sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SONETOS 028

Nas praias onde o mar já se arrebenta
Formando em tantas ondas, meu desejo.
Percebo que a paixão mais violenta
Aos pouco dominando... e nada vejo...

Eu sonho com teus olhos, tua boca...
Eu quero o teu carinho, não se esqueça.
A vida sem te ter, transcorre louca.
Não deixe que a saudade me enlouqueça...

Eu quero mergulhar, perder sentido.
Vencendo tantos medos que trazia.
De tanto que te quis sigo perdido
Não sei sequer as horas nem o dia...

Debaixo deste céu tão belo, imenso,
Lembrando deste amor, sozinho, penso...

X

No céu que sempre quis, em perfeição,
No brilho desta lua emocionante
Desfraldo calmamente uma ilusão
Ao mesmo tempo insana e deslumbrante.

No horizonte que mostra seu painel
Em tantas maravilhas estelares,
Na perfeição sublime deste céu,
Reflexos dos luares forram mares...

Nas ondas prateadas, teus cabelos...
Nas ondas prateadas, belo mar...
Minha emoção se explode só em vê-los
E
cria o belo sonho de te amar....

Andando nessa areia, extasiado,
Me sinto muito mais apaixonado!

X

Qual fosse fina prata em sentimento,
Portando uma emoção tão delicada;
Como uma mansa brisa, calmo vento,
Vivendo calmaria anunciada

Numa dolência mansa de sonata,
Na maciez da seda e do veludo.
Aos poucos, amizade me arrebata,
Sem medo e sem temor; leve, contudo...

Em luzes tão macias e sensíveis,
Não cobra nem espera, apenas vive...
Sem exigir as coisas impossíveis
Sem perguntar dos mares onde estive.

Um sentimento assim, pleno em nobreza,
Garante em nossa vida, uma pureza!

X

Meu amigo, nas trevas, nas penumbras;
Nossa vida escondendo a claridade,
Quando nem o final tu deslumbras,
A luz que se irradia na amizade...

Força que sempre trama uma esperança
Depois de tantos dias de martírio.
Somente na certeza de aliança
Nos salva da loucura e do delírio...

Amigo, turbulências usuais,
As pontes que tentamos se quebraram.
No final deste mar sequer um cais,
Nossos sonhos sem rumo, naufragaram...

Se resta uma amizade verdadeira,
Não há porque temer a terra inteira!

X

O mesmo mar que trouxe esta sereia
Levou o teu cantar para outra praia.
Saudades que deixou na fina areia
Uma outra solução amor ensaia...

Eu trago no meu peito, amor secreto,
Que enfrenta o duro mar forte e bravio.
Amor que me deixara tão inquieto
Sem a sereia fica mais sombrio...

Mergulho procurando outra visagem
Que faça meu amor recomeçar.
Ao ver essa morena; outra viagem,
Encontro novo amor em meio ao mar.

Depois de tanto tempo sem ninguém,
Amor que sempre quis, agora vem...

X

Amiga, um sentimento se levanta
Tornando nossos dias fabulosos,
Amor quando é demais já me agiganta
E trama tantos dias dolorosos...

Embora, depois disso, eu já sossegue,
Após a tempestade, vou sereno.
Uma amizade plena que carregue
Transforma nosso mundo. Fica ameno...

É força que nos traz a liberdade,
É mansa serenata em noite breve.
Nos garante total securidade.
E faz a nossa vida ser mais leve...

Amiga, em nossa vida, claridade;
Na força e na altivez d’uma amizade!

X

Encontro em ti total delicadeza
Amor que se demonstra cristalino.
De tudo que possuis; tua leveza,
Transborda neste cálice tão fino.

Nas tuas mãos diáfanas, querida;
Uma beleza assim, assaz serena.
Melhor do que sonhei por toda a vida,
A sorte maviosa já me acena...

Tu tens no coração alvura em neve,
Na pele bronzeada, meu desejo.
Do amor que nunca quero seja breve
Nas ânsias delicadas deste beijo.

Meus olhos não mais temem forte chuva
Pois nosso amor se encaixa como luva...

X

Dos sonhos que tramei; tu és senhora.
De tudo o que pensei, és sempre a dona.
Quem sabe vou viver amor que aflora
Depois desta emoção que me abandona...

As fases que, mutantes, me trouxeram,
Tantas lamentações ao velho peito.
Nem sempre em nossas vidas recuperam
Os versos que fizera, satisfeito...

Na forma maviosa das cascatas
Descendo pelos rios do prazer.
De todas as maneiras me arrebatas
Não deixa quase nada sem tecer.

