sábado, 22 de dezembro de 2007

SONETOS 075 E 076

Amiga, nunca impeça que a montanha
Não seja bem mais forte que este vento,
A dor por mais difícil assim, tamanha
Não pode superar o pensamento
No fim de toda luta quem mais ganha
Por vezes também tem o sofrimento.

Amiga, venha agora a estrada é dura
Mas vale cada curva do caminho.
Nos braços mais tranqüilos da ternura,
Jamais renegue a força do carinho
Que traz a claridade em noite escura,
Mas mostra um acalanto em qualquer ninho...

Teu braço bem mais forte se fará
Na paz que finalmente chegará!

X

Morena, os belos seios que adivinho
Ao antever assim, no teu decote.
Quem dera se eu pudesse, um passarinho,
Ir à tua janela, dar o bote.

E ver na transparência sensual
A sombra das auréolas desejadas.
Na fonte do desejo sem igual
Imagens para sempre bem guardadas...

Quem dera se pudesse, amor, morena,
Sentir este perfume inesquecível
Visão celestial em rara cena
Do amor que se faz sempre tão incrível...

Tocando mansamente com meus lábios...
Quem dera... os meus olhares... quentes... sábios.

X

Nos olhos mais bonitos que já vi,
Um gesto parecendo descuidado
Trazendo uma esperança para aqui,
Depois desta agonia do passado.
Destino meu amor somente a ti,
Farol que faz meu mar iluminado...

Não mais te procurar? Será possível?
Se sabes meus segredos, minhas manhas.
Ao toque mais ameno, sou sensível,
Nas horas mais felizes, tu me ganhas,
E sinto que este caso é mesmo incrível
Suplanta cordilheiras e montanhas...

Que faço se entreguei meu coração
Às hordas tresloucadas da paixão?

X


Quem veio de tristezas infindáveis
Vivendo só tormentos e amarguras.
Sentindo tuas mãos tão adoráveis
Sentindo teus carinhos e ternuras.
Palavras que me dizes, mansas, hábeis,
Já sabe que com isso, amor, me curas...

Antigas indolências e revoltas
Turvavam os meus olhos sonhadores.
Das amarras da vida, as almas soltas
Procuram nos teus olhos refletores
A garantia eterna das escoltas
Que matam e diluem minhas dores...

Contigo; estas tristezas vão-se embora
Alegrias renascem! Hoje e agora!

X

Um sol que renasceu dentro de mim
Depois da tempestade que passei,
Um raio luminoso vem assim
No qual um novo amor eu mergulhei
Trazendo tanto brilho, que por fim
Renova uma esperança, antiga lei.

Quem sabe com carinho e paciência
Talvez eu possa, agora, ser feliz.
O tempo se passando na inclemência
Matando um coração que é aprendiz
Fazendo do prazer a penitência
Distante do sempre eu tanto quis.

Esse sol ressurgindo no meu peito
Me diz: estar contente é seu direito!

X

Teus seios tão lascivos, belos montes
Gentis e carinhosos, doces méis...
Declino um olhar por estas fontes
E verto meus desejos carrosséis...
Te peço, minha amada, nada contes
Dos sonhos e delícias dos corcéis

Que somos noite afora, sem paragem,
Suprema devoção do amor insano.
Singrando sem parara nossa viagem
Além deste limite, sem engano,
Teu porto que é promessa de ancoragem
Nos mares navegados, soberano...

Serenamente; límpida beleza,
Rainha, mãe, irmã, minha princesa...

X

Descendo a correnteza da esperança
Uma amizade mostra-se potente.
Um sonho mais divino sempre alcança
Alçando um bom sorriso faz contente

Quem fora sofrimento sem remanso,
Quem fora só tristeza em agonia.
Um coração perdido sem descanso
Espera o renascer de um novo dia...

Por isso, meu amigo, esteja certo
Que todos nós aqui comemoramos.
Que bom que estejas sempre aqui por perto
Assim mais uma vez nós celebramos

O dia em que completas mais um ano
Conosco, com prazer tão soberano...

X

Teus olhos, minha amiga, luzes plenas
Trazendo tanta sorte pra quem guiam,
Jamais as noites mansas e serenas
Se perdem quando neles fantasiam
Canteiros e jardins, tílias, verbenas.
Caminhos mais divinos já desfiam...

Seguindo cada rastro luminoso,
Dos olhos mais bonitos que já vi,
Prenúncio verdadeiro e mavioso
De, num dia, encontrar o que perdi.

Amiga, não descanso um só segundo
De a Deus agradecer tua amizade,
Na força tão gigante me aprofundo
E vejo, finalmente, a claridade...

X

Que o sonho da amizade não refaça
Os erros cometidos no passado,
Do gosto desleixado vire farsa
Do tempo destruindo em triste fado
Aquilo que jamais a luz disfarça:
O vaso da amizade já quebrado.

A base em que se faz, a confiança,
É tudo o que um amigo necessita.
Se a sorte não se vê, e não se alcança
Se perde sem valor, esta pepita.
Ajuda a destruir uma esperança,
E mata ao mesmo tempo em que conflita..

Não deixe que o caminho em desconcerto
Afogue
um sentimento no deserto...

X

Tantos amores tive em minha vida...
Amores que trouxeram dor, prazer.
Amores que se foram, despedida,
Amores que desejo conhecer.
Embora seja tempo de partida
Meu sonho não me impede conceber

Aquela que virá ao fim da tarde,
Fechando estes meus olhos sonhadores.
Que a noite já não tarda e sem maldade
A morte sonoriza os estertores
De quem só se entregou quando a verdade
Chamava para a dança dos amores...

O tempo que me resta de esperança
No baile derradeiro, última dança...

