama,
Na imensa maravilha; ser mulher.

Te quero em cada dia que começa,
Com raios de esperança e de promessa...

XXX

Mordisco tua orelha, de mansinho,
Nos lóbulos, delícias delicias...
Aos poucos esculpindo do carinho,
A sensação divina em que vicias...

Neste elixir suave que produzes,
Convites ao mergulho caloroso.
Teus olhos rebrilhando em tontas luzes,
Aguardam explosão louca do gozo.

Vassalo de teus sonhos ansiados,
Por tanto tempo espero esse pecado.
Teus mares-maravilha, navegados,
Mergulho no oceano, naufragado...

Não quero mais sair desta tua ilha
Onde o sol, natureza, sempre brilha...

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