De bálsamos teu corpo se vapora
Não tema meu amor, chegou a hora!

X

Nas lágrimas marcando o belo rosto,
Soluços tão remotos, tantas dores.
Amor que não se trama perde o gosto
Perdendo esse perfume, tristes flores...

Os ritos que fizemos no passado,
Em versos e desejos mais aflitos;
Nas trevas, nos horrores des’perado
Amores se perdendo em infinitos...

As trompas anunciam tempos mudos
Mas sinto uma titânica esperança.
Os sonhos se tomando vão desnudos.
Fazendo com a sorte uma aliança.

Depois de reatados nossos laços,
Mergulho meus amores nos teus braços!

X

Te caço com ternura de helianto,
Em busca do calor que me prometes
Dedico essa ternura do meu canto,
Aos sonhos e delícias que remetes.

Teu corpo delicado e tão macio,
Nos seios e na boca, vou errante.
Vertendo a sensação do fero cio,
Na noite mais fecunda e delirante.

Eu quero a sensação de me entregar
Aos ermos e desníveis desta imagem,
Que deixe em harmonia naufragar
Me perdendo de rumo na viagem

Que faço pelos cantos e recantos
Sabendo de teu corpo, seus encantos...

X

Eu sinto tuas mãos tão vaporosas
Passando por meu corpo, sem juízo.
As noites que vivemos, maviosas
Imersas em desejo mais preciso.

Nas ondas de teu corpo marejando
Visito cada ilhota e cada atol.
Depois nestes teus pélagos entrando
Usando o meu prazer como farol.

Nos lagos mais inquietos já me afogo,
Secretas reentrâncias eu descubro.
Morrendo deste amor nem peço rogo
Em tantas convulsões fulgura rubro...

E sinto essa erupção tremenda imagem
Rompendo, arrebentando uma barragem..

X

Querida te busquei o mundo inteiro
Na calma placidez de teu afago.
Sentindo suave gosto verdadeiro
Que impeça esse viver triste que trago.

Procuro em teu semblante minha fonte
De pura inspiração para os meus versos.
Estendo meu olhar para o horizonte
Nas tramas dos sentidos mais diversos.

Invejo a sensação deste deleite
Que emana de teus olhos sedutores.
Amada, assim imploro que me aceite,
Jogado em teu jardim, em meio a flores...

Contigo tenho os dotes da ventura
Que trazem claridade em noite escura...

X

Quantas vezes correndo nas campinas
Eu via essa morena quase nua...
Saltando entre verbenas e boninas
No passo tão macio que flutua.

As rosas ladeando essas passadas
Por vezes, nos espinhos, te arranhava;
As costas nos vergões tanto marcadas
Meu sonho de teu corpo se chegava.

Quem fora mais feliz nos seus amores
Sabia da importância da visão
Da flor que recendia tantas flores
Trazendo um bom perfume de ilusão.

Correndo nas campinas quase nua.
Minha alma na tua alma continua...

X

Tantas ondas do mar batendo em mim,
Amores que palpitam e me entornam.
Dormito um belo sonho, tanto assim
Meus mares e desejos se conformam...

Os raios mais incertos me prateiam
Da lua que se fez louca e fugaz.
Meus olhos por teus seios sempre anseiam.
Eu sinto que te amar, serei capaz.

As ondas se arrebentam no meu peito,
Formando cicatrizes impossíveis.
Amar quem percebi ter o direito,
São sonhos que pensei tão impossíveis...

À noite no teu colo descansar
Das ondas que enfrentei do duro mar...

X

Todos dizem da dor que carreguei
Por tempos e distâncias mais terríveis.
As marcas destes passos que deixei
Ao tentar alçar vôos impossíveis...

Sozinho após a queda, sem ninguém,
Ao menos um carinho mendigava.
A noite sem estrelas sempre vem
A vida, pouco a pouco, se acabava...

Cansado de seguir sem ter apoio,
Em meio a tantas trevas e percalços,
As dores se chegando num comboio
Rasgando, penetrando os pés descalços.

Apenas uma voz restou comigo,
A tua, meu querido e bom amigo!

X

Amar o doce seio da sereia
Que trouxe para a praia o seu canto.
Deitando meu amor em quente areia
Tragando com carinho o seu encanto.

Sereia como é bom te ter comigo,
Bebemos tantas luas e desejos...
Pressinto em nosso amor, tanto perigo;
Vivendo a plenitude em loucos beijos.