X

Ao ver os teus decotes generosos
Percebo a maciez destas romãs
Divinas. Meus olhares mais gulosos
Recebem tantos raios das manhãs

Em sol e fantasia belas rosas,
Desabrochando em brilho divinal.
Maçãs tão delicadas, perfumosas
Qual sonho que se fez tão magistral...

Ao ver teus seios belos de soslaio
Por sob a blusa aberta, estou feliz...
Na luz maravilhosa deste maio
Quem dera a vida inteira... flor de lis...

E tu ris um sorriso mais maroto,
Olhando para os olhos de um garoto...

X

A lua que se fez em duas peles
Deitada sobre a areia, nua, exposta.
Naquela que permite que te atreles
As mãos, a língua quente, carne em posta

Enlaças
mansamente uma sereia
Em trocas de salivas e prazeres.
A noite mergulhando viva e cheia,
Nas lutas e procuras dos quereres...

A sede tão ardente que se mata
Na lua que irmanaste em paraíso,
A chuva se transforma na cascata
Mistura dos humores num sorriso...

Nas ânsias delicadas destas luas,
Eu vejo o lume intenso em vocês duas...

X

A loba tão fogosa em minha cama,
Chamando para a festa do prazer,
Ovelha desgarrada logo inflama
A cama que se faz enternecer
De novo recomeça a velha trama
Da boca em tuas sendas, se perder...

Devoras cada gota de saliva,
Na sede que não cessa e que enlouquece
A carne devorada, aberta, viva,
Neste delírio insano que apetece
E faz além de toda expectativa,
Gerando um maremoto, riso e prece

A pele tão suada, o teu sorriso
A noite agradecendo o paraíso...

X

Meu verso te proclama em amizade,
Pois trazes no teu canto sossegado
O gesto de quem tece claridade
Respeita cada dor de meu passado,
Usando de total sinceridade,
Caminhas noite e dia, lado a lado

Comigo na certeza de encontrar
Um mundo bem melhor de se viver.
Não teme nem sequer a luz solar
Nem teme nova vida conhecer.
Por isso minha amiga, o meu cantar
É feito simplesmente pra dizer

Que tenho uma certeza que me abriga,
A de que tu és sempre minha amiga..

X

Quando apaguei a luz aqui do quarto,
Eu vi a tua imagem refletida
Como se fosse assim o teu retrato
Guardado dentro em mim por toda a vida.
Depois de me deixar exposto e farto,
Agora o que fazer; qual a saída?

Não posso retirar mais do meu peito
Senão não sobrevivo, estás em mim.
Será que já perdi o meu direito
De ter minha existência até o fim?
Mas ver-te sempre deixa satisfeito
Um coração que morre bem assim...

Ao ver querida, aqui, teu belo rosto...
A faca penetrando; o peito exposto...

X

Enquanto a chama arder, estou contigo,
No fogo delicado da paixão.
Ao mesmo tempo traz um novo abrigo
E deixa no relento, o coração.
Seguindo estas pegadas, eu prossigo,
E morro todo dia sem perdão...

Teus olhos/esperança me fuzilam
Meus olhos se renderam já faz tempo.
No mel que doces lábios me destilam
Encontro fantasia e contratempo.
Teus braços toda noite quando asilam
Meus sonhos; não se mostram passatempo.

Mas vivo insensatez do amor que acampo,
No brilho tão sutil de um pirilampo...

X

Amor fazendo o mel, feliz abelha
Que voa sem destino, flor em flor,
Bebendo desta luz, cada centelha,
Com fome e com desejo sedutor.
A rosa que te dei; amor, vermelha,
Demonstra o nosso fogo, tentador..

Todo o suor derramas nessa cama,
Que é nosso templo vivo da paixão.
Viver eternamente em plena chama
Que sempre determina uma explosão.
Remansos e caminhos, toda a gama
Extensa de um amor/revelação.

Destino se cumprindo soberano,
Nas adivinhas todas de um cigano...

X

Os meus olhos molhados te procuram
Nas noites, tantas rondas pelos bares.
Aqueles que conhecem asseguram
Que estás em meio às pedras, lupanares.
Que faço se meus olhos não aturam
Verdades que me impeçam meus sonhares...

Tu foste minha glória e meu degredo,
Dezembros se passaram sem te ver.
Mas guardo dentro em mim este segredo
Que faz a minha vida renascer;
Embora reconheça desde cedo,
Sem ter tua presença irei morrer...

Meus versos se tornando tão banais
Permita que eu descanse, amor, em paz...

X

Amor cortando em postas faz cratera,
Se espera o que não vem, jamais virá;
Menina quase ingênua vira fera
As garras vão expostas.. chega já
Mostrando mais espinho em primavera
Do
que perfume. Novo patuá.

Retoca a maquiagem mostra os dentes,
Prepara para a caça em arco e flecha,
Hormônios vão à toda, são prementes.
A porta da esperança que abre e fecha
Entregue aos seus desejos bem mais quentes;
Cabelos coloridos, mecha a mecha...

Assim a noite passa, a boca roda,
De boca em boca, bote, ronda e moda...

X

Maravilhosamente aqui comigo,
Despida de qualquer ingenuidade
Menina, nosso amor é um perigo,
Que falem desse caso na cidade!
No fundo tanto quero que nem ligo,
O que quero é viver felicidade!

Se vemos mil cometas que se danem
Aqueles que não sabem das estrelas.
Que as dores que passamos não espanem
As luas que queremos; são tão belas.
Que aqueles que não amam já nos banem,
Não sabem de alegrias, nem vivê-las.

Quando rolamos mares, cordilheiras,
Atropelamos ervas tão rasteiras...