Eflúvios desta tua formosura
Decoram os meus versos totalmente.
Amada, em nossa vida, essa ternura,
Nos traz toda a certeza de repente

De que nada na vida tem valor
Se não vier em nome de um amor!

X

Quem me dera esse amor alvissareiro
Que fosse benfazejo e mais tranqüilo.
Vibrante com a força do loureiro
Vencendo toda dor com brilho, estilo...

Meu coração guerreiro sem temer
As ondas mais vorazes e freqüentes
Sabendo tantas lutas por vencer
Nos sonhos mais audazes, eloqüentes...

Imaculado amor sem ser servil
Nas doces castidades, no clarão.
Amor que se impregnara nunca é vil
Revive em cada passo, o coração.

Surgindo qual a perla deste lodo,
Amor clareia o mundo como um todo.

X

Por uma estrada plena de perfumes
Depois de caminhar em solidão
Percebo
no final, suaves lumes;
Que fazem desta estrada um firme chão.

Encontro finalmente o meu abrigo
Depois de tantas curvas do caminho.
Eu já sobrevivi, farto perigo;
Agora não irei seguir sozinho.

Decerto tenho em ti, amor dileto;
A força com que posso, enfim, contar.
Meu mundo sem teu braço é incompleto.
Envolto em teus carinhos, navegar.

Eu sinto que virás por onde eu for;
Por isso é que te chamo; vem amor!

X

Amiga, como é dura uma saudade,
Tremula em nosso peito qual procela.
Da vida que passei ,diversidade
Em cada sentimento se revela...

Nunca imaginei sentir a dor
Que sinto quando lembro deste caso
Pensando ser, em paz, um amador,
Depois de tantos medos, meu ocaso...

Desfraldo essas bandeiras: solidão
Bebendo desta lua vou calado.
E tramo nos meus versos a paixão
Que sempre me deixara abandonado.

Amiga, timoneira mais querida,
Entrego, nos teus braços, minha vida!

X

Na mesma ventania que vieste
No mesmo fogo lento em que me queimas
Amor assim feroz, quase que agreste,
Em tantas tempestades, duras teimas...

Na copa deste amor, tão agridoce,
Carinhos e maus tratos se revezam;
Se veio ou se não veio pensei que fosse
As bocas que se mordem também prezam.

Eu quero nosso amor de qualquer jeito
Envolto em mansidão ou em tormenta.
Depois de te sentir rasgando o peito,
Barragem que em loucura se arrebenta.

Eu quero nosso amor sem poesia,
Que sangra e que me cura, todo dia...

X

Serpeias pela cama em languidez
Te
caço e te procuro sem juízo.
Amor assim gostoso que se fez
Nos leva claramente ao paraíso...

Palpita um coração desenfreado,
Mergulho no teu corpo, pouco a pouco.
Sentindo-me sem medo, apaixonado,
Imerso em teus carinhos, fico louco...

E sabes como gosto de te ter,
A cada nova noite sem limites,
Estou me viciando em teu prazer.
Não quero mais saber nem dar palpites

Apenas quero a dança mais ardente
Que toma e que domina, tanto, a gente...

X

Nosso amor nessas brumas envolvido,
Bela cama coberta em pura seda
Desejo em maciez tão incontido
As pernas entre pernas tudo enreda.

Reféns destes delírios loucos, tantos.
Penetro escuridão das doces furnas
Nos olhos revirando, nos encantos.
As viagens sedentas tão soturnas...

Nestes nossos sinfônicos ocasos
Exalando os perfumes mais divinos.
Rebentam os sentidos sem ter prazos,
Misturam nossos corpos. Desatino!

E a beleza do mar, paradisíaco,
E a beleza de amar: afrodisíaco!

X

Em tantas ilusões e desafogos,
Meu verso te buscou vagando a esmo.
Soltando de alegria tantos fogos,
Vivendo esquecido de mim mesmo.

Agora que te encontro, sem ter medo,
Agora que te toco, minha amada.
Descubro que viver não traz segredo
É simples a manhã, nossa alvorada...

Preciso de teu colo, sem perguntas,
Preciso desta boca junto à minha,
As noites divididas andam juntas,
Não sei mais com que pernas tu caminhas.

Apenas não concebo solidão,
Aramos, em conjunto, o mesmo chão!

X

Voluptuosidade com que vens
Tão dolorosamente sensual.
Nosso amor reluzindo tantos bens
Por algum tempo foi consensual.

Depois de tanto tempo já vacila
Com passos temerosos e contidos.
Aos poucos nosso medo se destila
Vem invadindo assim nossos sentidos...