X

EU TE AMO - 1

Eu te amo bem além do que queria,
Com toda uma volúpia quase insana.
Ouvindo em tua voz a melodia
Mais bela, divinal e soberana.
Tu trazes a doçura da alegria
Que a cada novo dia, tanto ufana...

Quem veio de passado em pesadelos,
Quem trouxe; vida a fora, desamores,
Sentindo este perfume em teus cabelos
Percebe que no céu há outras cores.
Os medos, tão difíceis resolvê-los,
Já morrem na manhã, em seus pendores...

Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Com força e resoluto, encontro a paz...

X


Tocando tua boca, sequioso,
De toda essa promessa que cumpria
Amor tão delicado e tão gostoso
Fazendo renascer a fantasia
Que vive neste fruto saboroso
Que traz a luz intensa, eterno dia...

No gesto que jamais renega a fome
Dos corpos mais unidos, tesas praias....
Amor que toda noite se consome
No vento que levanta tantas saias,

Recebo teu carinho, tatuagem
Nas cores em que sempre me decoro,
Embrenho em teu corpo esta viagem
Da fome em que me perco e te devoro....

X

Nas mãos tão dedicadas de uma amiga
Fiel, em sentimentos mais vivazes
A permissão perene que prossiga
Os sonhos mais difíceis e tenazes.
Que a vida assim serene e que consiga
A sorte nos mostrar bem mais capazes.

Floresce uma amizade num rosal,
Distante dos espinhos e mazelas.
Iluminado sempre pelo astral
Tomado nas tiaras das estrelas.
Trazendo uma esperança sem igual
Em noite que virá sempre a contê-las.

Um sentimento raro que enobrece
Não pode ser assim, somente prece...

X

Quem manda o coração ser tão teimoso?
Às vezes nada pode, mas insiste.
Amiga, com meu canto mais sestroso,
Depois de certo tempo, fico triste...
O céu que se promete nebuloso
À chuva em tempestade não resiste

A sorte é que amanhece bem mais claro
E livre destas nuvens traiçoeiras.
Correndo pelas ruas, me disparo
E caio noutras quedas, corredeiras,
Parece que perdi, não tenho faro,
Repito novamente estas besteiras..

Amiga, por favor, me dê a mão,
Quem sabe está contigo a solução?

X

Agora que se acaba nosso amor,

Não quero mais contigo discutir,

Nem venho mais tolices te propor,

Outro caminho, espero, eu vou seguir...

Distante de teus olhos, bem distante...

Não quero hipocrisia nem mentiras,

Jamais vou esquecer: fui teu amante,

A corda se arrebenta em várias tiras.

O vaso que se quebra não se cola,

O passo que já demos noutro rumo,

Não quero esta palavra que consola

Sozinho é bem melhor, eu me acostumo...

Espero que não aches mais abrigos:

Não quero que sejamos “bons amigos”!

X

Desse ser que me invade, escuridão,
As horas se passando nas gargantas,
Tomando todo o gosto em arranhão,
Ao ver o meu olhar, tu logo espantas
E busca do que fora a solução
Não vejo nem mais dias, fomes tantas....

Inverno vem chegando de mansinho
Menino quis pião, caiu rodando,
O velho engaiolar de passarinho
Minha alma estilingada no desando
Do que faz esperança ser um vinho
Que tomo sem saber, me embriagando...

Nem mais um novo tempo em que disfarce
A marca desferida em minha face...

X

Creia que nosso beijo já nos cura

De toda uma amargura e da tristeza.

Nas mãos que se buscando com ternura

A fonte mais sublime da beleza.

Na boca permanece essa secura

No corpo inda me resta uma incerteza

Se tanto maltrataste, esta tortura

Acaba com o que resta de leveza.

Mas tenho uma esperança em nosso beijo

Marcando o meu sorriso com prazer.

Futuro que sonhava não prevejo

Somente com carinho e emoção

A sorte benfazeja de viver,

Na boca que me negas, salvação...

X

Não passo, nesta vida, de um coitado
A quem já se negou uma esperança.
Saudade vem deixando o seu recado
Nas dores que restaram na lembrança.
Sou nada, nada quero. Esse é meu fado.
Perdi qualquer sentido de aliança.

Depois de ver amor sem ter mais nexo,
Depois da noite escura sem estrelas...
Sobrando tão somente esse complexo.
As dores? Não consigo revertê-las.
O coração passou a ser anexo
As luzes de um amor, jamais revê-las!

Mas digo; meu amor, minha paixão...
Mesmo assim: EU NÃO SOU CACHORRO NÃO!

X

Sentir a minha mão sobre teus seios,
Deliciosamente, a tarde passa
Vibrante nos desejos, nos anseios
Misturas nossas carnes, doce caça
Percorro tantos rios, belos veios,
E a vida se perdendo em tonta graça.

As línguas reunidas num só beijo,
Entranha meu olhar tua nudez.
Escalo teus caminhos que eu almejo
Faz tempo que perdi a lucidez.
E lúbrico, recebo o que desejo
E sinto que chegou a nossa vez

De seguirmos unidos sem disfarce,
Sentindo o nosso gozo misturar-se..


X

Peço-te, por favor, não olhe assim

Quem sempre foi a ti tão dedicado.

O mundo desfilando dentro em mim

As
dores que carrego do passado

Sentindo uma agonia que, sem fim,

Aos poucos tem meu mundo, dominado...



Não quero o teu olhar de piedade

Tampouco este sorriso complacente.

Pois quem tanto te amou sabe a verdade

Que traz para o futuro uma semente

Guardada em belos cofres da amizade

Mudando logo assim, sua vertente...



Aceito o teu olhar de paz amiga.

A amante que tu foste já não liga...

X

Falando deste amor em amizade
Que
há muito nos domina e nos conduz.
Trazendo um novo sonho: liberdade,
É feito resplendor em plena luz.

Abrindo meus caminhos, vens comigo
Querida companheira predileta.
Em versos tão simplórios já te digo;
Minha alma vai contigo e se repleta

No sonho de alegria que virá
Depois de tanta dor que assim passamos.
Caminho de esperança, um Xangrilá
Sem cruzes, sem escravos e sem amos;

Num facho, minha amiga, de um farol,
O dia nascerá em pleno sol...

X

Distante das quimeras desta vida
Meus braços encontraram seu valor
Nesta presença amada e tão querida
Que trouxe minha amiga em tanto amor.

Se a sorte parecia já perdida,
Se o dia foi perdendo o seu calor,
Na força da amizade uma saída
Que traz para o destino um esplendor.

Eu agradeço a Deus a todo instante
Por ter te colocado em meu caminho.
Iluminando o rumo em deslumbrante

Farol
que se demonstra a cada dia.
Cada palavra tua de carinho
Trazendo para mim, tanta alegria!

X

Traçando meu futuro em cada verso
Vivendo uma ilusão que não termina.
Sabendo que o deslumbre do universo
Em cada estrela guia se ilumina
O mundo não seria tão diverso
Se não houvesse luz em cada sina...

Nas tranças da menina, em seu olhar,
No rosto envelhecido de quem chora.
Vontade de viver e de lutar
Pra sempre e tão depressa não demora.
Os raios de esperança sobre o mar
Prometem a mudança que se aflora

No braço benfazejo da amizade
Tomando nossa vida na verdade...

X

Meus dias embotados; silencio.
Nas pétalas doridas da saudade.
Um medo me turbando, estou vazio,
Vagando pelas ruas da cidade...

Às vezes- sem amor – penitencio
E calo qualquer forma de verdade.
Fantasmas, fantasias... Logo crio
Fugindo do que fosse liberdade.

Só resta uma esperança nisto tudo,
De um canto que renove o meu viver.
E quase novamente assim me iludo

Fazendo da amizade um novo canto
Que possa renovar o meu querer
Trazendo ao que me resta algum encanto..

X

Amiga, muitas vezes me pergunto
Se a vida foi cruel ou se eu errei.
A sorte se perdendo num conjunto
Mostrando que por vezes, vacilei.
Mergulho tantas vezes noutro assunto
Já que de amor, por certo, nada sei.

Sou ermo, vou sem rumo, perco o norte
Se escapo,não sei nunca refazer
Caminho que talvez mudando a sorte
Me mostre um bom destino onde vou ter
O canto que julgara sempre forte
E agora já pôs tudo a se perder...

Teu braço, minha amiga, a salvação
De quem amou demais, em perdição...

X

Nas lutas que tramamos nos lençóis
A seta quer a meta delicada,
Deitando em nossa cama teus faróis
Na noite que se faz iluminada
Prazeres nos entornam tantos sóis
Durante a mais escura madrugada...

Espaços vão libertos das amarras,
Desnudas tuas sendas mais risonhas,
E manso, me tomando logo agarras
Os dentes vão mordendo colchas, fronhas...
Nos cortes mil adagas, cimitarras
Percebo que parece que tu sonhas

E sinto teu limite superado,
Teu corpo, como o meu, tão ensopado...

X

Minhas mãos passeando tuas pernas,
Sentindo a maciez da carne dura,
Prometes novas noites densas, ternas
Nesta umidade repleta de ternura.
Quem dera fossem sempre assim, eternas
Teria qualquer mal, por certo, cura...

Soltando os meus desejos sobre ti,
Percebo os teus gemidos mal contidos,
Sentindo o teu perfume que bebi
Nossos momentos são bem resolvidos
E tudo que mais quero encontro aqui,
Contigo, travesseiros revolvidos...

Sabor tão delicado, é bom provar,
No gosto refinado de teu mar...

X

Teus braços envolvendo-me, querida,
Na pura maciez da pele rara,
Ao jogo dos sentidos me convida
Fazendo nossa noite qual sonhara
Tornando maravilha a nossa vida,
Do jeito que eu quisera, imaginara...

Desabrochando nua em minha alcova,
Iluminando o quarto, a sala, a casa..
A lua transbordante cheia, nova,
Nos raios argentinos já me abrasa
E tudo, simplesmente se renova.
A sorte me promete e não se atrasa...

Agora, desregrada, bela e nua,
Amante radiosa e plena lua....

X

Sentindo tuas pernas sobre mim,
Sentada no meu colo, doce prenda
Que a vida vem trazendo no meu fim,
Beleza em lingerie bela de renda.
Vermelha como a boca carmesim.
Peço-te: meus desejos; logo, atenda...

Seguro-te bem firme em minhas mãos,
Sussurro mil segredos, teus ouvidos...
Os dedos se procuram, montes, vãos....
Os lábios te tocando, decididos...

Depressa me enlouqueço e ficas louca...
Estrelas vão riscando o céu da boca...

X

Amor jamais combina com o medo,
É força que nos move sem parar.
Vibrando em nosso amor que desde cedo
Nos trouxe uma promessa de luar,
Quem sabe nunca teme que este enredo
Um dia possa em vão de desmanchar.

Amar é ter certeza em cada passo
Sabendo a hora exata, sem temor.
Não deixe que este amor morra no espaço,
Aguarde o renascer da bela flor
Que traz todo o perfume em que refaço
O sonho mais feliz de um lavrador

Sabendo da colheita em tempo certo,
Senão é qual pregar em um deserto...