Mas a noite promete redentora,
Nas transparências sonho com delícias.
E quem sabe chegou, enfim, nossa hora
De reviver desejos e malícias...

Nossos sonhos desfeitos em lamentos,
Ressurgem, pelo menos por momentos...

X

Estrelas brancas brilham no teu céu
Durante tantas noites, forte lume...
Aos poucos nos espaços, um pincel,
Forjando mais beleza que o costume...

Nos olhos de quem amo, transformadas,
Estrelas cristalinas, diamantes...
Deitadas no meu colo, abandonadas,
Formando paisagens deslumbrantes.

Nas lágrimas que escorrem, ledos medos,
Que sabem como é frágil todo amor...
Embora com cuidados, sem segredos,
Estrela vai perdendo brilho e cor.

Mas sonho com futuro tão incerto,
Estrela quero estar, de ti, bem perto!

X

Amor que em ilusões sempre se esconde,
Vivemos na saudade do que fomos.
Procuro por teus olhos; mas aonde?
Não vejo nem a sombra do que somos...

Eu sei que te perdi, triste me iludo;
Eu sei que não virás, mas eu te espero.
Um coração sofrido fica mudo
Aos poucos, entretanto, desespero.

E vejo que não tenho quase nada,
Somente as sobras tolas do que fui.
Eu sigo assim teus rastros pela estrada
Minha alma sem carinho, cedo rui.

Não fosse essa esperança, minha amiga,
Não restaria em pé nenhuma viga...

X

Amiga, tantas vezes, não se esqueça
Que a vida nos maltrata e nos magoa.
Não deixe que a tristeza te aborreça,
Um belo pensamento, livre, voa...

Não sinta que essa vida é tão sem rumo,
O melhor deste mundo está por vir.
Com o tempo por certo encontras prumo,
Impeça que essa dor possa surgir.

A nave que flutua sobre o tempo
Me avisa que serás bem mais feliz.
Enfrente sem temor o contratempo,
Terás, assim decerto, o que bem quis.

Não tema qualquer mal, qualquer perigo,
Eu sou, com muito orgulho, teu amigo!

X

No momento em que sonho com teus lábios
Com fúria declinados sobre os meus.
Percebo que os desejos foram sábios
Souberam te escolher, sem ter adeus...

Reclino meu cansaço sobre ti,
Deitado nos teus braços adormeço.
E sinto tanto amor que não senti
Amor que é bem maior do que mereço.

Nos olhos, as promessas se repetem,
E formo em nossa cama, tantas tramas.
Desejos, teus desejos se refletem
Nos meus irradiando fortes chamas...

E nessa correnteza sem ter fim,
Amor que tanto quis; encontro, enfim!

X

Sorvendo as ilusões que me temperam,
Cabelos que revoltos ventos levam...
Tampouco tanto ou muito nunca esperam
Nas vozes mais macias que me enlevam.

Deitado no teu seio sinto o arquejo
Do súbito desejo que te toma.
Procuro assim em volta e nada vejo,
Vontade de te ter logo se soma.

E vindo das vorazes ventanias
Que velas vão levando para o mar.
Encontro em tanto amor, as valentias,
Que viram quão voraz virei buscar.

Eu quero essa certeza de saber
Se posso ou se não posso te querer...

X

Quem dera no teu seio adormecer
E sonhar com tanto amor que te guardei
Vivendo nosso canto sem temer
O mundo que prá nós imaginei...

Quem dera ser o triste beduíno
Que encontra seu oásis e sorri.
Amor que sempre tive, genuíno,
Aos poucos, sem saber, eu já perdi...

Eu quero nos teus lábios maciez
Nos mais divinos toques sensuais
Sentindo teu desejo em languidez
Vontade
de querer decerto mais...

Amada não se esqueça como é belo
Amor que tanto sinto e te revelo...

X

Fugindo do que fora sem ter sido
Embora se quisesse tanto ter.
Amor que não vivi vai dividido
Espera qualquer dia vir a ser;

Não temo tais melindres e frescuras
De quem não quer amar se amor já tem.
Saltando meus amores das alturas
No fundo deste poço, sou ninguém.

Embora tanto te ame não te temo,
E tremo só de ver quando tu passas.
Me irrito e tantas vezes eu blasfemo
Se vejo teu amor e não me caças.

Embora saiba nunca me quiseras,
O meu amor por ti, entregue às feras...

X

De tua carne livre e desejosa,
O gosto mais profano e impudente
Por tanto que te quis voluptuosa
Na cama que sonhei mais indecente.