X

A porta que fechaste, sem adeus,

Jamais alguém abriu, está trancada...

No mundo perseguindo os sonhos meus,

Depois de tanto tempo, nada, nada...

Meus olhos procurando por um Deus

Que possa me dizer de ti, amada,

Aos poucos se tornando mais ateus,

Se perdem sem ter lume, nesta estrada...

É duro este vazio que restou,

Depois de tanto tempo de ilusão,

Meu mundo sem sentidos se acabou,

Na porta que trancaste, sem por que,

Também aprisionaste o coração,

Que te procura sempre... Mas, cadê?

X

Escuto o teu chamado e te procuro
Em meio a campos, fontes, ilusões.
O fruto da esperança tão maduro
Morreu em forte seca de emoções...
O chão em que plantei, deveras duro,
Não teve nem sequer adubações...

Mas restam os meus olhos te buscando
Nesta procura inútil e desdenhada.
O tempo da colheita vai chegando
E no jardim da vida colhi nada.
O dia que nasceu, amargo e brando
Mostrando cada curva desta estrada

Que leva, simplesmente à tal loucura,
Do amor que; sem remédio, busca a cura...

X

Amor não se discute privilégio,
Não há ninguém isento aos seus encantos.
Preparando armadilhas, sortilégio,
Nos toma e nos cobre com seus mantos.
Amor nunca se aprende no colégio,
Do riso se transforma logo em prantos.

Amor olha de banda, enviesado,
Depois, dando seu bote, nos afeta.
Amor velho-menino que encantado
Nos toma tão certeiro em sua seta.
Às vezes, bem matreiro, olha de lado
E, tocaiando, atinge sua meta...

Só sei que meu amor brigou comigo,
Eu quero perdoar, mas não consigo...

X


Tenha cuidado; amigo. Uma ambição
Nos cega totalmente. Depois disso
Não há nada que livre o coração,
Matando da esperança qualquer viço.

Não se deixe cegar pelo desejo,
É tão cruel saber que isto acontece.
Às vezes eu não creio no que vejo;
Peço que se ilumine numa prece

E veja quanto dói saber que um dia
Alguém que nós amamos se perdeu
Em meio a uma estúpida alegria
Trazendo para alguém um negro breu...

Amigo; só te peço: não se esqueça,
E que ao teu coração, sempre obedeça!

X

Às vezes, indefeso, nem percebo;

Que o amor ao se mostrar silencioso,

Num vento dolorido que recebo,

Disfarça-se em vontades, cama e gozo.

Bem mais do que imagino, eu não concebo

A força tão sutil do venenoso

Sentimento que mata enquanto bebo

Cada gota. Eu bem sei quão perigoso

O jogo ao qual amor já se propôs.

Calado, quase manso, devagar;

Mostrando suas garras, só depois...

Silenciosamente me tomando,

Não deixa quase mesmo, eu respirar.

Amor, santo prazer me envenenando...

X

Cansei de tanta briga em nossas vidas,

Qualquer motivo, agora, discutimos,

As pedras que se mudam, vão perdidas,

Sem rumo pois jamais criaram limos...

Pressinto esse perigo que vivemos

Embora, meu amor ainda é grande

Depois de tantas coisas que tivemos,

Não quero que este caso, assim, desande.

Saudades do começo tão feliz,

Trazia-te até água na peneira.

Feridas em terrível cicatriz;

A casa está ruindo por inteira…

Parece que esquecemos nossas juras,

Eu não te aturo e quase não me aturas...

X

Amor, não sou o resto que pensavas,

Apenas me enganei, te amei demais.

Rompeste, sem querer todas as travas

Que sempre protegiam o meu cais.

Vieste e bagunçaste toda a casa,

Fizeste uma total revolução,

Do gelo tu forjaste louca brasa,

Depois desperdiçaste tal vulcão...

Agora que senti que fui usado,

Incrível, não me sinto simples presa,

Valeu a pena, amor, ter encontrado

Mesmo que por segundos, tal certeza:

Depois deste teu barco sem destino,

Voltei de novo a ser, como um menino...

X

Se tanto magoaram a menina
Roubando seus sapatos de cristal,
Se a noite dolorida descortina
Matando uma esperança matinal,
Restando em seus cabelos, purpurina,
Lembrando de uma história sem igual.

Do beijo que escondido foi pecado,
Do desejo subindo pelas pernas.
Sorriso tão ingênuo mais safado
Nas mãos tão delicadas e tão ternas.
No carinho sorrateiro, no recado
Guardado nos cadernos. São eternas

As horas esquecidas nos quintais...
Que pena que não voltam nunca mais...

X

Menina nunca mates a princesa
Que dorme no teu peito em ilusão.
Pois nela se encontrando tal beleza
Que assim perfumará teu coração.
Por mais que a vida traga uma incerteza
Por mais que tantas vezes ouça o não;

Não deixe que se morra esta esperança
De um dia ser feliz, pois tu mereces.
A vida carregada de lembranças
Nos sonhos mais divinos que tu teces
Revive em alegrias, as crianças
Refeitas nos carinhos e nas preces...

Não mates a princesa; por favor.
Pois traz nesta pureza o vero amor.

X

Esparsos sentimentos tão confusos
Pelos caminhos todos que segui.
Suores e prazeres mais profusos
Encontro tão somente, amor, em ti.
Horários se misturam, vários fusos,
Mas tudo que esperei estava aqui.

Na paz mais desejada sem desdita
Neste carinho manso que me dás.
A lua em nossos olhos, infinita
No mar em calmaria, tanta paz.
Minha alma tão feliz te cerca e grita
Na luz e na alegria, mais capaz.

Aos Céus elevo preces e louvores
Na glória destes dias redentores...

X

As brumas nos tomando os sentimentos
Fazendo da esperança algo distante.
As tempestades surgem por momentos
Nublando o nosso céu mais radiante
Porém quando, enfim cessam os tormentos
Uma esperança surge num rompante...

Ouvindo o belo som de violinos
Em meio à sinfonias divinais,
Ressurgem velhos sonhos de meninos
Dos tempos mais antigos, ancestrais
Mostrando novos rumos nos destinos
Com formas e contornos magistrais.

Assim como promessa em esplendor,
A vida renasceu em nosso amor...

X

Quando abriste teu corpo em gesto e cena,
Penetraram-te sonhos e vontades.
A triste solidão morria plena
Em duros vergalhões e tempestades.
Quem cura, muitas vezes envenena
Mentiras superpostas em verdades.

A boca tão carnuda quanto exótica
Os olhos anelados, carne dura...
Na tua carnadura tão erótica
A noite se profana na ternura.

Entrando no teu mar, aberto o porto,
Um barco se encontrando em chuva intensa,
Nestas águas tão quentes o conforto
Trazendo para nós a recompensa...

X

Quem traz um mal terrível, se concreto,
Não sabe da esperança um só pavio.
O mundo se derrama no concreto
Que nos deforma, duro, triste e frio.
Talvez se houvesse assim, algum afeto,
Viver já não seria tão vazio...

Colhendo no canteiro, belas rosas,
Um riso sem disfarce estamparia
O rosto noutras formas mais vaidosas
Esta tristeza imensa não teria.
As mãos jamais seriam belicosas
A vida permitindo a poesia...

Amigo; não se esqueça que um abraço,
Adoça esse amargor de alga e sargaço...

X

PRA VOCÊ - 1


Meu verso que se fez em puro afeto
Buscando nos seus olhos, minha luz.
No sonho mais bonito, predileto,
O raio que me leva e reproduz
Em um caleidoscópio belo aspecto
Da vida que me cerca e me conduz

Ao corpo encantador de uma morena,
Ao jeito tão faceiro da menina.
À glória benfazeja que me acena,
Aurora que me cerca e me domina.
Nesta delicadeza de verbena
A jóia, em raridade, diamantina...

No mundo mais airoso em que se crê,
Mil versos que dedico p’ra você...

X

Mãos dadas; caminhamos pela vida,
Unidos em tristezas, alegrias.
Tua presença é sempre tão querida
Trazendo uma certeza em duros dias.
Por mais que esteja longe uma saída,
Terás toda a presteza que dizias...

Não deixas meu caminho sem ter rumo,
Não cobras o que dás de coração.
Ajudas com teus braços a dar prumo
E confiança em cada direção
Que for a mais sensata onde me aprumo
Achando sempre assim, a solução.

Por mais que a dor se faça de verdade,
Tu sempre estás comigo em amizade....

X

Que a vida não nos trame mais martírios
Nem mesmo a solidão, triste quimera.
Que o amor seja repleto de delírios
Numa felicidade em primavera.

Que o tempo seja farto na bonança
Que a lua seja sempre plena e farta.
Sorriso tão gostoso de criança
Sem dor que já não vive e se descarta.

Que a flor da liberdade seja tanta
Brotando num canteiro feito em paz.
Que a casa iluminada seja santa
Num mar tão delicado, a vida traz

A sorte que se quer. E que consiga,
Na vida, o que quiser; querida amiga!

X

Felicidade mostra-se em sorrisos,
Em gestos e palavras, paz e gozo.
Transcendendo os momentos imprecisos
Num ato mais gentil e generoso.
Jamais se prende em passos imprecisos,
É feita em atos simples, fabulosos.

Felicidade é ser além do medo,
Viver cada momento de amizade.
Trazendo novamente em cada enredo
O gesto em que se faz a liberdade.
Não cabe, na verdade um só segredo
Para se conquistar felicidade...

Amar e ter bem perto o que se quis,
Sabendo de antemão que sou feliz.

X

A ESPERANÇA -1-

Meu grito de esperança está contido,
Atado pela dor de uma injustiça.
Quem pensa que adormece em um olvido
A fome que decorre da cobiça
Num canto desta casa, adormecido,
Espera reviver em nova liça.

Não posso ser feliz se impera a dor,
Se vejo em meu irmão, o sofrimento.
O mundo em novo rumo recompor
A glória que se foi sem sentimento.
Talvez um novo dia, em pleno amor
Mostrando assim tenaz ressarcimento.

A vida se mostrando de repente,
Num mundo em que esperança seja urgente...

X

DE TANTO AMOR -1-


De tanto amor que tenho, o que fazer?
Se às vezes eu me perco e vou aflito.
A dor se misturando com prazer
Deixando quase a esmo todo grito
Inoculando vírus do sofrer
Num sonho que a princípio, eu sei bendito.

De tanto amor que trago, nada sei.
Em flóreo sentimento me envolvi.
De toda essa agonia que passei
A solução de tudo estava em ti,
Mulher que me fez nobre como um rei
Sem cobre, vou revendo tudo aqui...

De tanto amor, por isso, penitente,
As cicatrizes trago, e vou em frente....

X

Nas ânsias mais frementes tantas vezes
Dilaceramos mesmo quem nos ama.
Sangrados nossos sonhos como reses
Marcados, ferro e fogo, brasa e chama...

Angústias palpitantes nos dominam
E matam esperanças, num só tempo.
Rebanhos, sentimentos, desatinam
Tomados pelo triste contratempo.

Ferindo quem nos quer,somos venais;
Errantes turbilhões, como diabos,
Morremos tão distantes de um bom cais
Num barco naufragando em duros Cabos...