Teus seios tão macios e famintos,
Teus olhos tão sedentos e vorazes.
Vulcões que já julgara; assim, extintos,
Nas bocas e nas mãos bem mais audazes.

Cevado pelo beijo que prometes
E tramas toda noite em nossa cama.
Ao solo deste amor já me arremetes
Minha alma cravejada não reclama.

E quero neste jogo me perder,
Vencido pelo amor, ganho o prazer...

X

Que o tempo que te trouxe não te leve,
Espero que teu braço sempre acolha
Por mais que seja o tempo pouco e breve
Dure mais que o cair de simples folha...

Que a flor do sentimento que plantaste
Renasça em cada dia mais formosa.
Se tudo nesta vida traz desgaste
Por mais que tenha espinhos, vale a rosa.

Que nunca se desdenhe uma esperança;
Nos alimenta e salva da tempesta.
E não mate jamais essas criança
Que vive no teu peito, em tanta festa.

Não beba da saudade tão antiga,
Procure ser feliz, enfim, amiga...

X

Tanta lisonja amiga satisfaz
Um ledo coração que não tem tino.
Por vezes me imagino ser capaz
De contornar os erros do destino.

As minhas travessias, travessuras;
Que cismo em cataclismo transformar
Se são ermas, são néscias desventuras,
Por vezes me enveredo por mau mar.

Mas sinto que em teu cais, o meu navio,
Também tem seu momento de sossego.
Não levo nem bagagem, vou vazio.
Senão vem sofrimento, tanto apego...

Paixão mal resolvida, a vida cala,
Senão minha alma sofre, qual vassala...

X

Na luta dos amargos pensamentos
Que volta e meia cercam meu destino.
Mudando a direção de tantos ventos
Eu quero o teu amor desde menino.

O tempo foi passando e nada veio,
Casada com alhures eu bulhufas.
Sem ter sequer destino, sem receio,
Plantei os meus amores nas estufas...

Nasceram deformadas criaturas
Que quase me assustaram de verdade.
Misturas de doçuras amarguras,
São puras sensações de fealdade.

Mas quero ter direito ao tonto amor,
Disforme ou bem conforme o que se for...

X

Nas vestes que adornavam meu passado
Em vivas ilusões foi-se meu mundo.
Se sinto meu amor abandonado,
O sono que embarco é tão profundo.

Caminho nos botecos, nas bodegas,
E bebo até não mais poder sair.
Vagando pelas ruas, nas entregas
Encontro esses amores sem pedir.

Mal chego a minha casa, estou vazio.
Ressaca se promete verdadeira.
Na cama, revirando, sinto frio
E deixo esfumaçar a vida inteira...

Sorrindo recomeço minha sina.
O coração deixei em cada esquina...

X

A morte prometida dos amantes
Barbárie sem motivos nem sentido.
Os raios deste sol são deslumbrantes
E trazem na memória, todo olvido.

Eu minto se te digo que não sonho
Com tramas que vieste me enganar,
Urdido por palavras mas risonho,
Não temo sequer medo de te amar.

Mas quero o teu amor sem ter a morte
Somente uma emoção bem mais feliz.
De tudo que não tive, sei a sorte
E toda a grande sorte, o que mais quis.

Eu amo teu amor assim sem rumo;
Da vida que me dás eu bebo o sumo...

X

Na visão destes astros tal beleza
Que se espalha por sobres essas campinas
Nos raios um sinal desta grandeza
Se espalhando cobrindo essas neblinas.

Meus versos florescendo em cada canto
Refletem sentimentos que procuro.
Rastreio nestes raios, teu encanto,
Um porto mais feliz e mais seguro.

Amor de tantas luzes eu bendigo,
Em ouro, solidário assim floresce.
Que bom poder contar, enfim, contigo.
Em todos os meus dias resplandece.

Amor, na transparência do cristal,
É rumo, é meu destino e meu final!

X

Chegaste mansamente em minha vida,
De forma tão sutil que nem senti.
Aos poucos, minha história em ti querida,
Meu rumo simplesmente, já perdi.

Eu sinto tanta falta de te ter,
Queria a cada aurora ser mais teu.
Que faço nesse mundo; quero ser
Aquele que em teus braços se perdeu...

Que pena não te ter sabido outrora,
Embora sempre estive assim tão perto.
Mas tendo teu carinho, desde agora,
Meu mundo não é mais triste deserto.

Eu quero teu amor assim vital,
Por certo, estava escrito em nosso astral...

Nenhum comentário:

Postar um comentário