Amiga, não permita que isto ocorra
Bem antes que o amor, contigo, morra..

X

Estrelas percorridas nos espaços
Montado em meu cavalo, abertas asas...
O vento carregando versos, passos,
Nos olhos da mulher amada, brasas...
No brilho das estrelas pratas, aços
Fazendo constelares nossas casas...

O vento da mudança vem soprando
Por sobre essas queimadas da ilusão.
O monte dos meus sonhos escalando
Sem medo de vingança ou traição;
O sonho não pergunta como e quando
Apenas vai singrando na amplidão...

E sou o que queria além da vida,
Numa alegria o pórtico, a saída...

X

O dia amanhecendo no horizonte
Trazendo uma aquarela de presente.
Antes que a vida vá e o sol desponte
Maria me convida de repente
Beber água tão pura desta fonte
Abrindo o paraíso totalmente.

Romance que se faz noite no dia,
Não teme sequer seca, sede ou fome,
Vagando nos caminhos de Maria
A vida num segundo se consome
E traz a tempestade em arrelia
O
caçador sem jeito em gruta some

E volta empapuçado da caçada.
De novo a lua quer, de madrugada...

X

Luar de prata mostra o meu caminho
Por entre as cachoeiras deste rio;
Deságuo nos teus braços, teu carinho
Quarando minha sina, mato o frio.

No gosto da cachaça lembro o vinho,
Cigarro se esfumaça e vou vazio
Trilhando cada lua com jeitinho
Canto de passarinho vira pio...

Somando cada fio de cabelo
Que a dor embranqueceu sem ter ninguém,
Esbarro no passado num desvelo

Que é marca registrada do meu peito.
Agora que percebo amor que vem,
A todos eu proclamo esse direito...

X

Cavalo bravo, sorte desregrada,
Viajo um pantanal dentro de mim.
Na mão esquerda eu trago sempre o nada;
Na mão direita a rosa carmesim.

Destino que se fez em vaquejada
Charneca
apodrecida foi meu fim,
Minha esperança tola e destroçada
Eterna seca toma meu jardim...

Cavalo bravo, sina sertaneja
Estrias vão tomado o meu futuro,
Não há mais solução que se preveja

Nem gesto que demonstre liberdade.
A sorte vem sem cobre em chão mais duro.
De graça nesta vida? Uma amizade...

X

Da flor que nós plantamos no jardim
Em frente à nossa casa, pé da serra,
Monsenhores, crisântemos, jasmim,
Adubos de esperança em nova terra

Sangrada em cada mão mais calejada,
Depois numa aguardente uma resposta
Que sempre foi pedida e nunca dada
Por que essa vida é sempre a mesma bosta?

Só resta fazer filho prá cangalha
Pesada da labuta sem descanso.
No corte mais profundo da navalha,
O rosto embriagado fica manso.

Restando este perfume em triste flor
O manto mais sagrado deste amor...

X

Amor vagando estrelas, que visagem!
Fulgura cavaleiro em seu corcel;
Reflete nosso sonho qual miragem
Girando eternamente em carrossel.

Fazendo das estrelas a tiara
Mais bela e colorida pra te dar.
Na noite deste amor, perfeita e rara
Desfilam tantas luas sobre o mar.

Amor sabendo o rumo desejado
Dos sonhos desta bela adormecida
Que espera pelo príncipe encantado
No beijo salvador que traz a vida

A quem tanto esperou e nada vinha...
Princesa nessa noite serás minha!

X

Nas pedras embaraços do caminho
Os tropeços comuns tão esperados.
Resumos desta vida sem carinho
Nos olhos tão miúdos maltratados
Revoando saudade velho ninho.
Futuros sem final, despedaçados...

Os cacos do que fui não mais juntei.
Na ausência do que fomos manto triste.
Cansado do que nunca visitei
A sorte não conheço e não existe.
O fato é que perdi o que ganhei
Gaiola sem ter água nem alpiste.

Amigo é o que me resta desta história
Resumo de uma vida sem vitória..

X

Desta fruta tão doce, coração,
Nascida no pomar de uma esperança
Regado com as mágoas da paixão.
Podado com as dores da lembrança;
Granado com as cores da ilusão
No mel que se faz velho e tão criança.

Desta fruta eu espremo todo o sumo
Experimento goles e mais goles.
Recebo o meu caminho em novo rumo,
Sem dores e sem medos que consoles.
Mergulhos impedindo qualquer prumo
Deixando nossos corpos bem mais moles.

Vem comigo que a festa não demora,
Só come desta fruta quem namora...


X

No pó deste caminho barro e lama
Andança na procura de pousada.
Que mostre num carinho fogo e chama,
Deitando na varanda enluarada
Que a dona desta casa não reclama.

Numa aventura chego no bailão
Na faca que esparrama, carabina,
No meio do forró tal confusão,
Eu seguro nos braços da menina
E vamos sem ter pena nem perdão
Somente a lua cheia me ilumina.

Voltando a tiracolo, uma morena,
Que a vida sem juízo não tem pena...

X

Assim que o sol mostrou a sua cara
Eu saí nas andanças costumeiras;
Quem anda no sertão e nunca pára
Repara nas estrelas companheiras.
Um coração vadio já dispara
Ao ver essas morenas costumeiras;

Cabelos enfeitados pela flor
Numa brejeirice sem tamanho,
Depois... vai reparar preso no amor,
Num ritual divino e nada estranho
Do jogo que se faz mais sedutor
Aquele em que não perco e jamais ganho.

Depois de tantas léguas tão sozinho,
Voltando, já vem três para o meu ninho..

X

No pulso firme vento e vendaval
Fundindo as esperanças numa só,
As roupas vão quarando no varal
Marcadas pela estrada e pelo pó
Guardados na algibeira, no bornal
Misturam as poeiras, cisma e dó.

Minha alma vai quentando em forte sol
Nos rasos destes olhos aboiando.
Enovelado, vivo em caracol
O
tempo que me resta ponteando
Amor que se fez nó sem girassol
Nos olhos da mulata rebrilhando...

Bebendo essa água pura lá da fonte
Amor vai renascendo no horizonte.

X

Levanta de manhã, toma o café
E sai pelas calçadas da cidade.
Sem marcas de pegadas vai a pé
Em busca de cigarro e claridade.
Igrejas e dementes, turvam fé,
Na banca de jornais, a novidade...

Percebe que anda sempre com atraso,
O tempo não diz nada mas já cobra.
O amor vai terminando em fim de prazo
Contenta-se com resto, com a sobra
A planta vai morrendo seca em vaso
Esquecido
na varanda, triste ocaso.

Nem mesmo um conhecido. Sem bom dia,

X

Sobram montes e rios, cercanias...
A febre não mais passa, está teimosa.
As mãos que me acarinham mordem frias
Espinhos sobressaem nesta rosa
Que fora cultivada em alegrias
Agora
se mostrando pavorosa
Destroça quem trouxera as fantasias.

Num último veneno, boca e beijo,
No derradeiro aceno, chuva e fome.
Pirilampicamente no lampejo
Mal logo tu ressurges, foge e some.
No nada além refém do que não vejo
Somente um vaso aberto já se assome

E sangra na cruel hemorragia
O coração repleto em agonia...

X

Bendita a tua luz, amada amiga
Que é guia de meus olhos, meu farol.
Permite que eu caminhe e que prossiga
Eterno passageiro rumo ao sol.

Brotando em cada verbo, tal espiga
Que traz toda a semente em arrebol.
Do sonho que construo é firme viga
Por isso te persigo, girassol...

Bendita esta presença soberana
Que traz toda a certeza da vitória,
Bendita a natureza em paz humana

Que mostra teu carinho que não cessa.
Bendita a santidade feita em glória
Sem
penitência, clemência e sem promessa!

X

Seguro a noite inteira em teus quadris
Morena mais gostosa da cidade...
Requebros desejosos... sou feliz
E danço sem parar, felicidade...
A música mal pára peço bis.
Da boca carmesim, beijo e saudade...

Sentindo o leve toque dos teus seios,
Sentindo o teu arfar bem junto a mim.
As mãos vão sem juízo e querem meios
De achar as doces rosas do jardim.

A dança se fazendo mais ousada,
Vestidos, paletó, pra que botão?
Vermelha lingerie despetalada
Abrindo o teu portal da tentação...

X

AH, EU AMO VOCÊ!

Depois de tanto tempo nesta fila
Na espera da morena mais charmosa,
Bebendo tanto gim, tanta tequila;
(Até que a fila, juro, era gostosa)

Olhar que se em veneno me destila;
Perfuma meu canteiro em pura rosa.
Pois quando Deus te fez em rara argila
Deixou-te mais faceira e vaidosa.

Mas nada disso importa ao coração
Depois da beberagem sem limite.
Sou vítima talvez da sedução,

Ou quem sabe, boto a culpa neste gim.
Só sei que não te peço mais palpite
Amor, uma ressaca que é sem fim...

X

Trazendo na minha alma o gosto seco
Da sorte em desalinho que carrego.
Se caço meu destino, sempre peco
Se faço meu caminho, amor eu nego.

Meus passos esquecidos sem pegadas
Sem rastros que me tragam uma saída.
As noites são por certo as estreladas,
De estrelas que perdi por toda a vida.

O flanco sempre exposto quer tocaia,
Da esperança jagunça do caminho.
No toque do prazer rabo de saia
Um pouco que sobrou deste carinho

Jogado num baú sem serventia.
Tua amizade batendo ventania...

X

:: Todos > Sonetos

Os corações escritos com o giz
No quadro negro vivo, sedução
Gritando em meus ouvidos: sou feliz.
Flertando com a sorte da paixão
Deixando tão somente a cicatriz
Marcada em simples pó de uma emoção...

Recebo o vento doce do passado
Cabelos esvoaçam, cobrem rosto.
O tempo se mostrou descompassado
E nada mais restou, nem o desgosto;
Somente o vento doce anda ao meu lado
Castelo deste tempo onde o reinado

Trazia uma princesa e corações
Riscado pelo giz das ilusões.


X

Recebi tua carta, meu amor;
Falando desta história tão bonita
Que fez meu coração mais sonhador
Garimpeiro que achou rara pepita
Na mina do fastio sofredor
Que a vida, sem saber, logo limita...

Morena que chegou sem quase pressa
Do jeito mais calado e boca aberta
Na espera deste beijo que, depressa
Mostrou que a minha sorte, antes deserta
Agora tão gostosa se confessa,
Mansinha vem chegando sem alerta...

Recebi tua carta logo cedo
E nestas entrelinhas teu segredo..

X

A fonte tão distante mata a sede
De quem perde ilusão pela vida.
Desancando esta sorte, resta a rede
Levando o corpo em despedida.
Nem ao menos retrato na parede
Resta desta pobre alma assim perdida...

A seca da esperança mata a fonte
Tornando este deserto traiçoeiro
Sem lua que renasça no horizonte
Sem brilho que se mostre por inteiro
Nem há sorte final que se desconte
Do tempo que jamais foi companheiro.

Para alma que perdeu a virgindade
Só resta um bom remédio; uma amizade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário